O Apocalipse chegou. O baú da Odebrecht será, finalmente, aberto. A
boa notícia é que a fila na porta do inferno aumentou. Os petistas, que
se diziam perseguidos, estão agora acompanhados de representantes de
todos os principais partidos, governistas e oposicionistas. A má noticia
é que a fina flor da oligarquia política, ferida e aterrorizada,
decidiu se unir e partir para o tudo ou nada. Os encrencados farão o que
for preciso para restaurar o que chamam de ''normalidade'', uma palavra
que, no contexto atual, é quase um sinônimo de impunidade.
Desde
que a investigação começou, há três anos, que os políticos cultivam a
ilusão de que seria possível deter o pedaço do Ministério Público e do
Judiciário que rompeu a tradição que protegia a promiscuidade política.
Os adeptos dos maus costumes tentaram de tudo. Mas tudo não quis nada
com eles. Poderosos ficaram impotentes e foram presos. Surgiram os
delatores. E a podridão foi exposta.
Agora, todos voltaram a falar
em reforma política. Michel Temer fará uma reunião com os presidentes
da Câmara, do Senado e do Tribunal Superior Eleitoral, para discutir o
tema. De repente, o caixa dois se tornou a coisa mais natural do mundo.
Todos sempre fizeram, dizem petistas, tucanos, peemedebistas… A palavra
chave é ''todos''. O objetivo desse tipo de discurso não é restaurar a
moralidade, mas eternizar a imoralidade.
Estão todos ansiosos para
virar a página da Lava Jato. Para trás. Se não houver reação, a maior
investigação de corrupção já vista no país pode resultar num novo pacto
para aprovar mudanças que deixem tudo como está. DO J.DESOUZA
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