Sim, queridos, Tio Rei vai para a praia, fica com os pés na areia, mas jamais com a cabeça nas nuvens. Estávamos lá eu e meu iPed (cuidado com protetor solar gel…) navegando aqui e acolá, e eis que leio a seguinte reportagem, de Jamil Chade, de Genebra, correspondente do Estadão (íntegra aqui):
“O governo de Dilma Rousseff foi colocado contra a parede ontem por peritos da ONU, que acusam o Executivo de falta de ação sobre a morte de 200 mil mulheres a cada ano por causa de abortos de risco. Eles pedem que o País supere suas diferenças políticas e de opinião para salvar essas vítimas.
A entidade apresentou seu exame sobre a situação das mulheres no Brasil e não poupou críticas ao governo. “O que é que vocês vão fazer com esse problema político enorme que têm?”, cobrou a perita suíça Patricia Schulz. Para os especialistas, a criminalização do aborto está ligada à alta taxa de mortes por ano.”
(…)
“O governo de Dilma Rousseff foi colocado contra a parede ontem por peritos da ONU, que acusam o Executivo de falta de ação sobre a morte de 200 mil mulheres a cada ano por causa de abortos de risco. Eles pedem que o País supere suas diferenças políticas e de opinião para salvar essas vítimas.
A entidade apresentou seu exame sobre a situação das mulheres no Brasil e não poupou críticas ao governo. “O que é que vocês vão fazer com esse problema político enorme que têm?”, cobrou a perita suíça Patricia Schulz. Para os especialistas, a criminalização do aborto está ligada à alta taxa de mortes por ano.”
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É mesmo, é? Caberia uma pergunta de saída: quem é a ONU para “colocar o governo contra parede” num assunto como esse? Instituíram, por acaso, o governo mundial e não me encontraram para dar o recado? Teria eu bebido muito caipirinha e não entendido a mensagem? Acho que não… Mas isso importa pouco agora. O que me incomoda é a mentira estúpida veiculada logo na segunda linha do texto. É MENTIRA COMPROVÁVEL ESSA HISTÓRIA DE QUE MORREM 200 MIL MULHERES POR ANO POR CAUSA DE “ABORTOS DE RISCO”. Em outros tempos, um número como esse seria submetido à matemática elementar. Hoje em dia, tudo pode. Mas como se chegou a ele?
Essa é a conta que fazem os abortistas e aborteiros confessos — caso de Eleonora Menicucci — e acaba sendo admitida como oficial pelo próprio governo, o que é de lascar. O Estadão — e quase toda a imprensa — fica devendo a seus leitores a correção dessa barbaridade. Por que digo isso?
Comecemos pelo óbvio: INEXISTE UMA BASE DE DADOS QUE PERMITA DIZER QUANTAS MULHERES MORREM EM DECORRÊNCIA DE ABORTOS DE RISCO. Logo, de onde tiram os números? Mas isso, se querem sabe, é o de menos. O maior escândalo vem agora.
Em 2010, o Censo, do IBGE, passou a investigar a ocorrência de óbitos de pessoas que haviam residido como moradoras do domicílio pesquisado. ATENÇÃO! Entre agosto de 2009 e julho de 2010, foram contabilizados 1.034.418 mortes, sendo 591.252 homens (57,2%) e 443.166 mulheres (42,8%). Houve, pois, 133,4 mortes de homens para cada grupo de 100 óbitos de mulheres.
Vocês começam a se dar conta da estupidez fantasiosa daquele número? Segundo o Mapa da Violência (aqui), dos 49.932 homicídios havidos no país em 2010, 4.273 eram mulheres. Muito bem: dados oficiais demonstram que as doenças circulatórias respondem por 27,9% das mortes no Brasil — 123.643 mulheres. Em seguida, vem o câncer, com 13,7% (no caso das mulheres, 60.713). Adiante. Em 2009, morreram no trânsito 37.594 brasileiros — 6.496 eram mulheres. As doenças do aparelho respiratório matam 9,3% dos brasileiros — 41.214 mulheres. As infecciosas e parasitárias levam outros 4,7% (20.828). A lista seria extensa.
Agora eu os convido a um exercício aritmético elementar. Peguemos aquele grupo de 443.166 óbitos de mulheres e subtraiamos as que morreram assassinadas, de doenças circulatórias, câncer, acidentes de trânsito, doenças do aparelho respiratório, infecções (e olhem que não esgotei as causas). Chegamos a este número: 185.999!!!
Já começou a faltar mulher. Ora, para que pudessem morrer 200 mil mulheres vítimas de abortos de risco, é forçoso reconhecer, então, que essas mortes teriam se dado na chamada idade reprodutiva — entre 15 e 49 anos. É mesmo? Ocorre que, segundo o IBGE, 43,9% dos óbitos são de idosos, e 3,4% de crianças com menos de um ano. Então vejam que fabuloso:
Total de mortes de mulheres - 443.166
Idosas mortas - 194.549
Meninas mortas com menos de um ano - 15.067
Sobra - 233.550
Dessas, segundo os delirantes, 200 mil teriam morrido em decorrência do aborto — e necessariamente na faixa dos 15 aos 49 anos!!!
Total de mortes de mulheres - 443.166
Idosas mortas - 194.549
Meninas mortas com menos de um ano - 15.067
Sobra - 233.550
Dessas, segundo os delirantes, 200 mil teriam morrido em decorrência do aborto — e necessariamente na faixa dos 15 aos 49 anos!!!
Para encerrar
Aquele número estupidamente fantasioso das 200 mil mulheres mortas a cada ano deriva de outro delírio: chegariam a um milhão os abortos provocados no país. Que coisa! Nascem, por ano, no país, mais ou menos 3 milhões de crianças. Acompanhem. Estima-se que pelo menos 25% das concepções resultem em abortos espontâneos. Não houvesse, pois, um só provocado, aqueles 3 milhões de bebês seriam apenas 75% do total original, de concepções — 4 milhões. Segundo os abortistas, pois, o número de abortos provocados seria igual ao de abortos espontâneos. Mais: das cinco milhões de mulheres que engravidariam por ano, nada menos de 20% decidiria interromper a gravidez. Nem na Roma pré-cristã ou na China pós-Mao…
Aquele número estupidamente fantasioso das 200 mil mulheres mortas a cada ano deriva de outro delírio: chegariam a um milhão os abortos provocados no país. Que coisa! Nascem, por ano, no país, mais ou menos 3 milhões de crianças. Acompanhem. Estima-se que pelo menos 25% das concepções resultem em abortos espontâneos. Não houvesse, pois, um só provocado, aqueles 3 milhões de bebês seriam apenas 75% do total original, de concepções — 4 milhões. Segundo os abortistas, pois, o número de abortos provocados seria igual ao de abortos espontâneos. Mais: das cinco milhões de mulheres que engravidariam por ano, nada menos de 20% decidiria interromper a gravidez. Nem na Roma pré-cristã ou na China pós-Mao…
Por que esses números não são contestados por ninguém? Ora, porque se estabeleceu que ser favorável à legalização do aborto é coisa de “progressistas”, de gente bacana, que quer um mundo melhor. Assim, que mal há que eles mintam um pouco e fraudem a lógica, a matemática e os fatos?
Por que os defensores do aborto mentem? Porque a verdade é devastadora para a sua tese. Precisam inventar a morte de milhares de mulheres para que possam justificar a morte de milhares de fetos. Somam à covardia original a covardia intelectual.
REV VEJA
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