sábado, 19 de julho de 2014

O legado imaginário da Copa das Copas foi embora junto com os turistas. Ficou com os brasileiros a conta da Copa da Roubalheira

Dilma, na entrevista coletiva com ministros convocada nesta segunda-feira (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Dilma Rousseff, na entrevista coletiva com ministros convocada nesta segunda-feira (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
BRANCA NUNES
“O Brasil mostrou que estava capacitado e que tinha todas as condições para assegurar infraestrutura, telecomunicações, tratamento adequado aos turistas, às seleções, aos chefes de Estado que viessem nos visitar. O país se superou e nós teríamos de ter a nota máxima”, cumprimentou-se nesta segunda-feira a presidente Dilma Rousseff, na introdução da entrevista coletiva que prometera conceder ao lado de 16 ministros. O que seria o maior evento do gênero em três anos e meio de governo foi a primeira entrevista da história em que não houve perguntas.
A sabatina que se seguiria ao monólogo de abertura foi abortada pela deserção da entrevistada, que invocou a necessidade de decolar rumo ao encontro dos Brics em Fortaleza para abandonar a zona de perigo. Se tivesse ficado por lá, dificilmente escaparia de ser confrontada com a distância que separa a Copa das Copas, que só o governo vê, da Copa da Roubalheira que a imprensa insiste em enxergar
Nesta segunda-feira, por exemplo, uma reportagem publicada pelo Estadão (leia abaixo) mostrou as reais dimensões do que Dilma chama de “legado”. Os projetos vinculados à infraestrutura eram 83 na lista divulgada em 2010. Caíram para 71 – e a maioria está longe da conclusão. Em contrapartida, os gastos saltaram de R$ 23,5 bilhões para R$ 29,2 bilhões. Até agora.
A malandragem federal incluiu a substituição de trens e monotrilhos por meros corredores de ônibus ─ sem que a despesa diminuísse. Embora o governo ainda não tenha publicado o balanço do Mundial da Fifa, um estudo da Consultoria Legislativa do Senado Federal calculou, em 2011, que a gastança não seria inferior a US$ 40 bilhões.
“Os projetos de construção do VLT de Brasília e de Manaus ficaram no papel”, constatou o Estadão. “O monotrilho de Cuiabá será entregue no segundo semestre de 2015. Em São Paulo, o Expresso Aeroporto, trem que ligaria o centro da cidade a Cumbica, foi cancelado em 2012. E o monotrilho do Morumbi ainda está em construção”. A contabilidade das realizações invisíveis nem inclui promessas delirantes como o trem-bala, que ficou fora da Matriz de Responsabilidades do Mundial.
“Nosso projeto é que esteja integralmente pronto em 2014 ou pelo menos o trecho entre Rio e São Paulo”, afirmou Dilma Rousseff em junho de 2009, época em que era ministra da Casa Civil de Lula. “Pretendemos ter os trens em funcionamento em 2014 porque esta é uma região muito importante em termos de movimentação na Copa”.
Como as obras de mobilidade urbana continuam no papel, os congestionamentos que diariamente atormentam os brasileiros  não paralisaram as cidades-sede graças à decretação de feriados ou pontos facultativos nos dias de jogos e à antecipação das férias escolares por numerosos estabelecimentos de ensino. “Em uma cidade como São Paulo”, lembrou a reportagem, “isso equivale a trocar o deslocamento de seus 10 milhões de moradores pelo de 64 mil torcedores indo para o Itaquerão e outras 30 mil ou 40 mil pessoas concentrando-se na Fan Fest e bares ao redor no centro da cidade, bem como na Vila Madalena, na zona oeste”.
Essa maquiagem também foi feita, por exemplo, nos corredores do BRT (espécie de corredor exclusivo de ônibus) Norte-Sul e Leste-Oeste de Recife e no metrô de Salvador. No primeiro, apenas quatro das 45 estações funcionaram. Nos dias de jogos, os dois meios de transporte só puderam ser utilizados por aqueles que portavam ingressos.
A boa qualidade do transporte aéreo, aprovada por 76% dos turistas estrangeiros na pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira, resultou de operações especiais organizadas pelas próprias empresas, uma vez que as obras previstas para os aeroportos não foram concluídas a tempo. Em Fortaleza, enterrou-se R$ 1,7 milhão num puxadinho construído para fingir por 90 dias que o aeroporto ficou maior.
“No aeroporto de Brasília, o piso na segunda-feira à noite pós-Copa já estava imundo”, observou o jornalista Fernando Rodrigues na Folha desta quarta-feira. “O local continua em obras. Durante o torneio houve a preocupação de lustrar o que era possível. Agora, nos guichês das companhias aéreas já há menos gente trabalhando. Padrão pós-maquiagem”. O aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, além de não ter ampliado o terminal de passageiros no prazo combinado, provavelmente terá rescindido o contrato com a construtora. Motivo: os atrasos recorrentes, que adiaram para 2016 o que já deveria estar em funcionamento.
“Único segmento que não sofreu baixas”, como ressalva a reportagem do Estadão, os estádios consumiram R$ 8 bilhões – 98% originários dos cofres públicos –, fortuna 50% maior do que a prevista em 2010. Aprovadas por 92% dos estrangeiros – também segundo o Datafolha –, as arenas Padrão Fifa começam agora a escancarar o Padrão Dilma.
Quem foi à Arena Pantanal nesta terça-feira para assistir ao jogo entre Vasco e Santa Cruz, pela série B do Brasileirão, espantou-se com o lixo e o entulho dentro e fora dos estádios, com a iluminação precária no entorno, com o policiamento quase inexistente e com a falta de informação. “O chão que antes brilhava apesar de existir mais gente, hoje está imundo, há muita poeira no local e os espaços lounges estão caindo aos pedaços”, descreveu o barman Junior Santana, que trabalhou no local durante a Copa, numa reportagem publicada pelo Estadão nesta quinta-feira. Na sala de imprensa não havia cadeiras, mesas, cabos de energia nem internet wi-fi.
Aprovada por 95% dos turistas, a hospitalidade dos brasileiros é uma das poucas coisas que permanecerão por aqui com o fim da Copa. As obras para inglês se foram na esteira dos estrangeiros que voltaram para casa. O humor nacional tenta resistir ao péssimo desempenho no campo da economia. Como o legado prometido pelo governo, já é bem menor do que foi.
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DO AUGUSTO NUNES-REV VEJA

Malafaia versus PT


Silas Malafaia decidiu partir para cima do PT em seu programa de TV que vai ao ar logo mais. O pastor vai acusar o partido de perseguição política por colocar a Receita Federal para investiga-lo.
Em quase quinze minutos de vídeo (Veja acima), Malafaia revela que desde 2013 o Fisco brasileiro abriu seguidos procedimentos para investigar a Associação Vitória em Cristo, instituição comandada pelo pastor. Mesmo com uma das investigações finalizada sem encontrar qualquer irregularidade nas contas da igreja e outros negócios, a Receita – acusa Malafaia – fazia novas investidas na Associação, muitas vezes pedindo documentos idênticos aos pedidos anteriormente.
Eis algumas frases de um Malafaia indignado com o PT:
- Quer me investigar, me investigue. Dizer que pastor é ladrão é fácil.
- Vou dar uma sugestão ao governo do PT. Por que não manda investigar o filho do Lula que era um pobre rapaz (…) e hoje é um milionário?
- A cúpula deste partido está na cadeira na maior roubalheira da história deste país
Por Lauro Jardim

Maioria das escolas públicas não tem acessibilidade nem rede de esgoto

Metade também não conta com internet, revela Censo Escolar 2013.
'É preciso que haja política de desenvolvimento social por inteiro', diz MEC.

Thiago Reis e Ana Carolina Moreno Do G1, em São Paulo
Escolas sem acessibilidade, sem rede de esgoto, sem quadra de esportes e biblioteca, sem laboratórios de ciências e informática. Essa é a realidade de mais da metade dos colégios públicos do país, segundo dados do Censo Escolar 2013, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Levantamento feito a pedido do G1 pela Fundação Lemann e pela Meritt, responsáveis pelo portal QEdu, mostra a desproporção entre as escolas públicas e privadas no que diz respeito à infraestrutura no Brasil. Na metade dos colégios públicos, por exemplo, não há acesso à internet. Já na rede particular, o número de escolas com computadores conectados chega a quase 90% (veja na página especial a comparação por cidade).
Os dados mostram que só 36% das escolas públicas têm esgoto encanado hoje – mais da metade delas contam apenas com uma fossa –, e 7% das instituições mantidas pelos governos não têm nenhum tipo de estrutura para lidar com os resíduos sólidos. Trata-se de uma enorme diferença em relação às particulares. Na rede privada, só 17% das escolas não contam com o serviço de esgoto encanado.
Para a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Maria Beatriz Luce, os números do Censo expõem vários desafios no setor. “Os dados revelam claramente o contexto histórico-social do direito à educação e das responsabilidades e instrumentos da ação pública no setor. Mas eles não dizem respeito somente à educação, eles revelam as estruturas das desigualdades sociais no nosso país. Se há escolas que não têm esgoto nem internet, é provável que as residências no seu entorno também não tenham. Então é preciso tratar de uma política de desenvolvimento social por inteiro”, afirma.
Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann, diz que é preciso levar em conta que o contexto em que as redes privada e pública estão inseridas é completamente diferente. “A escola pública precisa atender crianças e jovens independentemente da região em que moram e das condições de sua localização, enquanto a escola privada existe quando há um interesse de um ofertante que vê uma demanda disposta a investir uma quantia financeira no ensino de seus filhos. Não por acaso são poucas as escolas privadas na rede rural”, diz.
A partir dos estudos na biblioteca, alunos do Ensino Médio decidiram formar um grupo de teatro (Foto: Igor Savenhado/G1)Vista Alegre do Alto (SP) é exceção no país: todas
as escolas públicas têm acessibilidade, esgoto
encanado, quadra, biblioteca e internet (Foto:
Igor Savenhado/G1)
Para ele, não é a defasagem em comparação com a rede privada que mostra a necessidade de a infraestrutura do ensino público melhorar. “A infraestrutura da rede pública precisa melhorar, pois boas condições para a aprendizagem são direitos dos alunos.”
Deficiências
Uma análise feita pelo G1 nos principais quesitos mostra, entretanto, que as deficiências não têm sido supridas ao longo dos anos. De 2010 a 2013, o percentual de escolas públicas com bibliotecas foi de 27% para 29%. Já a porcentagem de colégios com rede de esgoto subiu de 33% para 36% apenas.
Para Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, há hoje dois desafios latentes: a aquisição de insumos infraestruturais e a manutenção deles. “No caso das escolas públicas, depende do orçamento público. Muitos estados e municípios não têm orçamento suficiente. Então é preciso apoio da União. Aliás, é isso o que diz a Constituição Federal e não é cumprido. Além disso, a União não pode se notabilizar por adquirir equipamentos e depois não colaborar com a manutenção dos mesmos. Não falo apenas deste governo, falo deste e de todos os anteriores”, diz.
Os dados revelam claramente o contexto histórico-social do direito à educação e das responsabilidades e instrumentos da ação pública no setor. Mas eles não dizem respeito somente à educação, eles revelam as estruturas das desigualdades sociais no nosso país"
Maria Beatriz Luce, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação
Existem hoje no país 38.835 escolas privadas e 151.871 escolas públicas, totalizando 190.706 instituições de ensino básico.
Discrepâncias
O percentual de escolas com biblioteca nas duas redes de ensino é um exemplo da discrepante oferta de serviços. Só 29% das públicas contam com o espaço. Já na rede privada, 59% das instituições possuem um espaço com acervo de livros para consulta.
Maria Beatriz diz que o problema nas instituições públicas é a falta de uma sala específica para tal fim. “Livros chegam a todas as escolas. O que às vezes não há é um espaço próprio. Algumas escolas rurais contam com apenas um ambiente, então não há nem espaço físico para uma biblioteca. O que a gente tem tentado fazer é colocar uma biblioteca dentro das salas de aula, para o aluno poder pegar o livro a qualquer hora. Há outros projetos interessantes, de bibliotecas ambulantes, por exemplo.”
Em relação à acessibilidade, tanto as escolas públicas quanto as privadas ficam devendo. Apenas 19% das públicas e 31% das privadas oferecem aos deficientes acesso adequado às suas dependências.
A maior parte das variáveis diz se a escola tem ou não tem alguma coisa, mas não diz nada sobre a qualidade. Assim, pode ser ainda que essas escolas que possuem maior disponibilidade de recursos também possuam infraestrutura de melhor qualidade, o que aumenta ainda mais a desigualdade nas condições de ensino"
Renan Pieri, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas
A secretária de Educação Básica ressalta que, apesar do índice baixo, houve um aumento de 61% em três anos no número de escolas acessíveis. “É algo fantástico, porque mostra uma conscientização da sociedade, que há uma política de inclusão escolar, levando às escolas crianças que antigamente eram isoladas do convívio com outras.”
Em relação à internet nas escolas públicas, Maria Beatriz diz que a meta é que todas contem com o serviço, mas que há barreiras a transpor antes disso. “Às vezes não há nem eletricidade, que é o caso de muitas escolas rurais. Então o Ministério da Educação está trabalhando em um projeto com o Ministério de Minas e Energia para dar prioridade de acesso de energia, à medida em que as redes vão avançando pelo campo, às escolas”, diz, citando que em alguns colégios na Amazônia há iniciativas de acesso à web por meio de placas solares.
Quantidade x qualidade
Segundo o pesquisador Renan Pieri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as escolas só precisam preencher no formulário do Censo se possuem ou não um equipamento e, por isso, os dados não revelam em que estado se encontram essas infraestruturas. “A maior parte das variáveis diz se a escola tem ou não tem alguma coisa, mas não diz nada sobre a qualidade. Assim, pode ser ainda que essas escolas que possuem maior disponibilidade de recursos também possuam infraestrutura de melhor qualidade, o que aumenta ainda mais a desigualdade nas condições de ensino”, afirma.
Sala de computação da escola estadual conta com 25 computadores, todos com acesso à internet (Foto: Igor Savenhago/G1)Metade das instituições de ensino básico tem
acesso à internet; nas privadas, índice chega
quase a 90% (Foto: Igor Savenhago/G1)
Dentro do próprio universo da rede pública, é possível perceber diferenças significativas tanto na oferta como na qualidade. Só 2% das escolas municipais têm um laboratório de ciências, por exemplo, contra 29% das estaduais e 72% das federais.
“Essa diferença também se manifesta geograficamente, sendo que as escolas rurais possuem disponibilidade de infraestrutura muito inferior às urbanas. Tal relação se explica pelo fato de parte significativa das escolas rurais serem municipais. A disponibilidade de infraestrutura em uma escola estadual está bem mais próxima da privada do que a municipal”, diz Pieri.
Segundo Ernesto Faria, da Fundação Lemann, os dados de infraestrutura escolar ilustram “dois Brasis”: o Brasil urbano e o Brasil rural. “O rural está em condições muito piores, e é preciso olhar mais para ele. Muitas comunidades rurais estão em áreas de infraestrutura precária, e os dados de rede de esgoto e acesso à internet são reflexo dos problemas locais”, diz o economista.
Maria Beatriz concorda que é preciso refletir sobre os dados levando em consideração a localização e as mantenedoras dos colégios. Segundo ela, uma leitura por outro viés mostra ainda que a educação infantil, com creches em estado crítico, é a que precisa de mais infraestrutura.
Os dados de infraestrutura escolar ilustram 'dois Brasis': o Brasil urbano e o Brasil rural. O rural está em condições muito piores, e é preciso olhar mais para ele"
Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann
“O que a gente tem feito para auxiliar os municípios é dar a eles um projeto arquitetônico básico de uma escola, com todas as especificações, com uma quadra de esportes ou espaço para recreação, salas adequadas. A prefeitura tem que entrar apenas com a área já terraplanada. Até empresas já qualificadas a gente tem para atender as demandas das localidades, que têm dificuldade de fazer um processo de licitação”, afirma a secretária do MEC. Segundo ela, há hoje 6,7 mil escolas de educação infantil em construção.
De acordo com os números do Censo, as escolas públicas (inclusive as rurais) só superam as particulares em um item: alimentação. Segundo os dados, 100% das escolas municipais, estaduais e federais fornecem uma refeição aos estudantes (ante 29% das privadas). Isso acontece, no entanto, porque a merenda escolar na rede pública é obrigatória por lei.
Índice de infraestrutura
O pesquisador Renan Pieri defende a criação de um índice de infraestrutura escolar, além de um para analisar a formação dos professores. “A ideia é sintetizar todas essas informações do Censo (só no caso do indicador de infraestrutura são mais de 25 variáveis) em indicadores simples que qualifiquem a divulgação dos índices de qualidade da educação. Assim, quando saírem a ANA [Avaliação Nacional de Alfabetização] ou o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] será possível entender quais fatores explicam algumas escolas terem melhor desempenho que outras e separar o que é devido a diferenças de infraestrutura ou qualificação dos docentes e o que é devido às boas práticas e ideias inovadoras que os gestores têm adotado”, diz.
Alunos da escola municipal têm ouvem histórias uma vez por semana, diz pedagoga (Foto: Igor Savenhado/G1)Percentual de bibliotecas nas duas redes de
ensino é discrepante (Foto: Igor Savenhado/G1)
O Censo Escolar é realizado todos os anos e coleta, além de dados sobre a infraestrutura dos estabelecimentos, números de matrículas e estatísticas de abandono e de rendimento escolar. Neste ano, o Inep iniciou a coleta no último dia 28. Ela deve ser feita até o dia 15 de agosto.
Segundo o instituto, as informações são utilizadas para traçar um panorama nacional da educação básica e servem de referência para a formulação de políticas públicas e execução de programas na área da educação, incluindo os de transferência de recursos públicos.
“É necessária uma política de cooperação federativa para combater as desigualdades, aprimorar as condições e induzir um padrão nacional de qualidade nas escolas, não importando se ela é privada, municipal, estadual ou federal”, afirma Maria Beatriz Luce. “O quadro não é satisfatório. Há uma insuficiência da estrutura, que evidencia o baixo valor secular dado à educação. Mas o MEC tem trabalho cada vez mais, investindo também na gestão da educação, com a qualificação de diretores e a formação de professores”, conclui.

Fora dos trilhos

Cadê o porto?
Porto: só na maquete
Em dezembro de 2010, o balanço dos quatro anos do PAC garantiu que o primeiro trecho da Ferrovia que liga Ilhéus (BA) a Caetité (BA), com 537 km de extensão, seria concluído em 30 de dezembro de 2012. O segundo trecho, entre Caetité e Barreiras (BA), com 485 km de extensão, ficaria pronto em 30 de dezembro de 2013.
Pois bem, no 10º Balanço do PAC, divulgado pelo governo no mês passado, promete agora que o primeiro trecho será entregue em 31 de dezembro de 2015 – três anos de atraso. E o outro trecho em 30 de abril de 2016 – ou seja, com 28 meses de atraso. Até agora, nenhum trilho foi instalado.
O que Lula disse em 2010, no balanço dos quatro anos do PAC, comprovou-se verdadeiro.
- Não acredito que outro país, que não a China, esteja fazendo o que nós estamos fazendo em ferrovias.
Verdadeiro, embora com sentido contrário ao que ele disse.
Já seria um caso exemplar do padrão lesma que impera nas obras de infraestrutura. Mas tem mais.
Se a ferrovia ficar pronta mesmo em 2016, não poderá funcionar. Por que? O Porto Sul da Bahia, que será construído em Ilhéus, nem saiu do papel.
Em resumo, a tal ferrovia, que tem um custo de 4,24 bilhões de reais, só poderá transportar nada a lugar algum.
Por Lauro Jardim

ELEIÇÕES 2014: Datafolha mostra Aécio massacrando Dilma no 2º turno em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. Se a isso somarmos uma provável virada em Minas e outros fatores, o quadro sorri para o tucano

(Fotos: Lia de Paula/Agência Senado :: Ueslei Marcelino/Reuters)
Se Aécio derrotar Dilma por larga margem nos dois principais colégios eleitorais do país, estará quase eliminando o total da diferença da presidente para Serra em 2010 (Fotos: Lia de Paula/Agência Senado :: Ueslei Marcelino/Reuters)
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) tem como um dos principais desafios colocados à mesa alcançar uma grande vitória em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil — quase 32 milhões de eleitores, perto de 23% de todo o eleitorado brasileiro –, e a recente pesquisa Datafolha mostra que ele está chegando lá.
Se o segundo turno da eleição fosse hoje, informa o mais confiável instituto de pesquisa de intenções de voto do país, Aécio teria 50% dos votos válidos do maior Estado brasileiro, e a presidente Dilma apenas 31%.
Se projetarmos para a eleição de 5 de outubro o mesmo (e alto) índice de abstenção verificado no segundo turno da eleição de 2010 — 19,5% –, e supormos que haverá, de novo, 2,3% de votos em branco e 4,4% nulos, Aécio teria em números redondos 12 milhões de votos contra 7,4 milhões da presidente.
A diferença entre os dois seria de 4,6 milhões de votos em favor de Aécio.
José Serra venceu Dilma em 2010 em seu próprio Estado natal por apenas 1,8 milhão de votos.
É preciso considerar, também, que a campanha eleitoral mal começou, e mal começou o processo de transferência de votos do governador tucano Geraldo Alckmin para Aécio — Alckmin tem massacrante vantagem sobre todos os adversários no Estado, com 57% das intenções de voto e reeleição garantida no primeiro turno, se o pleito fosse hoje.
Com a campanha eleitoral engatinhando, ainda não é possível medir os efeitos da peregrinação intensa que fará, em boa parte dos 645 municípios paulistas, o candidato a vice de Aécio, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), o senador mais votado da história, com mais de 11 milhões de votos alcançados em 2010. O senador permanecerá percorrendo o Estado durante quase toda a campanha, devendo acompanhar Aécio apenas em viagens pontuais a outros Estados.
Caso esse cenário se confirme, Aécio só com São Paulo diminuirá consideravelmente a diferença de 12 milhões de votos que Dilma livrou sobre Serra no país em 2010.
Se a São Paulo somarmos Minas Gerais, segundo colégio eleitoral do país, com 15,3 milhões de eleitores, o quadro sorri para o candidato tucano.
Dilma derrotou Serra em Minas por 1,8 milhão de votos, e no Estado que governou duas vezes, deixando o poder com 77% de popularidade, as previsões são de que Aécio inverterá dramaticamente a situação. O candidato tucano a governador, o ex-ministro Pimenta da Veiga, estima que Aécio possa sair de do Estado com uma vantagem de 3,5 milhões de votos sobre a presidente — o que significaria, eliminada a vantagem da eleição anterior com os votos conquistados nesta, 5,3 milhões de votos menos naqueles 12 milhões de Dilma em 2010.
Só em São Paulo e em Minas, segundo essa estimativa, os 12 milhões terão caído para 1,8 milhão. E aí temos os Estados que votaram firmes em candidatos tucanos em eleições presidenciais anteriores — Goiás, os dois Mato Grossos, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo…
Aécio, além do mais, dispõe de palanques muito mais fortes do que os de Serra em Estados onde os tucanos foram triturados em 2010, como Bahia, Ceará, Amazonas e Maranhão. Em Pernambuco, onde Dilma explodiu e derrotou Serra por 2,3 milhões de votos, agora haverá um candidato da terra disputando o eleitorado. E por aí vai.
Completando o quadro, o percentual de eleitores que de forma alguma votarão em Dilma, segundo o Datafolha, é de 37% — ao passo que esse percentual negativo, para Aécio, é de 17%.
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Por que Aécio pode ganhar esta eleição: leitura do mapa eleitoral de 2010 mostra que as coisas mudaram, para MUITO melhor, favorecendo o candidato tucano em 2014
DO R.SETTI