Mudam os porcos, mas a lama....
por Marcos Pontes
Começou a 54ª Legislatura, e daí? Pois é, e daí? Algo vai mudar? Provavelmente, sim, mas mudar não significa melhorar. Desde os tempos da ARENA, o partido de sustentação à ditadura militar - 64 a 85, - que o governo federal não contava com tão sólido apoio do Congresso. Os militares, na sua fase mais dura pós AI5, quando se via contrariado cassava os mandados dos opositores. Pelo medo fez maioria.
No mesmo caminho, mas sem cassações, o PT coloca em prática seu projeto de poder de 50 anos. Seguindo os ensinamentos gramscianos - já falados aqui em outros posts -, muito bem lecionados por Franklin Martins a seus pares petistas, o PT solidifica seu poderia de partido único por força da cooptação dos mandatários, ao invés da burrada marxista de Lênin-Stálin, que preferiram atacar o populacho, criando insatisfação velada, pronta para mostrar as unhas à primeira oportunidade.
O Judiciário, com sua retórica pragmática e apelando para a ignorância popular no tocante às leis, ajuda o PT e o “governo central” (já explico o por quê dessas aspas) ao permitir que 59 fichas-sujas se candidatassem, se elegessem, fossem diplomados e tomado posse. São 59 processados que tomaram posse na Câmara Federal sob as vistas grossas e não cegas do STF.
Um artigo do G1 mostra o que disseram esses crápulas em sua defesa. A propósito, ao chamá-los de crápulas apenas exerço meu direito de livre opinião, mesmo que os veículos oficiais, oficiosos e amarelões de comunicação social os tratem como “suspeitos”. Para mim, são culpados até que provem o contrário.
Me abisma perceber que a principal justificativa dada para os muitos processos que respondem é que são vítimas de perseguição política, a velha e batida desculpa usada há séculos por políticos em todo o mundo. O ex-residente, pelo menos, tem a seu favor a originalidade da desculpa: “eu não sabia. Fui traído pelos aloprados. Ninguém me disse nada a respeito”. Essa foi sua ladainha escapatória que colou por oito anos e até copiada por muitos de seus pares.
Até comparar-se a Madre Teresa de Calcutá teve deputado com tamanha insensatez.
Por essa gente que se apossou hoje de boa parte do erário e montou seus balcões de negócios legalizados para venderem seus votos e pareceres ao PT e ao governo federal, não podemos esperar mudanças positivas. Os políticos brasileiros, apoiados pela ignorância política e o pouco caso dos eleitores e os beneplácitos da Justiça Eleitoral conseguem, eleição após eleição, piorar o que já era ruim.
Se não me engano foi o Fausto Wolf quem cunhou este chiste: “estamos no fundo do poço e cavando”. Assim sinto a política nacional. Desmoralizada e inventando imoralidades a cada dia.
Este Congresso venal, de Tiriricas e Romários, aprovará qualquer coisa que a presidente e seus asseclas enviarem para a Câmara e nós, 44%, aqui, chupando dedo, pregando no deserto e sendo ignorados por aqueles que dizem nos representar.
A respeito das aspas postadas nos extremos de “governo central” é apenas uma curiosidade que me assola. Até há dois anos, todos se referiam ao governo federal como governo federal. De lá para cá, a Globo, Globo News e o Jornal O Globo têm-se referido ao governo central, me remetendo aos jornalísticos das ditaduras bolcheviques que usavam esses termos para referirem-se ao governo de partido único. O que fez as Organizações Globo a voltarem a usar essa terminologia ao referir-se ao governo brasileiro? Para mim, sintomático e temerário aviso.
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