domingo, 13 de março de 2011

ADRIANA VANDONI - Deixa o blogue Prosa & Política.


Após as eleiçoes, vários blogueiros jogaram a toalha, uns deixaram de postar, outros acabaram com o blogue.
Eu mesmo já tive vontade de fazer o mesmo, não só pelo desânimo, mas por problemas de saúde.Hoje mesmo, estou naqueles dias, minha pressão arterial não há meio de controlar, e o fato de  ficar sentado à frente do computador é ainda pior..


Mas vejam só o que aconteceu essa semana, ADRIANA VANDONI respeitada  jornalista, há tempos responsável do site PROSA & POLÍTICA, também deu um adeus ao site, evidentemente cansou, só porque dizia a verdade, e esta quase sempre não prevalece. Leiam o que ela escreveu:

(...) Quando comecei o blog, era movida pela indignação com a classe política e sua reiterada safadeza. Achava que alguém tinha que expressar a opinião, apontar erros, criticar, cobrar. Peguei esse papel pra mim. Valia a pena, afinal, tinha uma causa.

Acreditava piamente que apesar dos canalhas e ladrões da política brasileira, havia a Justiça, aquela grande dama toda formosa a espreitar. Com o passar do tempo vi que essa dama não era bem formosa, mas fogosa, insaciável e volúvel.

Bem, mas ainda assim valia a pena, afinal, e o povo?

Hoje digo a vocês que o grande problema do Brasil não são os políticos, são os brasileiros. Uma população de mierda que cultua o salafrário, puxa o saco do bandido, bajula o ladrão. Ainda se fosse por ignorância, eu estaria firme e forte achando que valia a pena, mas a população faz isso com a esperança de se beneficiar, de se arrumar numa boquinha ou participar de um esqueminha. Ô povo safado!

Estava tão na cara isso. Nem sei como pude me iludir por tanto tempo. Um país que trata Lampião como herói, o que esperar?

Não sei se vocês se lembram de um post no final do ano passado, contando o drama de uma comunidade que havia levado um calote dos governos federal e estadual que tinham “inaugurado” um maquinário para beneficiar a produção de mandioca.

Todos fizeram empréstimos acreditando no tal maquinário, afinal, um representante de Lula e a então secretária de Trabalho de MT estiveram pra festa. Nunca funcionou a máquina e quem fez empréstimo se ferrou. Mas votaram em peso com o governo.

Ou seja, bem feito, tomara que levem calote a cada quatro anos.
O Brasil é um país engraçado. Aqui não é o trabalho que dignifica o homem. É o tempo com colaboração da imprensa, invariavelmente bem remunerada.

O tempo transforma escroques surripiadores dos cofres públicos em senhores empreendedores. Quem não conhece um caso desses? 
Vou reformular a pergunta: quantas fortunas brasileiras foram construídas pelo trabalho honesto?

Em Mato Grosso tem casos clássicos. Tem um exaltado pela mídia como grande empresário, próspero, esperto, dono de muitas lojas. Não muito atrás, o esperto abriu a primeira loja para lavar o dinheiro que ele recebia ilicitamente.

E a imprensa? Exalta esses tipos e refestelam o rabo pra eles.
Tempos atrás não tinha um empresário das comunicações de MT que não beijava a mão do bicheiro Arcanjo.

Tratado como o poderoso, bondoso, além é claro de ser um exímio empresário. Bandido, explorava o jogo do bicho, lavava dinheiro que políticos roubavam e comandava o crime organizado no estado.

E os prósperos da imprensa de MT?
Ah, tem muitos casos. Tem o jornalista que posa de ético e é testa de ferro do deputadozinho ladrão.
Outro que abre sucursal nos infernos, e se instala num apartamento de um dos ladrões. Mas posa de próspero. Tem outro que fazia reportagem investigativa e antes de 
publicá-la fazia chantagem, até que montou seu parque gráfico. 
E tem aquele que faz leilão de informação. Simples assim.

A imprensa deixou de ser um fator de informação para ser um estimulador de corrupção.  
Tem um caso que vocês vão adorar.
Um jornalistazinho procurou um então secretário municipal. Tinha em mãos uma reportagem. 
O secretário leu e disse: não é verdade
O jornalista então disse: não me interessa, vou publicar. A menos que você me entregue tantos mil reais. Mas eu não tenho esse dinheiro, disse o secretário. E o grande jornalista retrucou: roube!

Abutres da notícia. E se alguém ousa dizer a verdade, há de aparecer uma legião para repetir: deixa o homem trabalhar.

E pensar que ainda tinha que agüentar neguinho entrando no blog pra insinuar que eu estava me transformando nessa espécie de profissional. Francamente!

Pois bem, deixemos os homens trabalharem no Brasil. Que explodam suas entranhas de tanto dinheiro roubado desta população medíocre que não tem direito de reclamar não. Que merece cada um dos seus ladrões, assim como merece cada buraco nas ruas, cada hospital sem médico e sem remédio, cada escola sucateada, cada lixo espalhado.

  Merece cada picada do mosquito da dengue.

E nós somos o que? Quantos? Algumas dezenas de brasileiros que enxergam, que ainda guarda algum senso de valor? É claro que existem políticos honestos e bem intencionados, assim como existem jornalistas sérios e empresários próceres. Mas somos minoria neste rio de boçalidade cada vez mais caudaloso.
Está revoltado demais este texto? Pois saibam vocês que nunca fui tão sublime e serena. Essas semanas afastada do blog me permitiram resgatar a lucidez, e confirmar minha decisão.

Foi um ciclo que se encerra agora. Agradeço os apelos de cada um de vocês, as homenagens e considerações. Não digo que jamais escreverei, mas só farei quando tiver vontade e quando realmente valer a pena.

Agora passo o chapéu pro Giulio Sanmartini.

PROSA  &  POLITICA

DO BLOG FERRA MULA

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