terça-feira, 14 de abril de 2015

Renan: ‘discutir cargos apequena…’ Hummmm!

A modena política brasileira tem sete maravilhas: 1) o bordão “eu não sabia”; 2) a propina declarada no TSE como doação oficial; 3) políticos com códigos de barras; 4) partidos com fins lucrativos; 5) governo que aplica o programa econômico do adversário; 6) presidente que não preside; 7) Renan Calheiros que faz cara de nojo para o debate sobre ocupação de cargos.
Personificação da sétima maravilha política do país, Renan disse nesta terça-feira meia dúzia de palavras sobre a novela da substituição do ministro do Turismo. Ocupa o cargo Vinicius Lages, afilhado político do senador. Reivindica a posição o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves.
Apertado por repórteres, o presidente do Senado declarou: “Estou defendendo a redução de ministérios, a redução de cargos em comissão, a reforma do Estado. Como é que eu posso agora dizer quem vai ficar no ministério ou quem vai sair? Não me cabe abonar a assinatura de ninguém”.
Renan acrescentou: “Acho que o simples fato de discutir esse assunto apequena a questão do ponto de vista do Congresso Nacional. O Congresso é uma instituição respeitável. Não tem muito sentido colocar o presidente do Senado Federal na discussão de quem vai ser ministro, quem não vai ser ministro, quem vai ocupar cargo A, cargo B, cargo C. Eu não quero participar desse debate.”
É mesmo uma maravilha a nova pose de Renan. Sobretudo quando comparada com a pose anterior, que não via problemas em sustentar por 12 anos, patrioticamente, a permanência do apadrinhado Sérgio Machado na presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobras agora alvejada pela Operação Lava Jato. Decerto o novo Renan já telefonou para Dilma autorizando-a a mandar seu chapa para o olho da rua e a fazer o que bem entender com a pasta do Turismo —inclusive extinguir. DO JOSIASDESOUZA

CGU esperou eleição de Dilma para abrir processo mesmo tendo em mãos provas de corrupção, diz delator; escândalo volta a bater à porta da presidente

Atenção! Surgiu aquela que é, entendo, a denúncia mais grave desde que o escândalo do petrolão começou a vir à luz. E, desta vez, pega em cheio a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão subordinado à Presidência da República. Mais uma vez, o descalabro se aproxima perigosamente da presidente Dilma Rousseff. Mas, suponho, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, não vai pedir ao Supremo Tribunal Federal nem mesmo a abertura de um inquérito. A que me refiro?
Em entrevista a Leandro Colon, da Folha, Jonathan David Taylor, ex-diretor da SBM Offshore, afirmou que entregou à CGU, durante a campanha eleitoral do ano passado, provas de que a empresa holandesa havia pagado propina a agentes da Petrobras. O órgão, no entanto, só abriu sindicância em novembro, depois da eleição. Segundo Taylor, ele entregou à CGU mil páginas de documentos entre agosto e outubro de 2014.
O ex-diretor diz que foi ele quem teve a iniciativa de procurar a CGU. No dia 27 de agosto, afirma, entregou ao órgão o relatório de uma auditoria interna da SBM, mensagens eletrônicas, contratos com o lobista Júlio Faerman — a quem ele pagou US$ 139 milhões para obter contratos com a Petrobras —, extratos de depósitos em paraísos fiscais, a gravação de uma reunião da empresa e uma lista com nomes da Petrobras…
Mesmo assim, a CGU foi abrir sindicância só em novembro, 17 dias depois de realizado o segundo turno. Para lembrar. A VEJA publicou reportagem em fevereiro do ano passado informando que auditoria interna da SBM havia encontrado indícios de pagamento de propina a funcionários da Petrobras. Lá já se podia ler:
“O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de uma ‘comissão’ de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras – 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira.”
Em março do ano passado, um mês depois da reportagem, a então presidente da Petrobras Graça Foster anunciou que uma auditoria interna não encontrara nada de errado. Nesse mês, foi deflagrada a Operação Lava Jato. No começo de novembro, o Ministério Público da Holanda anunciou que a SBM havia sido multada naquele país em US$ 240 milhões em razão de propinas pagas mundo afora, INCLUSIVE NA PETROBRAS.
Só no dia 17 de novembro Graça Foster veio a público para admitir que, de fato, havia indícios de corrupção. Segundo ela, estava com essa informação desde meados do ano… E não falou pra ninguém. Agora se descobre que a CGU também amoitou a informação. A mesma CGU que negocia com a SBM um acordo de leniência…
Prestem atenção a este trecho da entrevista (em azul).
O sr. esteve com Faerman?
Várias vezes. Julio Faerman não era um agente independente. Ninguém da Petrobras falava com a SBM sem ele. Era altamente íntimo do esquema no Brasil, e atuava com seu filho Marcello e o sócio Luiz Eduardo Barbosa.
CGU, SBM e Petrobras admitiram irregularidades somente em 12 de novembro.
A única conclusão que posso tirar disso é que essas partes queriam proteger o Partido dos Trabalhadores e a presidente Dilma ao atrasar o anúncio dessas investigações para evitar um impacto negativo nas eleições. Para a SBM, era importante ter uma sobrevida com os contratos no Brasil. É minha opinião.
O sr. aceitaria colaborar com a CPI no Congresso?
Claro. Provavelmente, se tudo isso tivesse sido descoberto mais cedo, Dilma Roussef não seria presidente.
Que tipo de documentos o sr. tem e entregou?
Tenho, por exemplo, uma gravação de Hanny Tagher (ex-dretor da SBM) de uma reunião de 27 de março de 2012. Quando perguntado por Bruno Chabas (CEO) sobre Julio Faerman, Tagher explica quem é e o que fazia. Disse que, dos pagamentos feitos pela SBM para comissões, 1% ficava com o Faerman, e a outra parte, 2%, iria para a Petrobras. E eu perguntei então para ele, na gravação: “Petrobras?”. Ele responde “Sim”.
Volto
Para encerrar: segundo Pedro Barusco, a SBM doou US$ 300 mil para a campanha de Dilma, em 2010, de forma irregular. Faerman teria sido o intermediário. O mais impressionante é que a CGU confirma a versão de Taylor, inclusive a data da entrega dos documentos. Para ela, no entanto, aqueles ainda não constituíam os “indícios mínimos”. Reitero: a Controladoria-Geral da União é um órgão subordinado à Presidência da República. Dilma tenta se afastar da crise, mas a crise não se afasta dela porque é perseguida pelos métodos a que seu partido recorreu, inclusive para elegê-la e reelegê-la.
Por Reinaldo Azevedo

FRENTE AMPLA DO ATRASO

Maria Lucia Victor Barbosa
Observando o que acontece com o PT fica-se a pensar na possibilidade desse partido não ter construído sozinho suas estratégias para alcançar o poder e lá permanecer. Afinal, parece não haver mentes brilhantes na grei petista.
Tampouco Lula da Silva é um gênio do jogo político ou um estadista como exageram alguns. Sem dúvida, foi escolhido pela cúpula petista e algo acima por sua retórica verborrágica que faz dele um enganador bem-sucedido. Além disso, Lula se ajustou hipoteticamente à ideologia marxista como uma espécie de proletário. Ajudou sua origem simples e o fato de ter passado rapidamente pelas lides metalúrgicas. Construiu-se, então, a imagem do homem comum tão bem aceita pela massa por transmitir aquela agradável sensação de identidade: ele é um de nós que chegou lá.
Habilmente a propaganda consumou o culto da personalidade que ampliou o poder de enganação do “pobre operário”, contra o qual toda crítica foi tomada como preconceito e heresia. Lula da Silva consagrou o detestável politicamente correto que inibiu os que poderiam arranhar seu santo nome.
Com medo de sua popularidade qualquer oposição, partidária ou institucional, calou-se diante de seus desmandos, de suas gafes, de seu linguajar chulo e insultante à língua portuguesa. E essa aceitação incondicional, mais a propaganda de fazer inveja a Goebells deram aos “mandarins” petistas e a Lula da Silva a força que parecia os tornar invioláveis.
No entanto, se Lula foi hábil como orador de porta de fábrica, perito como politiqueiro, nunca administrou o país. Seu negocio foi jogar futebol, comer churrasco e fazer viagens dignas de um emir. Em suma, Lula é um falsário e uma fraude construída não só pelo PT, mas por uma organização internacional, o Foro de São Paulo, fundado por Lula, Fidel Castro e outros do figurino esquerdista. O objetivo do Foro é promover a integração da América Latina e formar a Pátria Grande Comunista através de partidos, entidades de classe, ONGs, movimentos sociais.
Na quarta tentativa o PT chegou ao poder mais alto da República. Não foi preciso dar um tiro sequer. Lula vestiu Prada, mudou o discurso, deslumbrou a hoje achincalhada classe média composta por intelectuais, estudantes, professores, artistas, religiosos, profissionais liberais, jornalistas, funcionários públicos, que fizeram de sua ideologia uma religião, do PT uma seita e sentiram-se guerreiros imortais da luta de classes. Lula prometeu tirar os pobres da pobreza. Aos ricos garantiu mais lucros.
Ao tomar posse a nova classe dirigente deu continuidade a politica macroeconômica do governo anterior, antes criticado de modo estridente, inclusive, aos berros de fora FHC. Não foi dado calote no FMI nem se rompeu com os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, utilizou-se a política econômica antes xingada de entreguista e neoliberal.
Por outro lado, avançou a centralização do PT que dominou o Legislativo, o Judiciário e significativa parcela dos meios de comunicação. Na mesma linha intervencionista e autoritária houve várias tentativas de censurar a imprensa, como as Comissões de Redação, a criação da ANCINAV (Agência Nacional de Cinema e Áudio Visual) e a instituição do CFJ (Conselho Federal de Jornalismo). Agora o governo petista fala em regulação da mídia e Rousseff apontou a necessidade de punir os “crimes” cometidos na Internet.
Mas se o Foro de São Paulo é comunista, como poderia dar certo se esse sistema fracassou em todo mundo? Quer melhor exemplo de fracasso econômico e social do que o da Venezuela, Bolívia, Argentina? Quanto a Lula da Silva, se surfou por 12 anos na demagogia encontrou o fim de todo malandro: foi engolido por sua esperteza. Isso se deu quando ele elegeu o “poste” Rousseff. Nos quatro anos em que continuou como presidente de fato, ele e sua criatura que não consegue juntar uma frase com outra, detonaram a economia Brasileira, enquanto a corrupção desenfreada atingia seu auge com o escândalo do petrolão.
O PT tenta resistir, fala em hegemonia do partido, propõe tirar verbas da imprensa não domesticada, proclama-se inocente. Entretanto, não há governo que resista quando a economia vai mal. Em pânico, os dirigentes petistas percebem que até Lula da Silva não é mais o mesmo. Rousseff, a incompetente, totalmente desacreditada é descartável e já foi substituída por seu vice Michel Temer (PMDB), mas sem Lula o PT acaba, pois quem poderá substituí-lo em 2018? Mercadante? Haddad? Marco Aurélio Garcia? Rui Falcão? Impossível.
Então, quem sabe se por inspiração do Foro de São Paulo, Lula da Silva já sonha com a criação de uma Frente Ampla, que esconderia o PT desmoralizado e englobaria partidos de esquerda, ONGs, ditos movimentos sociais, enfim, tudo que compõe a tranqueira esquerdista do Brasil. Os candidatos não sairiam pelo PT, mas da Frente Ampla do Atraso. Uma ideia engenhosa. Resta saber se vai dar certo.  Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
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DO R.DEMOCRATICA