quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Texto apócrifo em página do PT chama Eduardo Campos de “tolo”

Em sua página no Facebook, o PT publicou um texto, sem assinatura, em que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é chamado de “tolo”. Segundo o PT, o pré-candidato do PSB à Presidência não tem “projeto, conteúdo nem compostura”.
O texto diz ainda que ele migrou “para a direita”, aliando-se a Marina Silva, tratada como o “ovo da serpente”. A agressão vai mais longe. Segundo os petistas, Campos é produto dos investimentos que o governo federal fez em Pernambuco. Depreende-se da leitura do libelo acusatório que o governador não tem mérito nenhum por liderar uma das gestões mais bem-avaliadas do Brasil. Tudo seria obra do PT e, muito especialmente, de Lula.
O artigo chama os investimentos federais em Pernambuco de “boa vontade dos governos do PT”. Até parece que o dinheiro não é público, mas propriedade do partido. Está na cara que o objetivo é colar em Campos a pecha de “traidor”.
O ataque é desfechado no momento em que crescem as possibilidades de que Marina Silva venha mesmo a ser a vice de Eduardo Campos. Os petistas não gostariam de ver a ex-ministra na disputa. Nas simulações de voto em que aparece como candidata do PSB, ela fica em segundo lugar.
O texto foi escrito para ser replicado na Internet e iniciar a campanha para desmoralizar o pré-candidato do PSB. Eis o PT. Revejam o vídeo abaixo. Lula aparece sobre o palanque em dois momentos. Em 2000, Roseana Sarney era apontada como pré-candidata do então PFL à Presidência. Ocupava o primeiro lugar nas pesquisas. O chefão petista a esculhambava impiedosamente, atacando também seu pai, José Sarney. O segundo momento se deu em 2006. Lula estava disputando a reeleição e fazia um comício no Maranhão, ao lado de Roseana, que já havia se aliado a ele em 2002. Aí a mulher já tinha virado heroína.

ex-inimiga Roseana acabou virando amiga do peito. Já o ex-amigo do peito Eduardo Campos acabou virando inimigo. Os petistas não dão a menor bola para a biografia de seus adversários ou de seus aliados, como bem sabe Paulo Maluf. O petismo classifica as pessoas em heroínas ou bandidas na exata medida em que servem ou não servem a seu projeto.
E é bom Eduardo Campos se preparar. A campanha mal começou. Já dei início aqui à contagem regressiva para que estoure um suposto grande escândalo no governo de Pernambuco. A esta altura, o mercado de dossiês apócrifos já está bastante agitado.
O PT não vê mal nenhum em enlamear a honra de ex-amigos e em funcionar como lavanderia de reputações de ex-inimigos.
Como vocês bem sabem, Eduardo Campos está longe de ser um político da minha predileção, mas o texto apócrifo é mistificador e covarde. Sem contar que parece ter restado a óbvia sugestão de que Lula premiava com dinheiro público a fidelidade de um aliado.
Leiam a íntegra:
A BALADA DE EDUARDO CAMPOS
Por um momento, desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.
Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado.
Estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato a presidente da República –sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem compostura política.
O velho Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto.
E não se trata sequer da questão ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é uma espécie de doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros, um sarampo do oportunismo nacional. Não é isso.
Ao descartar a aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante –a de ser presidente da República–, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo.
Acreditou na mesma mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo “lulo-petismo”, essa expressão também infantilóide criada sob encomenda nas redações da imprensa brasileira.
Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo da serpente chamado Marina Silva, este fenômeno da política nacional que, curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e simples.
Vaidosa e certa, como Campos, de que é a escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma cidadela.
Como até os tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu.
Eduardo Campos é o resultado de uma série de medidas que incluem a disposição de Lula em levar para Pernambuco a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. Sem falar nas obras da transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina. Ou do Estaleiro Atlântico Sul, fonte de empregos e prestígio que Campos usou tão bem em suas estratégias eleitorais.
Pernambuco recebeu 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora.
O estado também ganhou sete escolas técnicas federais, além de cinco campi da Universidade Federal Rural construídos para melhorar a vida do estudante do interior.
Eduardo Campos cresceu, politicamente, graças à expansão de programas como Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem falar no Pronasci, que contribuiu para a diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos mais violentos do País.
Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo.
Arrisca-se, agora, a ser lembrado por ter mantido entre seus quadros um secretário de Segurança Pública, Wilson Damázio, que defendeu estupradores com o argumento de que as meninas pobres do Recife, obrigadas a fazer sexo oral com marginais da Polícia Militar, assim agiam por não resistirem ao charme da farda.
“Quem conhece Damázio, sabe que ele não tem esses valores”, lamentou Eduardo Campos.
Quem achava que conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter muito o que lamentar.
Por Reinaldo Azevedo-Rev Veja

Os decapitados de Roseana também são os decapitados do PT. Ou: Ainda o silêncio vergonhoso de Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo e… Dilma

Os decapitados da governadora Roseana Sarney também são os decapitados do PT, o que explica o silêncio vergonhoso de Maria do Rosário, Ministra dos Direitos Humanos, e José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, a quem está subordinado o sistema penitenciário nacional.
Pouco destaque se dá ao fato, mas o PT elegeu o vice-governador na chapa encabeçada por Roseana. A composição foi uma imposição de Luiz Inácio Apedeuta da Silva. O petista Washington Luiz era o vice-governador até novembro do ano passado. Renunciou para assumir uma vaga no Tribunal de Constas do Estado. Deu-se bem: arrumou um emprego permanente até os 70 anos….
No Maranhão das decapitações, o PT é poder, o que explica o silêncio dos companheiros, inclusive da companheira Dilma Rousseff. Por muito menos, essa gente já falou pelos cotovelos. Lembremo-nos da gritaria quando se deu a tal desocupação do Pinheirinho, em São Paulo. A Polícia Militar cumpria uma decisão judicial. Os extremistas de esquerda infiltrados entre os moradores incitaram o confronto com a Polícia. Um assessor do ministro Gilberto Carvalho estava na turma.
Maria do Rosário falou.
José Eduardo Cardozo falou.
Gilberto Carvalho falou.
Dilma falou — achou a desocupação uma “barbárie”.
Felizmente, ao contrário do que alardearam petistas e afins, não morreu ninguém na operação. Denúncias de maus-tratos e espancamentos vieram a se provar falsas. Em Pedrinhas, no entanto, é tudo verdade. Os petistas não disseram um “a”. Dilma não deve achar aquilo… barbárie!
O governo do Maranhão comentou, sim, o vídeo que exibe as decapitações. Por incrível que pareça, numa nota que espanca o bom senso e a língua, preferiu criticar a divulgação das imagens. Numa nota, disparou o seguinte:
“Divulgar esse tipo de gravação é repudiante, pois só corrobora com uma ação no mínimo criminosa, com apelo sensacionalista e que fere todos os preceitos dos direitos humanos e as leis de proteção ao cidadão e à família [dos detentos mortos], que se vê novamente diante de uma exposição brutal”.
Repudiante? O valente que redigiu esse troço pode ter querido dizer “repugnante”.
O Maranhão desafia a lógica e o bom senso. Há estiagens, sim, no Estado — neste ano, inclusive, 81 municípios sofrem com a falta de chuvas. Mas não há a seca propriamente. Não obstante, como demonstrou reportagem da VEJA.com, está em penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Só ganha de Alagoas. E tem, atenção!, a menor renda per capita do país: apenas R$ 348 reais. Só 4,5% dos 217 municípios do estado contam com rede de esgoto. Segundo o IBGE, 20,8% dos maranhenses são analfabetos.
Por que evocar esses dados num texto que trata da decapitação de detentos? Porque tanto esse show de horrores como os dados sociais do estado remetem a uma mesma questão: a verdadeira tragédia do Maranhão não está na geografia; a verdadeira tragédia do Maranhão não está no clima; a verdadeira tragédia do Maranhão não está na natureza. O mal do Maranhão muda de prenome, mas não muda de sobrenome. Chama-se Sarney.
O homem está no poder, no Estado, pessoalmente ou por intermédio de prepostos, desde 1966. Só a ditadura dos Irmãos Castro, em Cuba, é mais longeva, Sarney também construiu a sua ilha de atraso. Nestes 48 anos em que o Estado está sob a gestão da família, sucessivos governos se encarregaram de transformar a vida da população numa rotina de pobreza e desesperança.
Mas vocês não precisam acreditar em mim. Acreditem na voz do patriarca. Em dezembro, ele concedeu uma entrevista à Rádio Mirante, que pertence à sua família. Em um ano, 59 detentos já haviam sido assassinados. O homem disse esta preciosidade: “Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua”.
Graaande pensador! Como se nota, ele conseguia ver algo de positivo naquelas ocorrências trágicas. Os detentos devem ter ouvido a sua ladainha macabra e ordenaram aos “companheiros” que estavam nas ruas que botassem o terror na população. A menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, morreu às 6h45 de segunda-feira no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos, em São Luís. Ela teve 95% do corpo queimado em um ataque a um ônibus ocorrido no dia 3. A ordem para atacar os ônibus saiu… dos presídios para as ruas.
Não creio que Dilma tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Maria do Rosário tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que José Eduardo Cardozo tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Gilberto Carvalho tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Os petistas só são defensores fanáticos dos direitos humanos no quintal dos adversários
Por Reinaldo Azevedo

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Bispo de Humaitá culpa Governo Dilma pela tragédia entre índios e brancos.

Dom Meirand Francisco Merkel é alemão. É o Bispo de Humaitá. É papo reto. É na jugular do Governo Dilma e do PT. Acompanhou com desespero o conflito entre índios e brancos, que resultou no desparecimento de três inocentes cujos corpos até agora não foram encontrados. A análise de Dom Francisco põe o dedo na ferida e aponta a responsabilidade dos Paulo Maldos da vida, da Funai e das ONGs interacionais no fomento à tragédia. Leiam, abaixo, o artigo de Dom Francisco, publicado na página da CNBB. Pode ser que agora os bispos do Brasil enquadrem o famigerado Conselho Indigenista Missionário, um dos maiores responsáveis pelos conflitos entre índios e brancos no país.
Irmãos e Irmãs de caminhada:
Paz e Bem!

Escrevo este artigo nas vésperas do Ano Novo - chocado ainda pelos acontecimentos que lançaram sombras sobre as festas natalinas nesta Diocese. Todo mundo sabe do sumiço de três cidadãos na BR 230 depois do dia 15 de 12. Mas ninguém sabe precisamente o que aconteceu. Sabemos da dor dos familiares que ficaram sem notícias sobre o paradeiro de seus parentes e se ainda estavam com vida ou se já morreram.
Da parte da Polícia Federal e da FUNAI não houve empenho convincente na elucidação dos fatos. Não é a primeira vez que fatos tristes ficam sem a devida atenção por parte das autoridades constituídas para cuidar da segurança pública.
A lentidão ou o desinteresse da Polícia Federal, da Fundação Nacional do Índio, da Promotoria Pública frustraram familiares, parentes e amigos. Esgotou-se a paciência de uma boa parcela da população e gerou-se o plano de uma manifestação pacífica. Bloqueou-se a travessia sobre o Rio Madeira. Ora, o acesso à Transamazônica é vital para quem quer viajar às cidades de Apuí e Santo Antônio do Matupí, às aldeias indígenas ou chegar à sua casa à beira da Estrada BR 230 – todos ficariam penalizados com este bloqueio.
A intenção foi clara: Chamar a atenção dos governantes em nível Estadual e Federal: Os cidadãos desta parte do Amazonas merecem a mesma atenção e o mesmo amparo que os outros cidadãos neste vasto país. Desde a demarcação das terras, o pedágio imposto sem negociação (outubro 2006) até o desaparecimento de várias pessoas se criou a sensação de impotência e de ausência do Estado. Também os povos indígenas reclamam de uma política antiindigenista! - Até onde o Estado cumpre seu papel? E quem pode pedir satisfação dele no momento do descumprimento¿
Dá para perceber que a revolta não foi – simplesmente – de Brancos contra Índios. Explodiu a frustração também contra um aparato anônimo que se chama Estado. Quantas vezes a população se depara com funcionários que mal atendem, não informam corretamente, não zelam pelo encaminhamento de documentação, não prestam conta dos recursos públicos, enfim parece que ninguém é responsável por nada. A computatorização aumenta esta sensação de impotência. Parece que o cidadão só é bom para pagar impostos...
Ora, o potencial que se descarregou nestes dias causando destruição do patrimônio público, poderia ser empregado para a reorganização de nossa sociedade local. De certa forma vivemos em clima de paz, somos cristãos, não passamos por uma situação de miséria material, temos estruturas e instituições que, embora não perfeitas, prestam alguma ajuda para um convívio decente.
O que falta? Quero apontar alguns itens que me parecem importantes: Precisamos de lideranças que continuamente aperfeiçoam seu papel, que têm agudo grau de consciência ética, que juntam coragem com persistência. Devem ser pessoas que sabem escutar, refletir, partilhar com outras pessoas de bem, elaborar uma estratégia para conseguir os objetivos e que sempre prestam a informação necessária (transparência) para contar com o povo como aliado. E também da parte do povo precisamos das atitudes de escuta e reflexão, debate e participação - da fiscalização das obras e da prestação de contas.
Recordo com saudade da matéria de Organização e Política (OSPB), Moral e Cívica nas escolas. Ou da instituição de Ouvidorias. É urgente repensar a maneira de fazer política e elaborar leis. – O ano eleitoral está aí. Vamos testar o grau de consciência e ética dos nossos representantes antes de dar nosso voto. Somente um belo programa de partido não basta!
DO CELEAKS

Colapso nas cadeias do Maranhão reflete décadas de gestão da família Sarney

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
A sequência de horror registrada nos últimos vinte dias no Maranhão chocou até mesmo uma sociedade já acostumada ao noticiário de crimes brutais. O banho de sangue, com imagens de presos decapitados e esquartejados na penitenciária de Pedrinhas, na Grande São Luís, já deixou 62 detentos mortos no período de um ano. O retrato da barbárie nas cadeias maranhenses inclui ainda estupros de familiares de presidiários nos dias de visitas íntimas. Na última sexta-feira, a selvageria ultrapassou os muros do presídio: ataques a ônibus e delegacias espalharam terror nas ruas de São Luís. Uma criança de 6 anos morreu queimada. O criminoso obedecia a uma ordem de dentro do presídio de Pedrinhas.
Políticos costumam culpar os antecessores pelos problemas crônicos enfrentados por suas gestões. Mas a governadora Roseana Sarney (PMDB), no quarto mandato no Maranhão, não poderá fazê-lo: com exceção de um período de dois anos, o Estado é governado desde 1966 pelos integrantes do clã político de José Sarney. O único revés do grupo ocorreu em 2006, quando Jackson Lago (PDT) derrotou Roseana nas urnas. Mas ele só resistiu até o começo de 2009, dois anos depois da posse: a Justiça Eleitoral tirou o cargo do pedetista sob a acusação de compra de votos. Roseana herdou o mandato, e venceu também as eleições de 2010.
 Sarney nunca fez oposição a um presidente da República: apoiou a ditadura militar enquanto lhe interessou e foi pulando de barco até firmar a improvável aliança com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Dos dois, recebe deferências – e o poder de nomear afilhados em órgãos importantes da administração federal. Enquanto isso, os maranhenses convivem com um cenário desolador: segundo dados do Atlas do Desenvolvimento, o Estado tem o penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), à frente apenas de Alagoas. A renda per capita, de 348 reais, é a menor do país. Apenas 4,5% dos municípios do estado têm rede de esgoto.
 Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,8% dos maranhenses eram analfabetos em 2012. Pior: o número significa um aumento em relação a 2009, quando 19,1% da população não sabiam ler e escrever. Ou seja, durante o governo de Roseana, a situação se agravou – o Maranhão foi o único Estado do Nordeste que regrediu no período.
Um dos poucos índices nos quais o Maranhão não se destacava negativamente no plano nacional era a violência. Mas, como mostra o episódio de Pedrinhas, isto também é passado: entre 2000 e 2010, a taxa de mortes por armas de fogo no Estado subiu 282%. O surgimento de facções criminosas tornou mais evidente o fracasso do governo nessa questão. O governo do Estado falhou ao evitar o conflito sangrento entre criminosos encarcerados e novamente depois, ao tentar debelá-lo. Por fim, receberá ajuda do governo federal para resolver a situação, com a transferência de detentos para outras unidades prisionais do país.
O Maranhão já era pobre quando Sarney assumiu o poder. E sabe-se que não é fácil resolver o problema do subdesenvolvimento crônico. Mas, em 2014, isso já não pode ser usado como desculpa.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

‘Por trás da maquiagem, a crise real da indústria’, um texto de Rolf Kuntz

O pior saldo comercial em 13 anos ─ o pitoresco e discutível superávit de US$ 2,56 bilhões ─ está longe de ser um desastre isolado. Os números da balança retratam com precisão a crise brasileira: uma indústria com enorme dificuldade para competir, o descompasso entre consumo e produção, a política econômica feita de remendos e improvisações e a dependência cada vez maior de uns poucos setores ainda eficientes, com destaque para o agronegócio e a mineração. O menos importante, nesta altura, é apontar a exportação fictícia de plataformas de petróleo, no valor de US$ 7,74 bilhões, como evidente maquiagem dos números. Muito mais instrutivos, nesta altura, são outros detalhes. Uma dissecção da balança comercial, mesmo sumária, dá uma boa ideia dos estragos acumulados na economia em dez anos, especialmente nos últimos seis ou sete.

Sem os US$ 7,74 bilhões das plataformas, a exportação de manufaturados fica reduzida a US$ 85,35 bilhões. Para igualar as condições convém fazer a mesma operação com os números de 2012. Eliminada a plataforma de US$ 1,46 bilhão, a receita desse conjunto cai para US$ 89,25 bilhões. Sem essa depuração, o valor dos manufaturados cresceu 1,81% de um ano para o outro, pela média dos dias úteis. Com a depuração, o movimento entre os dois anos é uma assustadora queda de 5,13%.
Alguns dos itens com recuo de vendas de um ano para o outro: óleos combustíveis, aviões, autopeças, veículos de carga, motores e partes para veículos e motores e geradores elétricos. No caso dos aviões, a redução de US$ 4,75 bilhões para US$ 3,83 bilhões pode estar relacionada com oscilações normais no ritmo das encomendas e da produção. Mas o cenário geral da indústria é muito ruim. No caso dos semimanufaturados, a diminuição, também calculada pela média dos dias úteis, chegou a 8,3%.
Não há como atribuir esse resultado à crise internacional, até porque várias economias desenvolvidas, a começar pela americana, avançaram na recuperação, Para a América Latina e o Caribe, grandes compradores de manufaturados brasileiros, as vendas totais aumentaram 5,6%. Mesmo para a Argentina as exportações cresceram 8,1%, apesar do protecionismo.
O problema no comércio com os mercados desenvolvidos está associado principalmente ao baixo poder de competição da indústria, ou da sua maior parte, e às melhores condições de acesso de produtores de outros países. Mas essa é uma questão política. O governo brasileiro rejeitou em 2003 um acordo interamericano com participação dos Estados Unidos. Com isso deixou espaço a vários países concorrentes. No caso da União Europeia, o grande problema tem sido o governo argentino. É o principal entrave à conclusão do acordo comercial em negociação desde os anos 1990.
O Mercosul, promissor na fase inicial, tornou-se um trambolho com a conversão prematura em união aduaneira. Os quatro sócios originais nunca chegaram sequer a implantar uma eficiente zona de livre-comércio. Mas foram adiante, assumiram o compromisso mal planejado da Tarifa Externa Comum e aceitaram as limitações daí decorrentes. Nenhum deles pode, sozinho, concluir acordos ambiciosos de liberalização comercial com parceiros estranhos ao bloco.
De vez em quando alguém sugere, no Brasil, o abandono da união aduaneira e o retorno à condição de livre-comércio. Poderia ser um recomeço muito saudável, mas o governo brasileiro nem admite a discussão da ideia. A fantasia de uma liderança regional ─ obviamente associada ao terceiro-mundismo em vigor a partir de 2003 ─ tem sido um entrave ainda mais danoso que as amarras da fracassada união aduaneira.
Em 2013 o pior efeito da crise global, para o Brasil, foi a redução dos preços de commodities. Apesar disso, o comércio do agronegócio foi muito bem. Até novembro, o setor exportou US$ 93,58 bilhões de matérias-primas e produtos elaborados e acumulou um superávit de US$ 77,88 bilhões. O saldo final deve ter superado US$ 80 bilhões, valor anulado com muita folga pelo déficit da maior parte da indústria.
Em dezembro, só as vendas de milho em grão, carnes bovina e de frango, farelo e óleo de soja, café em grão, açúcar em bruto e celulose renderam US$ 3,87 bilhões. O quadro especial do setor, com valores discriminados e reorganizados, aparecerá, como sempre, no site do Ministério da Agricultura. Os números serão os do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas a arrumação seguirá um critério diferenciado.
No caso do agronegócio, o poder de competição reflete os ganhos de produtividade acumulados em três décadas, além da manutenção, nos últimos anos, de um razoável volume de investimentos setoriais, como as compras de caminhões e máquinas em 2013. A eficiência tem sido suficiente para compensar, mas só em parte, as desvantagens logísticas.
Quando um setor respeitado internacionalmente mal consegue embarcar seus produtos, é quase uma piada insistir na conversa do câmbio como grande problema da economia nacional. Mas a piada convém a um governo com graves dificuldades para formular e executar uma política de investimentos públicos e privados.
Ainda no capítulo do humor, um lembrete sobre as exportações fictícias de plataformas: o expediente foi realmente criado em 1999 para proporcionar benefícios fiscais à atividade petrolífera. Até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, citou esse fato em entrevista. Mas essas operações nunca foram usadas tão amplamente quanto no último ano. Em 2012, esse item rendeu US$ 1,46 bilhão à contabilidade comercial. Em 2013, US$ 7,76 bilhões, com aumento de 426,4% pela média diária. Apareceu no topo da lista de manufaturados, acima de automóveis, aviões e autopeças. Mas nem isso disfarçou os problemas de uma indústria enfraquecida por anos de incompetência e irresponsabilidade na política econômica
Publicado no Estadão
ROLF KUNTZ

A Copa do Mundo e o marketing oficial do terror preventivo. Ou: O petismo de TPM. Ou ainda: a bola, o aborto e o kit gay

Que título estranho, não? Como é que essas coisas se juntam? Eu mostro. Preparados para a retomada num texto, digamos assim, looongo?
A escumalha a soldo que serve ao governismo na imprensa e no subjornalismo pôs para circular uma teoria conspiratória: a direita — sempre ela, coitadinha! — estaria tramando os piores ardis fara fazer com que a Copa do Mundo seja um fiasco. A trama uniria setores da oposição e a imprensa independente. O objetivo da sabotagem seria, claro!, destituir Dilma Rousseff. E como a tal “direita” faria isso? A canalha não diz. Não diz porque se trata de uma fantasia, de uma mentira estúpida. Os petistas e seus satélites instrumentalizam o marketing do terror preventivo para silenciar a crítica. Não é a primeira vez que recorrem a essa estratégia. Infelizmente, a imprensa séria e as oposições costumam cair no truque. Vamos ver.
O governo brasileiro torrou e está torrando uma fábula, ainda não-calculada, para realizar a Copa. Muitas obras de infraestrutura, especialmente as de mobilidade, previstas no plano original não foram realizadas. O governo as trocou pela decretação de feriado, mudança no calendário escolar, jeitinhos… Seis dos 12 estádios, que deveriam ter sido inaugurados até dezembro do ano passado, ainda não estão prontos. Joseph Blatter, presidente da Fifa, disse jamais ter presenciado atraso tamanho. Ele está na organização desde 1975. Já batemos o primeiro recorde: “nunca antes na história da Fifa…”
Pior: alguns desses estádios serão mesmo elefantes brancos, futuras ruínas. A realização do torneio em tantas capitais foi decidida por um misto de populismo com delírio de grandeza. A brasileirada ficou sem o metrô, as estradas, as vias de acesso… Mas ganhou monumentalidades inúteis. E, no entanto, teremos, sim, Copa do Mundo. Se o Brasil for campeão, Dilma Rousseff pode ganhar ou perder a eleição. O mais provável é que ganhe. Se o Brasil não for campeão, Dilma Rousseff pode ganhar ou perder a eleição. O mais provável é que ganhe. Qual a razão da TPM, da Tensão Pré-Mundial?
Ora, a campanha eleitoral já começou. Os petistas sempre foram muito hábeis em vender o que não fizeram, mas são ainda melhores quando se trata de atribuir a adversários defeitos e intenções que não têm. De resto, é preciso que se esclareça: uma oposição que explorasse os erros e a incompetência do governo na realização da Copa do Mundo ou de qualquer outro evento estaria apenas cumprindo a sua função, a sua obrigação, a sua missão, o seu mandato — adquirido nas urnas: opositores existem para vigiar o governo, apontar as suas falhas e tentar tomar o seu lugar quando há eleições, segundo as regras do jogo. Se a incompetência do governo Dilma for parar no horário eleitoral de seus adversários — coisa em que não acredito —, estaremos apenas diante do corriqueiro em sociedades livres.
Quanto à imprensa, não há muito o que dizer além do óbvio: há aquela que se financia na sociedade — por meio da publicidade privada e das assinaturas — para reportar o que tem de ser reportado, segundo os valores conhecidos por seus leitores, telespectadores, ouvintes e internautas, e há aquele outro “negócio”, financiado com dinheiro público, para fazer propagada governista e difamar seus adversários e críticos. E não custa lembrar de um terceiro grupo: os infiltrados. São agentes do oficialismo que escrevem na grande imprensa, aproveitando-se, para fazer proselitismo, da vantagem que esta lhes oferece e que eles próprios jamais ofereceriam a seus adversários se tivessem o poder que almejam: a pluralidade. Sigamos.
TPM
Sim, existe uma compreensível Tensão Pré-Mundial no governo Dilma. Teme-se o renascimento das manifestações de junho, coisa na qual não acredito — e já digo por quê. Depois de quase 12 anos de petismo no poder, as fragilidades do arranjo e as promessas não-cumpridas são evidentes. Nada, infelizmente, entendo eu, que possa tirar a reeleição de Dilma. O governo tem âncoras outras, que dispensam a eficiência. A máquina assistencialista, que passou a ser chamada, à direita e à esquerda, de “redistribuição de renda”, tem ocupado boa parte do espaço que caberia à política.
“Política” é e será sempre o nome do jogo — e é precisamente nesse ponto que passa a operar o marketing do terror preventivo. Os petistas e sua máquina de propaganda demonizam a divergência com uma eficiência que não se viu nas duas grandes ditaduras do século passado: a do Estado Novo e a militar. A crítica é tratada como sabotagem. Assim, apontar as ineficiências do governo na realização da Copa do Mundo ou demonstrar os desastres de Guido Mantega na condução das políticas monetária, cambial e fiscal não seriam ações compreendidas no escopo da democracia. Nada disso! Num caso e noutro, interesses inconfessáveis estariam a mobilizar a crítica e o crítico.
A renitência da inflação e a contabilidade criativa para fechar as contas não podem, pois, ser tomadas como erros na condução da política econômica. Segundo um dos porta-vozes do oficialismo, Dilma estava apenas fazendo a sua aposta num mundo melhor para os pobres, mas foi atropelada pelos pérfidos interesses das elites, especialmente do capital financeiro — o mesmo que, vejam que coisa curiosa!, financia regiamente o PT e torce de forma nada secreta pela volta de… Lula! É evidente que também essas teorias conspiratórias não param de pé; alimentam-se, a exemplo de todas as outras, da falta de evidências. Ocorre que estamos no terreno da guerrilha ideológica — e, nesse caso, o que vale é a fantasia.
Não acredito
Não aposto — e, em certa medida, gostaria de estar errado — no renascimento das tais “manifestações”. A razão é simples: seja para analisar a “Primavera Árabe”, seja para entender quebra-quebra em São Paulo e Rio, eu não acredito na efetividade do Facebook, mas da Irmandade Muçulmana e das organizações de esquerda, respectivamente. Num caso e noutro, não-mobilizados podem até aderir às ações de rua, mas a centelha original sempre fica a cargo de profissionais. O “junho” brasileiro pode até ter ganhado uma coloração antigovernista em vários momentos, mas o seu ânimo era, entendo eu, de esquerda. Infelizmente, a direita liberal e democrática não dispõe de força para grandes mobilizações de rua — ademais, nem é esse o seu espírito. Nunca se esqueçam de que os protestos violentos nasceram em São Paulo, numa associação entre os petistas radicais e extremistas de esquerda associados. O alvo era o governo Alckmin. Aí o tiro saiu pela culatra. Já demonstrei isso aqui com evidências de sobra.
Assim, ainda que exista a TPM, o governo não leva muito a sério a possibilidade de novos e gigantescos protestos de rua. De resto, seus bate-paus nos sindicatos, nas ONGs, nos movimentos sociais — E NA IMPRENSA — estão e estarão mobilizados para sabotar qualquer tentativa de manifestação antigovernista.
Então por quê?
Então por que essa conversa sobre uma suposta conspiração da direita? Para calar preventivamente a oposição, a imprensa e os críticos, de sorte que tanto o noticiário como as redes sociais sejam inundadas só com discursos laudatórios. Eis o PT: antes mesmo que seus críticos apontem seus defeitos e suas falhas, o próprio partido os anuncia como se fossem manifestação do preconceito de seus adversários. E conta, nesse trabalho, com uma rede poderosa, que une os venais, os quadros ideológicos e, como sempre, os idiotas.
Aborto
Lembrem-se das campanhas eleitorais de 2010 e de 2012. Dilma, a então ministra da Casa Civil de Lula, era uma defensora da legalização do aborto. Chegou a comparar a extração de um feto à de um dente. Segundo ela, ninguém poderia gostar nem de uma coisa nem de outra. Um pensamento humanista e chique. Com Deus, havia deixado claríssima a sua relação: rezava um pouco quando o avião balançava. Em terra firme, entende-se, diminui o seu fervor místico…
Atenção! Isto que vai agora é fato, não opinião. Acompanhei a coisa toda desde o início porque, como vocês sabem, esse é um debate que me interessa. O PT temia as opiniões emitidas por Dilma sobre esses temas. Antes que a campanha do tucano José Serra emitisse qualquer juízo de valor a respeito, teve início a guerra — esta, sim, midiática — acusando o adversário de explorar uma questão que, segundo o petismo, não deveria frequentar o debate político porque se trataria de mera questão… religiosa!
Notem que fantástica impostura! Decidir como o Brasil vai tratar os seus fetos não diria, então, respeito à disputa pelo poder. “A política é laica”, gritavam os pilantras, secundados pelos cretinos. A imprensa, esmagadoramente favorável à legalização do aborto, serviu de porta-voz da pregação petista. Mais do que isso: foi sua propagandista. Não se esqueçam jamais de que o jornalismo brasileiro apoiou, quase unanimemente, o recolhimento de um panfleto impresso por um grupo de católicos que recomendava que não se votasse em candidatos favoráveis ao aborto. O TSE atuava como censor, contrariando a Constituição. Jornalistas aplaudiram porque lhes pareceu razoável censurar uma opinião com a qual não concordavam. Uma vergonha!
O PSDB foi posto na defensiva. Repórteres cobravam agressivamente de Serra se considerava justo que se cobrasse de Dilma a opinião que ela tinha sobre o aborto; queriam saber se isso era compatível com a laicidade da política. Raramente a imprensa foi tão intelectualmente delinquente como naqueles dias.
E agora vem o mais estupefaciente: o PSDB não havia tocado no assunto. A questão não foi levada ao horário eleitoral — nem mesmo os dois vídeos, para confronto: num deles, Dilma se dizia favorável à legalização do aborto; no outro, já candidata, contrária. O trabalho do petismo deu resultado: a petista não foi obrigada a se confrontar com as suas próprias opiniões, e o ônus das negativas caiu no colo do seu adversário. Dez  em marketing; zero em vergonha na cara.
Kit gay
Em 2012, na disputa pela Prefeitura de São Paulo, assistiu-se ao mesmo procedimento. Os petistas sabiam que os absurdos do tal kit gay — vetados até por Dilma Rousseff — poderiam pesar contra Fernando Haddad. O arquivo está aí. Apontei a trapaça desde o início. Antes mesmo que o PSDB definisse o seu candidato, os porta-vozes do partido na imprensa e na subimprensa anunciavam: “Os tucanos vão explorar o kit gay! Isso é preconceito! O que o kit gay tem a ver com a Prefeitura?” Bem, é claro que tem — especialmente quando essa Prefeitura tem milhares de alunos.
E pronto! Lá foi o batalhão de repórteres a tratar o candidato do PSDB como homofóbico — justamente José Serra, o formulador de uma política pública de combate à AIDS, por exemplo, que era e segue sendo uma referência para o mundo. E daí? A delinquência ideológica não respeita competências; ela tem causas.
E, como era de se esperar, o tema ficou longe da campanha. O PSDB preferiu não ligar Haddad à sua própria obra, assim como não ligara, dois anos antes, Dilma às suas próprias opiniões. Pior: tucanos ditos “progressistas”, nos dois casos, preferiram atacar a campanha do seu partido, que seria por demais… conservadora!
Concluindo
A máquina petista e seus serviçais estão de volta com o mesmo procedimento. Agora eles pretendem levar os adversários de Dilma para a defensiva no caso da Copa, acusando-os de tentar sabotá-la. Assim como não se podia lembrar que a petista era uma defensora fanática do aborto e que Haddad havia feito os kits gays, deve-se deixar de lado a incompetência do governo na organização do evento.
Infelizmente, os adversários do PT — e a imprensa séria, que não é adversária de ninguém em matéria partidária — têm caído no truque petista de maneira sistemática. Aqui e ali já vejo críticos do petismo fazendo as suas juras de amor à Seleção, ao nosso futebol, à nossa ginga, essas coisas… A questão de fundo é a seguinte (e ainda voltarei ao tema): enquanto os não-petistas reconhecerem no PT um tribunal legítimo e permitirem que o partido se comporte como seu juiz, será impossível vencê-lo. Em certa medida, é preciso esquecer o PT para derrotar o PT. 
Por Reinaldo Azevedo-Rev.Veja

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Lula é o réu oculto do mensalão


O historiador Marco Antônio Villa deu entrevista a um jornal do interior de São Paulo dizendo que o "Barba" do Dops, vulgo Lula, é o réu oculto do mensalão. É um fato. Ele tem o mérito de dizer isto claramente, mesmo a um repórter que deve ter carteirinha do PT:
Um dos principais historiadores do Brasil, Marco Antonio Villa, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), acredita que as prisões de políticos poderosos devido ao mensalão marca uma nova era para a Justiça brasileira.
“O julgamento do mensalão sinalizou que a leniência com que eram tratados os casos de corrupção é coisa do passado”, disse Villa, em entrevista exclusivo O VALE concedida por e-mail.
Autor do livro “Mensalão: o julgamento do maior caso de corrupção da política brasileira”, ele considera que o ex-presidente Lula (PT) também teria que ser julgado.
“Lula é o réu oculto do mensalão. É impossível que não tenha tomado conhecimento de tudo que o que estava sendo armado à sua volta.
Na entrevista, Villa fala também do caso do cartel no metrô de São Paulo e do mensalão mineiro.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
O ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza classificou o mensalão como o maior escândalo político da história brasileira. O senhor concorda? Por que?
Sim. Não houve nada parecido. O projeto criminoso de poder foi articulado no interior do Palácio do Planalto. Não há nenhum caso semelhante na história do Brasil.
Que análise o senhor faz do julgamento do mensalão para as histórias política e jurídica do Brasil?
Foi um marco. Poderá significar um corte na história jurídica do país. A justiça, finalmente, iniciou o processo (que deve ser longo) de igualizar os cidadãos pois, até hoje, uns brasileiros eram mais iguais que outros.
O senhor acredita que o julgamento do mensalão significou uma ruptura com a impunidade, principalmente em relação a políticos poderosos?
Sim. Nunca na história deste país tivemos, ao mesmo tempo, tantos políticos presos. E não só políticos, mas empresários e também banqueiros.
Qual será, na avaliação do senhor, o reflexo do julgamento do mensalão nos próximos casos de corrupção que serão analisados e julgados pelo STF e pela Justiça brasileira?
O julgamento sinalizou que a leniência com que eram tratados os casos de corrupção é coisa do passado.
O senhor acredita que foi cometida alguma injustiça no julgamento do mensalão, como tem sido dito por advogados, juristas e líderes políticos do PT?
Não. Foi um julgamento absolutamente legal, com amplo direito de defesa, transmitido pela televisão. Quer mais transparência que isso? Os protestos são justificáveis, mas estão distantes do que efetivamente ocorreu.
O que representou para o Brasil a prisão de políticos poderosos como José Dirceu, José Genoino e Valdemar da Costa Neto, principalmente nos casos ocorridos no dia da Proclamação da República?
É o início da refundação da República. Como costumo dizer, Deodoro da Fonseca só anunciou, em 1889, a República que, até hoje, não foi proclamada.
Como analisa as declarações da direção do PT e de presos como José Dirceu e José Genoino de que eles são presos políticos?
São políticos presos. E foram presos por formação de quadrilha, por corrupção ativa, por lavagem de dinheiro, etc. Como disse um ministro do STF, são os marginais do poder.
Como o senhor avalia os casos clínicos do José Genoino e do Roberto Jefferson? Acredita que eles teriam que ter prisão domiciliar ou podem ficar na cadeia como os demais presos?
Cabe à perícia definir cada caso, mas Jefferson, parece, tem o quadro clínico mais grave.
Na opinião do senhor, qual foi a participação do ex-presidente Lula no mensalão? O fato dele não ser julgado compromete a atuação do STF e da Justiça? Tem esperança de que o ex-presidente Lula ainda seja julgado?
Lula é o réu oculto do mensalão. É impossível que não tenha tomado conhecimento de tudo o que estava sendo armado à sua volta.
Qual será o impacto do mensalão nas eleições do ano que vem, principalmente sobre as candidaturas do PT? Acredita que a oposição irá explorar o escândalo durante o pleito?
É difícil estimar. O problema maior é que a oposição é muito ruim de discurso. Mas pode ser, que no momento de maior temperatura da eleição – no caso de segundo turno, o tema tenha alguma centralidade.
O STF e a Justiça preparam o julgamento do mensalão mineiro. Qual a expectativa do senhor em termos de condenações, principalmente do ex-governador Eduardo Azeredo?
O que aconteceu em Minas é diferente do ocorrido na ação penal 470 \[mensalão\]. Entre os réus, é importante destacar, tem também o Mares Guia, que foi ministro do Lula, e o Clésio Andrade, entusiasta das administrações petistas. Mas, é importante destacar, o PSDB não soube enfrentar a questão. O melhor procedimento seria expulsar o ex-governador do partido.
O senhor acredita que o mensalão mineiro será julgado antes das eleições do ano que vem? Se isto não acontecer, acredita que o PT explorará o episódio na eleição de 2014 para desgastar o PSDB?
É improvável. Ainda não foram resolvidos os embargos da AP-470 e tem muito processo na fila. E para o PT é melhor julgar a ação quando a presidência estiver com o Ricardo Lewandowski.
Como analisa as denúncias de formação de cartel nas licitações do metrô paulista e as suspeitas sobre os governos tucanos Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra?
Vamos aguardar o processo. Até agora não passam de especulações. É evidente que tem algo de errado e funcionários podem ter sido corrompidos.
Em termos de corrupção, é possível fazer comparação do caso Siemens com o mensalão?
Não. O caso Siemens é um fato isolado, mas que deve ser apurado, evidentemente. O mensalão foi um projeto de tomada do aparelho de Estado, um golpe, armado pela quadrilha petista que foi condenada.
Na opinião do senhor, o STF e a Justiça também têm que julgar o caso Siemens? Acredita que pode resultar em condenações para o governador Geraldo Alckmin e para José Serra?
O processo sequer foi aberto. Vamos aguardar mas, volto a dizer, são casos e situações distintas.
DO ORLANDO TAMBOSI

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Dilma conseguiu apequenar até a Vale.


A Vale da Dilma vale menos U$ 30 bilhões
 
Em 2011, quando o PT e Dilma derrubaram Roger Agnelli do comando da Vale, após um 2010 com mais de R$ 30 bilhões de lucros, o presidente que lá foi colocado, Murilo Pinto de Oliveira Ferreira(foto), disse: 
"A Vale tem de se posicionar como uma grande multinacional brasileira, com seu valor de mercado preservado e gerando lucros. Mas precisa também atuar em grandes projetos importantes para o País.”
Vencia o pensamento "dílmico" e o grupo de acionistas formado pelo BNDES, Previ e outros fundos aparelhados de pensão. O resultado não demorou a aparecer. 
A Vale ficou na segunda posição entre as empresas que registraram maiores perdas nominais de valor de mercado em 2013, passando de US$ 105,3 bilhões para US$ 75,1 bilhões. O Bradesco, onde seus maiores acionistas, veio abaixo junto com a mineradora, perdendo US$ 10,9 bilhões no valor de mercado. Apenas a Petrobras perdeu mais: U$ 34,1 bilhões. 
Por outro lado, uma das empresas que mais ganharam foi a JBS, alavancada pelo BNDES, que perdeu um monte de dinheiro na Vale: aumentou seu valor de mercado em U$ 2,3 bilhões. É o modelo "dílmico", aquele que diz que existe terrorismo psicológico contra o seu governo. Faça-me o favor! 
DO CELEAKS

Economistas criticam discurso da "Rainha da Suécia".


Aécio Neves (PSDB-MG) foi o primeiro a criticar o discurso de auto-elogio de Dilma Rousseff, no momento em que o país passa por dramas como as cheias e sérios problemas econômicos. Os economistas fizeram coro e dizem que faltou auto-crítica no discurso da presidente. Veja abaixo matéria de O Globo. 
Economistas viram o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff com ceticismo e pouco efeito prático sobre a retomada do investimento. As críticas giraram em torno da fala de Dilma sobre a razão para a falta de confiança de empresários, atribuída pela presidente a uma "guerra psicológica". 
Para o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), o governo mostra resistência em perceber que é o causador da falta de confiança por empresários, fruto, segundo ele, da piora do desempenho fiscal, da manutenção da inflação em patamar alto e das frequentes mudanças de regras.  - Se há uma guerra psicológica, foi o governo quem a começou - diz Schwartsman.
O economista e professor da UFRJ Luiz Carlos Prado adota um tom mais moderado, mas também enxerga problemas:  - Existe um debate em relação às estratégias econômicas do governo, que deve se acirrar em 2014, que é um ano eleitoral. A gestão da economia do governo nos últimos dois anos teve problemas, como ocorreu na ênfase dada ao consumo e que foi criticada por pessoas de diversos vieses econômicos.
Segundo o diretor de pesquisa econômica para América Latina do banco americano Goldman Sachs, Alberto Ramos, a maior crítica dos agentes econômicos se dá em relação ao modelo econômico adotado ao governo e a uma tolerância grande com a inflação. - Com crescimento baixo, inflação alta, câmbio desalinhado e ativismos cambial e fiscal, esse é um quadro que não inspira a confiança do empresário. De onde vem esse negativismo? Dessa realidade. A economia brasileira perdeu competitividade externa e os custos trabalhistas aumentaram. É preciso credibilidade. É preciso um ajuste da política macroeconômica. Um discurso demasiadamente otimista não ajuda a destravar os investimentos. O que ajuda é mostrar isso de maneira crível - afirma.
O economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, vê no discurso de Dilma um recado a economistas que projetam um crescimento baixo para a economia brasileira em 2014, em torno de 2%. - Não é uma guerra psicológica, mas reação a um ambiente adverso. O que define o interesse da empresa é um horizonte de médio e longo prazo. Quanto maior a imprevisibilidade, maior a tendência de os empresários continuarem contraídos.
A falta de autocrítica também mereceu críticas do professor da UFRJ Reinaldo Gonçalves: - Quando (Dilma) diz que o problema é dos outros e não assume a responsabilidade sobre a piora nas contas externas, as intervenções no câmbio, ela faz um discurso alegórico, que só piora a confiança.
DO CELEAKS

Feliz ano novo.


Nos 365 dias de 2014, faça a sua parte do Brasil que precisa mudar. Reprodução autorizada. Clique para ampliar e copiar. Obrigado a todos e todas.
DO CELEAKS