sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A economistas, Jucá declara voto em Aécio e promete derrubar votação de Dilma no Norte

Ex-líder do governo e ex-ministro de Lula, cacique do PMDB se diz aliado do PSDB em defesa da precarização trabalhista e do corte em programas sociais, e afirma que política 'socialista' de Dilma, 'serve para o Cazaquistão'
por Diego Sartorato, da RBA publicado 15/08/2014 14:27, última modificação 15/08/2014 14:49
Wilson Dias/ Abr
Aés
Aécio Neves e Romero Jucá (esq.): aliança contra Dilma, o PT, os direitos trabalhistas e as políticas sociais
São Paulo – O senador Romero Jucá (PMDB-RR), integrante da base aliada do governo de Dilma Rousseff (PT) no Congresso e cujo partido indicou o candidato a vice-presidente na campanha pela reeleição, afirmou na quarta-feira (13) que fará de tudo para que os eleitores da região Norte contribuam para a derrota da presidenta nas urnas. O senador proferiu palestra em evento político do Conselho Regional dos Economistas de Roraima (Corecon), em Boa Vista, com críticas duras à política econômica do governo, e afirmou que, com a morte de Eduardo Campos (PSB), votará no colega de Senado Aécio Neves (PSDB) para presidente – o evento foi realizado horas depois que o avião do candidato do PSB caiu em Santos, no litoral paulista.
"Nós tínhamos duas opções de voto: o Aécio e o Eduardo. Hoje perdemos uma. Então, na verdade, eu não quero forçar ninguém, mas eu vou falar o meu voto. Eu vou votar no Aécio porque eu, do que tem, é talvez o que tenha um pouco mais de condição de mudar essa linha de pensamento que eu acho que não combina com o Brasil", disse, referindo-se à "linha de pensamento" que direciona a política econômica do governo federal. "Quando você setorializa a pesquisa [eleitoral], o Aécio já passa a Dilma na região Sudeste em 8% e já passa a Dilma na região Sul em 6%. Onde a Dilma tá ganhando? Essa diferença de seis pontos está no Nordeste, no Centro-Oeste e no Norte. Tem que diminuir essa diferença. Se depender de mim, Roraima vai diminuir essa diferença", completou.
À plateia de economistas e empresários, Jucá reiterou diversas vezes os problemas da gestão "socialista" de Dilma. "Você tem que ganhar produtividade. Você tem que ganhar competitividade. E é nisso que o governo do PT falha, porque ao pender para a linha ideológica, o governo do PT quer taxar, limitar a taxa de retorno, tirando do jogo a produtividade do empresário. E quer aumentar direitos sociais que tiram a competitividade", afirmou. "Porque o discurso dela é socialista e a prática dela é socialista. Então, você tem um governo ideológico na forma de comandar a economia. E na ideologia, centralização, estabilização, não combina com o capitalismo. Não combina. Isso dá certo na Albânia, dá certo nos países do Cazaquistão, onde a visão é outra."
Jucá, que é relator no Senado do projeto de lei que pode mudar a definição legal de trabalho escravo, afirmou ainda que o modelo econômico da China, acusado por organizações internacionais de direitos humanos de promover o trabalho forçado em condições degradantes, é melhor que o "bem-estar social" promovido pelo PT, e atacou os direitos trabalhistas.
"Nós estamos discutindo aqui, no mercado internacional, a competitividade do produto brasileiro com o produto chinês, que não tem [contribuição ao] INSS, não tem licenciamento ambiental, não tem nenhum tipo de custo direto que não era pra ser. E nós estamos aqui discutindo se a gente vai baixar de 44 horas para 40 horas semanais a capacidade de trabalho do trabalhador brasileiro. Ou seja, nós estamos querendo imitar um modelo que não deu certo. Nós estamos querendo importar um modelo que é um modelo do bem-estar social, mas o bem-estar social tem que estar ligado ao bem-estar da produção, a capacidade efetiva de você dialogar com o mercado internacional e discutir", ponderou.
O lucro dos empresários sobre os direitos do trabalhador não integra apenas o discurso de Jucá, mas sua prática no Legislativo. O senador do PMDB é também relator da regulamentação dos direitos garantidos às empregadas domésticas por meio da emenda à Constituição 72, aprovada em 2013, mas promoveu mudanças no projeto que impediriam a contribuição sindical para a categoria e criariam regras distintas para o seguro-desemprego. Além disso, enquanto o projeto não é votado, as trabalhadoras domésticas seguem sem base legal para reivindicar folgas semanais, piso salarial e outros direitos.

Rancor

Jucá, que foi líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado de 2006 a 2010, seguiu na posição de articulação política após a eleição de Dilma. Em 2012, porém, foi substituído por Eduardo Braga (PMDB-AM) por não trabalhar pelas prioridades apontadas pelo governo no Congresso. Desde então, jurou vingança política contra a presidenta. Além da campanha pelo PSDB, partido a que foi filiado até 2002, Jucá também reforça o discurso oposicionista que apresenta os governos de Dilma e de Lula como antagônicos, e não de continuidade, em uma manobra para tentar enfraquecer o apoio do ex-presidente à reeleição da atual presidenta.
"Aí a gente tem que dividir um pouco o governo da Dilma do governo do Lula. O presidente Lula era um artista, vocacionado para a política e com um sentimento muito grande. Ele não é economista, ele não tem nível superior, mas ele aprendeu na vida, com sensibilidade, com experiência, ganhando e perdendo, e ele fazia ou faz um discurso social, às vezes quase socialista, no discurso, na divisão de renda, nos predicados que, de certa forma, buscam mais a igualdade e a distribuição de renda, mas, na prática dele é uma prática capitalista", pontuou, durante sua fala ao Corecon.
Jucá soma à sua dissidência pessoal o sentimento antipetista que se fortaleceu em Roraima desde 2005, quando o governo Lula contrariou a elite local com a demarcação das terras indígenas de Raposa e Serra do Sol. Desde então, o PT encontra dificuldades eleitorais no estado: em 2006 e 2010, Geraldo Alckmin e José Serra (ambos do PSDB) tiveram votação acima de 50% no estado tanto no primeiro quanto no segundo turno, embora Lula tenha vencido os dois turnos das eleições de 2002. Segundo pesquisa ibope de agosto deste ano, o quadro mudou em 2014: Dilma tem 46% das intenções de voto em Roraima, contra 24% de Aécio Neves, que tem dificuldades para se estabelecer como alternativa à presidenta fora das regiões Sul e Sudeste.
O tom de guerra fria é recorrente entre as lideranças de perfil mais conservador do PMDB. No Maranhão, onde Lobão Filho está mais de 40 pontos percentuais atrás de Flávio Dino (PCdoB) na disputa para governador, o discurso também é ácido: panfletos do candidato governista, apoiado por Roseana Sarney (PMDB), dizem que a eleição "tem dois lados", e opõe imagens de Lobão Filho beijando a mão do papa João Paulo II sobre fundo azul à silhueta de Dino sobreposta pela foice e o martelo da bandeira da extinta União Soviética, com fundo vermelho.

Verticalização

Os "rebeldes" regionais do PMDB foram institucionalizados a partir de 2006, quando a Câmara dos Deputados derrubou, por 343 votos contra 143, uma norma do Tribunal Superior Eleitoral que obrigava os partidos a repetirem a aliança em torno do candidato a presidente nas coligações para disputa a governador, a chamada verticalização das alianças. De um lado, caciques regionais defendiam o direito de oficializar acordos locais que não necessariamente estivessem em sintonia com os objetivos programáticos nacionais de uma aliança política; de outro, estavam deputados favoráveis ao fortalecimento dos partidos e dos projetos políticos na composição das alianças.
Naquela época, o apoio do PMDB à mudança de regra já tinha a ver com discordâncias com o PT: às vésperas da eleição de 2006, a primeira com os partidos unidos, uma parcela considerável da legenda não queria pedir votos para Lula. A regra só valeu para aquela eleição por decisão do STF, que foi provocado a decidir se a mudança, aprovada em janeiro do ano eleitoral, poderia valer para o mesmo ano.
No dia da palestra de Jucá, Aécio fazia campanha no Rio Grande do Norte ao lado de outro peemedebista, Henrique Eduardo Alves, eleito presidente da Câmara dos Deputados em acordo com o PT – desde que se coligaram, PT e PMDB revezam, a cada dois anos, as presidências da Câmara dos Deputados, do Senado e do Congresso. No Rio de Janeiro, a esquizofrenia das alianças eleitorais deste ano é mais gritante: lá, o PT tem candidatura própria, mas, pelo acordo que manteve Michel Temer (PMDB) como seu candidato a vice-presidente, Dilma também tem de apoiar o candidato a governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Pezão, por sua vez, tem materiais de campanha “mistos”, em que aparece como candidato de Dilma e também de Aécio.
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No total, coligações apoiadas oficial ou extraoficialmente pelo PMDB vão enfrentar chapas integradas ou apoiadas pelo PT em 17 estados. Em outros dez estados, repetirão a aliança nacional, embora o PMDB seja cabeça de chapa em sete delas. O racha com o PT colocou o PSDB na mesma chapa dos peemedebistas em pelo menos quatro estados: Acre, Bahia, Ceará e Espírito Santo.
DA RBA-REDEBRASILATUAL

AO BONNER


William Bonner,
Você reclama dos telespectadores, que no seu direito democrático criticaram de forma negativa a condução que você e o jornalismo da TV Globo tiveram diante da entrevista com o candidato a presidência Aécio Neves. Quer dizer que você só merece críticas positivas? Qualquer divergência de opiniões você taxa de "intolerância política"?
O povo brasileiro está cansado e careca de saber que a Rede Globo recebe bilhões de subsídios do governo federal e se cala há anos, perante escândalos gigantescos de corrupção, transformando os mesmo em meras notícias discretas e comuns.
O povo brasileiro sabe que a Rede Globo, e você faz parte, poupou o ex-presidente Lula no caso do mensalão. O povo não viu destaque da Globo no caso de Pasadena, pelo contrário, nos dias altos escândalo vocês noticiaram com ênfase o caso do metrô de São Paulo. Eu não vi notícias sobre o envio de bilhões de reais para Cuba. Que dia o Jornal Nacional mostrou a situação dos portos brasileiros comparados com o porto que o governo do PT financiou em Cuba?
E você vem falar em intolerância política. Me poupe de tanta cinismo.
Sua insistente pergunta se Aécio irá aumentar taxas foi ridículo, sendo que todo mundo sabe que a Dilma, o Lula e o PT quebraram a Petrobrás, e que após as eleições a gasolina irá subir, e consequentemente poderemos ter sérios problemas com a inflação. Qualquer uma que pegar esse abacaxi que o PT criou, vai ter que aumentar taxas, não por culpa de quem assumir, mas por culpa dessa quadrilha criminosa que associada a cumplicidade da Rede Globo, vêm governando o Brasil muito mal nesses 12 anos.rodrigo nogueira

DO GRAÇANOPAISDASMARAVILHAS

RECIFE AMANHECE FALANDO EM 'ATENTADO' CONTRA CAMPOS, AFIRMA JORNAL.


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Eduardo Campos, morto no mesmo dia que o avô, o também ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, já virou lenda no Recife, capital de Pernambuco, cidade onde nasceu e construiu sua vida política. Nas ruas, não se fala em outro assunto. E pouco importa o que dizem os jornais. Para a maioria dos pernambucanos, simpatizantes ou não de Eduardo Campos, a morte não foi acidente, mas atentado.
"Ele sabia que corria esse risco. A família sabia. Tanto que nunca viajava no mesmo avião que o primogênito, João. Assim como ele também evitava viajar no mesmo avião que o avô Arraes. Político que pensa no povo não pode durar muito porque os poderosos não deixam", insinuou Múcio Santana, garçom num restaurante de Boa Viagem, bairro nobre do Recife.
Querido pelos amigos e respeitado pelos adversários, que retiraram a campanha das ruas após o anúncio da morte do ex-governador, Eduardo Campos, para os pernambucanos, fez como o ex-presidente Getúlio Vargas, deixou a vida para entrar para a história.
"Não tem um pernambucano que não desconfie dessa morte. O avião virou uma bola de fogo em pleno ar. Como assim? Era um dos aviões mais modernos do mundo. Tem treta nisso daí, pode crer que tem", apostou Marivaldo Gomes, jornaleiro.
A família de Eduardo Campos ainda não levantou a hipótese de atentado. Ainda muito abalados com a tragédia, segundo amigos, todos creem que tenha sido mesmo uma fatalidade.
O coordenador da campanha de Eduardo Campos no Rio de Janeiro, Rubens Bomtempo, prefeito de Petrópolis, também não acredita que o amigo e companheiro de partido tenha sido vítima de nenhum atentado.
"Prefiro nem acreditar numa coisa dessas. Acho que não dá para descartar nada nesse mundo, mas acho que não foi isso. É natural que os pernambucanos tenham esta impressão, já que Eduardo era um grande líder e virou uma espécie de herói regional. Mas prefiro crer que não", disse Bomtempo, ainda abalado com a tragédia. Leia MAIS
DO ALUÍZIOAMORIM

O racionamento que não existe em São Paulo não dá os votos para Skaf e Padilha. Alckmin seria reeleito no 1º turno com 55% dos votos; o petista tem… 5%!

Uma esfinge sem segredos chamada Marina Silva. Ou: A Marina “sonhática” é “pesadêlica”

Marina Silva é uma esfinge. Sem segredos. O que ela pensa? Dizer que ninguém sabe é bobagem. Dá, sim, para saber. Não vou cair aqui na conversa mole de perguntar se Marina vai ou não realinhar as tarifas se, candidata do PSB, for eleita. É claro que vai. Qualquer que seja o eleito, o reajuste vai se impor. Contra quem? Contra ninguém. O realinhamento será uma imposição da realidade. Afinal, o Brasil não é a Venezuela. Se for presidente, Marina também vai ter de cortar gastos públicos — é o que Dilma ou Aécio terão de fazer. “Mas tirar dinheiro de onde?” De algum lugar. Ou o país vai para o vinagre. Nenhuma dessas vulgaridades me interessa. Essa gritaria só serve para gerar calor. E nenhuma luz.
A Marina que importa é outra. Sim, concordo: é quase impossível entender o que ela fala, com suas metáforas, alegorias e derivações impróprias — refiro-me à gramática mesmo! — porque, sei lá, os 340 mil verbetes contidos no “Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa” não lhe bastam… Faz sentido: pensamentos intraduzíveis pedem palavras… indizíveis. Pode não dar para entender o que ela diz, o que sempre desperta a suspeita do sublime, mas dá, sim, para saber o que ela pensa. E ela não pensa coisas boas.
Começo pela questão mais recente. Marina Silva se desgarrou do PT, como é sabido, mas não se livrou dos piores vícios da nave mãe. Querem um exemplo? Ela foi uma das mais entusiasmadas defensoras do Decreto 8.243, o tal que atrela a administração federal a conselhos populares e institui, na prática, uma Justiça paralela. Seu “movimento”, que não é “partido”, combina com aquele estado de permanente mobilização, em que a militância atropela as instâncias da democracia representativa.
Recuemos um pouco. Como esquecer a atuação de Marina Silva durante a votação do Código Florestal? Se a sua proposta tivesse vingado, o país teria sidoMTST obrigado, atenção!, a reduzir a área destinada à agricultura e à agropecuária. O que escrevo aqui não é especulação. É apenas um fato. É demonstrável. Em 2013, a balança industrial produziu um déficit de US$ 105 bilhões, e o setor agropecuário, um superávit de US$ 82,91 bilhões. Isso para um pais que teve um superávit de apenas US$ 2,5 bilhões. E olhem que foi uma trapaça contábil. De verdade, o saldo foi negativo. Ou por outra: o agronegócio salva o Brasil da bancarrota, mas Marina Silva queria diminuir a área plantada.
É o tipo de militância que seduz os descolados e os ignorantes, mas de ampla repercussão no exterior, especialmente nos países ricos que acham que devemos deixar a agricultura com eles, enquanto a gente disputa o cipó com os macacos e foge das onças pintadas. Todos queremos preservar a natureza, é claro! Marina queria, de modo irresponsável, dar um tombo na agricultura e na pecuária. Ela quer economia sustentável? Quem não quer? A questão é saber o que entende por isso.
Pegue-se agora a questão energética. O Brasil só não passa por um apagão de fazer 2001 parecer brincadeira de criança porque cresceu 2,7% em 2011; 0,9% em 2012; 2,1% em 2013 e deve ficar em torno de 0,8% neste ano. Em 2015, projeções responsáveis apontam que não passa de 1,2%. Estivesse crescendo, como precisa, a pelo menos 4%, já estaríamos no escuro.
Mesmo assim, ainda que tente aqui e ali dizer o contrário, Marina se opôs, sim, à construção da usina de Belo Monte. Tanto é que apoiou um vídeo imbecil chamado “Gota d’Água”, que dizia uma impressionante coleção de bobagens a respeito da usina. Mais: esse empreendimento será subutilizado, sim, porque Belo Monte não terá reservatório. Será do modelo fio d’água. Pesquisem a respeito. Só se fez essa escolha errada por causa da militância ambientalista que Marina representa, já que se inunda uma área muito menor, mas se produz, em contrapartida, bem menos energia.
Em 2010, a Marina candidata foi ao programa “Roda viva” e tratou do assunto. Como fala pelo cotovelos, impede que o pensamento de seus interlocutores respire. Vejam. Volto em seguida.


Em primeiro lugar, houve, sim, os devidos cuidados ambientais. Em segundo lugar, a tese da inviabilidade econômica é de uma impressionante falácia. De fato, Belo Monte tem mais dinheiro público do que deveria, mas isso se deve ao viés esquerdizante do governo petista — que Marina não combate. O capital privado só refugou porque o preço que o governo queria pagar pela energia era incompatível com a realidade. Ou por outra: quando os petistas decidiram tabelar o lucro — prática hoje em dia vigente apenas em Cuba e na Coreia do Norte —, Marina se calou. O negócio dela era com os bagres. Sim, preservemos os bagres. Mas e a energia elétrica? Mais: se o governo tivesse dado de ombros para o ambientalismo doidivanas e construído a usina com reservatório, mais energia seria produzida. Ou por outra: Belo Monte só não vai gerar render o que poderia por causa do espírito marineiro.
Trato aí de duas questões que hoje são essenciais ao país: balança comercial e produção energética. Nos dois casos, a possível candidata do PSB à Presidência estava do lado absolutamente errado do debate. Errado por quê? Porque as suas escolhas contribuiriam para afundar o país — e, como e sabido, em casos assim, os pobres pagam o preço primeiro.
Questão política
Não e só isso. Marina fala em nome de uma tal “nova política” que ninguém, até agora ao menos, entendeu direito o que é. É impossível governar o país sem o Congresso, a menos que se queira gerar uma crise institucional dos diabos. Em sua pregação, ela dá a entender que políticos são sempre os outros, nunca ela própria. Por quê? Porque acredita na tal da “mobilização em rede”, que vem a ser a prima rica — e com nível universitário — de movimentos como o MST ou MTST. Nem por isso menos autoritários.
Na verdade, nesse particular, ela vai até um pouco além. Por mais que queira negar, parte do mau espírito das ruas — e não do bom — de junho do ano passado a esta data contou com o seu apoio silencioso. Ela pode se tornar a única beneficiária do ódio à política que tomou as ruas. E é evidente que esse tal espírito não me agrada. A propósito: alguém leu ou ouviu alguma censura de Marina aos black blocs?
O fato de a possível candidata do PSB ter hoje “conselheiros” com uma visão, digamos, mais à direita em economia do que o petismo não me seduz absolutamente. Na verdade, do meu ponto de vista, só torna a equação ainda mais confusa porque não vejo como ela poderia incentivar com a mão esquerda o espírito militante e procurar conter com a direita o rombo nos cofres públicos. Ou por outra: o discurso ideológico de Marina atenta contra o caixa, mas ela se cerca de gurus econômicos que fazem profissão de fé na responsabilidade fiscal.
Na minha coluna de hoje na Folha, critico as patrulhas petistas — ou a seu serviço — que tentam impedir que se formule um pensamento alternativo no Brasil. Busca-se deslegitimar desde a origem qualquer critica organizada ao governo e ao partido oficial. Aécio Neves, do PSDB, é vítima desse procedimento. Eduardo Campos também era. Será que estou a fazer o mesmo com Marina? Uma ova! Estou é criticando aqui o que conheço de sua militância e dizendo por que ela não me serve. Em muitos aspectos, Marina pode representar um perigo ainda maior do que o petismo.
Se ela se eleger presidente e puser em prática o que pensa sobre militância organizada, a relação com os Poderes instituídos, o agronegócio e o setor energético, quebra o país e o conduz a uma crise política sem precedentes. Claro! Uma Marina que conseguisse governar teria de jogar fora a Marina “sonhática”, que está muito mais para “pesadêlica”.
Por Reinaldo Azevedo