VEJA detalhou o que o operador do mensalão revelou em depoimento, com detalhes de sua ligação criminosa com o PT - passando pelo caso Celso Daniel
Gabriel Castro
O presidente do PPS, Roberto Freire: visita à PGR
(Beto Oliveira/Agência Câmara)
Lideranças da oposição reagiram neste sábado às novas revelações do operador financeiro do mensalão, Marcos Valério, publicadas por VEJA.
A edição que chegou às bancas nesta sexta-feira mostra como o
publicitário procurou o Ministério Público Federal para contar parte do
que, até então, mantivera oculto - o que inclui até um elo com o caso Celso Daniel.
O presidente do PPS, Roberto Freire, diz que a reportagem torna ainda
mais urgente a abertura de um inquérito na Procuradoria Geral da
República para apurar os aspectos ainda desconhecidos do esquema de
Marcos Valério - especialmente a participação do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no mensalão.
Representantes da oposição já tinham agendado uma ida à PGR nesta
terça-feira; eles pedirão que o Ministério Público abra um inquérito
para investigar o papel de Lula no esquema do mensalão. "Nós temos que
nos posicionar, não podemos esperar. A cada dia surgem novos fatos. Nós
precisamos que o Ministério Público abra um novo inquérito para
investigar tudo isso", disse Roberto Freire, presidente do PPS.
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, diz que a caixa-preta petista
deve ser objeto de apuração: "Isso é muito sério. É preciso que haja a
abertura do inquérito e que se leve a fundo a investigação", disse o
senador.
Líder do PPS na Câmara, o deputado Rubens Bueno (PR) diz que as novas
informações sobre o caso Celso Daniel mostram, mais uma vez, a
complexidade das ações criminosas envolvendo o PT: "Isso não vai acabar
tão cedo. Cada vez que você mexe, você puxa um fio de uma meada maior. E
chega ao Lula. Nada disso aconteceu sem o seu conhecimento e sem sua
ordem de comandante do processo."
A ida à PGR na próxima semana não foi consenso entre os três partidos
de oposição: o comando do DEM avalia que um eventual arquivamento da
representação contra Lula poderia ser visto como uma absolvição do
petista. O PSDB também titubeia. O PPS não: "Os outros partidos que
tomem o caminho que quiserem. O PPS vai cumprir a sua obrigação", diz
Rubens Bueno.
Revelações - O relato do publicitário à PGR, feito em um depoimento prestado em setembro, dá conta de que Lula e seu braço-direito, Gilberto Carvalho
(atual secretário-geral da Presidência), estavam sendo extorquidos por
figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário
Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de
um esquema de cobrança de propina na prefeitura que fora comandada pelo
petista Celso Daniel, assassinado em 2002.
Procurado por integrantes do PT para dar aos achacadores o dinheiro que
eles buscavam, Valério recusou: "Nisso aí, eu não me meto", disse ele
em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e
Ronan.
Valério também contou aos investigadores ter informações sobre o papel
de Lula no esquema do mensalão. Mas ainda não disse tudo o que sabe: o
publicitário quer garantias de que, em troca da delação, pode ter
benefícios no cumprimento de sua pena.
Valério foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 40 anos de prisão.
É provável que sua delação tardia não tenha grandes efeitos sobre a
pena que terá de cumprir. Mas pode ajudar o país a resolver questões que
ficaram sem resposta nos últimos anos.
DA REV VEJA
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