É
surrealista. Durante a gestão de José Serra à frente do governo de São
Paulo, houve uma licitação para a compra de 40 trens para a CPTM. A
espanhola CAF e a alemã Siemens disputaram. A primeira venceu porque
ofereceu o menor preço. A outra empresa disse que entraria na Justiça.
Serra advertiu: se a Siemens conseguisse anular a disputa, ele
cancelaria a concorrência porque se negava, em nome do interesse
público, a pagar mais por aquilo que valia menos.
Um
executivo da Siemens alega ter tido uma conversa informal com Serra em
que este teria sugerido que a empresa, em vez de tentar anular a
licitação, entrasse em entendimento coma CAF para evitar atraso na
entrega dos trens. Serra nega que a conversa tenha ocorrido. Quem
conhece seu estilo sabe que não existe “conversa informal” sobre assunto
público.
Pois bem: quando a “denúncia” apareceu, escrevi neste blog, no dia 8 de agosto de 2013,
que seria a primeira vez na história da humanidade que um governante
seria acusado de beneficiar um cartel impondo um PREÇO MAIS BAIXO! É
estupefaciente!
“Serrista!”, gritaram os idiotas. Pois é. Depois de apurar detidamente o caso, o Ministério Público Estadual concluiu, em março deste ano, que não houve qualquer irregularidade. Reproduzo trecho de uma reportagem do Estadão (em azul):
Os técnicos da Promotoria sustentam que o negócio, aquisição de 384 carros da empresa espanhola CAF, é o único em que não houve acerto. Para os peritos, “o cartel formado pelas empresas Siemens, Alstom, Mitsui e Hyundai-Rotem não obteve êxito em fraudar a licitação tendo em vista, especialmente, a participação da CAF, empresa estranha ao cartel”. A análise pericial fortalece a versão de Serra, de que atuou contra o cartel nesta licitação. O tucano chegou a dizer que merecia a “medalha anticartel”.
Os técnicos da Promotoria sustentam que o negócio, aquisição de 384 carros da empresa espanhola CAF, é o único em que não houve acerto. Para os peritos, “o cartel formado pelas empresas Siemens, Alstom, Mitsui e Hyundai-Rotem não obteve êxito em fraudar a licitação tendo em vista, especialmente, a participação da CAF, empresa estranha ao cartel”. A análise pericial fortalece a versão de Serra, de que atuou contra o cartel nesta licitação. O tucano chegou a dizer que merecia a “medalha anticartel”.
Tudo
conforme eu havia escrito lá atrás. Pois não é que a Polícia Federal
decidiu chamar Serra para depor? Sim, na boca da urna, a PF, subordinada
ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, houve por bem intimá-lo.
Cumpre lembrar que também essa denúncia é uma daquelas feitas aos
petistas do Cade.
A Polícia
Federal precisa decidir se é uma polícia a serviço do estado brasileiro
ou um ente a serviço de um estado policial. É claro que se está criando
um fato eleitoral, para ganhar as páginas dos jornais e pautar os
jornalistas. Serra lidera todas.
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