segunda-feira, 18 de setembro de 2017

'DA MÍDIA SEM MORDAÇA' DIVERSAS MATÉRIAS


NO O ANTAGONISTA
Raquel Dodge ignora a Lava Jato
Raquel Dodge, em seu discurso de posse, ignorou a Lava Jato.
Como notou O Globo, a PGR não mencionou uma única vez a maior conquista da história do MPF.
Não surpreende que ela tenha sido tão aplaudida pelos membros da ORCRIM presentes à sala.

Os investigados tomam posse

À mesa da posse de Raquel Dodge, notou o Jota, “só Cármen Lúcia não é investigada. Michel Temer foi denunciado. Eunício Oliveira e Rodrigo Maia são alvos de inquérito”.

A PGR petista

Ângelo Villela, acusado de ter recebido propina da JBS, é homem de Eugênio Aragão, o mais petista dos procuradores da PGR.
Ele disse à Folha de S. Paulo:
Qual a relação que o sr. tinha com o Janot?
De amizade íntima durante um tempo, frequentava a casa dele, tinha como grande amigo. Mas foi se enfraquecendo com o passar do tempo. A partir do rompimento dele com Eugênio Aragão [ex-procurador e ex-ministro da Justiça], fiquei distante porque nutro amizade e carinho enorme por ele [Aragão]. 

A “bruxa” na PGR

Ângelo Villela, preso pela PF, disse à Folha de S. Paulo que Rodrigo Janot se referia a Raquel Dodge como a “bruxa”.
E acrescentou:
“Está no meu celular, que foi apreendido”.

Fatos e versões

Em sua entrevista à Folha de S. Paulo, o procurador Ângelo Villela, acusado de ter recebido propina da JBS, disse que Rodrigo Janot tentou derrubar Michel Temer para impedir a posse de Raquel Dodge.
A luta de Rodrigo Janot para manter seu grupo no comando da PGR é um fato inquestionável.
Mas o que importa, no caso, é outro fato inquestionável: Joesley Batista realmente repassou uma montanha de dinheiro imundo para os operadores de Michel Temer, Lula e Aécio Neves.
Não caia na conversa do procurador preso.

O poder gravitacional de Lula

A Folha de S. Paulo ataca a Lava Jato para tentar salvar Lula. O Estado de S. Paulo ataca a Lava Jato para tentar salvar Michel Temer.
Nesta segunda-feira, os ataques mais rasteiros vieram da Folha de S. Paulo.
A linha do jornal foi resumida por Vinicius Mota:
“A lambança na PGR compõe um quadro mais amplo de desequilíbrios. Permite-se no Brasil que se agreguem delatores indefinidamente a um mesmo tronco de acusações.
O ex-ministro Palocci, enrascado na Lava Jato, curvou-se ao poder gravitacional da ‘narrativa’ da Procuradoria. Contará o que os investigadores querem sobre Lula, mesmo que isso não se enquadre bem no conjunto de evidências de que dispõe.”
A narrativa da Folha de S. Paulo é igual à de Cristiano Zanin e de Carlos Marun.

Sinal verde para Palocci

Os procuradores da Lava Jato deram “sinal verde” para a delação premiada de Antonio Palocci, segundo o Valor.
Leia aqui:
“Depois de ser considerada genérica e de quase ter sido descartada pelos investigadores por ausência de dados de comprovação, a proposta de colaboração do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos do PT foi completamente reescrita, recebeu novas evidências e obteve o sinal verde da força-tarefa de Curitiba para ter prosseguimento”.

O primeiro acordo de Raquel Dodge

Raquel Dodge deve poupar Michel Temer e a ORCRIM peemedebista.
Nada indica, porém, que ela tenha de poupar também Lula e a ORCRIM petista.
Nos próximos quinze dias, segundo o Valor, o novo Grupo de Trabalho da Lava Jato pretende se reunir com Antonio Palocci, em Curitiba, para tentar costurar um acordo com o futuro delator.

Adeus, Janot

Em sua carta de despedida, Rodrigo Janot disse que o Brasil é governado por “larápios egoístas e escroques ousados”.
É só uma bravata.
A partir de hoje, com a posse de Raquel Dodge, Rodrigo Janot evapora.

O melhor soterramento da Odebrecht

A Odebrecht vendeu sua participação em um megaprojeto argentino de trens subterrâneos, informa a Folha.
A empreiteira “possuía uma fatia de 33% em uma obra para soterrar uma linha de trem para integração da capital Buenos Aires com a região oeste da cidade”.
Depois que a Odebrecht soterrou Lula, não precisa soterrar mais nada.

“Querem acabar com a Lava Jato e deixar todos livres”

O procurador Carlos Fernando Lima, da Lava Jato, comentou no Facebook a nota “Governo quer usar CPI da JBS para mudar regra de delação“, publicada em O Antagonista no sábado:
“Querem acabar com a Lava Jato e deixar todos livres. É preciso impedir este Congresso de dificultar o combate à corrupção. Não se pode esperar nada de bom da atual legislatura, mas que pelo menos não mudem o que está funcionando.”

Mercado aposta na derrota da esquerda

O mercado está convencido de que o risco de a esquerda vencer a eleição presidencial de 2018 está reduzido a zero, segundo Lauro Jardim.
Daí “os seguidos recordes nominais batidos pela Bolsa e a excitação dos executivos financeiros pintando um cenário cor-de-rosa para a economia”.

Janot alivia filho de Dirceu

O Globo informa que Rodrigo Janot pediu o arquivamento de inquérito da Lava Jato aberto para investigar o deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho do mensaleiro José Dirceu.
Cabe a Edson Fachin referendar o pedido do PGR, como é a praxe.
“Em 2015, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, declarou em delação premiada que fez doação de R$ 100 mil ao deputado nas eleições de 2010, a pedido de José Dirceu.
Outros delatores da Lava-Jato também afirmaram que fizeram doações veladas à campanha de Zeca Dirceu.”
NO O GLOBO
Delação de Pedro Corrêa atinge ministro do TCU
Ex-deputado do PP afirma que Aroldo Cedraz foi eleito em troca de apoio a José Janene
Por André de Souza
Segunda-feira, 18/09/2017 4:30 / Atualizado 18/09/2017 7:37
BRASÍLIA — Era 6 dezembro de 2006 e o plenário da Câmara analisava o processo de cassação do então deputado José Janene (PP-PR), um dos envolvidos no escândalo do Mensalão. Para escapar de punição, o parlamentar costurou um acordo que tinha como contrapartida a nomeação do também deputado Aroldo Cedraz (PFL-BA) para uma vaga de ministro no Tribunal de Contas da União (TCU).
Os aliados de um se comprometiam a apoiar o outro. Deu certo. Por maioria simples, Cedraz foi o escolhido pelo plenário da Câmara para integrar o TCU no mesmo dia em que Janene escapou da lâmina. Essa versão da história aparece na delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa, homologada pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Corrêa, também envolvido no escândalo do Mensalão, as lideranças partidárias acertaram que seriam cassados apenas os ex-deputados Roberto Jefferson (PTB-RJ) e José Dirceu (PT-SP). Mas nem tudo saiu como combinado, especialmente para Corrêa, que perdeu seu mandato na votação do plenário.
Em depoimento prestado em 26 de abril de 2016, ele contou que, por causa disso, Janene colocou as "barbas de molho" e adiou o processo de cassação apresentando atestados médicos da doença cardíaca que o levaria à morte em 2010.
Com a vaga aberta no TCU, contudo, Janene viu uma oportunidade. "Foi feito um acordo entre as lideranças dos partidos da base aliada para aprovar o nome de Aroldo Cedraz em troca da não cassação do deputado José Janene", diz trecho do termo de depoimento, concluindo: "No caso, o PFL votaria a favor de Janene e os partidos PP, PTB, PL (além de outras siglas menores) votariam pela nomeação de Cedraz". O PFL, atual DEM, não fazia parte da base aliada do governo do ex-presidente Lula, mas os outros partidos, sim.
Em 6 de dezembro de 2006, o acordo foi cumprido. No mesmo dia, houve duas votações. Em uma, Cedraz obteve 172 votos no plenário, mais do que qualquer um dos outros três postulantes à vaga de ministro do TCU. Na outra, apenas 210 deputados, menos que os 257 necessários, votaram pela perda de mandato de Janene. Na época, as cassações ainda eram pelo voto secreto.
Corrêa também citou irregularidades envolvendo Tiago Cedraz, filho de Aroldo. Ele seria um dos operadores do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte, do PP, no recolhimento de propina na pasta. Afirmou ainda que Tiago se aproveitou do cargo do pai no TCU. Segundo Corrêa, Aroldo tinha postos de gasolina no Ceará e Bahia, "provavelmente em nome de seu filho", com débitos com a BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras.
A estatal, por sua vez, tinha um processo de seu interesse no TCU. Assim, disse Corrêa, Aroldo "pediu vista do processo e segurou indefinidamente, a fim de que a BR Distribuidora não executasse os postos de gasolina". Segundo o delator, quem lhe disse isso foi o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró quando os dois ficaram presos.
Os depoimentos de Pedro Corrêa foram tomados em 2016, mas o ministro Teori Zavascki, que era relator da Lava-Jato no STF, devolveu o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR) alegando falta de provas. Teori morreu em janeiro e foi substituído por Fachin. Em agosto, o novo relator homologou o acordo. Em 2012, Corrêa foi condenado no Mensalão e depois preso. Na Lava-Jato, já foi condenado a mais de 29 anos de prisão. Hoje, está em prisão domiciliar.
A assessoria do TCU não obteve manifestação de Aroldo Cedraz antes do fechamento da edição. Tiago Cedraz disse que o depoimento de Corrêa é "uma história fantasiosa e risível" e "uma absoluta loucura". Afirmou também que nunca se reuniu com ele nem teve posto de gasolina.
O advogado Carlos Humberto Fauaze Filho, que defende Negromonte, ainda não teve acesso ao depoimento, mas disse não acreditar nas acusações. Segundo ele, "não tem pé nem cabeça" a tentativa de criar uma ligação entre seu cliente e Cedraz.
NO BLOG ALERTA TOTAL
segunda-feira, 18 de setembro de 2017
Gol na mão grande vale, Raquel Dodge?

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Quem acredita no conto da carochinha de que “as instituições estão funcionando normalmente” no Brasil deveria prestar atenção no antes e depois da posse de Rachel Dodge na chefia da Procuradoria-Geral da República. O flechador Rodrigo Janot deu uma desculpa esfarrapada para não ir ao evento. Alegou que recebeu um convite “muito impessoal”, por e-mail” de Raquel. Mas todo mundo sabe que o motivo real de Janot é não ter de ficar frente a frente com Michel Temer – alvo de suas flechadas e que é o “padrinho” da indicação da Rachel.
Não termos uma transmissão de cargo civilizada na PGR é mais uma prova de que a situação institucional se mostra pra lá de anormal no Brasil dominado pelo Crime Institucionalizado. Lamentável é constatar e ler na mídia fofoqueira que existe uma “briga de grupos” dentro do Ministério Público Federal – que tem um papel fundamental no combate à corrupção sistêmica. Pior ainda é saber que o trabalho da Lava Jato pode ser gravemente prejudicado pela guerrinha interna entre procuradores federais. As “flechas” autofágicas são perigosas, pois podem gerar perseguições, rigor seletivo e, no final das contas, viabilizar a impunidade a corruptos.
Na cúpula dos podres poderes, tem gente pregando, há muito tempo, que a Lava Jato precisa chegar a um final (feliz é difícil...). Por isso, a nova Procuradora-Geral, Rachel Dodge tem logo a primeira missão espinhosa de mostrar, na prática, que o combate à corrupção não vai ceder. Especula-se que isto será demonstrado imediatamente, com um bode expiatório previsível. Os corruptos da petelândia vão apanhar como nunca... Já os corruptos do PMDB – recém atingidos pelas flechadas do Janot – ficarão para depois... Quem sabe, um dia...
O apoio público e explícito que Rachel Dodge recebeu de “craques peemedebistas” como Renan Calheiros & cia... O supremo ministro Gilmar Mendes – outro inimigo declarado da Lava Jato – também figura entre os apoiadores da escolha e nomeação de Dodge feita por Michel Temer – alvo notório do agora ex-cacique Janot... Isto é mais ou menos como comemorar a legalidade e legitimidade de um gol de mão marcado pelo Corinthians contra o Vasco da Gama – apenas para usar uma metáfora futebolística recente, bem ao gosto do nobre corinthiano Luiz Inácio Lula da Silva...
É previsível que o ritmo frenético e até espetaculoso imposto por Janot deixará de vigorar na gestão da Raquel? Por enquanto, ela merece o crédito de quem assume o cargo agora... O jeito é aguardar para ver o que realmente vai acontecer com o futuro da Lava Jato. A delação da OAS, que pede passagem suprema, e ameaça mexer com grupos no Judiciário, será um grande teste geral sobre o destino imediato da Lava Jato. Aguardemos os efeitos das mexidas no time da Força Tarefa que joga contra os bandidos com foro privilegiado...
Apesar das dúvidas, o importante é uma certeza: a Polícia Federal, verdadeira fábrica de bambus para flechadores certeiros, continua operando a pleno vapor – muito mais pela vontade de seus servidores do que pela cúpula do Ministério da Justiça...
Porque não é fácil sobreviver no Brasil – “País onde nenhuma lei é cumprida, nem a Lei de Gaga” – como diria a turma do Rock in Rio que gritou “Fora, Temer”...

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