domingo, 9 de dezembro de 2018

E$quema$ para lamentar no submundo parlamentar

domingo, 9 de dezembro de 2018


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
É um consenso de que o PM na reserva e ex-assessor parlamentar Fabrício José Carlos de Queiroz, que foi motorista do deputado estadual e futuro senador Flávio Bolsonaro por 10 anos, tem a obrigação de prestar todos os esclarecimentos possíveis sobre um estrategicamente vazado relatório do COAF que aponta 176 movimentações bancárias suspeitas que atingiram R$ 1,2 milhão.
Até agora, só estão evidentes as intenções por trás do vazamento do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras – órgão hoje ni Ministério da Fazenda e que vai para o Ministério da Justiça sob direção de Sérgio Moro. Primeiro, desgastar o Presidente eleito e sua família. Segundo, tumultuar o processo de transição de Governo.
No entanto, ficou escancarado, mais uma vez, como funciona o rigor seletivo da máquina estatal de espionagem, sempre que usada para assassinar reputações. Por que o COAF que flagrou o motorista do Flávio Bolsonaro não enxergou tantas movimentações financeiras bilionárias realizadas pelos notórios bandidos da Lava Jato e outras falcatruas? Calma... Um dia a resposta vem...
Enquanto Queiroz não se explica ao Ministério Público e ao respeitável público, o Alerta Total se inspira no lamentável episódio para chamar a atenção para um esquema sórdido, quase nunca comentado abertamente, sobre como rola muito dinheiro nos gabinetes parlamentares pelo Brasil afora. Assessores de vereadores, deputados estaduais e federais – e talvez até de senadores – são vítimas ou coniventes com um esquema de extorsão que movimenta milhões de reais.
Todos sabem que assessores parlamentares ganham muito bem. O que nem todos sabem é que muitos deles são obrigados a entregar, todo mês, metade ou uma boa parte do salário aos parlamentares que os nomearam para cargos de confiança. Geralmente, sacada à vista e em espécie na boca do caixa bancário nas câmaras e assembléias legislativas, a grana acaba recolhida por algum laranja dos vereadores, deputados (e talvez até dos senadores). O dinheiro arrecadado vai para um caixa dois, do parlamentar, do gabinete ou do partido político.
A extorsão ou seqüestro mensal de parte dos salários dos assessores é um vício enraizado na gestão criminosa da política brasileira. É um crime de constrangimento ilegal para formação de um caixa dois que precisa ser investigado com todo rigor. O mais espantoso – quando o delito é tratado a boca pequena nos bastidores parlamentares – é que os canalhas encontram “justificativa” supostamente “legal” para o crime. Os políticos alegam que a verba das contratações pertence ao gabinete, e que os cargos de confiança não fazem parte da estrutura das casas legislativas...
Mais grave e assustador: É raríssimo o gabinete de parlamentar que não pratique tal falcatrua. Infelizmente, quem não comete tal crime acaba conivente e nem vem a público informar que não manda “seqüestrar” os salários dos assessores. Esta é uma das mais consagradas hipocrisias do (i)mundo da politicagem no Brasil. Raras denúncias acabam providencialmente abafadas, quando ocorre alguma condenação. Assim, o recolhimento ilegal de grana prospera, enriquecendo políticos e reforçando o caixa ilegal dos partidos.
Tamanha putaria deveria acabar na próxima legislatura. No entanto, nada custa lembrar que tivemos uma renovação de apenas 52% na Câmara Federal e assembléias legislativas. Portanto, é bastante provável que o crime de extorsão e “seqüestro” dos salários de assessores continue ocorrendo de maneira oculta, sacanamente licenciosa e silenciosa.
Despesas de parlamentares, salários deles e dos assessores devem ganhar transparência total. Precisam ser divulgadas publicamente, sem necessidade de se recorrer à Lei de Informações Públicas. Os “aspones” também deveriam tomar vergonha na cara e não aceitar o jogo de extorsão e seqüestro salarial.
Aliás, é fundamental baixar o custo da política, reduzindo ao máximo o tamanho das câmaras e assembléias, incluindo a quantidade de parlamentares e o valor pago aos “políticos profissionais”...
Bem que o susto resultante do caso Queiroz poderia servir para uma grande campanha de saneamento do ambiente parlamentar...
Mas aí o articulista acorda do sono mal dormido com pesadelo e confirma que mora em Bruzundanga, onde os e$quema$ oculto$ no$ gabinete$ parlamentares fazem parte da “rotina de normalidade” da política...
COAF, na visão de Bolsonaro

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