sexta-feira, 8 de abril de 2011

O proselitismo do ministro da Justiça, os números e macumba pra turista

Quando há disposição para mistificar, que importa o que digam os números? Os números que se danem! Ontem, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, anunciou que o governo prepara, além de uma campanha em favor do desarmamento, medidas que dificultem a posse de armas. E se saiu com uma batatada fabulosa: os números do Mapa da Violência, segundo ele, indicariam que a violência cai depois de campanhas públicas. Huuummm… Bem, de saída, notem, então, que isso nada tem a ver a tragédia do Rio, que é uma violência de outra natureza. Mas olhem os dados abaixo. Volto em seguida para confrontá-los com a fala de Cardozo. Ah, sim: esses dados são … do Mapa da Violência!

mapa-violencia-20011-evolucao-estadosViram? Em 2003, ano em que foi lançado o Estatuto do Desarmamento, houve 51.043 homicídios no país. Caiu para 47.578 em 2005. Subiu para 49.145 em 2006, baixando, em 2007, para 47.707 e voltando a subir em 2008: 50.113. Reparem que o gráfico está numa escala que parece ter havido grandes mudanças. Os números sempre foram terríveis. Houve, sim, uma ligeira queda por 100 mil habitantes desde 2003 porque a população aumentou um tanto. Mas muito pequena.
Agora olhem os dados à esquerda, que tratam do crescimento ou declínio do número de homicídios por estado. O que lhes parece? São Paulo, o mais populoso do país, com uma redução de 62,4% das mortes em 10 anos, responde praticamente sozinho pela relativa estabilidade dos números nacionais — ou eles teriam disparado.Vejam o que aconteceu no Maranhão e na Bahia, por exemplo.
Cardozo poderia tentar explicar por que as tais “campanhas” teriam surtido efeito em São Paulo, mas não em quase todo o resto do país. Aliás, o estado que os petistas e parte da imprensa adoram detestar salvou a cara do lulismo nesse particular. Não fosse a eficiência da polícia paulista, Lula entraria para a história como o governante de um período que viu explodir o número de homicídios. Basta dizer que, se o índice de São Paulo (10,47 por 100 mil em 2010) fosse igual ao do Rio (29,5 por 100 mil), haveria uns 8 mil cadáveres a mais no Brasil. Se, não obstante, os índices do Brasil fossem iguais aos de São Paulo, haveria quase 20 mil cadáveres a menos. É inútil me xingar. Podem tentar provar que eu estou errado.
Cardozo diga o que quiser. Não muda os  fatos. O que diminui a violência é bandido em cana. O resto é macumba pra turista.
Por Reinaldo Azevedo

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