Vocês se lembram de Gilberto Carvalho, não? É aquele senhor que ocupa a função de secretário-geral da Presidência da República e que é o braço operativo de Lula no governo Dilma. É também, na prática, o segundo homem do petismo. Depois de Lula, é ele quem mais conhece os segredos do partido — mais do que José Dirceu, que tem o domínio de uma ala importante do partido, sim. Mas exerce menos influência na legenda do que o outro. Adiante.
Quando a Polícia Militar de São Paulo, cumprindo uma decisão da Justiça — não era uma questão de gosto, mas de obrigação — promoveu a reintegração de posse da região conhecida como Pinheirinho, Carvalho foi um dos petistas que decidiram satanizar o governo de São Paulo. Segundo este valente, o governo federal tinha um outro modo de lidar com as questões sociais. Representantes do governo federal enfiaram o pé na jaca da delinquência política.
Paulo Maldos, amigo de Carvalho, secretário Nacional de Articulação Social, estava no Pinheirinho no dia da desocupação e anunciou ao mundo que tinha sido alvo de uma bala de borracha, mesmo depois de ter se identificado como representante do governo federal. E saiu por aí tirando fotos exibindo artefatos não-disparados da tal bala. Não exibiu o suposto ferimento. Não fez exame de corpo de delito. Nada! Vários grupos de esquerda sustentavam, sob indiscreto incentivo federal, a existência de supostos mortos e desaparecidos no Pinheirinho. Talvez tenha sido a operação de mídia mais canalha montada por essa gente nos últimos tempos.
Muito bem! Os trabalhadores de Jirau botaram fogo nos alojamentos. Milhares de pessoas tiveram de ser removidas da área. As obras estão paradas. Parte dos operários de Belo Monte também parou. E agora? Bem, agora Gilberto Carvalho se mostra menos sensível à questão social. Vejam o que informa Rafael Moraes Moura, no Estadão Online. Volto em seguida:
Carvalho vê ação em Jirau como vandalismo e banditismo
Um dos interlocutores mais próximos da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, condenou nesta quarta-feira, 4, o incêndio criminoso ocorrido no início desta semana no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau (RO), que destruiu 36 dos 57 alojamentos dos operários. Para ele, foram atos de vandalismo e banditismo. Onze pessoas foram presas no episódio. “Não consideramos essa ação que houve lá como uma ação sindical ou uma ação de mobilização, mas um vandalismo, banditismo, e como tal será tratado”, afirmou Carvalho. “Isso não é ação de trabalhador, isso não é ação sindical. Tem de ser tratado em outros termos, de questão judiciária e policial”, reforçou. Em março do ano passado, o canteiro de Jirau já havia enfrentado depredação de ônibus e alojamentos.
O governo pretende entender melhor os motivos da ação, disse o ministro. “Queremos identificar de onde surgiram esses movimentos. Na vez anterior, tudo estava misturado e combinado com problemas de condições de trabalho. Desta vez não. Desta vez, os trabalhadores, por imensa maioria, resolveram voltar ao trabalho e aí nós não podemos tolerar esse ato de desordem que ofende os trabalhadores.” Para Carvalho, esse tipo de ação, em que as pessoas agem encapuzadas, não se identificam, não é típico de disputa sindical. “Isso é típico ou de vandalismo ou de algum grupo que tenha outras pretensões que nós desconhecemos. Queremos identificar e questionar essas pessoas por suas intenções.”
O ministro comentou que os problemas nas obras voltaram após ter sido encontrada uma solução para o impasse. “Felizmente, depois de um período tenso houve assembleias finais, tanto em Santo Antônio quanto em Jirau, e os trabalhadores das duas usinas, por grande maioria, decidiram voltar ao trabalho. Diante do desrespeito à decisão da maioria dos trabalhadores, nós resolvemos agir com radicalidade. Reforçamos a Força Nacional e queremos assegurar democraticamente o direito dos trabalhadores que decidiram por maioria voltar ao trabalho”, declarou Carvalho, após participar de reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) no Palácio do Planalto.
Voltei
Vamos ver. Eu não apoio vandalismo na USP. Mas os petistas apoiam. Eu não apoio vandalismo no Pinheirinho (havia até uma tropa de choque criada pelo PSTU no local). Mas os petistas apoiam. Eu não apoio vandalismo na Cracolândia. Mas os petitas apoiam. Eu não apoio vandalismo no Jirau; nesse caso, os petistas também não! Eu não apoio vandalismo, pouco importa o alvo do protesto. Já os petistas pensam de modo diferente: “Vandalismo contra os nossos adversários é questão social; vandalismo contra nós é banditismo”. Esse é Gilberto Carvalho!
Vamos ver. Eu não apoio vandalismo na USP. Mas os petistas apoiam. Eu não apoio vandalismo no Pinheirinho (havia até uma tropa de choque criada pelo PSTU no local). Mas os petistas apoiam. Eu não apoio vandalismo na Cracolândia. Mas os petitas apoiam. Eu não apoio vandalismo no Jirau; nesse caso, os petistas também não! Eu não apoio vandalismo, pouco importa o alvo do protesto. Já os petistas pensam de modo diferente: “Vandalismo contra os nossos adversários é questão social; vandalismo contra nós é banditismo”. Esse é Gilberto Carvalho!
Outra questão relevante. Eu acho que o Brasil tem, sim, de construir Jirau e Belo Monte. Neste texto, nem vou elencar os motivos e as tolices dos que acreditam que podemos abrir mão das hidrelétricas. Elas têm de ser feitas, sim! Mas sob quais condições? Esses conflitos não são inéditos. Na vez anterior, jura Carvalho, ainda havia motivos; agora, ele garante, não há mais.
A afirmação não resiste a uma aproximação ainda que superficial da região, como fez há pouco o Jornal Nacional. Resta evidente que falta planejamento a essas grandes obras — e isso, obviamente, é tarefa do governo. As cidades do entorno estão inchadas, atividades econômicas estão sendo prejudicadas pela explosão populacional, falta atendimento de saúde — o posto está lá, mas não os médicos.
É claro que o Brasil precisa de energia elétrica e que todo aquele chororô natureba contra as usinas é só um misto de ignorância de bom coração com má fé ricamente financiada por ONGs. Isso não quer dizer que o governo esteja fazendo a coisa certa e administrando com competência os impactos sociais dessas megaobras. Este é um governo que não sabe planejar.
Boquirroto
Assim como Carvalho foi boquirroto ao condenar o governo de São Paulo no caso de Pinheirinho sem nem mesmo dispor de informações suficientes a respeito, está sendo boquirroto agora. Naquele caso, “vândalo e bandido”, entendia-se, era o governo de São Paulo; desta vez, “vândalos e bandidos” são os trabalhadores. E ele, igualmente, não tem dados, o que confessa. Não tem, mas é judicioso.
Assim como Carvalho foi boquirroto ao condenar o governo de São Paulo no caso de Pinheirinho sem nem mesmo dispor de informações suficientes a respeito, está sendo boquirroto agora. Naquele caso, “vândalo e bandido”, entendia-se, era o governo de São Paulo; desta vez, “vândalos e bandidos” são os trabalhadores. E ele, igualmente, não tem dados, o que confessa. Não tem, mas é judicioso.
Por que a diferença de tratamento? Porque este notável homem de estado estava e está fazendo apenas política partidária. Naquele caso, tratava-se de atingir o PSDB, um partido adversário; agora, trata-se de preservar o PT. Não descarto, não, que haja banditismo no Jirau. Como também não descartava que houvesse, e havia, banditismo no Pinheirinho.
Para encerrar
Imaginem o que as esquerdas financiadas não estariam fazendo agora se conflitos dessa natureza explodissem em obras gerenciadas por governos tucanos, por exemplo. Já teriam feito denúncias à OEA. Desta vez, esse bando de vendidos não quer nem saber.
Imaginem o que as esquerdas financiadas não estariam fazendo agora se conflitos dessa natureza explodissem em obras gerenciadas por governos tucanos, por exemplo. Já teriam feito denúncias à OEA. Desta vez, esse bando de vendidos não quer nem saber.
REV VEJA
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