sexta-feira, 14 de julho de 2017

CCJ: uma mão lava outra, mas o resto fica sujo

Josias de Souza

A pretexto de defender Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o criminalista Antonio Cláudio Mariz disse estar “muitíssimo preocupado com o avanço da cultura punitiva no país.” Ele declarou: “Pau que mata Michel, mata Lula! Pau que matou Lula pode matar Michel!”
Falando para um colegiado apinhado de deputados investigados, o advogado de Temer disse que a cultura punitiva pode atingir qualquer cidadão. Foi como se o doutor avisasse: “Se aceitarem a denúncia conta o presidente, o pau que dá em Lula e Michel pode alcançar todos vocês.”
Lula, primeiro ex-presidente da história condenado por corrupção, disse em São Paulo que “o Estado democrático está sendo jogado no lixo”. O advogado de Temer, primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção no cargo, se queixou em Brasília da “cultura punitiva”. Mais um pouco e o papa Francisco vai acabar canonizando Lula e Temer, esse par de santos perseguidos pela sanha punitiva.
O PT de Lula e o PMDB de Temer comandaram a sociedade partidária que promoveu o maior assalto aos cofres públicos de que se tem notícia na história republicana. Lula, hoje, não consegue explicar os seus confortos. Temer pega em lanças para impedir que o Supremo Tribunal Federal o investigue.
O presidente já prevaleceu na Comissão de Justiça da Câmara. A maioria dos deputados se rende à máxima segundo a qual uma mão lava a outra. Eles se esquecem de que o resto continua sujo. E o pau que dá em Lula e Michel paira sobre suas cabeças.

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