domingo, 6 de janeiro de 2019
Coluna dominical de Carlos Brickmann:
Azul e rosa, Força Nacional no Ceará, novos parâmetros da
Previdência, privatização da Eletrobras, isso é para os fracos. A grande
sensação deve começar na semana que vem, quando Antônio Palocci,
ministro da Fazenda de Lula, chefe da Casa Civil de Dilma, cuja delação
premiada atingiu em cheio o PT, volta a depor, agora sobre fundos de
pensão. O depoimento deve ser conduzido pelo procurador Frederico
Siqueira Ferreira, da força-tarefa que investiga irregularidades nos
fundos de pensão das estatais.
As investigações se concentram no Funcef (Caixa Federal), Previ
(Banco do Brasil), Petros (Petrobras) e Postalis (Correios). Supõe-se (e
é isso que se pesquisa) que haja fraudes somando algo como R$ 10
bilhões. Palocci, figura de proa em dois governos petistas, atuando
durante muito tempo exatamente na área financeira, tem condições de, em
muitos casos, desfazer as dúvidas dos investigadores. Há negociações
entre sua defesa e os procuradores para que seja feita outra delação
premiada.
Palocci foi condenado a doze anos; cumpriu dois e, feita a delação
premiada, passou à prisão domiciliar, com tornozeleira. Que benefício
pode obter com nova delação? Talvez – esse deve ser o ponto básico da
discussão entre promotores e advogados – livrar-se também da
tornozeleira. Que sabe das coisas, sabe; já disse certa vez ao então
juiz Sérgio Moro que o que tinha a contar obrigaria a Operação Lava Jato
a ter mais um ano de trabalho.
Dias de medo
Palocci faz muita gente tremer. Mas, no Rio, o grande temor de
políticos é que o ex-governador Sérgio Cabral consiga chegar a um acordo
de delação premiada. Parece incrível que, depois de tudo o que foi
descoberto, ainda haja coisas que Cabral possa contar; mas, para ele, é a
única saída, já que está condenado a mais de 200 anos de prisão. E
Cabral não está sozinho: se resolver contar o que sabe (e que o público
ainda não sabe), é provável que seu vice, Luiz Fernando Pezão, também
conte sua parte. Admite-se que, perto de Cabral, Pezão, por mais
malfeitos que tenha cometido, joga no dente de leite.
Mas, no caso, até o leite e o dentista podem ter sido superfaturados.
Há pânico entre os aliados políticos e empresariais dos dois políticos.
Voa, dinheiro! 1
Por que Bolsonaro pensa em acabar com a Justiça do Trabalho? Pelo
custo: a Justiça do Trabalho tem pouco menos de 10% das unidades
judiciárias do país, mas consome 20% da verba. São R$ 85 bilhões no
total, dos quais a Justiça do Trabalho gasta R$ 17 bilhões. Justiça do
Trabalho existe numa série de países, não apenas aqui, mas lá fora é
mais barata.
Voa, dinheiro! 2
Números oficiais, levantados pelo Novo Jornal, de Natal: os
espantosos 50 maiores salários do Rio Grande do Norte (pagos em junho). O
maior foi de R$ 179.887,06, pago a uma desembargadora federal do
Tribunal Regional do Trabalho. O menor, de R$ R$ 40.185,15, foi pago a
uma juíza de terceira entrância, do Tribunal de Justiça. Mesmo o menor é
mais alto que o teto do funcionalismo público, o pago aos ministros do
Supremo Tribunal Federal.
Todos, sem exceção, trabalham na área do Direito: juízes, promotores,
desembargadores – e um solitário técnico judiciário, com R$ 52.312,17.
Voa, dinheiro! 3
Por que Bolsonaro ordenou uma varredura nos últimos atos do governo
Temer? Uma pista: a ministra dos Direitos Humanos. Damares Alves,
suspendeu um convênio (sem licitação) entre a Funai, Fundação Nacional
do Índio, e a Universidade Federal Fluminense, no valor de
aproximadamente R$ 45 milhões. Foi assinado tão em cima da hora que a
publicação no Diário Oficial ocorreu em 2 de janeiro de 2019, já no novo
governo.
Objetivo do convênio: elaborar um Projeto de Fortalecimento
Institucional da Funai. E também criar uma criptomoeda, ou moeda
virtual, um tipo de bitcoin, para se transformar no dinheiro dos índios.
Voa, dinheiro! 4
O presidente Bolsonaro tem uma ótima oportunidade de poupar dinheiro
público. Temer nomeou Carlos Marun, seu chefe da Casa Civil, conselheiro
de Itaipu. São R$ 27 mil mensais, para participar de uma reunião de
dois em dois meses. Bolsonaro, por algum motivo, resolveu deixar pra lá.
Voa, dinheiro! 5
O Museu de Arte do Rio, MAR, apresenta (com dinheiro público) uma
exposição, “Arte Democracia Utopia, quem não luta tá morto”, composta
por bandeiras do MST, CUT e MTSC, faixas “Amanhã Ocupação” e pichações
“A Cidade é Sua. Ocupe-a”. A exposição começou em setembro, um mês antes
das eleições. Não há, na exposição, menção a qualquer outra tendência
política. O MAR é dirigido por uma ONG, Instituto Odeon, que recebe R$
12 milhões por ano da Prefeitura pelo serviço.
Como diz o letreiro abaixo do leão da Metro, “Ars Gratia Artis” – a Arte pela Arte. DO O,TAMBOSI
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