quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Querem estatizar também a calcinha e o sutiã

Ah, os fascistas querem falar a sério? Então vamos lá.
Qual é a diferença entre atribuir ao “povo” a virtude da persistência — “Sou brasileiro e não desisto nunca” — e afirmar que as brasileiras são naturalmente dotadas de charme? A rigor, são duas generalizações que certamente comportam exceções: há brasileiros preguiçosos, que desistem, e há brasileiras com, digamos, charme negativo — e ninguém precisa ir muito além da Esplanada dos Ministérios para encontrá-las. Se nem Deus daria jeito, não seria uma lingerie. Ser feia não é pecado; ser estúpida é.
E há, sim, uma diferença importante: o lema oficial tem aquele apelinho fascistóide, né?, de ordem unida, sustentando a existência de uma certa índole natural, que estaria a serviço do estado petista, e o outro remete mais aos jogos amorosos.
Quando um partido explora uma generalização e quer censurar a outra — “em nome das mulheres ofendidas” —, estamos diante da evidência da tentativa de estatização do corpo, da sensualidade, do tesão alheio.
Em Dois Córregos, a gente diz que isso é falta de serviço. Não vou mandar dona Iriny lavar louça porque diriam que é coisa de machista — eu, como sou feminista, quando necessário, lavo numa boa. Ela pode, sei lá, dirigir ônibus, quebrar pedra ou caçar sapo.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

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