Apresentadora paraibana Rachel Sheherazade é capa da Veja SP
Além de Sheherazade e de Stoliar, estavam presentes na sala o vice-presidente do canal, José Roberto Maciel, o diretor de jornalismo, Marcelo Parada, e o diretor de produção, Leon Abravanel, que é também irmão de Silvio. Esses executivos a proibiram de continuar emitindo no ar as opiniões polêmicas que provocam amor e ódio nas redes sociais, com o objetivo declarado de preservar a imagem da funcionária. Na mesma ocasião, a apresentadora ouviu do presidente do canal a promessa de que vai comandar um programa-solo no segundo semestre. A atração, semanal e com uma linha editorial opinativa, seria uma ideia de Silvio Santos. Nos últimos tempos, o homem do Baú vem elogiando o desempenho de Marcelo Rezende, cujo programa Cidade Alerta, na Record, fica sempre acima da média de 10 pontos de audiência no horário. Dentro do SBT, Sheherazade é vista com potencial para se tornar um “Datena de saias”.
Em entrevista a VEJA SÃO PAULO poucas horas antes de apresentar o telejornal, com um clima de tensão entre a equipe, a apresentadora mediu cada palavra ao falar e procurou fazer um balanço positivo dos últimos dias. “Às vezes, é preciso dar um passo para trás antes de dar um salto para a frente”, afirmou. “Sofro com as pressões, mas sou boa de briga e dura na queda. Além disso, a decisão de suprimir os comentários não é definitiva. Meu estilo de jornalismo é de posicionamentos firmes. Jamais poderia ficar em cima do muro. Essa sou eu e é por isso que fui contratada.”
Um dos motivos do recuo do SBT envolve segurança, de Sheherazade e da empresa. Nos últimos tempos, a jornalista recebeu ameaças em posts da internet e torpedos de celular. Avisos do mesmo tipo começaram também a chegar a membros da equipe do telejornal. A apresentadora foi orientada a trocar de telefone, passou a ter um serviço de escolta do canal nos deslocamentos do trabalho para casa e mandou blindar seu carro e o do marido, o corretor de imóveis Rodrigo Porto. Em fevereiro, uma manifestação contra Sheherazade chegou a ser marcada para ocorrer na porta da emissora, que procurou autoridades como a Dersa para criar um plano de emergência. A mobilização popular, porém, acabou não acontecendo.
Outra questão que incomoda são as pressões políticas. Deputados do PSOL e do PCdoB entraram no mesmo mês com representações no Ministério Público contra a âncora e a emissora para que ambas respondam civil e criminalmente por apologia ao crime. Isso ocorreu depois de Sheherazade dizer no ar que era compreensível a atitude dos vingadores no Rio de Janeiro. A gota d’água para limitar a liberdade da jornalista no SBT ocorreu quando chegou aos executivos do canal o vídeo de um discurso que ela fez durante as férias na Paraíba, ao receber a condecoração simbólica de diploma de honra ao mérito na Câmara dos Vereadores de João Pessoa. “A emissora em que trabalho tem garantido esse direito (de falar) a duras penas, sendo chantageada por partidos políticos, podendo perder uma concessão pública”, disse, na ocasião.
DO PBAGORA...
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