quarta-feira, 30 de abril de 2014

Escalado para exaltar a Copa do Brasil Maravilha, Gilberto Carvalho foi expulso do país habitado por gente farta de vigarices


Na chegada à sede do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, cenário da etapa carioca dos “Diálogos Governo-Sociedade Civil Copa 2014″, o sorriso confiante e a voz de orador da turma avisaram que o ministro Gilberto Carvalho estava em casa ─ e cercado por amigos de fé. Decerto imaginou que passaria as duas horas seguintes saboreando aplausos e carícias verbais da plateia amestrada, formada por integrantes dos “movimentos sociais”. Todos estavam ali para aprender que a Copa da Roubalheira, vista de perto, é outra soberba evidência de que o Brasil vai tão bem que, se melhorar, estraga.
Quebrou a cara, informa o vídeo acima. Já na entrada do auditório o sorriso morreu, esganado pela inscrição na faixa pendurada atrás da mesa no palco: NÂO VAI TER COPA. A voz começou a claudicar com as primeiras manifestações de hostilidade. E a autoconfiança foi dissolvida pela pancadaria sonora. Durante 15 minutos, a caixa preta ambulante lutou bravamente para sobreviver a vaias, apupos, risos debochados, apartes desmoralizantes, gargalhadas irônicas e cobranças de promessas ainda estacionadas no palanque.
Enfim rendido ao som da fúria, interrompeu o falatório, deu o encontro por findo, prometeu voltar em agosto e caiu fora da zona conflagrada. Até capitular, o camelô de embustes esforçou-se para vender à freguesia o conto da Copa. Jurou que a mina de dinheiro da Fifa, vista de perto, é uma usina de empregos para nativos. Lembrou que já trabalhou em favela, celebrou o Minha Casa, Minha Vida, culpou a oposição pelo atraso nas obras, pediu paciência aos presentes, fez o diabo. Nada funcionou.
Gilberto Carvalho preparou-se para uma festiva noitada no Brasil Maravilha. Só depois de consumado o fiasco descobriu que estava no Brasil real. É um país habitado por gente farta de vigarices. E é cada vez mais populoso.
DO A.NUNES

Zé Dirceu mora num flat na Papuda.

Nesta terça-feira, uma comissão de deputados federais de diferentes partidos fez uma visita ao mais influente detento da Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, o ex-ministro José Dirceu. O objetivo do grupo, formado majoritariamente por aliados do petista, era tentar atestar que o petista não detém regalias na cadeia e pressionar a Justiça a liberá-lo para trabalhar fora da Papuda durante o dia. Mas não foi o que ocorreu. Ao chegar ao presídio, os parlamentares encontraram o detento 95.413 em uma cela privilegiada, eufórico diante de uma televisão de plasma que exibia a vitória do Real Madrid sobre o Bayern de Munique pela Liga dos Campeões da Europa.
“Estou assistindo ao Real dar uma surra no Bayern”, disse o mensaleiro, sorridente, ao receber a comitiva em sua cela – o time espanhol goleou o rival alemão por 4 a 0.
Segundo relato do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), a cela do petista é a maior do complexo, equipada com micro-ondas, chuveiro quente, televisão e uma cama diferente das demais. Dirceu foi colocado em um espaço de 23 m² no Centro de Internamento e Reeducação (CIR), cujas celas têm padrão de 15 m² e reúnem até quatro detentos. O local servia de cantina, mas passou por uma reforma para receber o ex-ministro.
“A cela do Dirceu é completamente diferente das outras que a gente viu, não há dúvidas. Vimos pessoas com deficiência física que deveriam ficar separadas porque os presos pegam parte da cadeira de rodas para fazer armas. Mas elas seguem misturadas, dormem em colchões piores e tomam banho em chuveiro frio”, afirmou a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que é cadeirante.
Os deputados de oposição reclamaram que o coordenador-geral da Sesipe (Subsecretaria do Sistema Penitenciário), João Feitosa, impôs uma série de restrições durante a visita: "Ele queria nos mostrar a cantina, as melhores celas e que seguíssemos o roteiro definido por ele. Disse ainda que não poderíamos ir a outros setores por falta de acessibilidade para a deputada Mara", disse Jordy. Após a insistência, foram liberados três dos cinco parlamentares para visitar outras alas da penitenciária – inclusive a própria Mara Gabrilli, que negou ter enfrentado dificuldades durante o trajeto.
Além de Jordy e Mara Gabrilli, integraram a comitiva os deputados Nilmário Miranda (PT-MG), Luiza Erundina (PSB-SP) e Jean Wyllys (PSOL-RJ).
Podólogo – No mês passado, VEJA revelou uma série de mordomias de Dirceu na Papuda. O petista passa a maior parte do dia no interior de uma biblioteca onde poucos detentos têm autorização para entrar. Lá, ele gasta o tempo em animadas conversas, especialmente com seus companheiros do mensalão, e lê em ritmo frenético para transformar os livros em redações, o que lhe pode garantir dias a menos na cadeia. O ex-ministro só interrompe as sessões de leitura para receber visitas – incluindo um podólogo –, muitas delas fora do horário regulamentar e sem registro oficial algum, e para fazer suas refeições, especialmente preparadas para ele e os comparsas.
Comandada pelo PT, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou a diligência até a Papuda com o objetivo de negar a existência de benefícios aos condenados no julgamento do mensalão e, dessa forma, evitar sanções aos mensaleiros. Além de pressionar pela liberação do trabalho externo para Dirceu, petistas temem que seus companheiros sejam transferidos para uma penitenciária com regime mais duro.
Dirceu está sendo investigado pela Justiça por ter usado um celular dentro da cadeia do secretário da Indústria, Comércio e Mineração do governo da Bahia, James Correia, no dia 6 de janeiro. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, cobrou investigações sobre essa e outras regalias de Dirceu e aguarda um parecer para decidir sobre a autorização para ele trabalhar em um escritório de advocacia. (Veja)
DO CELEAKS

Pressionado, Renan recua e já aceita CPI mista

Em reunião com líderes do PSDB e do DEM, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumiu o compromisso de pedir a todos os partidos que indiquem os seus representantes na CPI mista da Petrobras, que será integrada por 13 senadores e 13 deputados. Mais cedo, Renan solicitara aos líderes partidários que fizessem “imediatamente” apenas as indicações para a CPI do Senado, sem a presença de deputados.
Após rebelião dos deputados, que não admitiram ser excluídos da investigação, Renan recebeu em seu gabinete os líderes do PSDB e do DEM na Câmara e no Senado. Em conversa de uma hora e meia, testemunhada por Eduardo Braga (PMDB-AM), líder de Dilma Rousseff no Senado, Renan concordou em levantar os obstáculos que atravessara no caminho da comissão mista.
À tarde, falando do microfone do plenário, Renan dissera o seguinte: “A oposição sempre deixou clara sua preferência pela CPI mista, mas sua instalação não poderá acontecer por iniciativa do presidente do Senado. A decisão de uma CPI se sobrepor à outra tem que ser política.” Ele marcara para terça-feira (6) uma reunião para discutir o tema com todos os líderes.
Na conversa noturna, Renan declarou que usará o encontro de terça para informar aos líderes sobre sua decisão de estender à CPI mista a mesma solicitação de indicações que fizera para a CPI do Senado. Na prática, Renan transferirá para os partidos a incumbência de definir qual das duas CPIs vai funcionar.
O governo prefere a comissão do Senado, mais fácil de ser controlada. A oposição prefere a CPI mista porque sua composição incluirá governistas dissidentes. Na Câmara, excetuando-se o PT, há dissidentes em todas as legendas governistas. Juntando-se à oposição, esses dissidentes podem produzir maiorias eventuais na CPI.
Estiveram com Renan, além de Eduardo Braga, os senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), além dos deputados Mendonça Filho (DEM-PE), Antonio Imbassahy (PSDB-BA) e Nilson Leitão (PSDB-MT).
DO JDESOUSA

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Reynaldo-BH: Um escândalo atrás do outro

REYNALDO ROCHA
Não se trata de oposição, mas de salvação. Até onde vai o desmonte do Brasil? Qual o limite da desconstrução que durou anos para ser iniciada?
Perdemos a conta dos escândalos e atos corruptos expostos como em uma vitrine. Há, na verdade, um fato deletério: o lulopetismo.
Este é a raiz de TODA a podridão. Se em Cuba e na Venezuela ainda existe um arremedo de ideologia sem pé nem cabeça – mas brandida como doutrina – por aqui nada existe. É o roubo simples e direto, sem disfarces além do mais repugnante populismo desde Getúlio Vargas.
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DO A.NUNES

Na entrevista a um canal da TV portuguesa, Lula insinua que não sabe quem é José Genoino e conhece José Dirceu só de vista


“O que eu acho é que não houve mensalão”, disse o ex-presidente Lula na entrevista concedida à RTP, publicada neste domingo no site da emissora de televisão portuguesa. “Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte”, tratou de desdizer-se na frase seguinte. E mudou de ideia na continuação: “Eu só acho que essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade”.
A hipótese é tentadora para o país que presta. Se a história fosse recontada como se deve, não ficaria sem castigo o chefe supremo do esquema criminoso que produziu o maior escândalo político-policial desde o Descobrimento. Mais: se a verdade prevalecesse, seria restaurada a decisão original do Supremo Tribunal Federal, desfigurada pela nomeação de Teori Zavaschi e Roberto Barroso. Ao tornar majoritária a bancada dos ministros da defesa de culpados, a dupla ajudou a parir a obscenidade segundo a qual  um bando de quadrilheiros é diferente de uma quadrilha.
O camelô de empreiteira não parece preocupado com o destino dos condenados, revelou o melhor dos piores momentos da conversa. Quando a entrevistadora lembrou que estão na cadeia alguns velhos parceiros do entrevistado, Lula admitiu a existência de “companheiros do PT presos”, estacionou numa vírgula e despejou a ressalva abjeta: “Não se trata de gente da minha confiança”.
Nem a turma da cela S13?, decerto perguntaria a jornalista se tivesse mais intimidade com os casos de polícia hospedados na Papuda. Portugueses e brasileiros então descobririam que Lula não sabe direito quem é José Genoino, acha que Delúbio é nome de rio e conhece José Dirceu só de vista.
DO A.NUNES-REV-VEJA

Janot rebate Lula: mensalão teve “julgamento jurídico”

Na VEJA.com:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou nesta segunda-feira que o julgamento do mensalão foi “um processo jurídico, com um julgamento jurídico”. O comentário foi feito a propósito da indecorosa entrevista concedida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a uma emissora de TV portuguesa. Lula voltou a dizer que o maior escândalo político da história do Brasil não existiu e que a sentença atribuída aos condenados teve “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. “Ele tem todo o direito de falar, todo brasileiro tem. Graças a Deus, a gente vive num país democrático, de liberdade de expressão absoluta, que tem que ser garantida pelo próprio Ministério Público”, disse Janot.
Na entrevista concedida à imprensa portuguesa, Lula tentou se dissociar dos mensaleiros que o ajudaram a fundar o Partido dos Trabalhadores, nos anos 1980, e a conquistar o mais alto posto da República, em 2002. Ele afirmou que embora haja “companheiros do PT presos, não se trata de gente da sua confiança”.
Um desses companheiros é José Dirceu, que chefiou a primeira campanha eleitoral de Lula e depois, no primeiro ano de seu mandato, exerceu o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Dirceu foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão e passa seus dias atualmente no presídio da Papuda, em Brasília. Outro companheiro é José Genoino, igualmente fundador do PT. Ele ocupou a presidência do partido entre 2002 e 2005, os anos do mensalão.
Por Reinaldo Azevedo

Marco Aurélio reage a Lula: “É um troço doido; é o sagrado direito de espernear”

O ministro Marco Aurélio Mello, do STF, reagiu à crítica bucéfala que Lula fez ao julgamento do mensalão em entrevista à TV portuguesa RTP. Segundo o ex-presidente, o processo teve “80% de política e 20% de decisão jurídica”. Com a ironia costumeira, considerou o ministro, segundo informa a Folha Online: “Não sei como ele tarifou, como fez essa medição. Qual aparelho permite isso? É um troço de doido”.
Marco Aurélio foi um dos ministros que acabaram achando, na fase dos embargos infringentes, que houve penas excessivas. De forma indireta, lembrou isso em sua fala, mas considerou: “Só espero que esse distanciamento da realidade não se torne admissível pela sociedade. Na dosimetria, pode até se discutir alguma coisa; agora a culpabilidade não. A culpa foi demonstrada pelo estado acusador”.
Para Marco Aurélio, Lula está apenas recorrendo a seu “sagrado direito de espernear”. E lembrou algo que já observei aqui: “No final do julgamento, eram só três ministros não indicados por ele. A nomeação é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu sempre digo: ‘Não se agradece com a toga’”.
Na mosca! Lula apostava que os ministros nomeados por ele fariam as suas vontades. Na sua cabeça perturbada pelas trocas políticas mais indignas, esperava que seus amigos fossem absolvidos em sinal de agradecimento dos que foram por ele indicados. Lula entende de relações de compadrio e de suserania e vassalagem, não de democracia.
Por Reinaldo Azevedo

Lula, o rei do besteirol investigado em inquérito da PF, diz em Portugal que não houve mensalão. Ou: Mais uma bobagem para sua insuperável coleção

Em Portugal, Lula mostra a língua para os fatos
Em Portugal, Lula mostra a língua para os fatos
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu na sexta uma entrevista à TV portuguesa RTP, que foi ao ar no sábado (leia post na home). Mesmo para quem está acostumado a despropósitos; mesmo para quem já disse que não haveria problemas de poluição na Terra se o planeta fosse quadrado; mesmo para quem anunciou que cruzaria o Atlântico para chegar aos Estados Unidos; mesmo para quem já afirmou, na presença do então presidente americano George W. Bush e das respectivas primeiras-damas, que pretendia encontrar o “ponto G” da relação entre os dois países; mesmo para quem já chamou Muamar Kadhafi de “irmão”; mesmo para quem já disse que, na Venezuela, “há democracia até demais”; mesmo para quem já recomendou a Obama que copiasse o nosso SUS; mesmo para quem já comparou a luta por democracia no Irã à reação de descontentamento de uma torcida quando seu time perde o jogo; mesmo para quem já fez pouco caso da eleição de um presidente negro nos EUA, afirmando que quer ver é a eleição de um operário; mesmo para quem já afirmou que o Bolsa Família deixava o povo preguiçoso (antes de ele próprio se fingir de dono do Bolsa Família); mesmo, em suma, para quem é autor de uma impressionante coleção de besteiras, a verdade é que Lula, na entrevista à TV portuguesa, se excedeu, foi além da conta, num misto de cinismo, de estupidez e de falta de apreço pela verdade.
Segundo Lula, “o mensalão teve 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. Mais: disse achar que “não houve mensalão”. Afirmou que não ficaria debatendo decisão da Suprema Corte e anunciou pela undécima vez que “essa história vai ser recontada”. Para ele, tudo não passou de uma tentativa malsucedida “de destruir o PT”. Então vamos ver.
Não houve uma só condenação sem provas no processo do mensalão, como todo mundo sabe. Só três dos ministros que condenaram mensaleiros — Celso de Mello, Marco Aurélio e Gilmar Mendes — não foram indicados para a Corte ou pelo próprio Lula ou por Dilma. O ex-presidente e seu partido, portanto, não podem nem mesmo se dizer vítimas de um “tribunal formado por adversários”. O homem que falava era aquele que teve a publicidade da campanha paga no exterior, em moeda estrangeira, numa conta que o marqueteiro Duda Mendonça mantinha fora do país. Origem do dinheiro? Ninguém sabe. Em duas operações, ficou claro que o Banco do Brasil, por intermédio do fundo Visanet, foi lesado em R$ 76 milhões. Mais do que evidências de pagamento, houve as confissões. O próprio então presidente chegou a dizer em 2005 que houvera sido traído.
É verdade que uma nova história está sendo contada. Pelos petistas. E não passa de uma coleção vergonhosa de mentiras, omissões, mistificações, distorções — escolham aí o substantivo. Prefiram todos. O mais espetacular, e os portugueses não têm obrigação de saber disso, é que um inquérito, aberto pela Polícia Federal, investiga a participação do próprio Lula no mensalão. Foi aberto a pedido do Ministério Público Federal em abril do ano passado. E o caso diz respeito justamente a… Portugal.
O então presidente do Brasil teria intermediado a obtenção de um repasse de R$ 7 milhões de uma fornecedora da Portugal Telecom para o PT, por meio de publicitários ligados ao partido. Os recursos teriam sido usados para quitar dívidas eleitorais dos petistas. De acordo com Marcos Valério, operador do mensalão, Lula intercedeu pessoalmente junto a Miguel Horta, que era o presidente da companhia portuguesa, para pedir os recursos. As informações eram desconhecidas até 2012, quando Valério — já condenado — resolveu contar parte do que havia omitido até então. Isso significa que o homem que concedeu a entrevista ainda pode vir a se tornar um réu do mensalão.
Lula exibiu outra característica notável de sua personalidade política — coisa que, até hoje, o deputado André Vargas, por exemplo, agora sem partido, ainda não entendeu. No PT, o chefão máximo é sempre inocente. Queimam-se fusíveis para preservar Lula de uma descarga elétrica fatal. Indagado sobre a sua proximidade com os mensaleiros presos, não teve dúvida: “Não se trata de gente da minha confiança”. Entenderam?
Mais: Lula repetiu à TV portuguesa uma concepção de honestidade já muitas vezes revelada por ele próprio aqui no Brasil. Prestem atenção! “O importante é que, quando uma pessoa é decente e honesta, as pessoas enxergam é nos olhos. Não adianta dizer que o Lula pratica qualquer ato ilícito porque o povo me conhece”.
Com isso, o ex-presidente está a afirmar que existe no Brasil a categoria dos homens inimputáveis, daqueles que serão sempre inocentes, mesmo que sejam culpados. E, obviamente, ele próprio é um exemplar dessa espécie superior. Assim, não importa o que o homem público faça ou deixe fazer. O que interessa é essa relação de confiança olhos-nos-olhos. Se a população decidir que é inocente, inocente é. É o fim da picada. Já seria uma coisa estúpida porque esse tipo de comportamento permitiria, claro!, que muito bandido passasse por inocente. Afinal, quem disse que o olho revela o criminoso? Mas pode acontecer algo ainda pior: um inocente que não caia nas graças do povo — ou que caia em desgraça — também poderia ser considerado culpado sem ser, certo? Corolário da máxima luliana: ele e seus amigos são sempre inocentes, mesmo quando são culpados; seus adversários são sempre culpados, mesmo quando são inocentes.
Lula também, note-se, está vivendo em outro país; está fora da realidade. Para espanto dos fatos, afirmou: “Acho engraçado algumas revistas estrangeiras dizerem que o Brasil não está bem. Em se tratando de responsabilidade fiscal e de macroeconomia, não tem nenhum país melhor do que o Brasil. O milagre econômico vai se manter, e o Brasil vai continuar crescendo”.
Até a ideia de um “milagre econômico”, o petista copia da ditadura, não bastasse o ufanismo tosco que o PT passou a incentivar. O país tem uma das mais altas taxas de juros do mundo e também um dos menores crescimentos do mundo para países na sua faixa. O déficit nas contas externas no primeiro trimestre é o maior desde 1970: US$ 25 bilhões. O déficit projetado no ano é de US$ 80 bilhões, que deve ser o segundo maior do planeta. Um dos graves problemas do país é justamente a balança comercial. No ano passado, o resultado negativo do setor industrial ficou na casa dos US$ 105 bilhões. Não fosse o agronegócio, com um superávit de mais de US$ 80 bilhões, o país estaria lascado. Segundo Lula, no entanto, nada há no mundo como o Brasil.
Ufanismo tosco, megalomania e desapreço pela verdade. Até agora, convenham, ele tem tudo para achar que essa fórmula dá certo, não é mesmo? Parece, no entanto, que camadas crescentes da população começam a se dar conta do engodo.
Texto publicado originalmente às 2h09
Por Reinaldo Azevedo

sábado, 26 de abril de 2014

Ex-diretor da Petrobras vira réu por desvio na refinaria Abreu e Lima


Paulo Roberto Costa é chamado em denúncia do Ministério Público Federal de comandante de “organização criminosa” que movimentou pelo menos R$ 26 milhões de obra superfaturada

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ARQUIVO Paulo Roberto Costa, ex-executivo  da Petrobras.  Ele guardava provas de suas transações (Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press)
O juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná, aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, acusados de serem os "comandantes da organização criminosa" que desviou dinheiro público na construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. De acordo com denúncia feita por uma força-tarefa do MPF, responsável pela investigação do caso ao lado da Polícia Federal, Paulo Roberto, quando era diretor da Petrobras, assinou contrato superfaturado com um consórcio liderado pela empreiteira Camargo Correa, que ganhou cerca de R$ 3,4 bilhões para construir uma unidade da refinaria. Segundo o TCU, houve superfaturamento de R$ 446 milhões na obra.

Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, os desvios ocorreram de 2009 até este ano (Foto: Reprodução)

>> Novas provas de corrupção na Petrobras
O dinheiro desviado do contrato foi parar, segundo as investigações, em contas controladas pelo doleiro Youssef - e, parte dele, repassado a Paulo Roberto. Paulo Roberto e Youssef agora são réus por lavagem de dinheiro e participacão em organização criminosa. Podem pegar até 18 anos de prisão. O MPF ainda encaminhará à Justiça outras denúncias contra Paulo Roberto e os demais integrantes da organização criminosa. Irão esmiúçar os crimes de corrupção e peculato cometidos nesse contrato. A PF e a força-tarefa do MPF investigam outras 14 empreiteiras que detinham contratos com a área comandada por Paulo Roberto quando era diretor da Petrobras. Há apurações tambem sobre os contratos internacionais de combustível fechados por Paulo Roberto à frente da Petrobras, em que há indícios de pagamentos de propina. As investigações, portanto, estão no início - e as ramificações do esquema ainda são imprevisíveis. Paulo Roberto também é réu, ao lado de quatro familiares, por ter tentado destruir provas quando agentes da PF apreenderiam documentos em seus endereços.
A construção da refinaria Abreu e Lima é um dos casos mais escancarados de desperdício de dinheiro público nas largas reservas de corrupção descobertas na Petrobras. O custo da obra saltou de R$ 2,5 bilhões iniciais para R$ 20 bilhões. Somente no contrato com o consórico CNCC, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou um superfaturamento de R$ 446,2 milhões. Paulo Roberto comandou a área de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, e era o responsável pelos projetos técnicos para a construção de Abreu e Lima, entre outras refinarias. Na denúncia encaminhada à Justiça, o Ministério Público descreve o ex-diretor como o chefe, em parceria com o doleiro Youssef, de uma "organização criminosa". "(Paulo Roberto) Utilizava de seu cargo e, posteriormente, de suas influências para obtenção de contratos fraudados com a Petrobras", afirmou o MP (leia o documento abaixo).
Investigação do Ministério Público Federal afirma que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, comandava, com o doleiro Alberto Youssef, organização criminosa (Foto: Reprodução)
De acordo com a investigação, a CNCC subcontratou a empreiteira Sanko-Sider para executar parte dos serviços em Abreu e Lima. A Polícia Federal identificou que, no mesmo período em que recebeu pagamentos da CNCC, a Sanko-Sider fez 70 depósitos nas contas bancárias das empresas MO Consultoria e da GFD Investimentos, ambas do doleiro Alberto Youssef. No total foram transferidos R$ 26 milhões. Em seu despacho, o juiz Sérgio Moro afirma que aceita a denúncia porque considera que há provas suficientes "do posicionamento de Paulo Roberto Costa nas duas pontas do esquema criminal, em uma como responsável pela construção da Refinaria Abreu e Lima, tanto na condição de Diretor de Abastecimento da Petrobras como membro do Conselho de Administração da Refinaria Abreu e Lima, e, na outra, como beneficiário de parcelas das 'comissões' ou 'repasses'".
O Consórcio CNCC afirma que “não pode responder por outras empresas e reafirma que jamais teve relações comerciais ou fez repasses de recursos às pessoas e empresas citadas”.
A Sanko-Sider divulgou um comunicado sobre o assunto. “(A empresa) não poderia superfaturar ou subfaturar nada, uma vez que não fez qualquer venda direta à Refinaria de Abreu e Lima. A Sanko-Sider apenas atendeu às empresas privadas que formam os consórcios participantes. Mais uma vez, informamos que todos os contratos da Sanko-Sider foram feitos apenas com empresas privadas, construtoras ou consórcios particulares. A Sanko-Sider não faz vendas diretas à Petrobras, excetuando-se alguns itens para manutenção”, afirma . “Os serviços foram contratados, pagos contra a emissão de notas fiscais, que foram todas devidamente contabilizadas, tributadas e pagas, via sistema bancário, de acordo com a legislação vigente.”
DA REV. EPOCA

Dilma vaiada no Pará.


sexta-feira, 25 de abril de 2014

‘Boa parte da assessoria de Marina puxa baseado’, diz pré-candidato da Rede

O sociólogo Mateus Prado se autodefine como “um dos educadores mais influentes do Twitter.” Neste sábado, ele testará sua influência fora da internet, numa convenção da Rede Sustentabilidade. Irá ao encontro como um dos pré-candidatos da agremiação de Marina Silva ao governo de São Paulo. Há três dias, Mateus foi sabatinado por correligionários. Cometeu inúmeras sinceridades. Uma delas pode ser assistida no vídeo acima.
Instado a dizer o que pensa sobre a maconha, ele evocou um comentário feito por Marina Silva em julho do ano passado. Ao participar de um debate em São Paulo, ela dissera que “pelo menos 70%” da Rede era a favor descriminalização do aborto, da legalização da maconha e da união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Mateus afirmou que, em relação à droga, a estimativa de Marina “foi chute”. Pelas suas contas, “mais de 90% da Rede é a favor” da descriminalização da maconha. Até aí, nada de extraordinário. Até o grão-tucano Fernando Henrique Cardoso já atravessou esse Rubicão. A própria Marina, evangélica, defendera na sucessão de 2010 a realização de um plebiscito.
Mas Mateus Prado levou sua franqueza às fronteiras do paroxismo ao revelar que a relação dos auxiliares de Marina com a maconha não é meramente teórica. “Boa parte da assessoria dela puxa um baseado”, ele fez questão de acrescentar, num desafio à serenidade da líder da Rede e ao conservadorismo do eleitorado de São Paulo.
“Isso não tem nada demais, porque não faz mal”, Mateus tentou amenizar. “O uísque faz muito pior do que a maconha. Nós temos que tratar isso como política de Estado de saúde.” Confundiu-se ao dizer que é necessário “tirar a responsabilidade do traficante”. Em verdade, quis dizer que convém aliviar a punião do usuário da droga. Defendeu, de resto, que o Brasil imite Portugal, onde se desenvolve o que chamou de “a melhor política” nessa área.
Facebook/ReproduçãoBeneficiário da “filiação solidária” que o PSB ofereceu a Marina e aos seus seguidores depois que o TSE negou registro à Rede, Mateus não soou grato. “Eu só fui me filiar ao PSB no último dia”, disse. Só rubricou a ficha depois de ouvir uma ponderação de Fernando Oliveira, membro da comissão estadual da Rede. “O Fernando teve uma conversa séria comigo. [...] Ele falou pra mim: ‘A Erundina foi pra lá e ninguém acha que ela não é séria. É só você fazer as coisas certas.”
A exemplo da maioria da Rede, Mateus avalia que, no momento, há duas “coisas certas” a fazer em São Paulo. A primeira é impedir que o presidente estadual do PSB, deputado Márcio França, empurre o partido para dentro da coligação reeleitoral do governador tucano Geraldo Alckmin. A segunda é bloquear a candidatura do próprio França ao governo paulista.
Mateus disse ter ficado “puto” com uma “brincadeira” que França fez com Walter Feldman, outro pré-candidato da Rede ao Palácio dos Bandeirantes. O mandachuva do PSB estadual dissera que não se opunha à candidatura de Feldman, desde que disputasse a vaga de candidato com ele na convenção do PSB.
“Eu fiquei puto quando ele falou isso pro Feldman”, abespinhou-se Mateus. “Minha vontade é bater no França quando ele fala um negócio desses. Desculpem o temperamento. Não vou bater. Vocês não vão deixar.” Noutro trecho da sabatina, a pretexto de reforçar o desapreço que nutre por França, o orador arrancou aplausos da plateia ao pregar a inversão da chapa presidencial do PSB: Marina na cabeça, Campos na vice.
“Eu odeio Márcio França, não queria ser da chapa dele”, disse Mateus Prado. “Mas eu posso topar ser vice se o Eduardo Campos topar trocar e ser vice da Marina. Eu topo.” Mais adiante, um dos presentes perguntou se o pré-candidato se disporia a liderar um movimento nacional em favor da inversão da chapa. Ao responder, Mateus deu voz à desconfiança que vigora na Rede em relação a Eduardo Campos.
“Eu poderia fazer esse papel também. Mas, se eu estou me propondo a ser candidato a governador para salvar o DNA da Rede, não posso liderar uma coisa que não vai acontecer: a inversão de chapa. Gente, do mesmo jeito que o França é dono aqui, o Eduardo é dono do partido nacionalmente. [...] Não vamos ser inocentes. Não vão deixar a Marina ser candidata.”
Mateus prosseguiu: “Só se o Eduardo for muito elegante, muito inteligente, muito desprendido, coisas que eu não espero dele. O que eu espero dele, minimamente, é que pelo menos parte do programa ele incorpore no governo, não só no discurso.”
Tomado pelo discurso, Mateus Prado seria personagem duro de roer para os amantes de automóvel se um milagre o transformasse em governador de São Paulo. “Nós temos que incentivar a cidade sem carro e ter uma política no Estado de São Paulo bastante agressiva de proibição da utilização do carro.”
Mateus disse que, “se fosse prefeito, proibia a entrada de carro em todo o centro expandido de São Paulo.” Como seu desafio é tornar-se governador, acha que pode “implementar o rodízio estadual.” Para não beneficiar os mais ricos, que têm vários carros, a proibição recairia sobre as pessoas, não sobre as placas dos automóveis. Os motoristas seriam impedidos de dirigir por dois ou três dias na semana. Não é só: o orador defende o fechamento de Congonhas e a inauguração de um novo aeroporto no qual ninguém possa chegar de carro.
 Conforme noticiado aqui, Mateus Prado não é o único pré-candidato que a Rede se dispõe a apoiar. Vencida a etapa da escolha do nome, a turma de Marina terá de convencer o PSB a refugar Alckmin e França para abraçar o seu candidato. Para Mateus, esse é um problema que cabe a Eduardo Campos embalar:
“O único jeito de viabilizar a candidatura é pela [direção] nacional, é botar o problema pro Eduardo Campos. O França nunca vai abrir, porque abrir significa perder os 200, 300 cargos dele [na administração Alckmin]”, exagerou o correligionário de Marina. “É o Eduardo Campos quem precisa sofrer esse problema, que nós estamos criando a partir de hoje…”.
DOJDESOUSA

MPF aciona IBGE para garantir PNAD Contínua

Evelson de Freitas/Folha
O Ministério Público Federal protocolou, em Goiás, uma ação civil pública para obrigar o IBGE a manter o cronograma de realização e divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Signatário da ação, o procurador da República Ailton Benedito de Souza enxergou motivação política no adiamento para janeiro de 2015 da divulgação dos dados.
“A decisão de suspensão das divulgações dos resultados da PNAD Contínua teve unicamente a finalidade de impedir que a população tivesse conhecimento da real conjuntura brasileira no que se refere ao nível de desemprego, em contradição com a propaganda do governo federal”, anotou Ailton em sua petição. “A conduta do IBGE caracteriza flagrante desrespeito aos preceitos constitucionais e legais da publicidade, impessoalidade, moralidade e acesso à informação.”
Na propaganda oficial e nos discursos de campanha, trombeteia-se a taxa de desemprego de 5,4%, apurada pelo mesmo IBGE na Pesquisa Mensal de Emprego (PME). O problema é que a Pnad Contínua, pesquisa trimestral planejada por oito e divulgada pela primeira vez em janeiro passado, o índice de desemprego foi maior: 7,1%.
Deve-se a diferença à amplitude da amostra. Na PME, compilam-se os dados recolhidos nas seis maiores regiões metropolitanas do país. A Pnad Contínua abrange 3.500 municípios em todo o território nacional. Quer dizer: trata-se de uma pesquisa mais ampla e, portanto, mais precisa.
O procurador incluiu na ação judicial um pedido de liminar. Pede que seja revertida imediatamente, antes mesmo do julgamento final do processo, a decisão da presidente do IBGE, Wasmália Bivar, de empurrar para depois das eleições a divulgação da pesquisa mais completa. Ela alegou dificuldades técnicas. Faltaria mão de obra para o manuseio dos dados.
Porém, evocando o noticiário, o procurador Ailton Benedito realçou a interferência de senadores governistas no processo. Por exemplo: em 2 de abril, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, enviou ofício sobre o tema à ministra Miriam Belchior (Planejamento).
No texto, Gleisi declara-se preocupada com uma suposta omissão da Pnad Contínua. Faltaria à pesquisa a aferição da renda domiciliar per capita. O diabo é que essa informação só terá utilidade prática a partir de janeiro de 2016, quando entrará no cálculo da verba que o governo federal é obrigado a distribuir aos Estados. Gleisi quer que a metodologia da Pnad Contínua seja debatida no Congresso.
O Ministério Público pede à Justiça que garanta a divulgação dos dados que o IBGE decidiu sonegar, a começar pela publicação referente ao primeiro trimestre de 2014, que estava marcada para 3 de junho. Pede também que sejam fixadas multas diárias para o caso de descumprimento da ordem judicial: R$ 1 milhão para o IBGE e R$ 100 mil para cada dirigente do órgão.
- Aqui, a íntegra da ação (tem 32 páginas).
DO JDESOUZA

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dilma está fora da lista de “Mais Influentes” da “Time”. Até Mujica, o esquisito, está lá, ao lado de Maduro, o asqueroso

Time influentes
É claro que listas de “mais influentes” têm o peso que têm. Não mudam nada na ordem das coisas. Ao contrário: elas é que são o resultado do que se comenta por aí e indicam a relevância de figuras públicas.
Tudo depende, também, de quem as elabora. Quando se trata da revista “Time”, convém prestar alguma atenção. Ela reflete a percepção que tem o mundo sobre as figuras mais influentes da política, da economia, dos negócios, do showbiz etc.
Muito bem: há quatro latino-americanos na lista das cem personalidades mais influentes da “Time”. O papa Francisco está lá, por razões óbvias. Goste-se ou não de sua atuação — não está entre os meus papas prediletos, confesso —, a verdade é que, por natureza, o cargo lhe dá destaque. De certo modo, não tem de disputar o lugar com ninguém.
Há três outros nomes do subcontinente: Nicolás Maduro, o ditador da Venezuela; José Mujica, o esquisito que governa o Uruguai, e Michelle Bachelet, recém-eleita presidente do Chile, pela segunda vez. Dilma está fora.
Ai, ai…
Tudo somado, o PIB desses três países, em dólares, não chega a 40% do brasileiro: US$ 330 bilhões (Chile), US$ 420 bilhões (Venezuela) e US$ 55 bilhões (Uruguai). O do Brasil passou dos US$ 2 trilhões em 2013. Somadas as populações, são pouco mais de 50 milhões de pessoas; no Brasil, já somos 200 milhões.
No entanto, segundo a “Time”, José Mujica, o exótico, que governa 3,5 milhões de uruguaios, é mais influente do que a nossa Soberana. Não li o motivo que justifica a sua inclusão. Muito provavelmente se deve à legalização e estatização da maconha no país. Vale dizer: um péssimo motivo.
Maduro também não deve estar na turma em razão de alguma virtude. O critério da “Time” não é moral: é de influência e pronto. Hitler e Stálin, a seu tempo, já tiveram seu lugar. A única que pode ter atraído a atenção por alguma qualidade é Bachelet.
Assim, leitores, se Dilma houvesse feito uma grande porcaria, mas reverenciada em certos círculos — como Maduro e Mujica —, é até possível que integrasse a lista. Mas nem mesmo uma bobagem de alcance mundial ela fez. Trata-se apenas de uma figura irrelevante. A presidente de uma das dez maiores economias do mundo, do mais importante, mais populoso e mais rico país da América Latina foi simplesmente ignorada. Espero que, desta feita, o ministro Thomas Traumann se contenha e não decida dar um pito na revista americana…
Não acho que, por isso, Dilma deva dormir na pia. Mas o fato reflete um progressivo desinteresse do mundo pelo Brasil. Acabou o encanto. A revista inglesa “Economist” já pôs o Cristo Redentor na capa, como um foguete. Acabou essa onda.
Ainda assim, Dilma poderia ser uma figura internacionalmente relevante, em razão, por exemplo, de uma política externa audaciosa, robusta. Mas quê… Ninguém liga para o que pensa o governo brasileiro. É justo. Vejam o papel lamentável do Itamaraty na crise venezuelana.
O caso de Maduro, aliás, é emblemático. A “Time” constatou que há mais gente interessada em saber o que pensa um ditador asqueroso do que o que pensa a amiga do ditador asqueroso.
Por Reinaldo Azevedo

A aprovação da devassa nas catacumbas da Petrobras impôs à seita lulopetista a terceira noite de insônia. E vem aí o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório

Na segunda-feira, André Vargas renunciou à renúncia. Para desconsolo dos Altos Companheiros, o despachante de doleiro gostou da ideia de agonizar na Câmara dos Deputados. E se lhe bater a vontade de afundar atirando?
Na terça, os promotores italianos não viram nada de errado no julgamento do mensalão e recomendaram que Henrique Pizzolato seja extraditado para o Brasil. Para aflição dos sacerdotes da seita lulopetista, o bandido fujão não está feliz com o tratamento que lhe dispensaram o PT e o Planalto. E se contar o que sabe sobre o Banco do Brasil?
Nesta quarta-feira, a ministra Rosa Weber decidiu-se pela instauração de uma CPI destinada a investigar exclusivamente as patifarias que jorram na Petrobras. Para desespero dos inventores do patriotismo em barris, vai começar a devassa das catacumbas que ocultam o colossal acervo de maracutaias. A insônia de Dilma Rousseff começou faz tempo. E Lula vai perder a voz de novo.
Ainda faltam quinta e sexta. Fora o sábado, que por aqui é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório. O que vem por aí vai convencer muita gente de que, neste ano, agosto chegou em abril.
DO A.NUNES-REV VEJA

A casa não pode cair


Por J.R. Guzzo
Veja
Todo brasileiro de olhos abertos para o que está acontecendo no país em geral, e na sua própria vida em particular, sabe muito bem que a coisa está preta.
Há mil e uma razões para isso, como se pode verificar todos os dias pelo noticiário; seria pretencioso, além de inútil, tentar fazer uma lista de todas.
Basta dizer, para encurtar o assunto, que, segundo as últimas pesquisas de opinião, mais de 70% da população acha que assim não vai, e quer mudanças na ação do governo como um todo.
Será que os brasileiros, finalmente, se convenceram de que estão sendo dirigidos por um dos governos mais incompetentes que já tiveram de aguentar – ou, possivelmente, o mais incompetente de todos?
Mais interessante ainda: a propaganda descomunal que o poder público soca todos os dias em cima da população e o uso sistemático da mentira talvez já não estejam dando os resultados que costumam dar.
A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, ameaça combater a corrupção na Petrobras, mas diz que os `inimigos da empresa` são os que sugeriram mudar seu nome para ´Petrobrax`, cerca de quinze anos atrás, com a intenção secreta de liquidá-la – e, ao mesmo tempo, faz tudo para impedir que se investigue a roubalheira pública de hoje.
Quanta gente acredita num desvario desses? Tudo bem. O Brasil está em petição de miséria, e o presente já é um caso perdido. A pergunta, agora, é a seguinte:
As coisas vão mudar para melhor depois da eleição presidencial de outubro ou vão ficar piores ainda?
Vão ficar piores com certeza, se o Brasil não sair da armadilha que o governo, o PT, e o ex-presidente Lula montaram: eles têm de ganhar todas, pois não podem mais admitir a alternância de poder.
Se admitirem, a casa cai, e a casa não pode cair – pois os que mandam no país não consegue mais viver fora do governo. Manter-se no poder todo mundo quer, nas melhores democracias do mundo.
O problema atual do Brasil é que o PT não apenas quer continuar: precisa continuar, pois, se sair, o mundo de privilégios que construiu para si próprio nos últimos onze anos vai direto para o espaço.
É essa ansiedade, e nada mais, que acaba de trazer Lula para dentro da campanha eleitoral – se Dilma continuar caindo nas pesquisas, é pouco provável que ele próprio e seu partido digam ´que pena`, e fiquem só olhando o desastre acontecer na sua frente.
Aí, para não perderem a situação de proprietários privados do Brasil que conseguiram obter de 2003 para cá, tudo passa a valer:
A presidente pode ser desembarcada sem maior cerimônia de seu posto de candidata à reeleição, e Lula entraria na disputa para salvar a pele de todos.
Como explicar essa deposição de Dilma para o público?
Inventa-se uma história qualquer – esse tipo de coisa jamais foi problema para Lula, um artista em escapar das situações mais sinistras sem explicar nada.
A companheirada, por sua vez, dirá que lamenta – mas que a volta de Lula é essencial para salvar o ´projeto do PT`, caso ele esteja ameaçado de ´destruição` pela ´direita`, pela ´grande mídia`, pelos que ´não se conformam` com a vitória da classe operária etc.
Se a oposição ganhar, dizem, será ´volta da ditadura` - e não é possível permitir tal crime.
´Projeto do PT`? Que diabo seria isso? Nada mais simples: O projeto do PT é não ter projeto nenhum.
Em vez de trabalhar para construir um Brasil mais justo, confortável e promissor para os brasileiros, todo o esforço do partido se concentra em não largar o osso do governo.
Não se trata de desejo: é necessidade.
O que muda, se saírem, não é nada que tenha a ver com ideias, princípios ou valores; o que muda, no duro, é a sua vida material.
Vão embora os 20 mil altos empregos que têm no governo federal. Vão embora as oportunidade ilimitadas de negócios com o poder público. Vão-se embora as Pasadenas, os mensalões, a compra de certas empresas de videogames por empreiteiras de obras, na base dos 10 milhões de reais.
Ficam as fortunas criadas nos porões da Petrobras. Ficam as rosemarys, os youssefs e milhares de outros como eles.
Ficam o caviar de Roseana Sarney, os jatinhos, os planos médicos milionários. Ficam as diárias de hotel a 8 000 euros. Fica um STF obediente.
Mais do que tudo, fica garantida a impunidade.
O PT, como observou há pouco o ex-deputado Fernando Gabeira, é um partido que se baseia totalmente na obediência; não valem nada, ali, mérito, talento ou competição sadia.
A única maneira de subir na vida é obedecendo a Lula – e, para isso, é indispensável que Lula, ou algum dos seus postes esteja no governo.
DO R.DEMOCRATICA

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Ministra do Supremo manda Senado instalar CPI exclusiva sobre Petrobras

Rosa Weber atendeu a pedido formulado por senadores da oposição.
Governistas queriam ampliar abrangência da CPI; cabe recurso ao plenário.
Mariana Oliveira Do G1,
em Brasília
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber determinou na noite desta quarta-feira (23) que o Senado instale uma CPI exclusiva para investigar irregularidades na Petrobras.
Rosa Weber atendeu a pedido de parlamentares da oposição, que queriam ter garantido o direito de uma comissão específica para investigar denúncias sobre a estatal, que incluem a compra de uma refinaria no Texas, suspeita de superfaturamento, e pagamento de propina a funcionários.
A decisão da ministra é liminar (provisória) e valerá até que o plenário do Supremo decida sobre o tema. "Defiro em parte a liminar, sem prejuízo, por óbvio, da definição, no momento oportuno, pelo Plenário desta Suprema Corte", disse a ministra na decisão.

Governistas também foram ao Supremo. Eles pretendiam assegurar a instalação de uma CPI ampliada, que incluísse investigações de obras sob suspeita em estados governados pela oposição. Mas a ministra rejeitou esse pedido.
Os senadores governistas ainda podem recorrer ao plenário do Supremo.
Rosa Weber determinou que seja suspensa uma eventual decisão do plenário do Senado sobre a abrangência da CPI – o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), pretendia esperar uma decisão do Supremo antes de levar o assunto para deliberação do plenário.
Rosa Weber estipulou que a comissão parlamentar de inquérito não terá "objeto alargado", conforme queriam os governistas, mas sim "objeto restrito", como pediu a oposição.
A oposição argumentou que uma comissão ampla teria como objetivo tirar o foco das supostas irregularidades na Petrobras.
Na semana passada, Rosa Weber pediu informações ao Senado antes de tomar a decisão. O presidente da Casa, Renan Calheiros, defendia uma CPI ampliada, como queria o governo.
Na interpretação de Calheiros, a instalação de uma CPI é assunto interno do Congresso que, segundo ele, não está sujeito ao controle do Judiciário.
23/04/2014 
DO R.DEMOCRATICA

Com André Vargas, PT vive fase do pós-cinismo

O PT reedita no microcosmo partidário um debate antigo: o que prevalece na formação de um delinquente, a cultura ou a genética? As opiniões vão de um extremo ao outro. Há os que apostam na influência do ambiente e os que acham que o bandido nasce feito.
Nos casos que envolvem crimes cometidos por miseráveis, os especialistas ainda não conseguiram responder se a sociedade é responsável ou não. No caso do PT, não há dúvidas. Se há alguém que pode ser chamado de um produto do meio é o deputado André Vargas.
Vargas é um filho da cultura mensaleira, que admite usar todos os estratagemas ilegais para atingir os subterfúgios ilegítimos. O companheiro pode escorar sua defesa nas suas circunstâncias. A culpa é do PT, que o estimulou a ser o que é com todas as facilidades, a impunidade e a cumplicidade que assegurou aos filiados do mensalão.
Se a cúpula da legenda, condenada pelo STF e recolhida ao xilindró, não perdeu as regalias partidárias e o poder político, Vargas só podia esperar tolerância e incentivo de uma cultura política cada vez mais caracterizada pela amoralidade. Pilhado com a mão no bolso do doleiro Alberto Yossef, o mínimo que o companheiro merecia era que o PT sentisse remorso do que fez com ele e se apiedasse.
Deu-se, porém, o oposto. O PT adotou com André Vargas a política do mata-e-esfola. Ameaça expulsá-lo da legenda caso não renuncie ao mandato de deputado. Espremido nesta terça-feira (22) por Rui Falcão, presidente do PT federal, Vargas estufou o peito como uma segunda barriga e anunciou: “Não renuncio”.
Abespinhado, Falcão acusou Vargas de prejudicar com sua má reputação as campanhas de Dilma Rousseff ao Planalto, de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo e de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. Vargas deu de ombros. Natural. Se a história recente do PT ensinou alguma coisa é que nenhum companheiro paga pelo que fez. O amigo do doleiro cobra apenas respeito à tradição.
Ao condenar José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, o STF impusera ao PT um desafio. Afora a necessidade de reformular a lorota segundo a qual o mensalão é uma “farsa”, o partido fora convidado a decidir o que fazer com seu estatuto. Ou expulsava de seus quadros os sentenciados ou rasgava o documento.
As hipóteses em que a pena de expulsão deve ser aplicada estão listadas no artigo 231 do estatuto do PT. O item de número VII anota que o filiado será expurgado do partido quando houver “condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado.”
Em 2005, quando o mensalão foi pendurado nas manchetes, Lula declarou-se “traído” e o PT expulsou o tesoureiro Delúbio. Em 2011, já na condição de ex-presidente, Lula esforçava-se para empinar a tese da “farsa” e Delúbio, à época ainda uma condenação esperando para acontecer, foi readmitido na legenda. Dirceu e Genoino jamais foram submetidos à Comissão de Ética partidária. Ao contrário, são celebrados como “guerreiros do povo brasileiro”.
Diferentemente da cúpula mensaleira, André Vargas ainda está solto. O STF ainda nem deliberou sobre o pedido da Procuradoria da República para que seja aberto um inquérito contra ele. É nessa condição que o deputado reivindica do PT o direito de se defender no Conselho de Ética da Câmara, por ora o único foro em que está sendo processado. E o PT, tomado de súbita intransigência: negativo, companheiro. Aos mensaleiros, tudo. Aos amigos de Youssef, os rigores do estatuto.
Louve-se a resistência de André Vargas. Sem nada que o redima, o lobista do doleiro ganhou nova serventia. Tornou-se uma denúncia de carne e osso do meio apodrecido que o produziu. O excesso de promiscuidade e a aliança do PT com o amoralismo produziram um Vargas. Ao ameaçá-lo de expulsão depois de ter servido refresco aos mensaleiros, o partido se desobriga de examinar suas próprias culpas. O petismo mergulhou numa fase nova. Vive a fase do pós-cinismo.
DO JOSIAS DE SOUZA

Henrique Alves cita CPI para apontar a incoerência do PT na PEC da reforma

Sergio Lima/Folha
Desafiado pelo PT, que fechou questão contra a proposta de emenda à Constituição da reforma política, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu pagar para ver. “Se querem assim, vamos para o confronto”, disse. “Vou levar a proposta ao plenário e vamos votar. Quem for contra que mostre a cara.”
Henrique afirmou não acreditar que o PT consiga obstruir a votação. “A maioria da Casa quer votar. Com essa posição radical, eles vão se isolar”. Ele evoca a polêmica criada em torno da CPI da Petrobras para realçar o que definiu como “incoerência” do petismo.
No caso da CPI, o PT tenta cercear o direito constitucional da minoria de investigar a Petrobras sob o argumento de que a maioria do Legislativo deseja incluir na investigação outros enroscos —o cartel dos trens e do metrô de São Paulo e o porto pernambucano de Suape, por exemplo. Na apreciação da reforma política, o PT quer impor a sua vontade minoritária ao desejo da maioria.
E Henrique: “Quando é uma CPI, fazem um absurdo desses. CPI tem que ter fato determinado, as regras são claras. Já fui obrigado a rejeitar CPIs porque tinham vários fatos. Agora, querem incluir três, quatro assuntos numa CPI só. Para isso, a vontade da maioria serve. Para a reforma política, a maioria não serve, porque o PT só quer reforma com voto em lista e financiamento público de campanha. Fora disso, nenhuma reforma politica presta para o PT. Não querem nem discutir, não querem votar. Isso não é democrático.”
O PT decidiu comprar briga contra a reforma política defendida por Henrique Alves num encontro de sua Executiva Nacional. Sob a presidência de Rui Falcão, o colegiado se reuniu quando o presidente da Câmara estava em viagem oficial à China. Conforme noticiado aqui há cinco dias, a legenda aprovou o “fechamento de questão”, uma ferramenta prevista nos seus estatutos, para obrigar os filiados a seguir a posição da legenda, sob pena de expulsão.
A proposta que Henrique deseja votar foi elaborada por um grupo de tabalho pluripartidário criado por ele em junho do ano passado. Participaram 25 deputados. Produziram uma proposta que pode ser lida aqui. Ironicamente, o grupo foi coordenado pelo petista Cândido Vaccarezza (SP). E teve a participação do também petista Ricardo Berzoini (SP). Ex-presidente do PT, Berzoini é, hoje, ministro das Relações Institucionais. Responde pela coordenação política do Planalto.
“O Vaccarezza foi indicado por mim”, recorda o presidente da Câmara. “O Berzoini foi uma indicação do partido. Participou das discussões até o final. Discordou de algumas coisas. Aprovou outras. Querer agora impedir que o Parlamento discuta a proposta só porque não tem o que o PT quer não é, definitivamente, uma atitude democrática. Vou levar a proposta ao plenário.”
Antes de chegar ao plenário, a PEC precisa vencer dois obstáculos. O primeiro é a votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Nessa fase, não se discutirá o mérito da PEC, mas apenas sua “admissibilidade”. Os membros da CCJ dirão se a proposta foi redigida seguindo as boas técnicas legislativas e se não contém nenhuma afronta à Constituição.
Na sequência, a PEC seguirá para uma comissão especial. Nesse colegiado, os deputados poderão alterar o conteúdo da proposta. Só então o presidente da Câmara poderá exercer sua prerrogativa de incluir a matéria na pauta de votações do plenário. Algo que Henrique Alves deseja fazer na primeira quinzena de maio, provavelmente no dia 13.
“Essa votação é um compromisso nosso”, declara. “Quem for contra que vote contra. Vamos aprovar o que for possível. O que não dá é para deixar de examinar porque um partido é contra e quer impedir que os outros votem. O Parlamento quer debater, quer travar uma disputa de ideias. Radicalizar num tema como esse não faz o menor sentido.”
Nas palavras do presidente da Câmara, “o PT está se tornando um partido estigmatizado. Adota posições radicais e acaba se isolando no plenário. É sempre assim. Depois, não sabem por que ficam isolados.”
Henrique arremata: “A reforma é muito ampla. Acaba com o voto obrigatório e com a reeleição. Promove a coincidência das eleições. Altera o processo eleitoral. Trata do financiamento de campanha. Está tudo lá. O PT é contra? Pois que vote contra. Veremos o que será derrotado ou aprovado. Eles sempre disseram que queriam votar uma reforma política. Chegou a hora.”
DO JOSIASDESOUZA

terça-feira, 22 de abril de 2014

SEM ENERGIA, moradores incendeiam posto da Eletrobras


A população do município de Palmeirais, cidade localizada à 100 km da capital, Teresina, vive um drama com a falta de energia que abrange toda a cidade. Após reclamar e não ser atendida, os moradores revoltados decidiram na tarde desta terça-feira (22/04), atear fogo em um posto da Eletrobras, distribuição Piauí.
Segundo informações repassadas por moradores via WattsApp, a cidade convive há três dias sem energia e nenhuma atitude é tomada por parte da Eletrobras. Além da constante falta de energia elétrica, a cidade vive com outro problema grave, a falta de água. A fonte que abastece toda a cidade está há algum tempo sem uma bomba, que realiza a retirada da água e distribui para os moradores.
Revoltada, a população ateou fogo no posto da Eletrobras, e ameaça a todo instante colocar fogo no posto da Agespisa. Palmeirais também está sem o fornecimento de internet.
Caso não tenham suas demandas atendidas, os populares afirmam que continuarão com o manifesto, e que diversos outros pontos do poder público podem ser queimados ou depredados pelos revoltosos.
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Repórter: Manoel José
Publicado Por: Manoel José
DO 180GRAUS

NEIL FERREIRA: “Tanto riso, oh, tanta lambança…”

“Ela diz que vai botá segurança padrão Fifa na Copa. E as obras do PAC? (Foto: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)
Por Neil Ferreira — artigo publicado no Diário do Comércio, da Associação Comercial de São Paulo
Tanto riso Oh quanta lambança
neil-ferreiraMilhões de palhaços na telê-visão. E Miss Piggy nem botou e já ca-ca-re jou, no meio da multidão. Sou zé ketim, vou ficar com o bico fechadim pra não mais tropeçar na língua.
Cacarejou que vai botá (sic) segurança Padrão Fifa na Copa e esse cacarejo é o mesmo de botá e não botou; devia se calar como as patas de respeito, que botam e se calam por boa educação.
Obrigado por me ler sem entender; eu que escrevi não entendi, mas asseguro que é contra. O dia em que escrever a favor, pode me internar em camisa de onze varas. “Camisa de onze varas”: não tenho ideia do que signifique.
Cacarejou e não botou as obras do PAC, de quem é mãe gentil pátria amada Brasil, como cantou o gajo dono do seu terreiro; a dita cuja só ca-ca-rejou.
Aí, saiu aos abraços e risos com o presidenta da PTbras, deu em todos jornais, oh tanto riso quanta lambança, depois que ela, o presidenta da PTbras e mais de muitos milhões de palhaços vendo na televisão, fez da lambança da Pasadena apenas um “mau negócio” e tudo ficou por isso mesmo. Ficou nada.
O cumpanhero Gabrielli, ex-presidente da PTbras e jabuti de Lula, aparece na Falha de S.Paulo dando à Pasadena o status de “bom negócio” e falando no Estadão que a Miss Piggy “não pode abrir mão da responsabilidade na compra da Pasadena”, atirando mais shit in the fan, desmentindo Miss Piggy, vá a gente saber se quem desmentiu foi o mesmo que mentiu.
Tudo ficou na lambancinha de Um Bilhão e Duzentos Milhões de Dólares, um troco perto dos esquecidos Trezentos Bilhões de Dólares em dívidas, uns Duzentos e Vinte Bilhões sumidos em alguns passes de mágica, now you see now you don’t.
Tremenda rasteira na PTbras, jogada às profundezas dos poços até agora inexistentes do pré-sal. Era a décima segunda maior empresa do mundo, virou a duzentésima num-sei- quantésima, desmentindo a mentira do Mãos Sujas, que mentiu na nossa cara a autossuficiência em petróleo, com uma produção que nos transformaria numa Opep.
Você viu se opepamos? Nem Mister Foster, marido da presidenta da PTbras, ocupado que estava com seus negócinhos milionários na maior moita com a mesma PTbras.
“A imaginação oficial transforma em realidade a ficção dos números da caixa-preta da PTbras.” (Foto: Presidência da República/Divulgação)
Miss Piggy, treinada pelo gajo que cacareja de dono do seu terreiro, convocou um convescote de dois mil cumpanheros blogueiros chapas-brancas, pra treinar guerrilha na internet.
Ela cacarejou a conquista dos jovens pela Waleska Popuzuda (sic); talvez vão contratá-la, assim como o gajo desse terreiro foi contratado pra ser Doutor Honórios Causas e cacarejar nas universidades inexistentes da África e do ABC.
Vai botá agora, não a leve a mal, sempre é carnaval (bis). Vai nada, conheço esse galinheiro; daí só sai ovo se for pra fazer omelete pra encher o bucho da cumpanherada.
Abro parênteses para uma palavrinha a quem admira grandes escritores. Abre: Peço uma lágrima para Gabriel García (Gabo) Márquez, que nos deixou, vitimado pelas duas piores moléstias que podem afligir a um autor de obras de arte como ele foi.
Uma, infelizmente, afetou sua capacidade de reconhecer o mundo em que viveu seus últimos anos. Outra, infelizmente, afetou sua capacidade de reconhecer o mundo em que viveu durante quase todos os anos da sua vida produtiva: foi fidelista fanático enquanto lúcido; seria lúcido um fidelista? Fecha.
A realidade é produto da nossa imaginação. Aprendi com Sagan que “A verdade está lá fora” e com Daniken que “Os deuses eram astronautas”. Acredito em Ovnis. Um alien, Einstein, afirmou que “A imaginação é melhor do que o conhecimento”.
Acredito que as gigantescas figuras de Nazca são obras dos aliens e quem duvidar que duvide. Quero vê-las de novo antes que meu prazo de validade se esgote.
Poderosas imaginações imaginaram realidades como o são-paulinismo, as Leis da Gravidade e da Relatividade e a Teoria do Big Bang.
A imaginação oficial transforma em realidade a ficção dos números da caixa-preta da PTbras. A esculhambação teria sido obra de apenas um cara, já em cana e estamos conversados; zé finí. À maneira de Ripley, acredite se quiser.
Se um dia forem abertas as caixas–pretas da Nossa Caixa Deles, do Banco do Brasil Deles, do BNDESDeles, verdadeiras caixas de Pandora, the shit will hit the fan e sentiremos o odor pútrido da matéria-prima com que são elaboradas pelos cumpanheros.
Os fatos, como nas minhas obras, jamais interferiram nas obras deles. IBGE e IPEA, antes referências mundiais, e agora cumpanheros, são meras porcarias a serviço da maior corrupção jamais vista nesse neçepaíz e seus trabalhos transformados em dúvidas. Eu duvido e faço pouco.
Ante uma reportagem devastadora do NY Times sobre as obras apodrecendo ou prometidas e inexistentes dos governos Lula e Dilma, e sobre a guerrilha urbana contra o que FHC estava realizando pelo bem do País, Lula disse na maior cara de pau: “É que a gente não sabia que podia ganhar a eleição”. A cada dia, o PT dá mais provas de que não vale nada.
Seu voto sua arma, atire para matar.
DO RICARDO SETTI

Ataque à garagem deixa R$ 10 mi de prejuízo e 20 mil afetados, diz viação


 

Homens armados renderam segurança e incendiaram 34 ônibus em Osasco
Um dos funcionários da empresa foi obrigado a atear fogo e se queimou.

Trinta e cinco ônibus da viação Urubupungá, em Osasco, na Grande São Paulo, foram incendiados na madrugada desta terça-feira (22). Trinta e quatro estavam na garagem da empresa e um foi atacado quando estava na rua (Foto: Mario Ângelo/Sigmapress/Estadão Conteúdo)Trinta e quatro ônibus da viação Urubupungá, em Osasco, na Grande São Paulo, foram incendiados na madrugada desta terça-feira (22). (Foto: Mario Ângelo/Sigmapress/Estadão Conteúdo)
O ataque a uma garagem da Auto Viação Urubupungá na madrugada desta terça-feira (22) afetou cerca de 20 mil passageiros em Osasco, na Grande São Paulo, e deixou prejuízo estimado pela empresa de pelo menos R$ 10 milhões. Pelo menos seis criminosos fortemente armados, entre eles dois adolescentes, invadiram a garagem de apoio da viação, renderam um manobrista e um segurança e atearam fogo aos ônibus. O prejuízo de R$ 10 milhões não inclui o reparo da infraestrutura da garagem.
Ao todo, 23 veículos ficaram totalmente destruídos e 11 foram parcialmente atingidos pelas chamas no pátio que fica na Rua Águas da Prata, que é uma travessa da Avenida Presidente Médici. Horas antes, dois coletivos da empresa, que possui 21 linhas em Osasco, sofreram tentativas de ataque, mas não chegaram a ficar danificados, segundo a empresa. Inicialmente, a Viação Urubupungá informou que, no total, 35 ônibus foram atingidos, mas depois disse que 34 ônibus chegaram a pegar fogo.
De acordo com o gerente-geral da Urubupungá, Miguel de Albuquerque, pelo menos um dos funcionários foi obrigado pelos criminosos a ajudar a incendiar os coletivos.
“Todos estavam fortemente armados. Eles renderam os funcionários. Dois garotos, que a gente acredita ser menores, foram jogando [o combustível nos ônibus]. Como os menores estavam demorando, eles mandaram dois irem lá jogar também. A ação demorou de três a quatro minutos”, afirmou.
Um funcionário que estava em outra garagem e foi chamado a prestar socorro contou que um dos colegas, obrigado a atear fogo nos coletivos, chegou a ter uma queimadura no braço.
A garagem não tinha câmera de segurança, mas todos os ônibus estavam equipados com câmeras de segurança. A empresa ainda avalia as condições dos aparelhos de ônibus que não ficaram totalmente destruídos para tentar localizar imagens que ajudem na identificação de suspeitos.  Os coletivos que ficaram parcialmente danificados tiveram problemas principalmente nos retrovisores e no parabrisa, onde fica o equipamento que registra as imagens.
Nesta manhã, a empresa organizava uma reunião para discutir as próximas iniciativas a serem tomadas para suprir a necessidade de ônibus em circulação. Coletivos que estavam em manutenção preventiva e ônibus extras foram para as ruas. A empresa, que atua em oito municípios da região metropolitana de São Paulo, avalia a necessidade de remanejar veículos de outros pontos para Osasco.
“Nossa equipe de colaboradores está abalada. Os munícipes de Osasco estão assustados. Toda a comunidade em torno da garagem está apreensiva”, observou Albuquerque.
Segurança
A empresa disse ter buscado o apoio da Polícia Militar e da Empresa Metropolitana de Transportes Urbano (EMTU) para garantir a segurança. De acordo com Albuquerque, a empresa não havia recibo ameaça de ataque. “Existem situações pontuais em alguns bairros no que diz respeito à queima de veículos. É algo que a gente vem sofrendo desde 2006. Desde então, no nosso grupo, a estatística ultrapassa 110 veículos que já foram queimados.”
Um funcionário contou à reportagem que os motoristas costumam ficar em alerta quando acontecem tiroteios na região. “A gente já se prepara para monitorar a frota”, declarou. Na noite de segunda-feira (21), há relatos de uma morte na região durante uma troca de tiros.
A perícia já esteve no local.
DO G1

Olhem aí… Eles começaram a sair da casinha!

Vou imitá-los um pouquinho: “kkk, rá, rá, rá, oinc, oinc, oinc, fuça, fuça, fuça, pum, pum, pum”!!! O PT reuniu fisicamente, no último fim de semana, a sua militância digital num “camping” — escrevi a respeito —, e já se notam os primeiros efeitos na rede. Vejam esta maravilha:
EFEITO PT DIGITAL
Vejam ali este lindão no meio da turma — algumas companhias ali muito me honrariam, mas nem todas. “Mais de R$ 30 mil???” Ah, não nos subestimem!!! O mais engraçado é que os idiotas não sabem nem mesmo distinguir alhos de bugalhos. Imaginem se eu toparia uma conspiração, qualquer uma, com Miriam Leitão, por exemplo — ou ela comigo! —, ainda que fosse para salvar da extinção um glossoescolecídeo… O bicho morreria seco, coitado! Sem contar que ela se preocupa em provar àqueles que a odeiam que ela é bacana, genuflexão que não faço. Ao contrário até. Dado o exclusivíssimo ponto de vista da turma, eu me preocuparia se começassem a me achar um cara legal.
Os vagabundos que ficam fazendo oinc, pum e fuça-fuça debaixo de barracas jamais entenderão! Ainda que, naquela montagem, só houvesse canalhas, cada um o seria à sua maneira e por sua própria conta — ao contrário deles, que são milicianos a soldo, pagos, como de hábito, com dinheiro público. No seu caso, até os borborigmos obedecem a um comando.
Setores da imprensa que vivem hoje sob o ataque dessa súcia fazem questão de se ajoelhar no milho, de pedir desculpas, de se redimir, deixando-se patrulhar pela corja. Vivem, nas sublinhas, se explicando e se justificando, o que é bastante constrangedor: um espetáculo triste de ler, ver e ouvir. A covardia é sempre repugnante. Eu os chamo por aquilo que são: vagabundos, fascistoides, venais e moralmente deformados. Não são meus juízes. Não dependo deles para existir nem os quero como leitores!
Se vocês acessarem a página no Facabook em que esse troço foi publicado, verão que ela existe para odiar a imprensa e para pregar o controle da mídia nos moldes do chavismo. Há gente achando que a melhor maneira de enfrentar o bando é fazer concessões, “mantendo a interlocução”!!! Interlocução com bandido? Não faço! Alguns dos seus alvos, movidos por uma covardia asquerosa, acreditam, por exemplo, que, se me xingarem um pouquinho, poderão ser poupados: “Ó, eu sou diferente, hein!? Também odeio os conservadores, tá? Sempre fui de esquerda! Tirem-me da lista! Falem bem de mim!” Os inocentes e os idiotas ainda não entenderam a natureza do confronto. São, assim, uma mistura de Daladier e Chamberlain, mas adaptados à chanchada autoritária brasileira.
A página não deixa a menor dúvida quanto ao inspirador:
EFEITO PT DIGITAL 2
Não ajoelho, não! Podem babar à vontade. Eu os chamarei por aquilo que são. Pra dentro da casinha!
Por Reinaldo Azevedo

segunda-feira, 21 de abril de 2014

O PMDB está sendo roubado

(*) Percival Puggina –
percival_puggina_01Recapitulemos. O MDB e a ARENA nasceram respectivamente em março e em abril de 1964, como consequência do bipartidarismo imposto pelo art. 18 do Ato Institucional nº 2. Mais tarde, na transição para os anos 80, com o início da abertura, novos partidos surgiram e os maiores, que vinham do período anterior, mudaram de nome. A ARENA virou PDS e o MDB virou PMDB. Durante quase duas décadas, portanto, os principais partidos brasileiros foram esses dois. Um pelo governo e o outro pela oposição. Um mais pela direita, o outro mais pela esquerda. É fato irrecusável, no entanto, que o esforço para levar o país à normalidade ocorreu no âmbito das instituições, dentro do jogo político, na conquista da opinião pública, e que a parte principal dessa tarefa coube ao partido oposicionista, o PMDB.
Simultaneamente, no contrafluxo, algumas dezenas de organizações comunistas clandestinas cometiam desatinos. Promoviam atos terroristas e execuções sumárias, assaltavam, assassinavam, sequestravam pessoas e aeronaves. Recebiam orientação, treinamento e recursos de Cuba, URSS, China. Davam calor local à Guerra Fria (há quem diga que ela não existia aqui e que, embora EUA e URSS disputassem até a Lua e o espaço sideral, os soviéticos olhavam para o insignificante Brasil com desdém). Embora os panfletos que espalhavam entre os resíduos criminosos e mortais de suas ações falassem muito em povo, essas organizações não tinham qualquer apoio popular. Semearam dores e danos, e atrasaram a redemocratização. Descriam da democracia, zombavam dos que faziam oposição no plano das instituições.
Entretanto, não há como negar a utilidade da atuação do PMDB. Foi seu trabalho na formação da opinião pública, apoiado por frações da base governista (parte da qual saiu do PDS e formou a Frente Liberal) que criou o ambiente favorável à abertura “lenta, gradual e segura” de Geisel. E é irrecusável, também, que guerrilheiros e terroristas, nessa longa história, não têm qualquer mérito. Foi a ideologia deles, recusada pelo povo nas ruas do país, que gerou a intervenção militar e foi a opção deles pela luta armada que retardou a normalização institucional.
Pois bem, esse é o grupo que, hoje, hegemoniza nossa política com vários de seus membros promovendo “expropriações” do patrimônio público e agindo, agora como então, fora da lei. É esse mesmo grupo que, de tempos para cá, com inacreditável apoio midiático, enfeitando a própria história, se pavoneia como defensor da democracia e paladino histórico das liberdades públicas.
Não preciso escrever mais nada para demonstrar que o PMDB está sendo roubado de seu principal patrimônio político. Líderes vindos da clandestinidade, da luta errada, por meios errados, para fins ainda mais errados, chegaram ao poder pelo voto. Instalam-se para ficar. E passam a buscar méritos que não têm. Posam como vítimas da ditadura (alguns foram mesmo) e ocultam os tenebrosos objetivos que os moviam. Põem o PMDB a tiracolo e, sem pedir licença a ninguém, dão de mão no trabalho de Ulysses, Tancredo, Fernando Henrique, Montoro, Covas, Simon, Teotônio. E o PMDB, submisso à ditadura do “politicamente correto”, submisso à hegemonia petista, a tudo tolera em troca de quinhões do poder. Alguém tem que ir à delegacia e preencher um B.O..
(*) Percival Puggina (68) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia e Pombas e Gaviões.