quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Teori divide em quatro o principal inquérito da Lava-Jato com Lula entre os investigados

Inquéritos vão apurar crimes supostamente cometidos por pessoas ligadas ao PP, ao PT e ao PMDB 

Por Carolina Brígido
O Globo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  Pedro Kirilos / Agência O Globo 15/09/2016 

BRASÍLIA — O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira o fatiamento em quatro do principal inquérito da Lava-Jato, que investiga a existência de uma quadrilha para fraudar a Petrobras. Serão investigadas 66 pessoas – entre elas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-presidente será investigado pela primeira vez por suspeita de participação de organização criminosa. Os quatro inquéritos vão apurar crimes supostamente cometidos por pessoas ligadas ao PP (30), ao PT (12), ao PMDB na Câmara (15) e ao PMDB no Senado (9). A decisão foi tomada a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. 

Teori também determinou que os quatro inquéritos retornem à Procuradoria-Geral da República, para que Janot informe quais serão as principais providências a serem tomadas nas investigações - o que pode incluir a quebra de informações sigilosas ou a tomada de depoimentos. 
No ofício em que pediu o fatiamento do inquérito ao STF, Janot afirmou que integrantes dos três partidos “se organizaram internamente, utilizando-se de seus partidos e em uma estrutura hierarquizada, para perpetração de práticas espúrias”.
Segundo ele, os partidos formaram “uma mesma organização criminosa, com alinhamento, de forma horizontal, de núcleos políticos diversa” para cometer crimes contra a administração pública investigados na Operação Lava-Jato. 

“Com efeito, os elementos de informação que compõem o presente inquérito modularam um desenho de um grupo criminoso organizado único, amplo e complexo, com uma miríade de atores que se interligam em uma estrutura com vínculos horizontais, em modelo cooperativista, em que os integrantes agem em comunhão de esforços e objetivos, e outra em uma estrutura mais verticalizada e hierarquizada, com centros estratégicos, de comando, controle e de tomadas de decisões mais relevantes”, escreveu Janot. 
PT e PP terão um inquérito cada. O PMDB da Câmara terá um inquérito e o PMDB do Senado terá outro. Ao todo, o procurador-geral pediu a investigação contra 66 pessoas, sendo 30 pessoas ligadas ao PP; 12 ligadas ao PT; nove ao PMDB no Senado e 15, ao PMDB da Câmara. 
Ainda segundo o procurador-geral, o PT usou os crimes apurados na Lava-Jato para continuar no poder“No âmbito do PT, os novos elementos de informação passaram a indicar uma atuação criminosa voltada à arrecadação de valores espúrios, com um alcance mais amplo se comparado àquele que se visualizava no início, objetivando, em especial, a sedimentação de um projeto de manutenção no poder”, escreveu no ofício. 
Janot também explicou que integrantes do PMDB da Câmara “atuavam diretamente na indicação política de pessoas para postos importantes da Petrobras e da Caixa Econômica Federal. Além disso, eram responsáveis pela ‘venda’ de requerimentos e emendas parlamentares para beneficiar, ao menos, empreiteiras e banqueiros”. 
O procurador-geral também afirmou que integrantes dos três partidos, “utilizando indevidamente de sua sigla partidária”, dividiram entre si a indicação de diretorias de Abastecimento, Serviços e Internacional da Petrobras. “Como visto, a indicação de determinadas pessoas para importantes postos chaves do ente público, por membros dos partidos, era essencial para implementação e manutenção do projeto criminoso”. 
O procurador-geral esclareceu que o fatiamento do principal inquérito é necessário para a “otimização do esforço investigativo”. Ele esclareceu que os fatos investigados são conexos entre os partidos. “Embora, até o momento, tenha sido desvelada uma teia criminosa única, mister, para melhor otimização do esforço investigativo, a cisão do presente inquérito tendo como alicerce os agentes ligados aos núcleos políticos que compõem a estrutura do grupo criminoso organizado”. 
Janot também afirmou que não seria proveitoso para as apurações que pessoas sem direito ao foro especial fossem investigadas em um inquérito separado, na primeira instância. “Caso exista desmembramento, poderá gerar prejuízo relevante à compreensão da extensão material e à futura prestação jurisdicional, ponderou”. 
LISTA DOS INVESTIGADOS
INQUÉRITO PP
Aguinaldo Velloso Borges Ribeiro 
Aline Lemos 
Arthur Lira 
Benedito Lira 
Carlos Magno Ramos 
Ciro Nogueira 
Dilceu Sperafico 
Eduardo da Fonte 
Gladson Cameli 
Jerônimo Pizzolotto 
João Pizzolatti 
João Felipe Leão 
José Linhares Ponte 
José Otávio Germano 
Lázaro Botelho Martins 
Luis Carlos Heize 
Luiz Fernando Ramos Faria 
Nelson Meurer 
Renato Delmar Molling 
Roberto Balestra 
Roberto Pereira de Britto 
Roberto Sérgio Ribeiro 
Simão Sessim 
Vilson Luiz Covatti 
Waldir Maranhão 
João Luiz Argolo (filiado a SDD) 
Pedro Correa 
Pedro Henry 
Mario Negromonte 
José Olímpio Silveira Moraes (filiado ao DEM) 

INQUÉRITO PT
João Vaccari Neto 
Edson Antonio Edinho da Silva 
Ricardo Berzoini 
Jaques Wagner 
Delcídio do Amaral 
Luiz Inácio Lula da Silva 
Giles de Azevedo 
Antonio Palocci 
Erenice Guerra 
José Carlos Bumlai 
Paulo Okamoto 
José Sérgio Gabrielli de Azevedo 

INQUÉRITO PMDB NO SENADO
Edison Lobão 
Renan Calheiros 
Romero Jucá 
Valdir Raupp 
Jader Barbalho 
Silas Robdeau 
Milton Lyra 
Jorge Luz 
Sérgio Machado 

INQUÉRITO PMDB NA CÂMARA
Anibal Gomes 
Eduardo Cunha 
Henrique Eduardo Lyra Alves 
Alexandre Santos 
Altineu Côrtes 
João Magalhães 
Manoel Junior 
Nelson Bounier 
Solange Almeida 
André Esteves 
Fernando Antonio Falcão Soares 
André Moura (filiado ao PSC) 
Arnaldo Faria de Sá (filiado PTB); 
Carlos Willian (filiado ao PTC); 
Lucia Bolonha Funaro 

06/10/2016 - DO R.DEMOCRATICA

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