Presidente Dilma Rousseff ainda não conseguiu conter as disputas internas em seu partido, o que dificulta a articulação política no Congresso. A matéria é do Correio Braziliense.
O governo Dilma Rousseff termina o primeiro semestre sem um pilar para equilibrar a intrincada rede política que o sustenta. Justamente aquele que deverá cuidar diretamente do PT. No governo Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, cuidava da gestão — papel agora exercido por Gleisi Hoffmann. A área política, em especial o diálogo com os partidos aliados, ficava a cargo do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que contava com o auxílio de colegas da Esplanada. Hoje, quem faz essa tarefa é Ideli Salvatti — ela vai cuidar inclusive da crise no PR essa semana. Falta agora quem controle o PT, cada vez mais insatisfeito, especialmente, depois da escolha de Mendes Ribeiro (PMDB-RS) para líder do governo no Congresso.
Na época de Lula, nenhum ministro controlava o Partido dos Trabalhadores. Era tarefa exclusiva do presidente. Dilma ainda não tomou para si essa atribuição, mas já foi avisada que deve fazê-lo a fim de curar as feridas dos primeiros seis meses, que resultaram em um racha na principal tendência do partido, a Construindo um Novo Brasil — um problema que nem o presidente do PT, Rui Falcão, da tendência Novos Rumos, é capaz de resolver. Em suas primeiras avaliações sobre o semestre, feitas na semana passada em reuniões no Planalto, a coordenação governamental concluiu que o PT gerou mais problemas do que deveria para a presidente Dilma Rousseff, a começar pelo coro contra o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci. O barulho veio especialmente da bancada de São Paulo e da disputa que levaram para dentro da Câmara dos Deputados.
A origem dos problemas, dizem os petistas em conversas reservadas, está na mudança de atores dentro do Construindo um Novo Brasil, a tendência partidária que domina o governo (veja quadro acima) e é definida internamente como um "balaio de poder". Ali estão José Dirceu, Palocci e nove ministros do governo Dilma, incluindo todos do Palácio do Planalto. Estão ali também o presidente da Câmara, Marco Maia (RS), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, João Paulo Cunha (SP), e o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PE).
Ao longo do governo Lula, o CNB de Dirceu, Palocci, João Paulo se aproximou da tendência Novos Rumos, do atual líder do governo Cândido Vaccarezza (SP) e da senadora Marta Suplicy (SP) e deputados como José Mentor (SP). Juntos, derrotaram Paulo Texeira (SP) para líder do PT em 2008, posto que ficou com Vaccarezza. Teixeira é do grupo Mensagem ao Partido, o mesmo do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e só conseguiu chegar à liderança este ano, na esteira do racha do CNB, que hoje é um dos fatores que perturbam a saúde política do governo.
A divisão da maior tendência do partido começou na formação do governo Dilma, dada a insatisfação com a falta de espaços para todos nos escaninhos do poder federal. À época, petistas da envergadura do ex-presidente do PT Ricardo Berzoini ficaram fora da formação do governo, assim como a maior parte dos mineiros e o antigo presidente da Câmara Arlindo Chinaglia — que pertence à terceira força partidária, o Movimento PT.
Magoado com o grupo dominante do CNB, Berzoini terminou apoiando Marco Maia para presidente da Câmara contra Vaccarezza, o nome com o aval do grupo de João Paulo Cunha e de Palocci. Chinaglia também apoiou Maia. Para não agravar ainda mais os problemas, Dilma deixou Vaccarezza na liderança do governo e fez de Luiz Sérgio, integrante do CNB e do grupo de João Paulo Cunha, ministro de Relações Institucionais. Bastou a primeira crise no governo para que os dois grupos — o de Vaccarezza/João Paulo/Luiz Sérgio e o de Maia/Berzoini/Arlindo — começassem a se digladiar pelos cargos da seara política. Informada da confusão, Dilma optou por Ideli, deixou os dois grupos a ver navios.Na semana passada, os dois sentiram mais um golpe, com a escolha de um peemedebista para líder do governo no Congresso. Mendes terá poder de fogo sobre os aliados, mas os petistas duvidam que ele terá forças para dar ordens ao PT.
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