sábado, 29 de novembro de 2014

Um anônimo rebelde português muda nomes de ruas para resumir o prontuário do homenageado. Isaltino Morais, por exemplo, é ‘Corrupto, Criminoso, Político’


isaltinopt
jose socrates
A imprensa portuguesa batizou de Artista dos Azulejos o anônimo amante da verdade que, com duas obras, subverteu radicalmente as regras que orientam a denominação de lugares públicos. Tradicionalmente, a inscrição numa placa de metal mostra uma data histórica ou o nome de algum morto ilustre e recente, incluindo eventualmente a atividade profissional em que se destacou.
As imagens acima comprovam que o misterioso rebelde lusitano não simpatiza com farisaísmos. Ele prefere montar paineis com azulejos decorados com motivos típicos em azul e amarelo. Em vez de gente que se foi, prefere pais-da-pátria que continuam por aqui, vivos até demais. E sempre constrange o alvejado pela homenagem com um prontuário resumido em substantivos que rimam com casos de polícia.
Em outubro de 2011, ele surpreendeu os moradores do Porto com o trabalho que fez o Largo de Mompilher virar “Eng. José Sócrates”, o chefe de governo que acabara de deixar o poder. O painel com seis azulejos qualificou Sócrates de “Mentiroso, Corrupto, Incompetente, Primeiro-ministro de Portugal 2005-2011”. O que parecia ofensa ficou com cara de profecia: preso há uma semana, Sócrates é acusado de fraude fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro.
(O ex-primeiro-ministro vai continuar na gaiola até encontrar explicações convincentes para os muitos milhões de euros que andou embolsando. E o destino impediu que fosse consolado pela visita dos três parceiros que promoveu a amigos do peito. O venezuelano Hugo Chávez só tem aparecido neste mundo em forma de passarinho. O líbio Muammar Khadafi, nem isso. E o brasileiro Lula tem problemas demais em casa para tratar de aflições alheias).
Em janeiro de 2012, pouco depois da estreia no Porto, o segundo ataque clandestino surpreendeu os moradores de Oeiras, vila situada nos arredores de Lisboa. Dois azulejos bastaram para transformar a Rua 7 de Junho de 1759 em Rua Isaltino Morais, o presidente da Câmara de Oeiras. Condenado a uma temporada na cadeia, Isaltino continuava em liberdade. Uma situação intolerável, garantiram as três palavras que ergueram um monumento à objetividade entre parênteses: “corrupto, criminoso e político“.
Até um guido mantega é capaz de adivinhar que, daqui a alguns anos, ruas, avenidas, praças e mesmo  rodovias estarão ostentando placas em louvor aos incontáveis delinquentes que espancam o Código Penal disfarçados de servidores da nação. É preciso convocar de novo o timaço de comentaristas: mirem-se no exemplo do guerrilheiro urbano de Portugal. E mãos à obra.
Sem o uso de termos impublicáveis, como ensina o pai da ideia, que tal contarmos num punhado de sílabas o que são e o que fazem um Lula, uma Dilma, um Gilberto Carvalho, um Mercadante, um Jucá, um Renan e tantos outros colossos da Era da Mediocridade? Ao teclado, amigos.
DO A.NUNES

PT repete “mensalão” e trata suspeito do “petrolão” como herói injustiçado

Vaccari. Fonte: GLOBO
Quem repete por aí que todos são iguais, banalizando os infindáveis escândalos de corrupção da era lulopetista, ignora ao menos duas diferenças básicas: primeiro, a magnitude da coisa, que atingiu patamares nunca antes vistos na história deste país; segundo, a reação do próprio PT, que se nega a cobrar investigações e punir os seus corruptos.
Foi assim no “mensalão”, quando mesmo depois de julgados e condenados em última instância, os corruptos da alta cúpula partidária foram tratados como heróis injustiçados, e a própria Justiça foi alvo de duros ataques, principalmente o ministro Joaquim Barbosa. O PT fez sua escolha oficial: José Dirceu é o “guerreiro do povo brasileiro”, e Barbosa o “inimigo do povo”. Agora, com o “petrolão”, tudo já indica que a postura do PT será a mesma.
No epicentro do escândalo, acusado com várias evidências de ser o operador do PT dentro do esquema de desvio na Petrobras, está o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. E qual a reação do partido diante disso? Cobra investigações? Pede punições caso comprovados os desvios? Só rindo. O partido recebe o suspeito com aplausos efusivos. Isso mesmo: Vaccari foi ovacionado em evento do PT:
Um dos alvos da Operação Lava-Jato, que investiga desvios bilionários na Petrobras, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, foi blindado pelo partido e ovacionado pelos integrantes do Diretório Nacional, nesta sexta-feira, durante reunião em Fortaleza. O desagravo e as palmas, puxadas pelo presidente do PT, Rui Falcão, aconteceram no encontro que, mais tarde, teve a participação da presidente Dilma Rousseff.
Ao falar sobre as finanças do PT, em encontro fechado em um hotel de Fortaleza, Vaccari se disse injustiçado e aproveitou para se defender das acusações de que seria um dos beneficiários do esquema de recebimento de propinas da Petrobras e de empreiteiras que mantêm negócios com a estatal.
O tesoureiro afirmou aos integrantes do Diretório Nacional: “Nunca fiz nada de errado”. Vaccari disse não ter “nada a temer” e alegou que vem sendo alvo sistemático de “injustiças”. Ele explicou aos petistas que seus sigilos bancário, fiscal e telefônico estão abertos desde 2000 e que nunca ninguém encontrou nada que o desabonasse.
Ou seja, fez aquilo que os petistas mais fazem: apelou para a vitimização, colocou-se como um pobre injustiçado, alvo de calúnias. Pelo visto, os membros do partido ali presentes, a começar por seu presidente, Rui Falcão, ficaram muito satisfeitos com as “explicações”, e ponto final. O homem é um herói nacional, praticamente um santo, e por suas virtudes é atacado por golpistas da oposição.
Com esse tipo de postura, partindo do próprio comando do PT, ninguém poderá reclamar depois quando os petistas forem acusados de cúmplices. Não há mais como sustentar a ignorância. O PT não tem mais membros por afinidade ideológica, apenas parceiros do crime, sócios do butim, cúmplices que aceitam os métodos obscuros e corruptos como legítimos.
Gente que valoriza princípios iria cobrar investigações e lutar para expurgar do partido os criminosos. Mas o único princípio do PT é não ter princípios. É possível dizer sem medo de errar: o PT não é mais sequer um partido, e sim um ajuntamento mafioso que toma a corrupção dos seus como um método aceitável para seu fim “nobre”, qual seja, a eterna permanência no poder. São todos coniventes!
Rodrigo Constantino