terça-feira, 4 de julho de 2017

Zveiter injeta o imprevisível na trilha de Temer

Josias de Souza

O relator da denúncia contra Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara será o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ). Não é o nome dos sonhos do presidente da República, disse um operador político do governo. Mas poderia ser pior, ele acrescentou, referindo-se aos oposicionistas que reivindicavam a função. Zveiter injetou uma dose extra de imprevisibilidade num processo que Temer imaginava estar sob seu controle.
No plano original de Temer, o relator seria Jones Martins (PMDB-RS) ou, alternativamente, Alceu Moreira (PMDB-RS). Mas o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), decidiu atravessar Zveiter no caminho do seu correligionário. Fez isso, segundo a interpretação do Planalto, porque ambiciona o governo de Minas Gerais. E não quer passar à opinião pública do seu Estado a impressão de que é mero vassalo de um presidente cuja popularidade, já rente ao chão, é de 7%.
O Planalto tentou domar Pacheco oferecendo-lhe a possibilidade de nomear o presidente da estatal Furnas, que ele havia reivindicado junto com a bancada mineira. Mas a oferta saiu pela culatra. E restou ao governo celebrar o fato de não ter sido nomeado um relator declaradamente favorável à tese de que a Câmara deve, sim, aprovar a continuidade do processo, liberando o Supremo Tribunal Federal para decidir se Temer deve ou não ser convertido em réu numa ação penal por corrupção.
Havia à disposição do presidente da CCJ vários nomes que o Planalto considerava duros de roer. Entre eles Betinho Gomes (PSDB-PE) e Tadeu Alencar (PSDB-PE). Nesse contexto, Sérgio Zveiter foi considerado pelo governo, por assim dizer, um mal menor. Espera-se que, sendo advogado, ex-presidente da seccional da OAB no Rio de Janeiro, o relator se sensibilize com os argumentos da defesa a ser entregue nesta quarta-feira pelo advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira.
Para não correr riscos, Temer e seus ministros suam a camisa para conquistar votos na Câmara. Nesta terça-feira, conforme já comentado aqui, o presidente atendeu deputados em ritmo de fast food. Serve verbas e cargos num bandejão constrangedor. Tenta reunir forças para, no limite, derrotar um eventual voto indesejável do relator Zveiter. Como não conseguiu realizar o sonho do relator ideal, Temer tenta evitar a realização do seu pesadelo.

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