Durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002), ocupei o ministério da Saúde por quase quatro anos. Com a cobertura do presidente, além de reforçar bastante as ações que estavam em andamento, promovemos algumas inovações – entre estas, a ofensiva no combate ao tabagismo no país. Proibimos a propaganda de tabaco – sempre enganosa; impusemos fotos de advertência nos maços de cigarros; fizemos campanhas pagas de esclarecimento nas TVs e nas rádios; e procuramos mobilizar ao máximo a mídia, que não negou o apoio à iniciativa.
Não há números precisos, mas boas indicações de que o crescimento do consumo de cigarros foi desacelerado. Tornou-se mais difícil para a indústria do fumo recrutar clientes entre os jovens. Mais do que isso, desenvolveu-se uma espécie de consciência social a respeito dos perigos desse vício para a saúde. Posteriormente, quando governador de São Paulo, fiz aprovar a lei que proíbe o fumo em recintos públicos fechados, incluindo bares e restaurantes. Tanto já havia aquela consciência, que a medida foi rapidamente bem sucedida e se disseminou por todo o país.
Faço essas lembranças com o propósito de insistir na necessidade de uma forte e amplíssima campanha educacional contra o consumo de drogas. No Brasil, há cerca de 1 milhão de pessoas, especialmente as mais jovens, usuárias do crack ou oxi, drogas que as levam à decadência e à morte, além do sofrimento e degradação que impõem às suas famílias. Você quer ter uma ideia mais concreta sobre essa realidade? Leia a reportagem As Mães Reféns do Crack, publicada nesta semana pela revista Veja.
A luta contra as drogas exige cortar tanto a oferta como a demanda desses produtos. No Brasil, porém, a exemplo de outros países, as ações estão mais concentradas do lado da oferta, que deve, sim, ser combatida. Mas faltam ações decididas do lado da demanda, criando-se uma consciência maior, principalmente entre os jovens, sobre a natureza terrível da dependência química. Falando com franqueza, é preciso estigmatizar não o consumidor do crack, mas o consumo do crack.
Para isso tudo, é preciso ter lucidez, convicção e vontade política a respeito do assunto – atributos que parecem escassos nos órgãos federais competentes. Trata-se da mesma escassez que compromete as ações de tratamento e recuperação dos dependentes químicos, outro capítulo essencial da batalha contra as drogas, e que, no Brasil, tem sido incipiente. Além de complexas, tais ações têm sido também dificultadas, por incrível que pareça, por estranho preconceito ideológico. Lembro-me da inauguração de uma clínica de tratamento e recuperação do governo de São Paulo, localizada num município cuja prefeitura é do PT: o próprio prefeito criticou a iniciativa. Diga-se de passagem que o ministério da Saúde não repassou recursos do SUS para essa e outras clínicas, nem tampouco para as comunidades terapêuticas de todo o Brasil.
PS – Sobre a mencionada clínica, vale a pena ler a matéria do jornalista Roberto Pompeu na revista Piauí http://bit.ly/piauirobertopompeu.
POR JOSE SERRA
Não há números precisos, mas boas indicações de que o crescimento do consumo de cigarros foi desacelerado. Tornou-se mais difícil para a indústria do fumo recrutar clientes entre os jovens. Mais do que isso, desenvolveu-se uma espécie de consciência social a respeito dos perigos desse vício para a saúde. Posteriormente, quando governador de São Paulo, fiz aprovar a lei que proíbe o fumo em recintos públicos fechados, incluindo bares e restaurantes. Tanto já havia aquela consciência, que a medida foi rapidamente bem sucedida e se disseminou por todo o país.
Faço essas lembranças com o propósito de insistir na necessidade de uma forte e amplíssima campanha educacional contra o consumo de drogas. No Brasil, há cerca de 1 milhão de pessoas, especialmente as mais jovens, usuárias do crack ou oxi, drogas que as levam à decadência e à morte, além do sofrimento e degradação que impõem às suas famílias. Você quer ter uma ideia mais concreta sobre essa realidade? Leia a reportagem As Mães Reféns do Crack, publicada nesta semana pela revista Veja.
A luta contra as drogas exige cortar tanto a oferta como a demanda desses produtos. No Brasil, porém, a exemplo de outros países, as ações estão mais concentradas do lado da oferta, que deve, sim, ser combatida. Mas faltam ações decididas do lado da demanda, criando-se uma consciência maior, principalmente entre os jovens, sobre a natureza terrível da dependência química. Falando com franqueza, é preciso estigmatizar não o consumidor do crack, mas o consumo do crack.
Para isso tudo, é preciso ter lucidez, convicção e vontade política a respeito do assunto – atributos que parecem escassos nos órgãos federais competentes. Trata-se da mesma escassez que compromete as ações de tratamento e recuperação dos dependentes químicos, outro capítulo essencial da batalha contra as drogas, e que, no Brasil, tem sido incipiente. Além de complexas, tais ações têm sido também dificultadas, por incrível que pareça, por estranho preconceito ideológico. Lembro-me da inauguração de uma clínica de tratamento e recuperação do governo de São Paulo, localizada num município cuja prefeitura é do PT: o próprio prefeito criticou a iniciativa. Diga-se de passagem que o ministério da Saúde não repassou recursos do SUS para essa e outras clínicas, nem tampouco para as comunidades terapêuticas de todo o Brasil.
PS – Sobre a mencionada clínica, vale a pena ler a matéria do jornalista Roberto Pompeu na revista Piauí http://bit.ly/piauirobertopompeu.
POR JOSE SERRA
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