quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

GOVERNO DILMA- SEM PROJETO, SEM FORÇA POLÍTICA E SEM AUTORIDADE MORAL

Eduardo Giannetti.
"A duas semanas da posse, o governo reeleito dá mostras de que está sem projeto, sem força política e sem autoridade moral.

O que se anuncia é um mandato anêmico, pautado por crises sucessivas e medidas improvisadas visando contê-las. O quadro reforça a pertinência da recomendação, atribuída a Eça de Queiroz, de que governos e fraldas devem ser trocadas periodicamente – e pelo mesmo motivo! Como não foi o caso, resta amargar.
A virada foi completa. Em poucos anos, o Brasil passou de estrela emergente a país submergente. Se por um breve interlúdio gozamos a ilusão da “‘ilha da prosperidade em meio a um mar turbulento” (para evocar o bordão do general Geisel ressuscitado por Lula 2), agora estamos perto de virar o oposto. Enquanto o mundo reemerge, o Brasil afunda.
O que deu errado? As causas próximas são múltiplas e vão desde os equívocos e barbeiragens da política econômica (macro e micro ) à aposta redobrada no modelo do presidencialismo de condomínio, por meio da cessão de glebas do governo ao que há de pior na política brasileira. Penso, no entanto, que na raiz do nosso processo existe um fator subjacente comum e de amplo alcance.
O ponto é que os governos petistas – e com mais ímpeto após a eclosão do mensalão na política e na crise de 2008 na economia – levaram a deformação patrimonialista do Estado brasileiro a um novo e exacerbado patamar, com tudo que isso acarreta em termos de distorção nas relações entre o público e o privado, piora na alocação de recursos, ruína da governança e degradação dos padrões éticos.
A melhor evidência disso é a Petrobras. A cada nova revelação, a saga se torna mais emblemática. O maior escândalo de corrupção da história do Brasil – e o certame não é fácil – não é fruto apenas da fraude contábil e da ganância corporativa, como no colapso da Enron americana.
O que temos aqui são empresas privadas, burocratas estatais e políticos em estreito e estruturado conluio visando maximizar, à guarida dos “donos do poder” e às custas do resto da nação, lucros espúrios, fortunas pessoais e projetos de apropriação continuada do Estado.
O “capitalismo politicamente orientado” não nasceu com o mandarinato petista – veio com as caravelas -, mas foi levado ao paroxismo por ele. A recaída patrimonialista é o enredo cifrado do drama cujo desenrolar anima a crônica diária da encrenca econômica, ética e política em que estamos metidos.
Embora não esteja ao alcance das instituições , quando são boas, fazer todo um povo prosperar – só o trabalho, a inovação e o cuidado com o amanhã tem tal poder -, elas são capazes, quando nocivas, de condená-lo à eterna mediocridade."
Artigo originalmente publicado na Folha de São Paulo em 19 de dezembro de 2014. DO GRAÇANOPAISDASMARAVILHAS

Oposição reage e critica discurso de posse de Dilma Rousseff

Líder do DEM diz que predadores da Petrobras são corruptos nomeados pelo PT ; PSDB diz que a presidente não cumpre as promessas

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A presidente Dilma discursa no Congresso, durante cerimônia de posse - Givaldo Barbosa/O Globo
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BRASÍLIA - A oposição reagiu especialmente à parte do discurso da presidente Dilma Rousseff, em que ela atribui a crise da Petrobras a ataques de “predadores internos e inimigos externos”. Segundo o líder e presidente do Democratas, senador José Agripino Maia (RN), essa “pérola” tira a credibilidade de todo o resto do discurso.
— A completa insinceridade da presidente Dilma, quando fala da Petrobras, tira toda a credibilidade de sua fala. Se tem predador interno na Petrobras são os corruptos nomeados pelo PT para destruir a empresa. E se tem inimigos externos, isso se dá pela fragilidade dos gestores do PT em perceber isso — disse Agripino.

Ele diz que, como a Nação não leva mais a sério o que a presidente diz, ela aproveitou a oportunidade para fazer um discurso para agradar o PT e sua base.
— A presidente, quando foi falar que precisa da ajuda do Congresso, falou em “minha base”. Essa é a democracia dela, o Congresso como instituição não interessa. Quer dizer que ela endereça as coisa para a sua base aprovar? Com essa fala Dilma revelou o motivo do loteamento do ministério — criticou Agripino.
O democrata também criticou o novo lema do governo, anunciado por Dilma na posse no Congresso: Brasil, Pátria educadora.
— Ela nunca foi presidente? Está assumindo o mandato pela primeira vez? E o Haddad, não foi ministro da Educação? Ou Dilma passou uma descompostura nos ministros da Educação nesses 12 anos, ou acha que está assumindo pela primeira vez.

PROMESSAS
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, disse que não se interessou em ver o discurso da presidente Dilma Rousseff, no Congresso, porque ela não cumpre o que fala. O tucano disse que prefere ver suas ações para colocar em prática as promessas de campanha repetidas no discurso.
— Eu não ouvi e não gostei. Eu tenho na memória o discurso inaugural do primeiro mandato. As propostas se revelaram falsas. O primeiro discurso de posse de Dilma , ela esqueceu, eu não — disse Aloysio Nunes.
O líder do PSDB disse que , em geral, não se interessa por discursos inaugurais. Sobre a parte em que Dilma diz que vai fazer os ajustes sem tirar direito dos trabalhadores, Aloysio Nunes lembrou que ela falou isso uma semana depois da divulgação do pacote trabalhista com corte de benefícios para trabalhadores e aposentados.
— Dilma é uma pessoa versátil.O que ela fala não pode ser levado a sério. É preciso ver suas ações — disse o líder tucano.
PRESIDENTE DESACREDITADA
O líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), criticou os apelos por apoio feito pela presidente Dilma Rousseff em seu discurso . O tucano, que fez questão de não comparecer à posse, comparou a presidente Dilma a um náufrago que pede ajuda "antevendo as consequências de problemas criados por ela mesma - não apenas na área econômica, mas especialmente quanto ao seu envolvimento com o Petrolão". Segundo a assessoria de Imabassahy, não há tradição na oposição comparecer a posses presidenciais no Congresso, mas neste caso, a campanha pesada e de baixo nível promovida pela campanha de Dilma acabou reforçando o sentimento contrário a prestigiar a solenidade.
Para Imbassahy, o discurso de Dilma "não inspira confiança e evidencia um governo carcomido pelo descrédito, a partir de métodos condenáveis e velhas promessas nunca cumpridas”.
— Assistimos hoje a posse de uma presidente desacreditada, desorientada e sem foco. Como um náufrago, apelou a pedidos de apoio, certamente antevendo as consequências de problemas criados por ela mesma – Parece patológico ela agora falar em corrigir erros na Petrobras e reconhecer tardiamente que a empresa foi assaltada, como se não tivesse ela própria participação e responsabilidades relevantes nos últimos 12 anos da vida da estatal — disse Imbassahy, acrescentando:
— Ao dizer que alguns servidores causaram o escândalo da Petrobras, finge esquecer que participou de todas as decisões, primeiro como ministra de Minas e Energia, depois chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal e, por fim, como presidente da República. Quem nomeou os comandantes da organização criminosa que se apoderou da Petrobras foram ela mesma e Lula.
Numa referência à medida provisória editada pelo governo que tornar mais rigoroso o acesso a alguns benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego, o líder tucano afirmou que a presidente Dilma mentiu na campanha eleitoral e volta a mentir em sua posse, ao reafirmar compromisso com a manutenção dos direitos trabalhistas e previdenciários:
— Justamente aqueles que sofreram alterações desastrosas em sua primeira canetada após a eleição. Nem ela mesma acredita naquilo que diz, como indicou a leitura sem entusiasmo de um discurso artificial e carente de conteúdo, mais uma vez elaborado por seu marqueteiro. É um discurso dissonante do Brasil real, ambíguo e com sinais de que o banqueiro-ministro terá ações limitadas. Quem ainda tinha esperança do suposto governo novo com ideias novas certamente teve a sua definitiva frustração.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse que priorizou a posse de seu aliado no governo de Pernambuco, Paulo Câmara. Para ele, a presidente erra ao querer justificar a corrupção na Petrobras como obra de"forças ocultas" quando eles são fruto dos problemas que ela criou no primeiro mandato: aparelhamento do governo.

- É uma data super inconveniente. Sobre o discurso, a corrupção tomou conta do governo dela pelo aparelhamento. Não é o discurso, mas atitude que vai combater a corrupção e a Dilma, ao nomear os ministros para satisfazer os partidos mostra que não modificou, neste segundo mandato, a prática do primeiro mandato que levou à corrupção desenfreada - disse Mendonça Filho.

PROTESTO ANTI-PT SOBE AO CÉU NO DIA DA POSSE DA DILMA EM FLORIANÓPOLIS. MANIFESTAÇÕES OCORREM EM VÁRIAS CAPITAIS.

Depois dos atos que reuniram milhares de manifestantes anti-PT no asfalto, nos carros de som e nas sacadas dos edifícios de diversas cidades em novembro e dezembro de 2014, o Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua e grupos parceiros anunciaram que o protesto em 1º de janeiro de 2015, o dia da posse da presidente reeleita Dilma Rousseff, será feito no céu.
O objetivo é alcançar o maior número possível de pessoas com a denúncia de um dos maiores atentados à democracia de nosso país: o Petrolão – “uso bilionário da Petrobras para enriquecimento ilícito, financiamento de campanhas e compra de parlamentares”.
No Rio de Janeiro, para chamar a atenção dos cariocas em pleno verão, um avião irá sobrevoar as praias a partir da Zona Sul com a tradicional faixa de mídia aérea trazendo um alerta contra a roubalheira petista, enquanto em Florianópolis um balão subirá aos ares com a denúncia.
Já em Maceió, os manifestantes sairão às ruas para um ‘adesivaço’ e um ‘panfletaço’, ao passo que em Brasília haverá um protesto liderado por Adolfo Sachsida – um dos brasileiros expulsos das galerias do Congresso por Renan Calheiros a pedido de Jandira ‘Vai pra Cuba’ Feghali.
Em São Paulo, os manifestantes irão simular a posse da presidente na Avenida Paulista com um desfile em carro aberto em direção ao prédio da Petrobrás, “contando inclusive com a importante ajuda de alguns militantes de esquerda bastante caricatos”.
Em nota à imprensa, os organizadores reforçaram o compromisso do movimento com a defesa das instituições democráticas e das liberdades individuais e econômicas em nosso país. Informações da coluna de Felipe Moura Brasil
Veja a agenda dos protestos por cidade:
  • Rio de Janeiro – 14 horas – 5 voltas aéreas pelas praias da Zona Sul, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes;
  • São Paulo – 14 horas – Avenida Paulista (Masp);
  • Maceió – 16 horas – Palato Farol;
  • Brasília – 14 horas – Congresso Nacional;
  • Florianópolis – 17 horas – Estrada SC 401 – Trevo de Jurerê.
  •  DO ALUIZIOAMORIM