sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Lucro da Petrobras cai 12% no 3o tri e frustra expectativa

RIO DE JANEIRO, 26 Out (Reuters) - O lucro líquido da Petrobras caiu 12,1 por cento no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, frustrando as expectativas, apesar de a empresa ter conseguido reverter o prejuízo registrado no segundo trimestre, graças ao reajuste dos combustíveis e a um câmbio mais favorável.
A gigante estatal de petróleo lucrou 5,567 bilhões de reais no terceiro trimestre, abaixo da previsão do mercado, que esperava alta de 20 por cento no lucro para 7,5 bilhões de reais no período entre julho e setembro.
No segundo trimestre, a empresa teve perdas de 1,3 bilhão de reais, o primeiro prejuízo em mais de 13 anos.
"A reversão do resultado do trimestre anterior está relacionada aos reajustes nos preços da gasolina e do diesel, realizados em junho e julho, com o aumento da produção de diesel em nossas refinarias, com os menores gastos com baixas de poços secos ou subcomerciais e estabilidade cambial", afirmou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em comunicado.
No acumulado do ano até setembro, a Petrobras amarga uma queda de 52 por cento no lucro, para 13,43 bilhões de reais.
A executiva observou que, apesar dos resultados melhores no terceiro trimestre em relação ao segundo, a empresa persistirá "trabalhando com determinação e foco na recuperação da rentabilidade". A companhia está realizando um programa de redução de custos e deverá divulgar metas de corte de gastos em dezembro próximo.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Petrobras no terceiro trimestre somou 14,375 bilhões de reais, queda de 12,5 por cento ante o mesmo período do ano passado. Em relação trimestre anterior, houve uma alta de 36 por cento.
A receita somou 73,79 bilhões de reais no terceiro trimestre, ante 63,55 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.
"O resultado ...está melhor que o trimestre anterior, mas ainda está abaixo da expectativa", disse o analista-chefe da Ativa Corretora, Ricardo Corrêa, logo após a divulgação do resultado.
PRODUÇÃO EM QUEDA
A produção de petróleo e gás da Petrobras somou 2,523 milhões de barris ao dia no terceiro trimestre, uma queda de 2 por cento na comparação com o segundo trimestre e uma baixa de 2,2 por cento ante o mesmo período do ano passado, informou a estatal em comunicado.
A empresa atribuiu a queda na produção a paradas operacionais mais longas que o planejado, especialmente em setembro.
Segundo Graça Foster, como a presidente da Petrobras prefere ser chamada, as paradas "são fundamentais para garantir a segurança operacional e o retorno sustentável da produção".
A estatal informou que uma menor produção de óleo associada à maior carga processada reduziram a disponibilidade para exportação.
A Petrobras registrou ainda uma "maior importação de petróleo, visando adequar o perfil de produção às necessidades do mercado interno e reduzir a necessidade de importação de derivados", que são mais caros.
"A Petrobras vai mal nos dois principais fundamentos de uma petrolífera: no aumento de sua produção e na lucratividade na venda de derivados", disse o especialista em energia e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
A empresa afirmou que espera que o ano feche com uma produção estável em relação a 2011, com variação de no máximo de 2 por cento para mais ou menos.
Pires disse ainda que, se o governo --controlador da companhia-- não tivesse permitido reajustes de 10,5 por cento no diesel (em dois aumentos) e de 8 por cento na gasolina, a empresa não teria conseguido lucro no terceiro trimestre.
COMBUSTÍVEIS
A Petrobras continuou a importar combustíveis no terceiro trimestre para suprir à demanda nacional, que no ano acumula alta de 7 por cento. O consumo de gasolina subiu 19 por cento em 2012 até setembro, com o aumento da frota e a vantagem do preço da gasolina em relação ao etanol na maioria dos Estados.
Mesmo com o aumento das vendas, a área de Abastecimento apresentou prejuízo de 5,65 bilhões de reais no terceiro trimestre, e perdas de 17,3 bilhões de reais de janeiro, devido a importação de combustíveis a preços mais altos do que os de venda no mercado interno.
"O prejuízo decorreu de maiores custos com aquisição e transferência de petróleo e importação de derivados, refletindo a depreciação cambial e a maior participação de derivados importados no mix das vendas", disse a empresa.
"Estes fatores foram parcialmente compensados pelos maiores preços de venda de derivados nos mercados interno e externo e o aumento de 6 por cento na produção de derivados", disse a empresa.
CÂMBIO
A relativa estabilidade no câmbio no trimestre trouxe um certo alívio para empresa, que teve seu resultado financeiro fortemente impactado no terceiro trimestre de 2011 pela valorização do real.
De julho a setembro o câmbio trouxe perdas de 455 milhões de reais, enquanto no mesmo período de 2011 houve um impacto de 6,5 bilhões de reais.
O dólar médio de venda da empresa de julho a setembro foi de 2,03 reais, contra 1,64 real no mesmo período de 2011.
No segundo trimestre, quando o câmbio teve um grande impacto nas demonstrações financeiras da empresa em meio a grandes importações de combustíveis, o dólar de venda foi de 1,96 real e as perdas cambias somaram 7,2 bilhões de reais.
A exposição cambial líquida da Petrobras em 30 de setembro era de 97,6 bilhões de reais segundo o comunicado, ante uma exposição líquida de 55,5 bilhões de reais em 31 de dezembro de 2011, um aumento decorrente da depreciação cambial e captações.
As ações da Petrobras fecharam em alta de 1,61 por cento nesta sexta-feira, enquanto o Ibovespa teve queda de 0,97 por cento.
(Com reportagem adicional de Roberto Samora)
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