segunda-feira, 28 de abril de 2014

Reynaldo-BH: Um escândalo atrás do outro

REYNALDO ROCHA
Não se trata de oposição, mas de salvação. Até onde vai o desmonte do Brasil? Qual o limite da desconstrução que durou anos para ser iniciada?
Perdemos a conta dos escândalos e atos corruptos expostos como em uma vitrine. Há, na verdade, um fato deletério: o lulopetismo.
Este é a raiz de TODA a podridão. Se em Cuba e na Venezuela ainda existe um arremedo de ideologia sem pé nem cabeça – mas brandida como doutrina – por aqui nada existe. É o roubo simples e direto, sem disfarces além do mais repugnante populismo desde Getúlio Vargas.
» Clique para continuar lendo
DO A.NUNES

Na entrevista a um canal da TV portuguesa, Lula insinua que não sabe quem é José Genoino e conhece José Dirceu só de vista


“O que eu acho é que não houve mensalão”, disse o ex-presidente Lula na entrevista concedida à RTP, publicada neste domingo no site da emissora de televisão portuguesa. “Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte”, tratou de desdizer-se na frase seguinte. E mudou de ideia na continuação: “Eu só acho que essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade”.
A hipótese é tentadora para o país que presta. Se a história fosse recontada como se deve, não ficaria sem castigo o chefe supremo do esquema criminoso que produziu o maior escândalo político-policial desde o Descobrimento. Mais: se a verdade prevalecesse, seria restaurada a decisão original do Supremo Tribunal Federal, desfigurada pela nomeação de Teori Zavaschi e Roberto Barroso. Ao tornar majoritária a bancada dos ministros da defesa de culpados, a dupla ajudou a parir a obscenidade segundo a qual  um bando de quadrilheiros é diferente de uma quadrilha.
O camelô de empreiteira não parece preocupado com o destino dos condenados, revelou o melhor dos piores momentos da conversa. Quando a entrevistadora lembrou que estão na cadeia alguns velhos parceiros do entrevistado, Lula admitiu a existência de “companheiros do PT presos”, estacionou numa vírgula e despejou a ressalva abjeta: “Não se trata de gente da minha confiança”.
Nem a turma da cela S13?, decerto perguntaria a jornalista se tivesse mais intimidade com os casos de polícia hospedados na Papuda. Portugueses e brasileiros então descobririam que Lula não sabe direito quem é José Genoino, acha que Delúbio é nome de rio e conhece José Dirceu só de vista.
DO A.NUNES-REV-VEJA

Janot rebate Lula: mensalão teve “julgamento jurídico”

Na VEJA.com:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira que o julgamento do mensalão foi “um processo jurídico, com um julgamento jurídico”. O comentário foi feito a propósito da indecorosa entrevista concedida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma emissora de TV portuguesa. Lula voltou a dizer que o maior escândalo político da história do Brasil não existiu e que a sentença atribuída aos condenados teve “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. “Ele tem todo o direito de falar, todo brasileiro tem. Graças a Deus, a gente vive num país democrático, de liberdade de expressão absoluta, que tem que ser garantida pelo próprio Ministério Público”, disse Janot.
Na entrevista concedida à imprensa portuguesa, Lula tentou se dissociar dos mensaleiros que o ajudaram a fundar o Partido dos Trabalhadores, nos anos 1980, e a conquistar o mais alto posto da República, em 2002. Ele afirmou que embora haja “companheiros do PT presos, não se trata de gente da sua confiança”.
Um desses companheiros é José Dirceu, que chefiou a primeira campanha eleitoral de Lula e depois, no primeiro ano de seu mandato, exerceu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão e passa seus dias atualmente no presídio da Papuda, em Brasília. Outro companheiro é José Genoino, igualmente fundador do PT. Ele ocupou a presidência do partido entre 2002 e 2005, os anos do mensalão.
Por Reinaldo Azevedo

Marco Aurélio reage a Lula: “É um troço doido; é o sagrado direito de espernear”

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, reagiu à crítica bucéfala que Lula fez ao julgamento do mensalão em entrevista à TV portuguesa RTP. Segundo o ex-presidente, o processo teve “80% de política e 20% de decisão jurídica”. Com a ironia costumeira, considerou o ministro, segundo informa a Folha Online: “Não sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço de doido”.
Marco Aurélio foi um dos ministros que acabaram achando, na fase dos embargos infringentes, que houve penas excessivas. De forma indireta, lembrou isso em sua fala, mas considerou: “Só espero que esse distanciamento da realidade não se torne admissível pela sociedade. Na dosimetria, pode até se discutir alguma coisa; agora a culpabilidade não. A culpa foi demonstrada pelo estado acusador”.
Para Marco Aurélio, Lula está apenas recorrendo a seu “sagrado direito de espernear”. E lembrou algo que já observei aqui: “No final do julgamento, eram só três ministros não indicados por ele. A nomeação é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu sempre digo: ‘Não se agradece com a toga’”.
Na mosca! Lula apostava que os ministros nomeados por ele fariam as suas vontades. Na sua cabeça perturbada pelas trocas políticas mais indignas, esperava que seus amigos fossem absolvidos em sinal de agradecimento dos que foram por ele indicados. Lula entende de relações de compadrio e de suserania e vassalagem, não de democracia.
Por Reinaldo Azevedo

Lula, o rei do besteirol investigado em inquérito da PF, diz em Portugal que não houve mensalão. Ou: Mais uma bobagem para sua insuperável coleção

Em Portugal, Lula mostra a língua para os fatos
Em Portugal, Lula mostra a língua para os fatos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu na sexta uma entrevista à TV portuguesa RTP, que foi ao ar no sábado (leia post na home). Mesmo para quem está acostumado a despropósitos; mesmo para quem já disse que não haveria problemas de poluição na Terra se o planeta fosse quadrado; mesmo para quem anunciou que cruzaria o Atlântico para chegar aos Estados Unidos; mesmo para quem já afirmou, na presença do então presidente americano George W. Bush e das respectivas primeiras-damas, que pretendia encontrar o “ponto G” da relação entre os dois países; mesmo para quem já chamou Muamar Kadhafi de “irmão”; mesmo para quem já disse que, na Venezuela, “há democracia até demais”; mesmo para quem já recomendou a Obama que copiasse o nosso SUS; mesmo para quem já comparou a luta por democracia no Irã à reação de descontentamento de uma torcida quando seu time perde o jogo; mesmo para quem já fez pouco caso da eleição de um presidente negro nos EUA, afirmando que quer ver é a eleição de um operário; mesmo para quem já afirmou que o Bolsa Família deixava o povo preguiçoso (antes de ele próprio se fingir de dono do Bolsa Família); mesmo, em suma, para quem é autor de uma impressionante coleção de besteiras, a verdade é que Lula, na entrevista à TV portuguesa, se excedeu, foi além da conta, num misto de cinismo, de estupidez e de falta de apreço pela verdade.
Segundo Lula, “o mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. Mais: disse achar que “não houve mensalão”. Afirmou que não ficaria debatendo decisão da Suprema Corte e anunciou pela undécima vez que “essa história vai ser recontada”. Para ele, tudo não passou de uma tentativa malsucedida “de destruir o PT”. Então vamos ver.
Não houve uma só condenação sem provas no processo do mensalão, como todo mundo sabe. Só três dos ministros que condenaram mensaleiros — Celso de Mello, Marco Aurélio e Gilmar Mendes — não foram indicados para a Corte ou pelo próprio Lula ou por Dilma. O ex-presidente e seu partido, portanto, não podem nem mesmo se dizer vítimas de um “tribunal formado por adversários”. O homem que falava era aquele que teve a publicidade da campanha paga no exterior, em moeda estrangeira, numa conta que o marqueteiro Duda Mendonça mantinha fora do país. Origem do dinheiro? Ninguém sabe. Em duas operações, ficou claro que o Banco do Brasil, por intermédio do fundo Visanet, foi lesado em R$ 76 milhões. Mais do que evidências de pagamento, houve as confissões. O próprio então presidente chegou a dizer em 2005 que houvera sido traído.
É verdade que uma nova história está sendo contada. Pelos petistas. E não passa de uma coleção vergonhosa de mentiras, omissões, mistificações, distorções — escolham aí o substantivo. Prefiram todos. O mais espetacular, e os portugueses não têm obrigação de saber disso, é que um inquérito, aberto pela Polícia Federal, investiga a participação do próprio Lula no mensalão. Foi aberto a pedido do Ministério Público Federal em abril do ano passado. E o caso diz respeito justamente a… Portugal.
O então presidente do Brasil teria intermediado a obtenção de um repasse de R$ 7 milhões de uma fornecedora da Portugal Telecom para o PT, por meio de publicitários ligados ao partido. Os recursos teriam sido usados para quitar dívidas eleitorais dos petistas. De acordo com Marcos Valério, operador do mensalão, Lula intercedeu pessoalmente junto a Miguel Horta, que era o presidente da companhia portuguesa, para pedir os recursos. As informações eram desconhecidas até 2012, quando Valério — já condenado — resolveu contar parte do que havia omitido até então. Isso significa que o homem que concedeu a entrevista ainda pode vir a se tornar um réu do mensalão.
Lula exibiu outra característica notável de sua personalidade política — coisa que, até hoje, o deputado André Vargas, por exemplo, agora sem partido, ainda não entendeu. No PT, o chefão máximo é sempre inocente. Queimam-se fusíveis para preservar Lula de uma descarga elétrica fatal. Indagado sobre a sua proximidade com os mensaleiros presos, não teve dúvida: “Não se trata de gente da minha confiança”. Entenderam?
Mais: Lula repetiu à TV portuguesa uma concepção de honestidade já muitas vezes revelada por ele próprio aqui no Brasil. Prestem atenção! “O importante é que, quando uma pessoa é decente e honesta, as pessoas enxergam é nos olhos. Não adianta dizer que o Lula pratica qualquer ato ilícito porque o povo me conhece”.
Com isso, o ex-presidente está a afirmar que existe no Brasil a categoria dos homens inimputáveis, daqueles que serão sempre inocentes, mesmo que sejam culpados. E, obviamente, ele próprio é um exemplar dessa espécie superior. Assim, não importa o que o homem público faça ou deixe fazer. O que interessa é essa relação de confiança olhos-nos-olhos. Se a população decidir que é inocente, inocente é. É o fim da picada. Já seria uma coisa estúpida porque esse tipo de comportamento permitiria, claro!, que muito bandido passasse por inocente. Afinal, quem disse que o olho revela o criminoso? Mas pode acontecer algo ainda pior: um inocente que não caia nas graças do povo — ou que caia em desgraça — também poderia ser considerado culpado sem ser, certo? Corolário da máxima luliana: ele e seus amigos são sempre inocentes, mesmo quando são culpados; seus adversários são sempre culpados, mesmo quando são inocentes.
Lula também, note-se, está vivendo em outro país; está fora da realidade. Para espanto dos fatos, afirmou: “Acho engraçado algumas revistas estrangeiras dizerem que o Brasil não está bem. Em se tratando de responsabilidade fiscal e de macroeconomia, não tem nenhum país melhor do que o Brasil. O milagre econômico vai se manter, e o Brasil vai continuar crescendo”.
Até a ideia de um “milagre econômico”, o petista copia da ditadura, não bastasse o ufanismo tosco que o PT passou a incentivar. O país tem uma das mais altas taxas de juros do mundo e também um dos menores crescimentos do mundo para países na sua faixa. O déficit nas contas externas no primeiro trimestre é o maior desde 1970: US$ 25 bilhões. O déficit projetado no ano é de US$ 80 bilhões, que deve ser o segundo maior do planeta. Um dos graves problemas do país é justamente a balança comercial. No ano passado, o resultado negativo do setor industrial ficou na casa dos US$ 105 bilhões. Não fosse o agronegócio, com um superávit de mais de US$ 80 bilhões, o país estaria lascado. Segundo Lula, no entanto, nada há no mundo como o Brasil.
Ufanismo tosco, megalomania e desapreço pela verdade. Até agora, convenham, ele tem tudo para achar que essa fórmula dá certo, não é mesmo? Parece, no entanto, que camadas crescentes da população começam a se dar conta do engodo.
Texto publicado originalmente às 2h09
Por Reinaldo Azevedo