segunda-feira, 26 de setembro de 2016

‘Palocci tinha uma conta corrente com a Odebrecht’, diz força-tarefa da Lava-Jato

Planilhas mostram que primeiros pagamentos ocorreram em 2008, de acordo com agentes da Polícia Federal 
Por O Globo

Filipe Hille Pace
SÃO PAULO e CURITIBA - A prisão do ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, nesta segunda-feira, se deu por conta de sua relação criminosa com a empreiteira Odebrecht, de acordo com a força-tarefa em coletiva de imprensa. (PF DETALHA AÇÃO CONTRA EX-MINISTRO. ASSISTA)
- A Odebrecht tinha uma verdadeira conta corrente com o Partido dos Trabalhadores - disse Filipe Hille Pace, delegado da Polícia Federal, colocando o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci no centro do esquema. 
- Palocci tinha uma conta corrente com a Odebrecht - repetiu Pace. 
Segundo a Polícia Federal, que pediu a prisão temporária de Palocci, quebrando uma tradição na Lava-Jato de o Ministério Público Federal pedir as prisões, Marcelo Odebrecht "tinha ciência e autorizava tais pagamentos". 
Nas planilhas, os primeiros pagamentos de propina da Odebrecht para Palocci ocorreram em 2008 e estão atrelados às eleições municipais. Há outros lançamentos de valores nos anos seguintes: 2010, 2011, 2012 e 2013. 
Ainda segundo a PF, a Odebrecht buscou apoio de Palocci para buscar ajuda do BNDES para aumentar a sua linha de crédito. 
Chegam ao montante de R$ 128 milhões registrados como entregues a Palocci no esquema, segundo o Ministério Público Federal. O valor foi bloqueado pelo juiz Sergio Moro
- Houve intensa atuação de Palocci na defesa de interesses da Odebrecht perante à administração pública federal - disse a procuradora da República Laura Tessler. 
Segundo a PF, há registros ainda de troca de mensagens telefônica entre os dois em 2012, no qual seriam tratados temas como programas de submarino nuclear e a construção da Arena Corinthians. 
- Em um momento ele (Marcelo Odebrecht) vincula a conta de projetos ao 'italiano', o que nos leva a crer que também houve pagamentos de vantagens indevidas - disse o delegado Hille Pace. 

PRÉDIO E FAZENDA

Outra acusação contra Palocci e seus assessores é que eles intermediaram a compra, pela Odebrecht, de um prédio que seria a sede do Instituto Lula - conforme noticiou O GLOBO, em julho. 
Esse prédio também está na mira da Receita Federal, disse Roberto Leonel de Oliveira Lima, auditor da Receita Federal, durante a coletiva. 
- Temos um número variado de fatos a ser aprofundados. Nós, da Receita Federal, estamos acompanhando várias vertentes, esse prédio, uma fazenda no Mato Grosso do Sul - disse Oliveira Lima. 
Segundo a procuradora Laura Tessler, Palocci continuou a atuar após a Lava-Jato, em mensagens "criptografadas" com o grupo Odebrecht. 
- Ele foi continuamente informado sobre os procedimentos da compra desse terreno. Preocupações da empresa eram sempre compartilhadas com ele disse Laura Tessler. 
Também foram encontrados no sítio do ex-presidente Lula uma minuta de contrato da compra esse terreno. 
- Dos R$ 128 milhões, a maioria seria destinada, sim, ao Partido dos Trabalhadores - afirmou a procuradora. - O caminho do dinheiro ainda não foi completamente delineado, a investigação prossegue, daí a necessidade das medidas de hoje. 
O delegado Filipe Pace disse que "não restam dúvidas" de que Pallocci teve um papel maior do que José Dirceu no esquema investigado pela Lava-Jato. 26/09/2016 - DO R.DEMOCRATICA 

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