Josias de Souza
No momento, o principal problema da relação do Planalto com o PMDB é que Dilma é incapaz de reconhecer a fidelidade dos peemedebistas ao seu governo. E estes são incapazes de demonstrá-la. Vem daí uma mudança nada sutil na metodologia do fisiologismo. Antes, o PMDB ganhava ministérios sob o compromisso de apoiar Dilma no Congresso. Agora, exige-se que o partido pague adiantado para receber de volta a pasta da Aviação Civil. O toma-lá-dá-cá deu lugar ao dá-cá-toma-lá.
Para sentar-se na cadeira de ministro da Aviação, o deputado Mauro Lopes (MG), já sondado para o posto, precisa desmontar a inconfidência mineira que supostamente ameaçaria a reeleição de Leonardo Picciani (RJ) para o posto de líder da bancada do PMDB na Câmara. Contra a impeachment, Picciani virou dodói de Dilma, mesmo tendo votado em Aécio Neves na sucessão de 2014.
A bancada mineira do PMDB tinha dois candidatos ao cargo de líder: Leonardo Quintão e Newton Cardoso Júnior. Dividida, decidiu nesta segunda-feira não lançar nenhum nome oficialmente. Newtinho retirou sua postulação. Quintão continua jurando que disputará a liderança. Ainda assim, Mauro Lopes, o candidato a ministro, avalia que sua fatura foi paga. E espera ser recebido por Dilma, para a formalização do convite.
O trágico, o essencial mesmo nessa modalidade de fisiologismo que não aceita fiado é que tudo continua sendo feito com a melhor das intenções. A desfaçatez encontra sempre uma justificativa absolvedora —''para deter a marcha do impeachment, vale tudo''. O mais fantástico da cena atual é que ninguém enxerga cínicos no espelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário