quarta-feira, 12 de abril de 2017

Ex-presidente do BB e da Petrobras pediu propina para “atenuar a Lava Jato”

Aldemir Bendine é acusado de receber pelo menos R$ 3 milhões

Os delatores Marcelo Odebrecht e Luiz Ayres da Cunha Santos Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, afirmaram, em seus depoimentos na colaboração premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República, que Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, os procurou entre 2014 e 2015 para ajudar a Odebrecht Ambiental em troca de propina. Numa dessas ocasiões, relataram os colaboradores, ele se apresentou como “interlocutor da presidente da República”, na época Dilma Rousseff (PT), “demonstrando poder agir em busca de atenuar os avanços da ‘Operação Lava Jato’”, assinala o ministro Edson Fachin em seu despacho, que determinou a remessa da investigação contra Bendine para o juiz federal Sergio Moro, em Curitiba.
Aldemir Bendine, novo presidente da Petrobras (Foto: Eraldo Peres/AP)
As decisões de Fachin em resposta aos pedidos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em consequência das delações de 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht, foram assinadas digitalmente no dia 4 de abril.
No caso de Bendine, Fachin acatou o pedido de Janot para remeter a investigação para primeira instância, já que ele não possui prerrogativa de foro no Supremo. Segundo os delatores da Odebrecht, Bendine teria pedido propina equivalente a 1% da dívida da Odebrecht Ambiental com o Banco do Brasil “a fim de permitir a renegociação do débito” junto ao banco então presidido por ele. Os colaboradores ainda revelaram que, diante da insistência de Bendine, foram realizados três pagamentos de R$ 1 milhão via Setor de Operações Estruturadas, nome oficial do “departamento da propina” da Odebrecht. Em seu despacho, Fachin não dá mais detalhes sobre como teriam sido efetuados os repasses.
O pedido de declínio de competência de Bendine faz parte dos 211 que foram encaminhados ao STF por Janot. Além disso, ele também pediu a abertura de 83 inquéritos no Supremo para investigar autoridades com prerrogativa de foro, ou pessoas que, mesmo sem foro, deveriam ser investigadas no STF por conexão com os políticos investigados. Os pedidos de 83 investigações no STF foram acatados por Fachin. DA R.ÉPOCA

Lista bomba: Agnelo recebeu R$ 1 milhão e Arruda, R$ 996 mil

Políticos do DF na lista de Janot
Agnelo e Arruda são citados na. Lava-Jato
Publicado em CB.Poder
ANA MARIA CAMPOS
Depoimentos em delações premiadas de altos executivos da Odebrecht apontam que o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) recebeu R$ 1 milhão da construtora em 2010. O dinheiro saiu do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como o “departamento da propina” da maior empreiteira do país.
Segundo esses depoimentos, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) recebeu R$ 996 mil na campanha de 2014, por meio de recursos não contabilizados, o chamado caixa dois. Arruda chegou a lançar candidatura ao GDF, pediu votos, mas teve o registro cassado pela Justiça por enquadramento na Lei da Ficha Limpa.
Em outra frente, Arruda e o ex-secretário de Obras Márcio Machado são citados em depoimentos como tendo participado de reuniões em que se tratou da licitação para construção do BRT-Sul, o expresso que liga Gama e Santa Maria ao Plano Piloto.
De acordo com as delações, houve cobertura na licitação da obra, com o envolvimento de outras empresas e seus respectivos diretores. A construção do empreendimento ficou a cargo das empresas Andrade Gutierrez e Via Engenharia.
O ex-senador Gim Argello (Sem partido), no xadrez há um ano e já condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos de prisão, aparece em duas petições da lista bomba do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Numa das petições, Gim é apontado como beneficiário de R$ 2,8 milhões da Odebrecht em 2010 e 2014. A suposta propina foi repassada como forma de garantir proteção à empresa prestada por Gim que, durante seu mandato, exercia forte influência política no Senado. Em 2010, ele não foi candidato. Em 2014, o então senador pelo PTB concorreu à reeleição e perdeu.
Gim também teria exigido propina para interferir em favor de executivos da empresa na CPI da Petrobras, ocorrida no Congresso em 2014.
Em outra petição, o deputado distrital Robério Negreiros (PSDB)  é citado pelo colaborador Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, como beneficiário de vantagens indevidas a título de doação eleitoral não contabilizada.
Nesta terça-feira (11/04), Fachin levantou o sigilo das investigações encaminhadas ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrogo Janot. Parte dos pedidos, relacionados a quem tem foro especial, vai caminhar no STF e no STJ, no caso de governadores. As demais petições foram remetidas à Justiça nos estados e no DF.
Além das petições em nome de políticos, Fachin relacionou obras em que houve pagamentos de propina ou combinação de mercado para beneficiar empreiteiras. São elas: a PPP do Centrad, o Projeto Habitacional Jardins Mangueiral e a construção do estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.
As investigações serão aprofundadas e outros nomes de políticos devem aparecer. A lista de Fachin teve efeito devastador no meio político. Cinco ex-presidentes da República foram citados.  A Lista aponta 9 ministros do governo atual e vários deputados e senadores.
Veja o há nas petições relacionadas ao Distrito Federal:
Deputado distrital Robério Negreiros (PSDB)
Colaborador Claudio Melo Filho relata pagamento de vantagens indevidas a pretexto de doação eleitoral não contabilizada.
Ex-governador Agnelo Queiroz (PR)
Segundo os colaboradores Joao Antonio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, Agnelo recebeu R$ 1 milhão em 2010. O repasse foi feito por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Ex-senador Gim Argello
Os colaboradores Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo narram que, em 2014, foram procurados por Júlio Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal, que mencionou cobrança de propina por parte de Gim para interferir a favor deles na CPMI da Petrobras.
Ex-governador José Roberto Arruda e ex-secretário de Obras Márcio Machado
Declarações prestadas pelos colaboradores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira apontam irregularidades ocorridas durante a execução da obra do BRT Sul. Houve, segundo os delatores, cobertura na licitação da obra, com envolvimento de outras empresas e seus respectivos diretores. Eles contaram que tiveram encontro com Arruda e com Márcio Machado.
Ex-governador José Roberto Arruda e o empresário Sérgio Andrade do Vale
Declarações prestadas pelos colaboradores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira apontam pagamento de R$ 996 mil, por meio de recursos não contabilizados, a José Roberto Arruda, em 2014. Arruda era candidato ao Palácio do Buriti. A transação teria sido operada por Sérgio Andrade do Vale.
Pagamento de vantagens indevidas no Projeto Habitacional Jardins Mangueiral
Em declarações prestadas, Paul Elie Altit relata o pagamento de vantagem indevida destinada a agentes públicos a GDF. Esses pagamentos estavam associados ao projeto habitacional Jardins Mangueiral, PPP firmada entre o governo e a Odebrecht.
Ex-senador Gim Argello
Declarações dos colaboradores Cláudio Melo Filho e Marcelo Odebrecht apontam pagamento de R$ 2,8 milhões, nos anos de 2010 e 2014, para Gim. Objetivo foi que o então senador defendesse interesses da empresa.
Acordo de mercado para o Centrad
Os colaboradores Alexandre José Lopes Barradas, João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira relataram que houve combinação entre as empresas Odebrecht, Via Engenharia, Delta e Manchester para execução das obras do Centro Administrativo do DF.
Acordo de mercado para Mané Garrincha
Em depoimento, os colaboradores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira apontam a ocorrência de de acordo no mercado associado às obras do estádio Mané Garrincha. DO C.BRASILIENSE

Absurdo: Lula pediu R$ 40 milhões ainda na Presidência da República, diz Marcelo Odebrecht

As revelações da Lava Jato não espantam apenas pela natureza dos atos, mas também quanto valores. A cifra destacada por Marcelo Odebrecht, apenas referente ao caso de Angola, é astronômica. Seriam, segundo o empreiteiro, QUARENTA MILHÕES PARA LULA.
Essa é uma das investigações de Lula que foram para a primeira instância e, agora, ficam sob jurisdição de Sergio Moro – explicamos todas elas aqui, resumidamente.
Mas tal caso merece mais comentários.
Segundo Marcelo Odebrecht, Lula pediu a propina ainda no exercício da Presidência da República, em troca de um financiamento do BNDES para obra em Angola. Em suma: receberia R$ 40 mi em troca de conceder financiamento de R$ 1 bilhão.
Se isso for verdade, e ficar de fato comprovado, chegamos a um novo patamar. DO IMPLICANTE

As quentinhas da Lista de Fachin

Irmão de Lula recebia mesada de R$ 5 mil da Odebrecht, diz delator.
A pedido de Lula, Odebrecht deu R$ 3 milhões a ‘Carta Capital’
“O gerente da conta da propina hoje mostrou o extrato do chefe e da quadrilha. Roubalheira do bando de Lula detalhada.” Onix Lorenzoni.

CONTA DE PROPINA DE LULA ERA DE R$ 40 MILHÕES
a partir do minuto 20).
“Tinha um saldo de uns 40 milhões [na conta do PT com a Odebrecht]. Aí o que eu combinei com o Palocci? Vai mudar o governo, vai entrar a Dilma […] A gente sabia que ia ter demandas de Lula, por uma questão do instituto, para outras coisas. Então o que a gente disse foi o seguinte: ‘Vamos provisionar uma parte desse saldo, e então botamos 35 milhões no saldo amigo, que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula, porque a gente entendia que lula ainda ia ter influência no PT’”, disse Marcelo Odebrecht a Moro na segunda-feira.(VEJA)

O teatro do PT seria engraçado, se não fosse triste e trágico

Enquanto o PT dizia na televisão ter sido quem mais combateu a corrupção, a lista de Fachin escancarava a relação de Lula e seus demais dirigentes com os delatores da Odebrecht

No dia em que o Brasil conheceu o teor da lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, o PT foi à televisão e ao rádio, em cadeia nacional, dizer que as gestões do partido na Presidência foram as que “mais combateram a corrupção” e que há uma “perseguição” feita com base em “mentiras” para impedir que Lula volte a ser presidente. Seria até engraçado, se não fosse trágico. Seria até irônico, se não fosse deprimente.
Lula foi delatado pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht e seus subordinados, com todas as letras e com a maior clareza possível. Lula foi alvo de seis petições de Fachin enviadas à primeira instância (ele não tem mais foro privilegiado). Segundo os delatores, o sítio que ele frequentava em Atibaia(SP) recebeu obras, um irmão ganhou mesada, MPs foram negociadas para beneficiar o grupo Odebrecht e um soldado petista fez saques em dinheiro. Ufa!
Também são citados nos documentos liberados por Fachin petistas que ocuparam cargos de comando em praticamente todas as esferas da máquina federal nas gestões petistas. Não vou gastar espaço precioso aqui para falar do financiamento das campanhas eleitorais.
Nos gêneros clássicos do teatro, a farsa era aquele que se destinava a divertir o público com personagens caricatos e burlescos. Enquanto insistir em negar seus erros e retorcer a realidade, o PT permanecerá como uma bigorna de ferro amarrada às pernas da esquerda brasileira. Vai dizer o que agora? Que apenas o que os delatores disseram sobre o PSDB é verdade?
O primeiro impacto da lista de Fachin é o de fornecer argumentos retóricos aos que tentam igualar a tudo e a todos, em todos os partidos e esferas de poder. É nesse mar que o PT vai tentar nadar a partir de para se defender na Lava Jato. Porém, a bigorna da mentira continuará amarrada a ele. DO ESTADÃO

Juiz Sérgio Moro também abre sigilo da delaçao feita por Marcelo Odebrecht

O juiz federal Sérgio Moro levantou o sigilo das delações premiadas de executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht no âmbito dos processos da Operação Lava Jato que tramitam em Curitiba. Segundo Moro, "não deve o Judiciário ser o guardião de segredos sombrios. Além disso, a publicidade previne vazamentos ilegítimos, lamentáveis e de difícil controle"
A decisão vem na esteira da decisão do STF em liberar nesta quarta-feira os vídeos com as gravações dos depoimentos dos delatores da empreiteira.
Moro aguardou estrategicamente a posição de Fachin.
O ambiente fica negro para a oitiva de Lula, dia 3, em Curitiba.
Lula poderá sair direto da cadeira de réu para o xadrez da Polícia Federa - DO P.BRAGA

A pedido de Lula, Odebrecht deu R$ 3 milhões a ‘Carta Capital’

Dinheiro saiu do departamento de propinas da empreiteira. Dinheiro foi registrado como “empréstimo” quitado “com espaços publicitários na revista

A delação da Odebrecht revela como era rentável para a chamada “mídia progressista” a relação com o governo do PT. Além de ajudar a financiar campanhas e a enriquecer políticos corruptos com milionárias propinas, a estrutura montada pela empreiteira também ajudou a financiar veículos de comunicação notoriamente ligados ao PT, como a revista Carta Capital. Marcelo Odebrecht e seu pai, Emílio Odebrecht, revelaram em suas delações que pagaram 3 milhões de reais em propinas à revista.
Em um primeiro momento, o pedido de dinheiro foi apresentado a Marcelo Odebrecht e a outro delator da empreiteira pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. Logo em seguida, o próprio ex-presidente Lula, valendo-se de sua relação de amizade com Emílio Odebrecht, procurou o patriarca da família para reforçar o apelo financeiro.
“O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega teria solicitado ao colaborador Marcelo Bahia Odebrecht apoio financeiro à Revista Carta Capital, pleito também feito ao colaborador Emílio Alves Odebrecht pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O pedido teria sido atendido e o Grupo Odebrecht, a título de empréstimo, efetuou o repasse de 3 milhões de reais, soma quitada na forma de compensação com espaços publicitários”, registra o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal.
Segundo os delatores, o dinheiro repassado à revista saiu do notório Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propina que abasteceu dezenas de campanhas e ajudou a enriquecer centenas de corruptos no Brasil e no exterior. Além de retirar o sigilo do caso, o ministro Edson Fachin acatou o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e determinou o envio do caso envolvendo a Carta Capital à Procuradoria da República no Estado de São Paulo. DO RADAR....VEJA

Imprensa internacional repercute lista de Fachin


A notícia de que o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados federais foi noticiada em veículos de diferentes países.
O “Clarín”, da Argentina, destacou que o caso atinge ministros do presidente Temer, “entre eles três de primeiríssima linha”: o chefe de gabinete, Eliseu Padilha; o secretário geral da Presidência, Moreira Franco; e o chanceler Aloysio Nunes. “O governo do presidente Michel Temer viu a aparente calma dos últimos dias interrompida”, começa o texto. 
 
Jornal argentino 'El Clarín' repercute lista de Fachin (Foto: Reprodução/ El Clarín.com) 
 
Nos Estados Unidos, o "Washington Post" e a emissora ABC publicaram reportagem da agência Associated Press em que o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Claudio Couto comenta que "todo partido e todo estado tem alguém lá. Os principais líderes do Congresso, de ambas as casas, estão envolvidos. Essa é a prova de que a corrupção no Brasil é sistêmica e há um grande potencial para que isso desorganize toda a administração a partir de amanhã", afirmou.
Na Alemanha, o site da revista "Der Spiegel" destacou que há 8 ministros na lista e que os citados negam as acusações. 
 
A revista alemã Spiegel publicou nota sobre o caso (Foto: Reprodução/Spiegel) 
 O jornal francês “Le Parisien” diz que um novo marco no escândalo de corrupção da Petrobras foi alcançado nesta terça com a luz verde do STF para abrir investigações com foco em ministros do "governo conservador de Michel Temer". O jornal abre a nota, inclusive, mencionando que o nome do próprio presidente é mencionado. 
 
Francês 'Le Parisien' publicou nota sobre as investigações (Foto: Reprodução/Le Parisien) 
 A versão em espanhol da rede americana CNN traz a lista de Fachin com os nomes de ministros, senadores, deputados e governadores. Na reportagem, um porta-voz do Planalto afirma que o presidente Temer não se pronunciará sobre o assunto. 
 
CNN em Espanhol destaca a lista de Fachin (Foto: Reprodução) 
DO G1

Em troca de crédito de R$ 50 milhões, Odebrecht pagou R$ 5 milhões para Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo

As doações, em forma de caixa 2, foram, respectivamente, para as eleições municipais, Senado Federal e governo do Paraná; Segundo os delatores, os repasses foram registrados no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht
Gleisi Hoffmann. Foto: Wilton Junior/Estadão
Gleisi Hoffmann. Foto: Wilton Junior/Estadão
Marcelo Odebrecht e mais dois executivos afirmaram à Procuradoria Geral da República que o então ministro Paulo Bernardo, em 2008, 2010 e 2014, pediu contribuições à campanha da esposa, a senadora Gleisi Hoffmann (PT).  A Odebrecht fez diversos repasses. Em 2014, deu R$ 5 milhões e, em troca, conseguiu abertura de crédito de R$ 50 milhões para financiamento à exportação de ebns e serviços entre Brasil e Angola.

Documento

Segundo os delatores, os repasses foram registrados no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, no sistema “Drousys”, que fazia o controle da distribuição de propina.
O ministro Edson Fachin afirmou que “considerando a potencial utilidade ao esclarecimentos de fatos previamente apurados sob a supervisão desta Corte, solicita o Ministério Público “a juntada ao Inquérito 4342/STF de cópia dos Termos de depoimento: nº 18 e 52 do colaborador BENEDICTO BARBOSA DA SILVA JÚNIOR; nº 4 e 16 do colaborador MARCELO BAHIA ODEBRECHT; e nº 3 e 4 do colaborador VALTER LUIS ARRUDA LANA., assim como dos documentos apresentados pelos colaboradores” (fl. 5). Postula, por fim, “o levantamento do sigilo em relação aos termos de depoimento aqui referidos, uma vez que não mais subsistem motivos para tanto” DO ESTADÃO

Ideli acusada de receber R$ 300 mil de caixa dois

Ex-ministra e ex-senadora pelo PT teria recebido o valor para sua campanha ao governo de Santa Catarina
Ideli Salvatti. Foto: Ueslei Marcelino /Reuters
Ideli Salvatti. Foto: Ueslei Marcelino /Reuters
A ex-ministra e ex-senadora Ideli Salvatti (PT) é acusada de ter recebido R$ 300 mil da Odebrecht por meio de caixa 2. A acusação foi feita pelos delatores Valter Luis Arruda Lana e Benedicto Barbosa da Silva Júnior.

Documento

Na petição enviada pela Procuradoria-Geral da República ao ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, os ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o repasse a Ideli foi feito para atender um pedido do ex-prefeito do município de Joinville (SC), Carlito Merss, também do PT.
Os R$ 300 mil foram repassados ‘a pretexto de sua campanha eleitoral’, quando Ideli disputou o governo de Santa Catarina, ‘recursos que não teriam sido contabilizados’.
Como não tem foro privilegiado, a investigação sobre o caso foi enviada para a Justiça Federal de Santa Catarina. DO ESTADÃO

Fachin manda para Moro autos da ‘mesada’ da Odebrecht a Frei Chico, irmão de Lula


Luiz Inacio Lula da Silva. Foto: Alex Silva/Estadão
Luiz Inacio Lula da Silva. Foto: Alex Silva/Estadão
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou ao juiz federal Sérgio Moro, no Paraná, informações sobre o suposto pagamento de ‘mesada’ por parte da Odebrecht a José Ferreira da Silva, o ‘Frei Chico’, irmão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a petição enviada por Fachin, os delatores Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira, e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, que chefiou o chamado departamento de propinas da empreiteira, Frei Chico recebia uma espécie de mesada.
“Narram os executivos que os pagamentos eram efetuados em dinheiro e contavam com a ciência do ex-presidente, noticiando-se, ainda, que esse contexto pode ser enquadrado ‘na mesma relação espúria de troca de favores que se estabeleceu entre agentes públicos e empresários’”, diz a petição.
Segundo o documento, como Lula e Frei Chico não têm direito a foro especial e o ex-presidente já é investigado na Justiça Federal do Paraná, os documentos foram compartilhados.
Irmão mais velho de Lula e ex-militante do Partido Comunista, Frei Chico foi o responsável por despertar o interesse do ex-presidente pela política e iniciar o petista no mundo sindical. Ele não foi encontrado para responder às acusações.
O Instituto Lula informou, por meio da assessoria de imprensa, que “os advogados não conhecem os autos, reiteram que Lula nunca agiu na ilegalidade e que o ex-presidente vem sendo alvo de acusações frívolas e sem nenhuma materialidade”. DO ESTADÃO

Brasília trata explosão atômica como um traque

Josias de Souza

Alertada com grande antecedência, Brasília preparou-se para a explosão. Em qualquer pedaço do mundo, a notícia sobre a abertura de inquéritos contra nove ministros, 29 senadores, 42 deputados e um interminável etcétera cairia sobre os políticos como uma bomba atômica. No Brasil alternativo do “bunker” brasiliense, o cogumelo radioativo teve o efeito de um traque.
Nenhum ministro suspeito será afastado. Enlameados, os presidentes do Senado e da Câmara continuarão em seus assentos. Os congressistas sob investigação desfilarão pelos corredores do Legislativo como se nada tivesse sido descoberto sobre eles. Ouve-se nos conselhos de “ética” das duas Casas legislativas um silêncio de cemitério. Jurado de morte, o sistema político brasileiro reage como se estivesse cheio de vida.
Em pleno processo de autodestruição, potencializado agora pelos despachos do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o governo de Michel Temer, um presidente cujo mandato está pendurado num julgamento da Justiça Eleitoral, negocia reformas modernizadoras com seu conglomerado arcaico. Por ironia, a primeira explosão chegou num dia em que o mandatário-tampão recebeu no bunker do Planalto os aliados que cuidam da reforma da Previdência. Autoridades e parlamentares asseguram que tudo terminará bem porque o governo transitório do Brasil alternativo tem um projeto e a economia já começa a reagir.
O deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da proposta de reforma política, consta da nova lista de investogados. Ganhou milhões de razões adicionais para apressar a criação do fundo que vai retirar do bolso do eleitor o financiamento das eleições. Apressará também a aprovação da lista fechada que esconderá do eleitorado os candidatos suspeitos que os partidos indicarão. Presididos pelos encrencados Aécio Neves e Romero Jucá, PSDB e PMDB, antes contrários à macumba que obriga o contribuinte a financiar o circo, sonegando-lhe o direito de escolher o palhaço de sua preferência, agora estão a favor.
Movidos por verdades próprias, os protagonistas da política fingem não perceber que a deterioração aumentou ao seu redor. Ela decorre da falta de legitimidade de um sistema político-partidário que apodreceu e desligou-se da realidade. Os alvos da Odebrecht pisam distraídos sobre os escombros com ares de doce normalidade. Se fossem condenados rapidamente pelo Supremo Tribunal Federal, seriam apresentados à realidade. Mas tanta anormalidade é algo que não costuma acontecer no Brasil alternativo do bunker.