sexta-feira, 10 de março de 2017

Advogados de Lula complicam a vida do cliente

Lula já disse que se considera “a alma viva mais honesta do planeta”. Mas sua honestidade está pendente de verificação nas cinco ações penais em que ele figura, por enquanto, como réu. A ação penal é o templo do contraditório. Nela, o acusado tem a oportunidade de exercer o sacrossanto direito de defesa. Os advogados de Lula acorretaram-se a duas linhas de ação. Numa, apresentam o seu cliente como vítima de perseguição política. Noutra, dedicam-se a atacar Sergio Moro.
Até aqui, essa tática dos advogados não livrou Lula de nenhuma das suspeições que pesam sobre seus ombros. Ao contrário, a estratégia passa a impressão de que Lula tornou-se um réu indefeso. Qualquer que seja a acusação, a defesa é o lero-lero da perseguição política. A essa altura, os perseguidores de Lula já compõem um exército: os agentes da Polícia Federal que o investigaram, os procuradores que o denunciaram, os juízes que aceitaram as denúncias, os tribunais que rejeitaram a maioria dos seus recursos… O mundo parece conspirar contra Lula.
Nesta sexta-feira, horas depois de ter amargado mais duas derrotas na guerra judicial que trava contra Sergio Moro —uma no STJ, outra no TRF da 4ª Região— a defesa de Lula voltou a se indispor com o juiz da Lava Jato. Os advogados arrolaram como testemunha de defesa Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central sob Lula. Ao perceber que os advogados levantavam a bola para Meirelles elogiar o governo Lula, Sergio Moro avisou que o processo sobre o tríplex do Guarujá não é local mais adequado para fazer propaganda política. A defesa de Lula acusou Moro de desrespeito. Lula talvez não tenha notado, mas sua defesa já ofende a inteligência da plateia. Se há um complô contra Lula, seus advogados lideram a conspiração.DO J.DEDOUZA

De onde vem o dinheiro que banca os doutores de Lula?

A multidão de advogados a serviço de Lula é composta por especialistas em absolvição de culpados. Esse tipo de bacharel cobra honorários em dólares por hora. Pelo atrevimento exibido nas audiências presididas por Sérgio Moro, pela insolência que esbanjam no esforço para irritar o juiz da Lava Jato, pela insistência em transformar um caso de polícia numa causa política, as boladas que os bacharéis vão receber são de muito bom tamanho.
A pergunta é: se a saúde financeira do Instituto Lula foi devastada pela retração dos fregueses da Lava Jato, se o Bill Clinton de galinheiro não recebe convites para palestras desde junho de 2015, se as mediações bilionárias do camelô de empreiteiras foram prudentemente suspensas, de onde virá o dinheiro para bancar a gastança com rabulices?  A resposta só pode ser dada pela Polícia Federal. Aí tem.

Eunício decide não esperar Renan costurar seus acordos

Eunício Oliveira não anda disposto a aguardar o tempo de seu correligionário Renan Calheiros, que, desde o início do ano legislativo, vem tentando emplacar seus aliados em presidências das principais comissões do Senado. Parte dos colegiados sequer começou a trabalhar ainda.
Os líderes dos partidos também não aguentam mais esperar e começaram a indicar os nomes para cada uma das comissões. Em solidariedade a Renan, Eunício poderia segurar a instalação dos colegiados, mesmo após já ter sido indicada mais da metade dos integrantes de cada um deles. Mas não vai fazê-lo.
Desde a semana passada, quando uma comissão já está 50% formada, Eunício manda publicar no Diário Oficial para que se iniciem as atividades daquele colegiado. Com isso, o presidente deve ser eleito no voto e não por acordo, como tenta o líder do PMDB.
Renan vai ficar louco. Além de não conseguir um consenso para abrigar seus amigos no comando das comissões que prometeu, precisará correr para indicar os senadores do PMDB que vão ocupar cada comissão. Fernando Collor, para quem Renan acenou com a Comissão de Relações Exteriores, corre o risco de sobrar. DO R.ONLINE

Herman Benjamin ouve resposta unânime sobre caixa 2

Toda vez que ministro pergunta sobre como acabar com o esquema a resposta é uma só

Depois das horas e horas de oitivas para apurar as questões referentes à chapa Dilma-Temer com os delatores da Odebrecht, o ministro Herman Benjamin sempre pedia para fazer uma última pergunta:
“Qual seria a sua sugestão para inibir a corrupção do sistema eleitoral brasileiro?”. Ao menos duas vezes a sugestão foi acabar com o mercado de marqueteiros e propagandas de televisão.
A justificativa é que os altos custos que envolvem a produção e criação de programas eleitorais exigem que os partidos saiam atrás de recursos, legais e ilegais. DO R.ONLINE
(por Bruna Narcizo)

Lula não tem um único álibi que pare em pé


O fracasso da tentativa de trocar o depoimento em Curitiba por uma teleconferência que o manteria distante 500 quilômetros de Sérgio Moro tirou de vez o sono de Lula. As revelações de Marcelo Odebrecht sobre o Amigo, ou Amigo de E.O. (Emilio Odebrecht), pulverizaram o equilíbrio emocional do único líder popular que não dá as caras nas ruas. Só essa soma de reveses pode explicar os dois argumentos que Lula apresentou para escapar do pântano onde permanece submerso há meses.
Há dois dias, o sitiante sem sítio decidiu encomendar uma nota segundo a qual a Petrobras não pode ser considerada vítima do Petrolão: é também culpada pela destruição financeira e moral da empresa. “Para a ocorrência desses crimes”, alega o Amigo de E.O., “teriam concorrido diretores, gerentes e outros funcionários – isso sem falar que os próprios sistemas de controle de companhia não teriam funcionado na hipótese cogitada. Dessa forma, a empresa também possui responsabilidade no esquema criminoso”.Haja cinismo. Essa conversa de 171 informa que não foi Lula (com a ajuda de Dilma Rousseff) quem nomeou todos os executivos da estatal algemados pela Operação Lava Jato. “A Petrobras é tão importante, mas tão importante que a diretoria deveria ser eleita pelo povo”, vivia declamando o palanque ambulante embriagado com as fabulosas jazidas do pré-sal que nunca saíram do fundo do Atlântico. Em vez de instituir a eleição direta dos cartolas da Petrobras, nomeou comparsas da base alugada que montaram o maior esquema de corrupção desde 1500.
Horas depois, Lula ordenou aos sabujos encastelados no Instituto Lula que divulgassem uma segunda nota, agora para reduzir os estragos causados pela descoberta dos codinomes que o identificavam no departamento de propinas e subornos da Odebrecht. “O presidente Lula jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa”, fantasiou o falatório. “Jamais teve o apelido de Amigo. Se alguém eventualmente a ele se referiu dessa forma isso ocorreu sem o seu conhecimento e consentimento”.
Como se apelidos concebidos para ocultar comparsas só pudessem ser utilizados depois de obtida a autorização do apelidado, com firma reconhecida em cartório. Como se outros fregueses da Odebrecht imaginassem que, nos porões da empreiteira, haviam sido rebatizados como Feio, Muito Feio, Angorá, Nervosinho, Italiano ou Boca Mole. Os argumentos de Lula são mais que bisonhos: são coisa de culpado desprovido de qualquer álibi que pare em pé. Os juízes federais que vão interrogá-lo sabem tudo sobre o réu. Lula não faz ideia do que sabem os magistrados.
Mentir para plateias amestradas é vigarice e rende voto. Mentir num tribunal tribunal é perjúrio e dá cadeia. DOA.NUNES

A devassa do BNDES vai humilhar a quadrilha do Petrolão


Só em Angola, 42 obras da Odebrecht torraram 2 bilhões e 600 milhões de dólares durante os governos de Lula e Dilma

Entre 2007 e 2015, o BNDES torrou, no financiamento de obras realizadas pela Odebrecht no Exterior, 8 bilhões e 400 milhões de dólares Ou 28 bilhões e 300 milhões de reais, na cotação atual. Só em Angola, controlada há 37 anos pelo ditador José Eduardo dos Santos, um ladrão compulsivo muito amigo de Lula, 42 contratos engoliram 2 bilhões e 600 milhões de dólares, com juros anuais de pai para filho.  A vice-campeã da gastança foi a Repúblicana Dominicana, onde saíram pelo ralo 1 bilhão e 800 milhões de dólares. Com Lula e Dilma, o Brasil foi um pobretão metido a besta que se fantasiava de rico usando um fraque puído nos fundilhos. As dimensões siderais da gastança criminosa informam: quando começar a devassa da caixa preta do BNDES, o Petrolão vai parecer coisa de batedor de carteira.
Concentrado na solução de problemas logísticos que afetavam outras paragens do mundo, o BNDES não teve tempo para ocupar-se de urgências domésticas. A BR-163, por exemplo, foi inaugurada em 1976 para ligar Cuiabá, capital de Mato Grosso, a Santarém, no Pará. Passados 40 anos, seguem sem asfalto 189 quilômetros que, na temporada das chuvas, viram um sorvedouro de mar de lama e barro que afoga boa parte da safra de grãos. Em janeiro de 2006, o BNDES aprovou crédito de 723 milhões e 270 mil dólares (ou 2 bilhões e 300 milhões de reais) para obras de emergência na rodovia devastada. A pavimentação do trecho que flagela caminhoneiros e empresários do agronegócio custaria 824 milhões de reais. O dinheiro continua retido em Brasília.
A nova direção do banco deveria inspirar-se na agilidade esbanjada pelo BNDES lulopetista na hora de patrocinar grandezas concebidas por perdulários de estimação. Não houve um único atraso, por exemplo, na remessa das mesadas que financiaram a construção do porto de Mariel. Às margens do Caribe foram enterrados 682 milhões de dólares expropriados dos pagadores de impostos de um Brasil à beira da bancarrota. Dilma fez questão de abrilhantar a festa da inauguração, em Cuba, do superporto que nunca existiu por aqui.

Segure a carteira, PMDB briga consigo mesmo

O PMDB está me pé de guerra. A bancada da Câmara se engalfinha com o bloco do Senado. O deputado Carlos Marun, general da tropa de Eduardo Cunha, disparou primeiro. Defendeu o afastamento de envolvidos na Lava Jato dos postos de direção partidária. Quer destituir, por exemplo, o senador Romero Jucá da presidência do PMDB. Em reação, Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado, afirma que Marun é o preposto de Cunha num plano para ocupar o governo e controlar o PMDB.
Vamos nos situar: de um lado, um deputado que até ontem pegava em lanças para evitar a cassação do mandato de Eduardo Cunha. Do outro lado, o réu e multi-investigado Renan Calheiros. Os dois revelam-se preocupados com a moral e a ética. Você pode achar que é só uma piada. Mas o mais prudente é segurar a carteira. Quando o PMDB resolve brigar, o contribuinte sempre sai machucado.
A confusão atual ocorre num instante em que o governo precisa de estabilidade no Legislativo para aprovar a reforma da Previdência. E a instabilidade tende a aumentar assim que a Procuradoria-Geral da República liberar a nova enxurrada de inquéritos abertos a partir das delações da Odebrechet. Os peemedebistas trocam socos à beira do abismo.
Há duas coisas por trás da falsa preocupação de Marun e Renan com a moralidade pública. A primeira é uma briga por cargos no governo. A segunda razão, mais importante, é uma disputa pelo controle do cofre do PMDB, onde estão guardadas as verbas do fundo partidário. Dinheiro público. Hoje quem tem a chave desse cofre é o PMDB do Senado. O tesoureiro é o senador Eunício Oliveira. E os deputados querem definir desde logo quanto cada um poderá gastar nas eleições do ano que vem. Se for pouco dinheiro, planejam aumentar o valor do fundo partidário para 2018 no Orçamento da União.
Ou seja: nessa briga, o PMDB do Senado e o PMDB da Câmara entram com os punhos. E você, caro contribuinte, entra com a cara. Ou com o bolso. DO J.DESOUZA

Temer não cogita afastar ministros investigados

A perspectiva de divulgação dos pedidos de inquérito decorrentes das delações da Odebrecht reacendeu nos porões do governo um debate sobre a situação dos ministros que devem constar da lista da Procuradoria-Geral da República. Dá-se de barato no Planalto, por exemplo, que irão à grelha do Supremo Tribunal Federal os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
Avalia-se que a novidade tornará ainda mais frágil o já debilitado estado-maior do governo. Ainda assim, Michel Temer não cogita afastar seus auxiliares. Nas palavras de um aliado que conversou com o presidente sobre o tema, “Padilha e Moreira só deixarão o governo nesta fase se quiserem. E eles não deram sinais de que desejam sair.”
Temer se mantém aferrado aos critérios que definiu para lidar com os ministros que ardem no caldeirão da Lava Jato: 1) os que forem formalmente denunciados pelo Ministério Público Federal, terão de se licenciar dos cargos. Nessa condição, não perderão o foro privilegiado; 2) aqueles que virarem réus em ações penais abertas pelo Supremo Tribunal Federal deixarão definitivamente o governo.
Na prática, além de fornecer uma desculpa automática para Temer e seus ministros, estes parâmetros como que desobrigam o presidente de pensar sobre o paradoxo que marca o seu mandato-tampão: o governo mantém a cabeça nas reformas econômicas e os pés no pântano da política.
Em privado, Temer revela-se obcecado pela preservação da maioria parlamentar. Seu maior receio é o de que a nova lista de encrencados elaborada pela Procuradoria perturbe o Legislativo a ponto de interferir no ritmo de tramitação de reformas como a da Previdência. O presidente di que fará o que for necessário para evitar o comprometimento das reformas.
Antessala da prosperidade econômica ou nova escala rumo ao abismo político, escolha sua metáfora para o que o governo Temer enfrenta na sua tentativa de chegar a 2018. Uma cena típica de desenho animado talvez seja a maneira mais adequada e sintética para descrever o que se passa.
Nos desenhos, às vezes acaba o chão. Mas os personagens continuam caminhando no vazio. Só despencam quando percebem que estão pisando em nada. Se não notassem, atravessariam o abismo. Temer assiste à deterioração moral do seu governo sem estranhar coisa nenhuma. Sua única preocupação é não olhar para baixo.DO J.DESOUZA