quarta-feira, 21 de junho de 2017

Especialistas, Temer e Putin falam de corrupção


Josias de Souza

Em visita a Moscou, Michel Temer teve uma reunião de trabalho com Vladimir Putin. Eles assinaram uma declaração conjunta. Nela, listaram 35 compromissos. Num deles, o Brasil de Temer e a Rússia de Putin comprometeram-se a intensificar os esforços no combate à corrupção. Escreveram: ''Os dois países entendem que a cooperação anticorrupção deve ter como objetivo a obtenção de resultados concretos.''
Longe do Brasil, Temer sentiu-se à vontade para assumir compromissos em nome do Brasil desconsiderando o que ocorre no Brasil. Ele assinou o acordo bilateral sem levar em conta que seus compromissos podem ficar velhos em dois minutos. Ou em duas delações premiadas. Quando terminar sua viagem, Temer retornará não apenas ao Brasil, mas à realidade de um país em que o próprio presidente é acusado de corrupção.
É preciso reconhecer: mergulhados em escândalos, Temer e Putin são especialistas na matéria. No Brasil, a contribuição de Temer e do PMDB no combate à corrupção é revolucionária. A exemplo de outras legendas, o PMDB desenvolveu uma forma inconsciente de desnudar a corrupção. Desvenda os crimes praticando-os em proporções tão amazônicas que ficou impossível não perceber as pistas.

Lula é considerado o mais nocivo dos envolvidos na Lava-Jato


Em seguida, Aécio Neves e Eduardo Cunha


O ex-presidente Lula é considerado a personalidade mais nociva para o Brasil envolvida na Lava-Jato. É o que indica uma pesquisa do Instituto Paraná.
No Distrito Federal, o petista é visto como o mais perigoso para 37%. Em seguida, para 14,5%, Aécio Neves. Preso, Eduardo Cunha é o pior deles para 12,7%.
Sergio Cabral, Marcelo Odebrecht e Joesley Batista são os mais nocivos para 4,6%, 4,3% e 4,1%, respectivamente.
 Depoimento de Lula a Sergio Moro em Curitiba - Operação Lava Jato

 Para 71%, Sergio Moro vai condenar Lula

Levantamento foi feito pelo Instituto Paraná Pesquisas 

 Em levantamento inédito feito pelo Instituto Paraná pesquisas, 71% responderam que o juiz Sergio Moro vai condenar Lula no caso do tríplex. Já 24% disseram que o ex-presidente será absolvido, enquanto 4,4% dos entrevistados não souberam opinar.
O instituto perguntou também se o magistrado persegue Lula. Segundo 61%, Moro não está perseguindo o ex-presidente. Enquanto 35,9% disseram que Lula é perseguido. E 3% dos ouvidos não souberam opinar.DO R.ONLINE

Joesley diz que Temer indicou amigo para acordo judicial de R$ 50 milhões



Pedro Ladeira/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 21-06-2017, 09h00: Joesley Batista, da JBS, chega para depor na superintendência da PF, em Brasília. Ele deve prestar esclarecimentos sobre as operações Bullish e Greenfield. Joesley cortou o cabelo e chegou à PF de boné e óculos escuros. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
Joesley Batista, da JBS, chega para depor na superintendência da PF, em Brasília
Em depoimento à Polícia Federal, o empresário Joesley Batista afirmou que o presidente Michel Temer tentou colocar um amigo, o advogado José Yunes, para defender o grupo J&F em uma disputa judicial.
O acordo que precisava de intermediação renderia ao escritório de Yunes, segundo o dono da JBS, que fez acordo de delação premiada, cerca de R$ 50 milhões.
Yunes é um dos melhores amigos do presidente e foi assessor especial do Planalto até dezembro passado, quando pediu demissão ao ser citado na delação do ex-executivo Cláudio Melo Filho, da Odebrecht, como intermediário de um pacote com R$ 1 milhão que conteria dinheiro para campanhas do PMDB.
Joesley afirmou, porém, que o acordo a ser feito para beneficiar o amigo de Temer nem chegou a ir adiante e que quem ficou responsável pela ação judicial foi Francisco de Assis, do departamento jurídico do grupo – também delator.
Não há informações no depoimento de Joesley sobre qual era a briga judicial nem as partes em litígio.
"Se recorda também de uma tentativa de inclusão do advogado José Yunes, por indicação do presidente Michel Temer, para intermediar um acordo com uma empresa em disputa judicial em andamento contra a J&F e que renderia ao escritório de José Yunes cerca de R$ 50 milhões", consta no termo de depoimento prestado por Joesley à PF.
FORA DA DELAÇÃO
Em uma ligação telefônica interceptada pela PF, o lobista da J&F Ricardo Saud pede a uma pessoa para tirar o nome de Yunes da delação premiada que estava sendo negociada.
Não ficou claro o motivo pelo qual o amigo de Temer foi retirado da colaboração.
O telefonema entrou no relatório da polícia, que destacou as principais conversas –mais de 3.000 ligações foram gravadas com autorização judicial.
Saud contratou uma pessoa, de nome Rodolfo, para pesquisar endereços de entregas de propina que estariam em sua delação. No diálogo, o delator diz: "Sabe o que eu estava pensando? Naquele relatório... É... Você podia fazer para mim, que eu estou indo hoje para Nova York, para levar ele. Tira aquele negócio tudo que tem do Yunes...".
Rodolfo responde concordando com a orientação, e Saud continua: "E põe só confirmando que nesse endereço mora... é o escritório de fulano de tal, põe tudo aquilo, amigo do cara, tal.... eu quero mostrar que você foi lá para mim e confirmar que lá era o coronel tal, tal, tal...".
A referência feita pelo lobista diz respeito ao coronel aposentado da Polícia Militar João Baptista Lima Filho, também amigo de Temer. Ele é apontado pela JBS como receptor de propina de R$ 1 milhão ao presidente.
A Folha procurou Yunes e Temer, mas não teve resposta até o momento.

Romério Cunha - 12.dez.2012/Vice-Presidência
Michel Temer e Joesley Batista, em inauguração de fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul, em 2012
Temer e Joesley Batista, em inauguração de fábrica de celulose em Mato Grosso do Sul, em 2012

Retaliado, senador acusa governo de ‘corrupção’


Após votar contra a reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, Hélio José (PMDB-DF) sofreu retaliação automática. O Planalto exonerou dois apadrinhados que o senador acomodara na máquina pública. Abespinhado, o agora ex-aliado passou a enxergar a gestão de Michel Temer com outros olhos: é um “governo totalmente atacado de corrupção para todos os lados”, declarou. Para ele, o governo foi transformado “em balcão de negócios.”
Foram exonerados Vicente Ferreira, que era diretor de Planejamento da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), e Francisco Nilo, que respondia pela Superintendência da Secretaria do Patrimônio da União no Distrito Federal. Hélio José emplacara os afilhados no ano passado, às vésperas do impeachment de Dilma Rousseff, quando se achegou a Temer.
Houve revolta na SPU do DF com a nomeação de Francisco Nilo para o posto de superintendente. O senador não se deu por achado. Foi à repartição. Reuniu os descontentes. E avisou: “Isso aqui é nosso. Isso aqui eu ponho quem eu quiser aqui. A melancia que eu quiser aqui eu vou colocar!” Nessa época, Hélio José se servia do balcão que agora diz abominar.O J.DESOUZA

Será que a Lava Jato atingiu as togas superiores?


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Na judicialização da politicagem, milagres não acontecem por acaso. O estranho adiamento da decisão sobre a prisão preventiva (ou não) e a manutenção do mandato (ou não) de Aécio Neves, combinada com a “soltura” (em prisão domiciliar, kkkkk) da irmã e seu primo, sugerem que existem mais coisas entre os políticos e as togas do que pode supor a vã filosofia. Repetiu-se uma rotina esquisita: um poderoso que sabe demais sobre tudo e todos sempre consegue postergar a punição nos andares elevados do Judiciário. O fenômeno joga no ar uma dúvida cruel: será que a Lava Jato atingiu as togas superiores?
O povinho pensante nas redes sociais achou muito estranho o fato de o relator da suprema Lava Jato, Edson Fachin, ter tirado das mãos de Sérgio Moro vários casos que envolvem o ex-Presidente Lula e a Odebrecht. Moro tem tudo para decidir, ainda esta semana, se condena ou inocenta o poderoso Lula. É enorme a chance de uma condenação com pena alta e decretação de prisão. Do mesmo jeito como é altíssima a chance de Lula ser beneficiado com o direito a recorrer em liberdade de uma eventual condenação. Afinal, ele é um daqueles que sabe (demais) sobre tudo e todos nos três poderes...
O regramento excessivo – uma das causas da corrupção sistêmica e da impunidade no Brasil – viabiliza que tudo possa acontecer. Quando os operadores dos “mecanismos do sistema” desejam assassinar a reputação de alguém, o rigor seletivo da jagunçagem opera a plena velocidade. Quando o interesse é proteger delinqüentes comprovados, o espírito maligno da razão cínica e canalha baixa nos “interpretadores da lei”, e os bandidos conseguem uma blindagem que deixa o cidadão honesto muito pt da vida, indignado ou desanimado. Eis a nossa hedionda “normalidade” do Crime Institucionalizado.
Até quando o Brasil vai conseguir suportar um Presidente da República que perdeu todas as condições morais de seguir (des)governando? A todo momento surge uma delação premiada que arrasa com Michel Temer. Depois da famosa gravação do Joesley Batista, agora veio a dedurarem do “corretor de valores” (na verdade, o doleiro de todos) Lúcio Bolonha Funaro. Fatos por ele revelados e comprovados arrasam com Temer, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima e outras figuras muito próximas do maridão da bela Marcela. A dúvida é: até quando a maioria parlamentar vai conseguir blindar Temer, indicando que não aceitará denúncias da Procuradoria Geral da República contra ele no Supremo Tribunal Federal?
Resumindo: tem coisa muito mais estranha no ar que o fato incomum de o Rio de Janeiro ficar debaixo d’água no mês de junho – marcado pela secura e quando não costuma chover. É o inverno doido no inferno criminoso de Bruzundanga. O País na (a)normalidade caminha a todo vapor para um desastre de conseqüências inimagináveis. Criminalidade fora de controle sempre redunda em explosão descontrolada de violência – o que pode gerar o caos ou servir de estopim para mudanças estruturais.
Judicialize a Polícia
Libertas geral

STF dirá ao país de que lado está na Lava Jato

Josias de Souza

O plenário do Supremo Tribunal Federal marcou para esta quarta-feira o julgamento de um recurso vital para o futuro da Lava Jato e de outras operações anticorrupção em curso no país. Os ministros da Corte decidirão se a delação premiada dos executivos do grupo JBS pode ou não ser revista. Dirão também se Edson Fachin, relator da Lava Jato, agiu corretamente ao homologar um acordo de colaboração judicial que os delatados sustentam não ter vinculação com o petrolão.
No fundo, o Supremo informará ao Brasil de que lado está no combate à roubalheira. Deve-se o sucesso do esforço que amedronta a oligarquia político-empresarial a três fatores: 1) o assalto aos cofres públicos passou a dar cadeia; 2) o pavor de ir em cana potencializou as delações; 3) as colaborações judiciais vitaminaram as investigações. Dependendo das decisões que tomar, o Supremo pode fortalecer o círculo virtuoso ou ressuscitar a roda da impunidade.
Na pior das hipóteses, o plenário do Supremo endossa a tese de que os crimes da JBS não têm nada a ver com a Petrobras e retiram o processo das mãos de Fachin, anulando os atos praticados por ele. Iriam para o beleléu as delações e todas as suas consequências. Michel Temer e Aécio Neves levantariam um brinde e a investigação recuaria à estaca zero.
Numa hipótese intermediária, a conexão com a Lava Jato é reconhecida e Fachin permanece na relatoria. Entretanto, a maioria dos seus colegas consagra o entendimento segundo o qual o plenário do Supremo pode, sim, rever acordos de delação. Sobretudo num caso como o da JBS, em que a Procuradoria-Geral da República concedeu a Joesley Batista e Cia. o prêmio máximo: a imunidade penal.
Se isso acontecer, delações que esperam na fila para acontecer, como a do ex-ministro petista Antonio Palocci e a do ex-presidente da OAS Leo Pinheiro, podem subir no telhado. Novos delatores talvez concluam que os negociadores da Procuradoria, enfraquecidos, não terão mais como assegurar o cumprimento dos termos dos acordos.
Numa terceira hipótese, aparentemente improvável, o Supremo dá uma banana para os investigados e prestigia a relatoria de Fachin. De quebra, avaliza as delações superpremiadas no pressuposto de que a emenda pioraria o soneto. Melhor apanhar os delatores na próxima esquina, quando vierem à luz os resultados da investigação sobre o uso da informação privilegiada da delação para lucrar nos mercados de câmbio e de ações.
Em maio de 2015, quando a Lava Jato tinha pouco mais de um ano, Emílio Odebrecht espetou no noticiário uma nora com o seguinte teor: ''A corrupção é problema grave e deve ser tratado com respeito à lei e aos princípios do Estado democrático de Direito, mas é fundamental que a energia da nação, particularmente das lideranças, das autoridades e dos meios de comunicação, seja canalizada para o debate do que precisamos fazer para mudar o país. Quem aqui vive quer olhar com otimismo para o futuro -que não podemos esquecer-, sem ficar digerindo o passado e o presente.''
Meses depois, a Odebrecht oferecia à força-tarefa da Lava Jato aquela que entraria para a história como delação do fim do mundo. O Apocalipse remexeu o passado e convulsionou o presente. Se transformar a delação da JBS em algo parecido com aquele que Romero Jucá chamava de “estancar a sangria”, o Supremo consolidará a vocação do Brasil para o papel de mais antigo país do futuro do mundo.

Solidariedade do tucanato a Aécio virou suicídio

Josias de Souza

Existem vários tipos de solidariedade. São todos admiráveis. Mas o amparo do PSDB a Aécio Neves está próximo da patologia. Virou sintoma de sadomasoquismo. O impulso autodestrutivo da legenda só não é maior do que o egoísmo do seu filiado encrencado. Aécio utiliza o partido para transformar a morte prematura do seu projeto político numa morte procrastinada. O senador sabe que sua carreira definha. E faz questão de que o tucanato murche junto.
Nesta terça-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal adiou em uma semana o julgamento sobre o pedido de prisão de Aécio. E o PSDB também transferiu a reunião de sua Executiva, que definiria nesta quarta-feira a coreografia da substituição definitiva de Aécio na presidência da legenda. Tranformando-se a indefinição tucana numa metáfora culinária, pode-se dizer que a insensatez do ninho ultrapassou o ponto de cozimento.
A confusão entre o tempo da Justiça e o tempo da política a fez dessas dar a mistura. O molho queimou. E o que era para ser um gesto de solidariedade converteu-se em mais um vexame do PSDB. Por mal dos pecados, Aécio acabou correspondendo aos que não encontravam motivos para confiar nele. Como ainda não foi inventada uma maneira de desfritar um ovo, o PSDB transformou sua solidariedade em suicídio no instante em que se jogou dentro da frigideira.