Felipe Moura Brasil, da Veja, é uma raridade: um jornalista que defende Donald Trump.
O Antagonista foi conversar com ele.
A conversa está resumida aqui (ele pretende publicar o resto em seu blog).
Animado com Trump?
Meu
temperamento avesso a celebrações antes da hora naturalmente me impede
de ficar animado com qualquer governo, incluindo o de Trump, mas a
oportunidade que o fenômeno de sua ascensão ao poder abriu para a
exposição da distância entre a militância jornalística e a realidade,
como fiz durante toda a campanha, é pessoal e culturalmente animadora
para mim.
O que comemoro, sim, é a saída de Barack
Hussein Obama, o queridinho da mídia cuja estatização do sistema de
saúde resultou só para a classe média em um aumento de impostos de 377
bilhões de dólares. Obama ainda elevou a dívida dos EUA em 9,2 trilhões
de dólares desde que tomou posse e agora a deixa com um total de 19,9
trilhões – um aumento de 87%.
Sua intervenção
desastrosa na Líbia (tão bem retratada no filme “13 horas”) e a retirada
precoce das tropas americanas do Iraque em nome do “pacifismo” abriram
caminho para o massacre de inocentes e o poder de terroristas islâmicos
que ele ainda se recusa a chamar pelo que são. Some-se tudo isto à
perda, por exemplo, de 301 mil empregos em fábricas durante seu governo e
nem eventuais incertezas sobre Trump impedem um considerável alívio.
O Antagonista defende a supremacia
dos Estados Unidos e o dever dos americanos de defender o mundo livre
contra as tiranias. Você não considera assustador o discurso
isolacionista de Donald Trump, que exacerba o acovardamento de Barack
Obama?
É cedo para me assustar, porque não encaixo
exatamente na categoria do isolacionismo, seja econômico ou militar, o
discurso de Trump até aqui.
Ele é um homem prático,
um negociador pragmático que busca, com ameaças e estratégias ousadas,
garantir maiores vantagens para o lado que defende em qualquer
negociação, não um intelectual ou ideólogo com diretrizes doutrinárias a
seguir independentemente do cenário circunstancial.
Enquanto recupera as Forças Armadas americanas enfraquecidas por Obama,
o presidente eleito prefere ter a Rússia como aliada no combate ao
terrorismo islâmico a alimentar uma tensão desnecessária entre as duas
potências nucleares em função de disputas em outros países.
O livre
comércio e o capitalismo multinacional foram os maiores responsáveis
pelo predomínio econômico dos Estados Unidos. O protecionismo de Donald
Trump não coloca em risco tudo isso?
Depende de até
onde Trump vai levar a sua reação a acordos de livre comércio que
tiveram efeitos negativos sobre a economia e a força de trabalho
americanas, como o Nafta – entre EUA, Canadá e México –, que ele chamou
de o "pior acordo comercial na história".
Rever acordos
danosos para os EUA não é necessariamente antiliberal, antimercado ou
antiglobalização, pode ser também mais a favor do país que acumular
déficits comerciais crônicos com os outros.
O fato
de ter incomodado seu grande rival no mundo, a China, que curiosamente
virou o xodó de Davos, pode ser visto também como uma indicação
positiva, assim como os recordes históricos batidos pelo Dow Jones após
sua eleição talvez indiquem que Wall Street não espera um desastre.
Você
apoia o muro na fronteira com o México? A América Latina é o quintal
dos Estados Unidos. Donald Trump vai renunciar ao seu quintal? Não é
grave para o Brasil deixar de ser o quintal dos Estados Unidos?
O
muro, é sempre bom registrar, não combate a imigração legal, mas a
ilegal, que, embora inclua a entrada de gente que depois não comete
outras ilegalidades nos EUA, também inclui a entrada de criminosos que
traficam armas e drogas, roubam, estupram, matam.
Considero
perfeitamente legítimo que um país proteja suas fronteiras da maneira
como julga mais adequado e o eleitorado apoiou Trump na construção do
muro. Apoiar mesmo, eu apoio a construção de um igual nas fronteiras
brasileiras com a fortuna roubada na propinocracia petista.
Grave
para o Brasil e o resto da América Latina é eleger governantes que só
despertam nos cidadãos a vontade de ir embora para os EUA. DO OANTAGONISTA
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