terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Candidaturas do PT no Estado de São Paulo podem cair pela metade em 2018

 

Um levantamento interno realizado pelo PT de São Paulo aponta para uma queda expressiva das candidaturas a deputado estadual e federal no Estado em 2018. O número de filiados dispostos a disputar as eleições pelo partido é, hoje, de no máximo 99 nomes. Em 2014, foram 174 candidatos a cargos legislativos, o que representa uma queda momentânea de 43%.
O extrato foi levantado pelo ex-deputado federal Jilmar Tatto, que nos últimos quatro anos foi secretário municipal de Transportes na gestão petista de Fernando Haddad. O números já foram apresentados à Direção Estadual da legenda e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os números obtidos pelo Estado mostram que, apesar de Lula liderar as pesquisas de intenção de voto à Presidência em 2018 e ver sua taxa de rejeição cair, a Operação Lava Jato e o impeachment de Dilma Rousseff ainda refletem negativamente no PT paulista, o maior colégio eleitoral do País. Câmara dos Deputados aprova impeachment de Dilma
A dez meses das eleições, o PT tem confirmados até agora, de acordo com o levantamento, apenas 65 nomes, 40 deles para deputado estadual e 25 para federal. Outros 34 se mostraram interessados, mas ainda não tomaram uma decisão.
Segundo dirigentes e parlamentares petistas, a queda é consequência das derrotas do PT em São Paulo nas eleições de 2014 e 2016. No ano passado, o número de prefeituras comandadas pela sigla no Estado caiu de 72 para 11 e o total de vereadores foi de 664 para 186. Ao menos 24 prefeitos deixaram o PT antes do pleito para fugir do antipetismo presente no eleitorado paulista. Muitos deles se preparavam para disputar cargos legislativos em 2018.
Em 2014, a bancada de deputados estaduais encolheu de 23 para 15 e a de federais de 16 para dez. O partido que chegou a ter 25% dos votos para cargos legislativos no Estado em 2002 recebeu apenas 11% em 2014. “Isso tem a ver com a crise e com tudo o que aconteceu (Lava Jato e impeachment).
Por causa daquilo, algumas pessoas que poderiam ser candidatas saíram do partido”, disse Tatto. “O alento é que o PT está se recuperando.”
Segundo a secretária nacional de Organização do PT, Gleide Andrade, a queda do número de candidatos é localizada em São Paulo. “No resto do Brasil estamos conseguindo montar chapas fortes”, disse ela.
Convocação. Para contornar o problema, Lula convocou os movimentos ligados ao partido a lançar o máximo de candidatos. Um deles é Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que vai disputar uma eleição pela primeira vez em 2018. Segundo o sindicalista, a CUT tem como meta lançar candidatos em todos as 27 unidades da Federação. “A direção e o Lula estão pedindo e estamos nos esforçando para atender. A representação dos trabalhadores está desnivelada. Temos hoje uns cem deputados contra 400 dos empresários”, disse Vagner.
Já outros grupos como o Movimento dos Sem Terra (MST) e a Central de Movimentos Populares (CMP) decidiram manter a estratégia de apoiar nomes com quem tenham afinidade, mas vindos de outros setores.
O líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), minimizou os números. Segundo ele, daqui até julho, quando termina o prazo para inscrição de candidaturas, o PT de São Paulo vai conseguir montar uma chapa forte no maior colégio eleitoral do País e um palanque robusto para a campanha de Lula à Presidência. “O partido está fazendo uma política de organizar as candidaturas. Este número vai aumentar”, disse Zarattini.
De acordo com o deputado, um dos atrativos é convencer possíveis candidatos a prefeito nas eleições de 2020 a se colocar como candidatos a deputado agora para ganhar visibilidade. “Quem quiser ser candidato a prefeito pode sair agora, mesmo que não se eleja”, disse o deputado.

Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo

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