RIO DE JANEIRO, 26 Out (Reuters) - O lucro líquido da Petrobras caiu
12,1 por cento no terceiro trimestre na comparação com o mesmo período
do ano passado, frustrando as expectativas, apesar de a empresa ter
conseguido reverter o prejuízo registrado no segundo trimestre, graças
ao reajuste dos combustíveis e a um câmbio mais favorável.
A
gigante estatal de petróleo lucrou 5,567 bilhões de reais no terceiro
trimestre, abaixo da previsão do mercado, que esperava alta de 20 por
cento no lucro para 7,5 bilhões de reais no período entre julho e
setembro.
No segundo trimestre, a empresa teve perdas de 1,3 bilhão de reais, o primeiro prejuízo em mais de 13 anos.
"A
reversão do resultado do trimestre anterior está relacionada aos
reajustes nos preços da gasolina e do diesel, realizados em junho e
julho, com o aumento da produção de diesel em nossas refinarias, com os
menores gastos com baixas de poços secos ou subcomerciais e estabilidade
cambial", afirmou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster,
em comunicado.
No acumulado do ano até setembro, a Petrobras amarga uma queda de 52 por cento no lucro, para 13,43 bilhões de reais.
A
executiva observou que, apesar dos resultados melhores no terceiro
trimestre em relação ao segundo, a empresa persistirá "trabalhando com
determinação e foco na recuperação da rentabilidade". A companhia está
realizando um programa de redução de custos e deverá divulgar metas de
corte de gastos em dezembro próximo.
O Ebitda (lucro antes de
juros, impostos, depreciação e amortização) da Petrobras no terceiro
trimestre somou 14,375 bilhões de reais, queda de 12,5 por cento ante o
mesmo período do ano passado. Em relação trimestre anterior, houve uma
alta de 36 por cento.
A receita somou 73,79 bilhões de reais no terceiro trimestre, ante 63,55 bilhões de reais no mesmo período do ano passado.
"O
resultado ...está melhor que o trimestre anterior, mas ainda está
abaixo da expectativa", disse o analista-chefe da Ativa Corretora,
Ricardo Corrêa, logo após a divulgação do resultado.
PRODUÇÃO EM QUEDA
A
produção de petróleo e gás da Petrobras somou 2,523 milhões de barris
ao dia no terceiro trimestre, uma queda de 2 por cento na comparação com
o segundo trimestre e uma baixa de 2,2 por cento ante o mesmo período
do ano passado, informou a estatal em comunicado.
A empresa atribuiu a queda na produção a paradas operacionais mais longas que o planejado, especialmente em setembro.
Segundo
Graça Foster, como a presidente da Petrobras prefere ser chamada, as
paradas "são fundamentais para garantir a segurança operacional e o
retorno sustentável da produção".
A estatal informou que uma menor
produção de óleo associada à maior carga processada reduziram a
disponibilidade para exportação.
A Petrobras registrou ainda uma
"maior importação de petróleo, visando adequar o perfil de produção às
necessidades do mercado interno e reduzir a necessidade de importação de
derivados", que são mais caros.
"A Petrobras vai mal nos dois
principais fundamentos de uma petrolífera: no aumento de sua produção e
na lucratividade na venda de derivados", disse o especialista em energia
e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
A
empresa afirmou que espera que o ano feche com uma produção estável em
relação a 2011, com variação de no máximo de 2 por cento para mais ou
menos.
Pires disse ainda que, se o governo --controlador da
companhia-- não tivesse permitido reajustes de 10,5 por cento no diesel
(em dois aumentos) e de 8 por cento na gasolina, a empresa não teria
conseguido lucro no terceiro trimestre.
COMBUSTÍVEIS
A
Petrobras continuou a importar combustíveis no terceiro trimestre para
suprir à demanda nacional, que no ano acumula alta de 7 por cento. O
consumo de gasolina subiu 19 por cento em 2012 até setembro, com o
aumento da frota e a vantagem do preço da gasolina em relação ao etanol
na maioria dos Estados.
Mesmo com o aumento das vendas, a área de
Abastecimento apresentou prejuízo de 5,65 bilhões de reais no terceiro
trimestre, e perdas de 17,3 bilhões de reais de janeiro, devido a
importação de combustíveis a preços mais altos do que os de venda no
mercado interno.
"O prejuízo decorreu de maiores custos com
aquisição e transferência de petróleo e importação de derivados,
refletindo a depreciação cambial e a maior participação de derivados
importados no mix das vendas", disse a empresa.
"Estes fatores
foram parcialmente compensados pelos maiores preços de venda de
derivados nos mercados interno e externo e o aumento de 6 por cento na
produção de derivados", disse a empresa.
CÂMBIO
A relativa
estabilidade no câmbio no trimestre trouxe um certo alívio para empresa,
que teve seu resultado financeiro fortemente impactado no terceiro
trimestre de 2011 pela valorização do real.
De julho a setembro o
câmbio trouxe perdas de 455 milhões de reais, enquanto no mesmo período
de 2011 houve um impacto de 6,5 bilhões de reais.
O dólar médio de venda da empresa de julho a setembro foi de 2,03 reais, contra 1,64 real no mesmo período de 2011.
No
segundo trimestre, quando o câmbio teve um grande impacto nas
demonstrações financeiras da empresa em meio a grandes importações de
combustíveis, o dólar de venda foi de 1,96 real e as perdas cambias
somaram 7,2 bilhões de reais.
A exposição cambial líquida da
Petrobras em 30 de setembro era de 97,6 bilhões de reais segundo o
comunicado, ante uma exposição líquida de 55,5 bilhões de reais em 31 de
dezembro de 2011, um aumento decorrente da depreciação cambial e
captações.
As ações da Petrobras fecharam em alta de 1,61 por cento nesta sexta-feira, enquanto o Ibovespa teve queda de 0,97 por cento.
(Com reportagem adicional de Roberto Samora)
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