terça-feira, 1 de março de 2011

Dilma no Pico do Everest


No programa de Ana Maria Braga, a soberana Dilma Primeira afirmou que “ser presidente é como ter de escalar o Everest todos os dias”. Entendo.
Pergunto: e como é ter de escalar o Everest todos os dias?
Desde muito jovem eu me incomodo quando as pessoas recorrem a metáforas e comparações para dar uma idéia de grandeza ou de dificuldade e tornam aquilo que querem dizer ainda mais obscuro.
Se ela dissesse: “Ser presidente é muito difícil!”, falaria a mais gente e seria mais precisa.
O jornalismo tem muito dessas coisas. Leio reportagens às vezes com coisas mais ou menos assim: “Tal lugar é tão distante que é como ir à Lua e voltar cinco vezes”. Certo! Mas eu não sei como é ir à Lua e voltar nem sequer uma vez! Por que multiplicar a minha ignorância por cinco me ajudaria a ter numa noção de distância?
Os jornalistas que cobrem meio ambiente, por exemplo, adoram a metáfora do “campo de futebol”: o desmatamento corresponde a 150 Maracanãs… Confesso que, depois do terceiro Maracanã, já perdi a grandeza.
Os editores deveriam baixar uma regra de ouro: só recorra a uma comparação se ela colaborar para aproximar o leitor do fato. Se for para deixá-lo ainda mais perdido na imensidão, é besteira.
Imagino a telespectadora da Ana Maria Braga a refletir: “Pobre Dilma!  Eu, que escalo o Everest uma vez por ano, já sofro tanto! E ela, coitada!, obrigada a fazer isso todos os dias!?”
Por Reinaldo Azevedo

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