domingo, 11 de maio de 2014

Pega na mentira, por Mary Zaidan

Pega na mentira, por Mary Zaidan

Hábito ou vício, há tempos a mentira é classificada como doença – mitomania ou pseudolalia, o transtorno da mentira. Não são raros os políticos que sofrem desse mal ou que são treinados sob a regência desses distúrbios. Quando têm charme, empatia e graça – caso do ex Lula –, as mentiras ditas podem virar troça, piada e até verdades, se repetidas com insistência. Para quem não tem essa ginga é difícil esticar as pernas da mentira. Dilma Rousseff enquadra-se aqui. Mente, mas não convence.
Lula é aquele que um dia diz que seus companheiros queridos traíram a ele e à nação no escândalo do Mensalão. No outro, escorraça os mesmos companheiros, agora presos – “não são de minha confiança”. Lança e relança Dilma à reeleição e incentiva o “volta Lula” em frases travessas, que, amanhã ou depois, vai usar a seu favor para ser ou não candidato. Segue à risca, certamente sem saber, o dito shakespeariano: “o diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém”.
Instruída para agir como seu mestre, Dilma se atrapalha. Não por pudores quanto a mentir, mas por pura falta de jeito.
Além de falsear um doutorado que não concluiu, já chegou a dizer que, quando criança, ia ao Mineirão, com o pai, para ver o Galo jogar. Tão tonta que nem se tocou: o estádio foi inaugurado em 1965, dois anos após a morte de seu pai. Na época, a criança Dilma tinha 18 anos. Prova que a síndrome da mentira também pega desajeitados no ofício.
Dilma mente e continuará mentindo. Na terça-feira, alardeou o orgulho que tem dos investimentos que fez em saneamento, criticando os que a antecederam – não há quatro ou oito, mas há 15 anos. Tão longe da verdade quanto os jogos de futebol a que assistiu no Mineirão imaginário.
Os avanços em saneamento nessa década foram significativamente inferiores. Quem diz isso é o IBGE. Itamar Franco e FHC estenderam a coleta de esgoto em 20%; Lula e Dilma em 15,6%. Na água encanada os números são ainda mais acachapantes: o PT expandiu a rede em 5,5%, menos da metade dos 11,3% de Itamar-FHC.
O ludibrio também tem alicerçado os palanques. Na sexta-feira, Dilma lançou a obra do metrô de Curitiba. Pela terceira vez. Já tinha feito algo semelhante em 2013, com o repeteco do metrô de Porto Alegre. No mesmo ano reeditou, na cerimônia de 21 de Abril em Ouro Preto, o PAC das cidades históricas, uma tentativa de perturbar o adversário Aécio Neves. O tal PAC por duas vezes anunciado continua empacado. Há menos de um mês, reinaugurou uma adutora, inacabada, em Serra Talhada, Pernambuco, terra do ex-aliado e agora concorrente Eduardo Campos.
As pernas da mentira já foram mais musculosas e não são tão elásticas. Estão esgarçadas e, hora dessas, arrebentam.

DO NOBLAT

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