segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O raquitismo da economia é o legado dos farsantes que se afogaram na marolinha

Haja cinismo
Por Augusto Nunes
“Forçada a enfrentar a crise, Dilma imita Lula e a procissão de bravatas recomeça”, resumiu o título do post publicado em março de 2012. O texto tratou de mais um surto de soberba da doutora em nada que se imagina especialista em tudo: caprichando na pose de quem concluiu aquele curso de doutorado na Unicamp que nem começou, Dilma Rousseff resolveu dar conselhos a países europeus castigados pela crise de dimensões planetárias.
Conseguiu apenas ampliar o acervo de cretinices acumulado desde 2008, quando Lula abriu o cortejo de falácias, fantasias, mentiras e falatórios sem pé nem cabeça produzidos pelos fundadores da Era da Mediocridade.
Nesta quinta-feira, o país (ainda) conduzido por farsantes soube que encalhou no atoleiro. Depois de encolher 0,2% no primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto diminuiu mais 0,6% de abril a junho. Confrontados com a esqualidez do pibinho, os tripulantes da nau dos insensatos trataram de caçar justificativas para o fiasco histórico. Dilma desconfiou que não bastaria dar outro pito no vilão de sempre — a crise internacional que seu padrinho jurou ter derrotado. E então incluiu entre os culpados pela “recessão técnica”a Copa dos 7 a 1.
“Por causa da Copa do Mundo, tivemos a maior quantidade de feriados na história do Brasil, nos últimos anos, nesse trimestre”, fantasiou a presidente que, convencida de que a vadiagem coletiva melhora o trânsito, decretou a maior quantidade da história do Brasil. A Copa das Copas começou a semana na relação das proezas federais que aceleraram o crescimento econômico. Terminou-a acusada pela presidente de ter acentuado o raquitismo do pibinho. Haja cinismo.
A explicação é tão veraz quanto o palavrório costurado por Lula em 27 de março de 2008, quando a crise nascida nos Estados Unidos já contaminara vários países. “Um dia acordei invocado e liguei para o Bush”, gabou-se o então presidente. “Eu disse: ‘Bush, meu filho, resolve o problema da crise, porque não vou deixar que ela atravesse o Atlântico’”. Como Lula só fala português, Bush decerto não entendeu o que ordenara o colega monoglota. E a crise navegou sem sobressaltos até desembarcar nas praias do Brasil.
O presidente invocado voltou ao tema só depois de seis meses ─ para comunicar que livrara o país do perigo. “Que crise? Pergunte ao Bush”, recomendou em 17 de setembro. “O Brasil vive um momento mágico”, emendou no dia 21. No dia 22, pareceu mais cauteloso: “Até agora, graças a Deus, a crise americana não atravessou o Atlântico”, ressalvou. Uma semana depois, a ficha enfim começou a cair. “O Brasil, se tiver que passar por um aperto, será muito pequeno”, disse em 29 de setembro.
A rendição pareceu iminente no dia 30: “A crise é tão séria e profunda que nem sabemos o tamanho. Talvez seja a maior na História mundial”. Em 4 de outubro, o otimista delirante voltou ao palco para erguer com poucas palavras o monumento à megalomania: “Lá nos Estados Unidos, a crise é um tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar”. No dia 8, conseguiu finalmente enxergar o tamanho do buraco.
A anemia dos índices registrados de lá para cá mostrou o que acontece a um país governado por quem se nega a ver as coisas como as coisas são, e enfrenta com bazófias e bravatas complicações econômicas de dimensões globais. Essa espécie de monstro é impiedosa com populistas falastrões. Mas o bando de reincidentes não tem cura: três anos depois, a estratégia inaugurada pelo Exterminador do Plural começou a ser reprisada em dilmês. Se Lula acordava invocado com George Bush, Dilma passou a perder a paciência com uma entidade que batizou de “tsunami monetário”.
Em março de 2012, numa discurseira de espantar napoleão de hospício, a presidente atribuiu a paternidade da criatura a “países desenvolvidos que não usam políticas fiscais de ampliação da capacidade de investimento para retomar e sair da crise que estão metidos e que usam, então, despejam, literalmente, despejam quatro trilhões e setecentos bilhões de dólares no mundo ao ampliar de forma muito… é importante que a gente perceba isso, muito adversa, perversa para o resto dos países, principalmente aqueles em crescimento”.
Lula vivia recomendando aos americanos que se mirassem no exemplo do Brasil. Dilma se promoveu a conselheira da Europa. “Eu acho que uma coisa importante é que os países desenvolvidos não só façam políticas expansionistas monetárias, mas façam políticas de expansão do investimento”, ensinou em 5 de março de 2012. Concluiu a lição no dia seguinte: “Somos uma economia soberana. Tomaremos todas as medidas para nos proteger”.
Quatro anos depois de reduzido por Lula a marolinha, o tsunami foi desafiado por Dilma a duelar com o Brasil Maravilha. “Nós estamos 100% preparados, 200% preparados, 300% preparados para enfrentar a crise”, avisou. Como o padrinho em 2008, a afilhada despejou outro balaio de medidas de estímulo ao consumo.Ficou mais fácil comprar automóveis, os congestionamentos de trânsito ficaram maiores nos dois anos seguintes. E o governo acabou obrigado a decretar durante a Copa os feriados que, segundo a presidente, acentuaram o raquitismo do pibinho.
Lula jurava que o país do carnaval foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair. Dilma vinha repetindo de meia em meia hora que o resto do mundo inveja o colosso tropical. Conversa de 171, prova o infográfico no blog Impávido Colosso. Pouquíssimas nações fazem companhia ao Brasil no pântano do crescimento zero. A saúde da economia nativa não será restabelecida tão cedo. E pode piorar até o fim do ano.
Já na eleição de outubro, contudo, deverão ser extirpados os tumores lulopetistas, em expansão há quase 12 anos. Se continuassem sem controle por mais quatro, o Brasil democrático deixaria de existir.

31/08/2014
DO RDEMOCRATICA

Aliados culpam Dilma por dificuldades eleitorais


Um cacique do pedaço do PMDB ainda leal ao governo diz que ficou muito fácil reconhecer em qualquer roda um político da coligação encabeçada por Dilma Rousseff. É o que estiver falando mal de Dilma, ele explica. As críticas aumentam na proporção direta da elevação do risco de derrota.
Por enquanto, o burburinho soa apenas atrás das portas. Na pior hipótese, Dilma terá tinta na caneta até 31 de dezembro, explica um membro do diretório nacional do PT. Mas, confirmando-se a derrota, petistas e aliados culparão Dilma quando puderem falar sobre 2014 sem medo de perder cargos, verbas e privilégios.
Levada no embrulho do desejo de mudança que as pesquisas farejam, Dilma é bombardeada até por seu estilo. Tornou-se mais difícil encontrar um apologista da presidente disposto a repetir a teoria da “firmeza” —aquela segundo a qual Dilma lida mal com questionamentos porque tem convicções sólidas.
No atacado, seus críticos a acusam de autossuficiência, teimosia e inépcia. Ela só chama os partidos que a apoiam para conversar na hora que o calo lhe aperta, afirma um senador governista. A conversa não flui, ele realça. O diálogo só é considerado bom quando ela obriga o interlocutor a calar a boca.
O senador resume: os empresários não confiam na Dilma, os políticos a detestam e os ministros têm medo dela. Quem desconfia não investe. Quem odeia não faz campanha. E quem teme só diz ‘sim senhora’! Como resultado, tem-se a combinação de PIB baixo com inflação alta, desânimo político e inação.
Curiosamente, os governistas isentam Lula de responsabilidade. Foi graças ao apoio dele que Dilma amanheceu um belo dia presidente. Mas os críticos da afilhada alegam que ela está em apuros porque fez ouvidos moucos para os pitacos do padrinho. Nessa versão, Lula engrossa, em privado, a sinfonia de críticas.
Confirmando-se o pior, Dilma será apresentada à adaptação de um velho axioma da política. Diz-se que a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã. No caso de Dilma, o eventual insucesso virá acompanhado de uma subversão da máxima. Confirmando-se o pior —ou melhor, conforme o ponto de vista— Dilma será vista por seus pseudo-apoiadores como pai e mãe da própria derrota.
DO JDESOUZA-UOL