Mesmo veteranos em eleições presidenciais como Marina Silva, Ciro Gomes e Geraldo Alckmin não conseguiram superar a superficialidade nos temas tratados
Com os candidatos disputando migalhas de tempo para
falar, é quase um devaneio achar ser possível aprofundar discussões
nesse tipo de debate a ponto de mudar o voto de algum eleitor. Mesmo
veteranos em eleições presidenciais como Marina Silva, Ciro Gomes e
Geraldo Alckmin não conseguiram superar a superficialidade nos temas
tratados.
Apenas um candidato mostrou ter uma tática definida para
usar no debate da Band. Jair Bolsonaro aproveitou a ocasião para exibir
um figurino diferente. Sem gritar (muito), fugindo de provocações e
fazendo observações ponderadas, Bolsonaro foi para o programa claramente
tentando transmitir o recado que não é um desequilibrado, sem condições
de governar o País.
O candidato do PSL foi até mais longe, fazendo
surpreendente tabelinhas com o senador Alvaro Dias, elogiando sua
preocupação em abrir "a caixa preta" do BNDES, e com Cabo Daciolo, do
Patriota. Bolsonaro parece, inclusive, já estar mirando numa potencial
aliança para o segundo turno. Chegou ainda a trocar ideias de forma
civilizada e bem humorada com Ciro Gomes, outro candidato famoso pelo
pavio curto.
Em vantagem nas pesquisas nos cenários em que Lula não é
incluído, Bolsonaro saiu do debate sem desgastar esse patrimônio. Uma
recompensa para o único candidato que parece ter entendido que tipo de
vantagem poderia tirar desse modelo de discussão.
Não é pouca coisa, considerando o elevado número de
eleitores indecisos que não sabem sequer se votarão em alguém. Mas
Bolsonaro sabe que ainda precisa melhorar muito sua imagem. Ele é
constantemente acusado de ser racista, machista e homofóbico, como
Guilherme Boulos, do PSOL, lhe jogou na cara logo na abertura do debate.
Para os outros candidatos, sobrou a lição de que
precisam chegar aos debates com algum tipo de plano. Falar por falar se
torna mero ruído para quem está do outro lado da tela acompanhando o
programa. Sempre é bom lembrar que a corrida presidencial é curta.
Faltam menos de dois meses para a eleição. Chances desperdiçadas não
reaparecerão.
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