sábado, 27 de maio de 2017

Oposição volta às ruas na Venezuela em defesa da liberdade de expressão

Manifestação marca os 10 anos do fechamento da emissora RCTV por decisão do governo do então presidente Hugo Chávez.

Oposição venezuelana faz manifestação nos 10 anos do fechamento da emissora RCTV em Caracas (Foto: Fernando Llano/AP)
Oposição venezuelana faz manifestação nos 10 anos do fechamento da emissora RCTV em Caracas (Foto: Fernando Llano/AP)
A oposição venezuelana voltou neste sábado (27) às ruas de Caracas para protestar contra o presidente Nicolás Maduro, levantando a bandeira da liberdade de expressão 10 anos depois do fechamento de uma emblemática emissora.
Aos 57 dias de protestos violentos, que deixaram 58 mortos, a oposição prevê intensificar a pressão contra o governo com novas mobilizações a partir da segunda-feira.
O fechamento da emissora RCTV por decisão do governo do então presidente Hugo Chávez foi um "golpe atroz contra a liberdade de expressão", disse Julio Borges, presidente do Parlamento, ao convocar a marcha neste sábado.
Com uma linha editorial contrária ao presidente socialista, a RCTV, fundada em 1953, era a emissora aberta de maior tradição e inserção na Venezuela.
Funcionários de alto escalão defenderam em 2007 a negativa de renovar a licença de operação da RCTV com uma política de "democratização" as telecomunicações. A emissora estatal TVES a substitui desde então.
"Ninguém sabe de nada. Temos que nos informar pelo Facebook e pelas redes sociais, pela Internet, por canais internacionais. E também tiraram a CNN do ar", reclamou Matilde Quintero, aposentada, que marchava em Caracas com um boné com as cores de seu país: vermelha, azul e amarela.
O sinal da CNN em espanhol foi tirado do ar por operadoras a cabo venezuelanas por ordem do governo de Maduro, que acusa a emissora americana de "propaganda de guerra".
Segundo o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP), o fechamento da RCTV abriu o caminho para uma "política de censura e autocensura" em meios de comunicação privados.
Manifestantes de oposição bloqueiam rodovia durante protesto em Caracas neste sábado (27) (Foto: Juan Barretp/AFP)
Manifestantes de oposição bloqueiam rodovia durante protesto em Caracas neste sábado (27) (Foto: Juan Barretp/AFP)
Enquanto a mobilização opositora avançava, jovens com rostos cobertos bloquearam com caminhões a principal estrada da capital.
Na sexta-feira, manifestações em Caracas e em outras cidades foram reprimidas com bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e jatos de água. A oposição pediu à Força Armada que pare com a "repressão" e retire seu apoio a Maduro.
Governo e oposição se culpam pela violência. Maduro denuncia que seus adversários promovem "atos de terrorismo", enquanto estes o responsabilizam por uma "repressão selvagem" de militares e policiais.
Os protestos, que exigem eleições gerais, ganharam força com o chamado de Maduro a uma Assembleia Constituinte com votações por "setores sociais", o que analistas e opositores consideram uma manobra do presidente para evitar o voto universal e se manter no poder.

Importações proibidas

As empresas de correio estão avisando seus clientes que a autoridade aduaneira venezuelana proibiu a importação de itens como máscaras de gás, estilingues e coletes à prova de balas usados ​​por alguns manifestantes.
Outros itens proibidos incluem suprimentos de primeiros socorros, como cremes contra queimaduras e gaze, de acordo com mensagens enviadas por email aos clientes esta semana pelas empresas de entrega expressa. Estes produtos têm sido usados ​​para tratar feridos nos protestos.
Os serviços de correio que enviavam os avisos incluíam o serviço local Zoom e o escritório venezuelano da Mail Boxes Etc., conhecida como MBE.
Outra empresa, a BVA Export, disse aos clientes em um email: "Não é permitido enviar máscaras de gás e itens que podem ser usados ​​para defesa e/ou ataque nos protestos venezuelanos". Ela incluiu uma lista detalhada dos produtos que disse que tinham sido banidos.
Não houve resposta imediata das empresas aos pedidos de comentários.DO G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário