Por Reinaldo Azevedo
O "Vem Pra Rua", um dos maiores
movimentos que convocaram a megamanifestação nacional do dia 15 de março, acaba
de adotar uma palavra de ordem clara e sem ambiguidades: "Fora Dilma". É o que
se ouvirá em uníssono no novo protesto, marcado para o dia 12 de abril. A
expectativa dos organizadores é que o evento se repita em todas as capitais e
se espalhe por um número ainda maior de cidades.
Até havia pouco, o "Vem Pra Rua" chamava os brasileiros a expressar publicamente a sua insatisfação, acusava as
lambanças do governo e do PT, mobilizava a população contra a corrupção
desabrida, mas não dava especial relevo à reivindicação para que Dilma deixasse
a Presidência. O que se avalia é que a dinâmica na rua e o encadeamento dos
fatos impõem o lema aglutinador. O grupo acha que a presidente tem de deixar o
cargo, dentro dos rigores da lei, seja por renúncia - e esse é um ato
unilateral -, seja por cassação, seja pelo caminho do impeachment.
Conversei
há pouco com Rogério
Chequer, um dos coordenadores do movimento, e ele explica por que adotar
o "Fora Dilma": "Sempre dissemos que temos consciência de que não somos
representantes do povo legitimados por eleições, mas acabamos nos
tornando
porta-vozes e catalizadores de uma insatisfação clara, de milhões de
pessoas. E
as bases querem o 'Fora Dilma' porque entendem que há motivos para
tanto".
Só isso? Não! O "Vem pra Rua" entende ainda que a forma como o governo vem atuando para firmar os acordos de
leniência com as empresas acaba atrapalhando o processo de investigação, podendo
caracterizar a interferência do Poder Executivo no Poder Judiciário e preparar
o terreno para a impunidade.
Chequer explica: "Queremos também
chamar a atenção para o fato de que, quando menos, Dilma tem de ser
investigada. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) já entrou com este pleito no
Supremo, e o ministro Teori Zavascki pediu que Rodrigo Janot, procurador-geral
da República, se manifeste a respeito. A Constituição não impede que a
presidente seja investigada. Até porque a investigação de atos cometidos antes
do exercício do seu mandato pode remeter a questões que se deram no curso do
mandato. Consideramos a investigação imperiosa".
Pergunto a Chequer se ele não
teme que o "Fora Dilma" se confunda com uma radicalização do movimento de rua.
Ele responde: "Não tem radicalização nenhuma. Vamos ser claros: foi o que as
ruas pediram já no dia 15 de março, num clima de ordem e respeito às
instituições. Nós estamos dizendo 'Fora Dilma' porque temos uma Constituição e
uma lei que tratam da possibilidade. Pode haver divergência sobre se há ou não
motivos, mas é absurdo falar em radicalização ou golpismo quando se cobra o
império da Constituição e das leis".
E Chequer acrescenta: "O nosso
movimento se chama 'Vem pra Rua', e a voz da rua é uma só: 'Fora Dilma!'".
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