Eike Batista decidiu voltar ao país para “passar as
coisas a limpo”. A decisão dele é reflexo de uma transformação grande do
Brasil. O empresário teve que retornar ao país porque a aplicação da
lei por aqui ganhou força. Eike ficaria encurralado se continuasse com a
tentativa de se esconder.
Os americanos usam a expressão "enforcement" para explicar a
disposição de uma sociedade impor a todos o cumprimento da lei. É o que o
Brasil está vendo agora. Eike, que estava foragido no exterior, tinha
recursos, contatos e um passaporte alemão. Mas resolveu embarcar de
volta e prestar contas. Os envolvidos em crimes estão dispostos a
entregar informações porque entenderam que o país está sob império da
lei.
O Brasil passa por um processo de transformação. A Operação
Eficiência, que decretou a prisão de Eike, contou com a delação de dois
doleiros de Sérgio Cabral. Eles falaram sobre o repasse de US$ 16,5
milhões feito pelo empresário ao ex-governador do Rio. Os irmãos Renato e
Marcelo Chebar passaram 13 anos ajudando o político a esconder e a
lavar cerca de US$ 100 milhões em recursos ilícitos, e decidiram agora
contar o que conhecem. Eles sempre souberam que o que faziam era errado.
A novidade é que eles se sentem encurralados.
Essa mudança institucional não é trabalho de um homem só nem está
restrita à Curitiba, a origem da Operação Lava-Jato. O mandado contra
Eike veio de um juiz federal do Rio, o Marcelo Bretas. Ele se baseia em
apurações do MPF, Receita Federal e a PF que atuam no Rio. Brasília está
acompanhando esse trabalho.
É importante que o país se dê conta desse avanço. As descobertas
feitas sobre a corrupção escandalizam, mas sempre é melhor saber como a
relação entre governos e empresas estava sendo feita no Brasil. por Míriam Leitão
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