sexta-feira, 13 de maio de 2016

Oliver: Honra ao mérito

Foi de trincheiras como esta que partimos dos quase poucos por cento para a quase unanimidade que derrubou a jamanta atravessada no Planalto

Por: Augusto Nunes
VLADY OLIVER
Como tantos aqui, comemoro a “tomada da pastilha”. A deposição do PT. A decomposição do PT. O fim da era da “prizidenta” e seus desdentados de turno. A prisão de Lula que se anuncia. A inscrição “ordem e progresso” na nova marca presidencial. Acho que democratas como Augusto Nunes – não por acaso meu irmão de pais e mães diferentes, que tantas vezes cedeu o seu banquinho democrático para o arremesso de meus impropérios – merecem alguns minutos de elogiosa reverência pelos serviços prestados à nação brasileira.
Foi daqui e de outras trincheiras igualmente comprometidas com a libertação de um país das garras de uma camorra que partiu a maior parte dos petardos que foram minando aos poucos a resistência dessa ditadura vagabunda e bolivariana, travestida em “governo de inclusão social” dos párias e malandros que infestam essa américa emborcada na latrina. Foi daqui que partimos dos quase poucos por cento para a quase unanimidade que derrubou aquela jamanta atravessada no Planalto.
De propósito, lembro aos leitores aqui presentes que são só alguns minutos de reverência. Ganhamos essa batalha, mas estamos longe de ganharmos a guerra. E a guerra se travará agora muito mais no campo da surdez ideológica que no calor das ruas. De volta às alcovas, o que políticos mais gostam de fazer é se multiplicar. Precisaremos agora, mais do que nunca, estarmos alertas e vigilantes para as portinholas já arrombadas de nossa consciência marreta.
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Em que pese o fato de que estes petistas agora só falam para as paredes, bastam poucos exemplos – maus exemplos – da péssima política que insistimos em cultivar por aqui para tudo voltar à estaca zero e voltarmos a ouvir o inglório cacarejo: “por onde passa o Lula, a coisa se ilumina”.
Já estou com saudade do tempo em que éramos ingênuos, o dinheiro abundava e tudo era mais fácil de se conseguir. Para subirmos de volta dessa pirambeira moral em que nos meteram precisaremos de muito esforço, muita determinação e algum talento. Coisas que sobram por aqui, neste luminoso tatame onde treinamos o bom combate por todo esse tempo, sem descanso.
Valeu o curso de arremesso de palavrões, meu grande irmão touro sentado. Nós, da tribo dos taquaritingas, saudamos as nuvens que colhemos nessa incansável dança da chuva. Que ela seja generosa e nos permita uma colheita, senão farta, pelo menos justa.
Obrigado, mestre Augusto! Foi uma honra chegarmos até aqui. Amanhã tem mais!

Depois da queda


Caiu marcada por seu estilo grosseiro e autoritário que a aproxima de uma caricatura dos machões mais truculentos
POR NELSON MOTTA
O GLOBO
Na reta final, uma das acusações mais patéticas aos que queriam o impeachment de Dilma é a de machismo.
Todo golpista é machista? Todo machista é golpista? Parece papo de Cristina Kirchner no tango do desespero. Quem ousaria tentar depor Margaret Thatcher, Angela Merkel ou Hillary Clinton? É como comparar Michelle Obama com Marisa Letícia. Afinal, Dilma foi eleita pelo machão Lula.
Dilma caiu não por ser mulher, mas por seus erros, teimosias e irresponsabilidades, marcada pelo estilo grosseiro e autoritário que a aproxima de uma caricatura dos machistas mais truculentos.
Diz que não é dura, que é honesta, como se os cordiais, os tolerantes, os amistosos não pudessem ser decentes. Ou como se os corretos não pudessem ser durões.
Mas ser honesta não é só não roubar. Será honesto mentir, esconder dívidas, prometer o que não poderia cumprir, acusar os adversários do que depois ela faria, permitir que uma organização criminosa tomasse a Petrobras e outras estatais para financiar um projeto de poder? Para ela e para Lula, não é desonestidade, é “luta política”.
Mas o vale-tudo é só para eles. Na oposição, o PT foi um denunciante e perseguidor implacável de adversários políticos, destruindo reputações, estabelecendo o padrão nós contra eles para a vida política nacional. Sim, a ascensão do bonde do PMDB não inspira esperanças, apenas alívio para uma situação insustentável. Quem sabe o PT seja útil na oposição?
Fiel à sua formação marxista e suas crenças econômicas brizolistas, Dilma decidiu exercer seu poder para baixar os juros na marra e a energia elétrica no grito, certa de que estava fazendo um bem ao Brasil e aos pobres. E à reeleição. Não ouviu nenhuma opinião divergente, mesmo quando as consequências devastadoras de suas decisões já eram evidentes. As maiores vítimas foram os pobres.
Será possível que alguém que se expressa tão confusamente possa pensar da forma clara, objetiva e analítica que a função exige ?
Recordista no anedotário da República, seu estilo se sintetiza na piada final:
“Dilma faz delação premiada. Mas investigadores não entendem nada”.maio 13, 2016

Finado Lula

por Gabriel Tebaldi
Nunca entre num lugar de onde tão poucos conseguiram sair”, alertou Adam Smith. 
A consciência tranquila ri-se das mentiras da fama”, cravou o romano Ovídio. 
Corrupção é o bom negócio para o qual não me chamaram”, ensinou o Barão de Itararé.
E na contramão de todos está alguém que abriu mão de si mesmo pelo poder. Lula construiu uma história de vida capaz de arrastar emoções e o levar à presidência. Agora, de modo desprezível, o mesmo Lula destrói-se por completo.
Não é preciso resgatar o tríplex, o sítio ou os R$ 30 milhões em “palestras” para atestar a derrocada do ex-presidente. Basta tão somente reparar a figura pitoresca na qual Lula se tornou.
O operário milionário sempre esbanjou o apoio popular e tomou para si o mérito de salvar o país da miséria. Contudo, junto disso, entregou-se aos afetos das maiores empreiteiras, não viu mal em lotear a máquina pública, nem constrangeu-se em liderar uma verdadeira organização criminosa.
Sem hesitar, brincou com os sonhos do povo e fez de seu filho, ex-faxineiro de zoológico, um megaempresário. Aceitou financiamentos regados a corrupção, fez festa junina pra magnatas e mentiu, mentiu e mentiu. O resultado, enfim, chegou: ao abrir mão de si mesmo, Lula perdeu o povo.
Pelas ruas, o ex-presidente é motivo de indignação e fonte de piadas. Lula virou chacota, vergonha, deboche. Restou-lhe a militância do pão com salame e aqueles que tratam a política com os olhos da fé messiânica.
Seu escárnio da lei confirma sua queda. Lula ainda enxerga o Brasil como um rebanho de gados e não percebe que está só, cercado por advogados que postergam seu coma moral. Enquanto ofende o judiciário e todos aqueles que não beijam seus pés, Lula trancafia-se na bolha de quem ainda acredita que meia dúzia de gritos e cuspes podem apagar os fatos.
O chefe entrou num mundo sem saída, trocou sua consciência pelo poder e corrompeu-se até dissolver sua essência. Lula morreu faz tempo. Restou-lhe, apenas, uma carcaça podre que busca a vida eterna no inferno de si mesmo. DO MUJAHDIN CUCARACHA
Gabriel Tebaldi é graduado em História pela Ufes