Merval Pereira, O Globo
O governo petista chegou à conclusão de que é preciso estatizar o futebol brasileiro para que ele volte a ser competitivo, uma ideia estapafúrdia que o coloca em pé de igualdade com o governo da Nigéria, onde o presidente John Goodluck demitiu todos os dirigentes da CBF de lá devido à eliminação da sua seleção nas oitavas de final do Mundial.
Em consequência, a Fifa suspendeu a Federação de Futebol da Nigéria de todas as suas atividades, proibindo-a de participar de competições internacionais e até mesmo de organizar campeonatos locais.
Mas, apesar de saber que a Fifa proíbe qualquer ingerência estatal no futebol, para mantê-lo como uma atividade privada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu ontem “a volta da presença do Estado” brasileiro na organização do futebol, o que é expressamente proibido pela Lei Pelé.
Mas não foi só. Um site ligado à campanha da presidente, de nome “Muda Mais”, pediu uma completa reformulação na CBF — no que estamos de acordo —, e a própria presidente Dilma, em entrevista a Christiane Amanpour, da CNN, pronunciou-se sobre a necessidade de manter no Brasil os seus principais jogadores — no que tem razão —, mas atribuiu essa tarefa não ao mercado futebolístico, mas à ação do governo:
“O Brasil não pode mais ser apenas exportador de jogadores. Exportar jogadores significa que estamos abrindo mão de nossa principal atração, que pode ajudar a lotar os estádios. Até porque, qual é a maior atração que os estádios no Brasil podem oferecer? Deixar a torcida ver os craques. Há anos, muitos jogadores brasileiros têm ido jogar fora, então renovar o futebol no Brasil depende da iniciativa de um país que é tão apaixonado por futebol”.
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