sábado, 28 de outubro de 2017

Supremo vive sob um clima de churrasco na laje


Josias de Souza

A última sessão do Supremo Tribunal Federal terminou num arranca-rabo. De um lado, Luís Roberto Barroso. Do outro, Gilmar Mendes. No ápice da toga justa, Barroso acusou Gilmar de ser leniente com os corruptos de colarinho branco. Esse episódio foi a radicalização do clima de churrasco na laje que se instalou na Suprema Corte brasileira. Quem paga a picanha é você. Por isso, convém prestar atenção.
O Supremo está organizado em duas turmas de cinco ministros. Em tese, isso deveria desafogar o plenário do tribunal. O problema é que as duas turmas começaram a tomar decisões divergentes sobre temas análogos. O pano de fundo das controvérsias é a Operação Lava Jato.
A música que toca na Segunda Turma do Supremo é o pagode da cela vazia. Ali, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski se juntaram para fazer de Edson Fachin, relator da Lava Jato, um ministro minoritário. Na Primeira Turma, Luís Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux rodam o pagode da linha dura. Quando a picanha passa do ponto, o espeto vai ao plenário do Supremo.
No último embate, ganhou Aécio Neves. O próximo embate envolverá as prisões em segunda instância. Uma turma quer adiar a cadeia de poderosos como Lula. A outra quer consolidar a jurisprudência anti-impunidade. A tensão que descambou para o bate-boca entre Barroso e Gilmar faz exalar da suprema laje um insuportável cheiro de queimado.

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