domingo, 12 de abril de 2015

Musa do "Fora Collor" critica "Fora Dilma". Só não diz que sua ONG tem convênios de R$ 2,5 milhões com o governo federal.

Cecília Lotufo: de cara pintada à cara de pau.
Cecília Lotufo é tida como símbolo dos caras pintadas do Fora Collor. E critica as manifestações do Fora Dilma. Acontece que de cara pintada ela virou chapa branca. Fundou o Instituto Kairos e já faturou mais de R$ 2,5 milhões no Ministério do Trabalho, da Cultura e do Desenvolvimento Agrário. Clique aqui e veja os convênios. Clique aqui e leia a matéria da Folha que, claro, não teve a responsabilidade de procurar saber os reais motivos das críticas desta cara de pau. DO CELEAKS

Brasil volta às ruas neste domingo

Protestos de 12 de abril têm o dobro de cidades confirmadas na comparação com 15 de março. Agora, objetivo dos organizadores é aumentar atos no Nordeste
Por Eduardo Gonçalves
Veja.com
 
Menos de um mês depois de enfrentar o maior protesto popular da democracia brasileira, a presidente Dilma Rousseff volta neste domingo a ser alvo de uma série de manifestações contrárias a seu governo em todo o país. A mobilização tem o apoio de 75% dos brasileiros, segundo o Datafolha. Pesquisa divulgada neste sábado pelo instituto indica que 63% dos brasileiros são favoráveis à abertura de um processo de impeachment contra a presidente por causa do escândalo do petrolão. Para 57% dos entrevistados, Dilma sabia do esquema de corrupção na Petrobras e deixou que ele acontecesse.
Se levaram mais de 2 milhões de pessoas às ruas em 15 de março, os organizadores dos protestos buscam neste domingo mais do que uma numerosa adesão nas grandes capitais: o foco agora é espalhar os atos por mais cidades brasileiras, sobretudo no Norte e Nordeste, tradicionais redutos eleitorais petistas. Na avaliação dos movimentos Vem pra Rua e Brasil Livre, dois dos principais grupos por trás dos atos, a mobilização de mais brasileiros nessas regiões representará um golpe ainda mais duro contra o governo, além de lançar por terra o argumento petista de que as manifestações são uma tentativa de terceiro turno, protagonizada pela "elite" do Sul e Sudeste.
Em 15 de março, segundo a Polícia Militar, houve 1 milhão de pessoas nas ruas de São Paulo. Outras 200.000 protestaram em Porto Alegre e Vitória. Já as nove capitais do Nordeste somaram 75.000 manifestantes. Embora menor, o número é expressivo tendo em vista que que a presidente Dilma obteve 70% dos votos na região nas eleições do ano passado. Não à toa, os organizadores das manifestações buscaram desde março expandir sua área de atuação no país, formando células sobretudo no Norte e Nordeste. Se, em 15 de março, eram 241 as cidades com atos confirmados, agora são 413 - a maioria dos novos municípios, nas duas regiões. "O nosso objetivo não é ficar batendo recordes de pessoas nas ruas, mas ter representatividade em mais lugares", diz Rogério Chequer, líder do Vem pra Rua.
O sucesso das manifestações de 15 de março também é responsável pelo aumento das cidades com protestos confirmados. De lá para cá, grupos insatisfeitos com o governo e defensores de ideias liberais entraram em contato com, ou foram procurados por, MBL e Vem pra Rua para convocar atos em suas respectivas localidades. Para integrar o movimento, eles se submetem a um processo que atesta seu alinhamento com a pauta dos movimentos. "Faço num primeiro momento perguntas básicas que se adequem à nossa ideologia liberal, coisas como 'Qual sua opinião sobre a privatização da Petrobras?'. Caso a pessoa se pronuncie contrária às privatizações, ela é descartada na hora. Também entro no mérito do assistencialismo e cotas, tanto raciais como sociais", explicou Caíque Mafra, coordenador do Brasil Livre e responsável por arregimentar os grupos em outros Estados.
Depois de passar por essa fase, os novos integrantes do MBL recebem uma planilha em Power Point instruindo-os a atuar nas redes sociais e a angariar recursos para realizar um protesto. A comunicação entre as lideranças nacionais e regionais se dá quase que diariamente pela internet. Um dos líderes nacionais do Brasil Livre, Renan Haas, relata que grupos ligados a partidos de oposição já tentaram "se apropriar" do movimento em alguns lugares, mas, segundo ele, foram rechaçados assim que descoberta a filiação partidária. "Nós tentamos evitar ao máximo os oportunistas, mas às vezes eles aparecem. Não tem jeito", afirma.


(Infográfico/VEJA.com/VEJA)

Diferenças - Os grupos do Nordeste se diferenciam dos do Sudeste em alguns aspectos. Os mais evidentes são o perfil menos ideológico dos manifestantes e a incorporação de pautas locais às reivindicações tradicionais de destituir a presidente do poder e do combate à corrupção.
"Nossos manifestantes não são tão politizados quanto os do Sudeste. Eles não se atêm a temas ideológicos, como o Foro de São Paulo, socialismo, ou Cuba. Para eles, a coisa pega quando aperta no bolso. O que os influenciou foi principalmente o aumento das tarifas de luz e gasolina, o aumento do desemprego e a alteração nos direitos trabalhistas", afirma Paulo Angelim, líder do Vem pra Rua no Ceará. Fortaleza, capital do Estado, registrou em 15 de março o maior protesto no Nordeste: 25.000 pessoas. Ele também cita a promessa feita pelo governador Camilo Santana (PT) durante campanha eleitoral - agora descartada pela Petrobras - de que construiria uma refinaria no Estado como um dos gatilhos que levaram a população às ruas. "Isso se revelou um grande embuste eleitoreiro. E repercutiu negativamente entre o povo, que se sentiu traído", acrescenta. "O governo nos acusou na primeira manifestação de sermos eleitores frustrados. Na verdade, os atos estão sendo feitos aqui por eleitores arrependidos", afirma.
O mesmo ocorre em cidades da Bahia, onde os manifestantes saíram às ruas para pedir melhorias nas áreas de segurança, por exemplo. "O governo de Jaques Wagner (PT) foi muito ruim principalmente na questão da segurança pública. A ideia do impeachment vingou com reivindicações de ordem municipal. As lideranças das cidades sempre enfatizam que querem protestar contra administração do PT nos municípios", afirmou Ricardo Almeida Mota Ribeiro, líder do MBL na Bahia.
As lideranças nacionais veem no Norte e Nordeste regiões potenciais para ampliar sua influência. "No Centro-Sul, o movimento já cresceu bastante. No Nordeste, isso ainda é novidade. Por isso, estamos muito focados nisso, em ver a base de Dilma na região ruir", avaliou Renan Haas, do Brasil Livre.
Novos grupos - No Sudeste, somam-se a esses grupos movimentos criados depois do 15 de março. O maior exemplo está em São Paulo: na reunião entre lideranças dos protestos e a PM, compareceram quatro entidades a mais do que no encontro passado - Acorda Brasil, Movimento 15 de Março, Quero me Defender e União Nacionalista Democrática. Criado há cerca de vinte dias, o Movimento 15 de Março é formado por remanescentes do Vem pra Rua e do Brasil Livre. Agora, os movimentos originais terão de dividir o espaço da Avenida Paulista, no Centro de São Paulo.
Personagem dos protestos contra a Dilma

(Foto: Lailson Santos/VEJA)

Kim Kataguiri (MBL)
Kim Kataguiri, 19 anos, é um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre e acaba de largar o curso de economia na Universidade Federal do ABC para se dedicar exclusivamente ao ativismo político. Apesar do movimento ser pulverizado, ele é o principal rosto do grupo na internet. Seu ativismo na web começou quando tinha 17 anos, antes do movimento organizar as primeiras manifestações. Em seu primeiro vídeo no youtube, Kataguiri quis dar uma resposta a um professor de economia da Universidade Federal do ABC (Ufabc) que defendeu o Bolsa Família durante um discussão na aula. Como era minoria na sala, preferiu fazer uma resposta online. “O vídeo se viralizou para além da universidade. Percebi que poderia usar a internet para fazer uma defesa dos valores liberais e criticar o assistencialismo do PT“, afirma.

(Foto: Jefferson Bernardes/VEJA)


Fábio Ostermann (MBL)
O cientista político gaúcho Fábio Ostermann, 30 anos, é o mentor intelectual do Movimento Brasil Livre. Com um currículo acadêmico que inclui passagens pela Georgetown University, nos Estados Unidos, e o International Academy for Leadership, na Alemanha, Ostermann ajuda a organizar as manifestações no sul do país, além de fóruns e palestras que defendem as ideias liberais, como o Fórum Pela Liberdade. No último domingo, foi responsável por promover uma aula pública “ABC do Impeachment“, no Parque Moinhos de Vento, em Porto Alegre. “Temos explicar que o impeachment é um mecanismo democrático garantido por nosso ordenamento jurídico. Vivemos no Brasil hoje uma situação limite que desafia a estabilidade das nossas instituições.

(Foto: Ernani D'almeida/VEJA)

Lourraine Alves (MBL)
A advogada carioca Lourraine Alves, 35 anos, não sabia o que era militância política até aderir ao Movimento Brasil Livre, em janeiro de 2015. O convite veio através dos coordenadores nacionais do movimento, em São Paulo, que pretendiam abrir uma filial no Rio de Janeiro. “Sempre tive medo de manifestação de rua, mas, com a polarização nas redes sociais, fiquei revoltada com alguns esquerdistas e aderi a causa”, defende. Lourraine afirma que defender o impeachment é uma forma de pedir “ética na política”. Uma das organizadoras do ato que terminou em brigas na sede da Petrobras no Rio de Janeiro, ela diz que só não apanhou porque uma mulher filiada a Central Única dos Trabalhadores (CUT) impediu que dois homens a agredissem. “Por pouco não apanhei, mas recebi xingamentos de vagabunda, piranha para baixo. São pessoas como essa que pretendemos tirar o governo”, defende.

Rogério Chequer (Vem pra Rua)
O empresário Rogério Chequer, 46 anos, e seu Vem pra Rua são a voz da moderação das manifestações do dia 15. “Não somos a favor do impeachment até agora porque ela não pode ser responsabilizada por crimes anteriores ao seu mandato. Estamos na rua porque o povo está de saco cheio e quer mudança”, afirma. Inspirado nos tradicionais movimentos da Argentina, Chequer foi o primeiro a propor ao Vem pra Rua a ideia do panelaço que teve seu ápice durante o pronunciamento da presidente no último domingo. Sua aproximação com o PSDB, durante o segundo turno de 2014, fez com que muitos taxassem Chequer e seu movimento como tucano. “Não somos tucanos. É verdade que apoiamos Aécio no segundo turno, mas nossa simpatia a eles está em queda, falta ser mais combativo no papel de oposição.”


Marcello Reis (Revoltados Online)
Marcello Reis, 40 anos, é quem manda, sozinho, em todos os passos do Revoltados Online. O grupo existe há onze anos. Se nasceu com o intuito de “rastrear pedófilos”, a criação da comunidade no Facebook transformou, em 2010, o Revoltados Online em um grande movimento contra o governo petista. “Começamos a falar de política apenas no Facebook e, com isso, ganhamos esse cunho político“, afirma. Desde junho de 2013, ele e seus aliados defendem o impeachment já que o governo deve ser responsabilizado pelo “crime de responsabilidade lesa pátria“ por repassar, sob segredo de justiça, verbas a países africanos e Cuba. “Antes éramos defensores da intervenção militar. Após estudar mais a fundo, vi que há muitos meios democráticos para tirar a presidente“, afirma Reis.