Luiz Inácio Apedeuta da Silva já chamou o sistema de saúde no Brasil de quase perfeito, lembram-se? Leiam o que segue:
Por Fábio Frabini, no Globo:Um bolo pequeno e dramaticamente repartido. É esse o retrato da tecnologia no Sistema Único de Saúde (SUS). Para atender 152 milhões de pessoas, o equivalente a 80% da população, as unidades de saúde pública contam com apenas 56% dos aparelhos para diagnóstico e tratamento de doenças disponíveis no país. O restante está exclusivamente a serviço de clientes privados ou de planos de saúde, público que corresponde a um terço da clientela do governo. O cálculo foi feito pelo GLOBO, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O país tem 704,8 mil equipamentos, classificados em seis grandes grupos pelo IBGE (de diagnóstico por imagem; de manutenção da vida; de terapia por radiação; de funcionamento por métodos gráficos e óticos; e “outros”). Desse total, 396,9 mil estão alocados em serviços próprios ou credenciados pelo poder público. É como se cada máquina tivesse de ser dividida por 382 pacientes, mais que o dobro do verificado na saúde privada (151). Do prosaico aparelho de pressão à ressonância magnética, a desproporção é imensa.
Há no país 1.358 aparelhos de raios X para densitometria óssea, por exemplo, só um quarto na rede pública (367). São 3.019 tomógrafos no total, dos quais 1.145 no SUS. O mesmo vale para aparelhos de endoscopia digestiva (7.529, contra 2.972), eletroestimulação (19.230, contra 7.644), laparoscopia (3.458, contra 1.402), eletroencefalograma (3.123, contra 1.305) e muitos outros. Números que ajudam a entender a longa espera por exames e tratamentos.
Não raro, a oferta de serviços não atende ao previsto pelo próprio Ministério da Saúde em normativos para orientar os gestores do SUS. Portaria de 2002 prevê, por exemplo, um tomógrafo para cada cem mil habitantes, quando há, de fato, um para cada 166 mil brasileiros (ou 132 mil se considerado apenas o público do SUS). Conforme a norma, haveria um aparelho de raios X para densitometria óssea para cada 140 mil pessoas. Na realidade, segundo os números do IBGE, há um para cada 520 mil (ou 414 mil, levando-se em conta a clientela do SUS).
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