segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

“Assassinato de Reputações — Um Crime de Estado”

 QUEM FOI QUE MENTIU? Fotos provam que o delegado Tuma Junior, autor do livro-bomba de denúncias contra o lulalato, foi, sim, agente do DOPS

Num dos trechos da entrevista a VEJA, o repórter Robson Bonin lembra ao ex-secretário nacional de Justiça durante três anos no governo Lula, Romeu Tuma Junior, que, no livro Assassinato de Reputações, o delegado afirma que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. “É uma acusação muito grave”, ressalva o entrevistador. Segue-se a resposta:
– Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no DOPS. Eu era investigador subordinado ao meu pai [delegado Romeu Tuma, futuro chefe da Polícia Federal e, depois, senador da República, morto em 2010] e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai, presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeou secretário nacional de Justiça, não vinha do nada. Era muito tempo. O Lula era informante do meu pai no Dops.
Publicada a entrevista, blogueiros alinhados com o lulopetismo começaram a ironizar e desmentir a declaração, alegando que supostamente Tuma Junior não tinha, em 1980, idade para ser agente do DOPS, a extinta polícia política de São Paulo.
Como este blog publicou esse trecho da entrevista, alguns leitores, por meio de comentários profundamente desrespeitosos e ofensivos — e que, portanto, foram deletados — também zombaram do colunista, alegando que um jovem de “dezesseis anos e meio” não poderia trabalhar na polícia em 1980.
Nesta segunda-feira, Reinaldo Azevedo informou que Tuminha nasceu em 1960, não em 1963.
As fotos abaixo mostram quem tinha razão — e quem mentiu.
Caderno fotos 01-3
Tuma Junior, de bigode e camisa branca, à direita, acompanha o casal Lula da Silva na porta do DOPS, como agente que era. A pedido do pai, ele serviu como guarda-costas do mais ilustre hóspede que por ali passou. São Paulo, maio de 1980 (Foto: arquivo pessoal)
Tuma Junior de bigode, terno claro e gravata preta, com o presidente João Baptista Figueiredo, na antiga Ala Oficial do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em 1981 (Foto: arquivo pessoal)
 Caderno fotos 01-4
Em operação do DOPS, no início da década de 1980 (Tuma Junior está à direita, em primeiro plano, de blusa xadrez escura). Ao fundo, veem-se os dois agentes que, por ordem do delegado Romeu Tuma, acompanharam Lula em sua visita secreta à mãe, Dona Lindu: Armando está à esquerda e Oswaldo à direita, ambos com bigode (Foto: arquivo pessoal)
REV VEJA-10-12-2013

A república do despudor



Por Estadão

Hábito ancestral e nefasto que só piora com os exemplos que vêm de cima, o despudor das autoridades brasileiras no trato da coisa pública afronta diariamente uma sociedade que só não reage com a indignação cabível porque — é a triste realidade — de algum modo ela se mostra desgastada pela deterioração dos valores morais e éticos que devem presidir a convivência social civilizada.
Só isso pode explicar o fato de o presidente do Senado e do Congresso Nacional, o notório Renan Calheiros, permanecer no comando de um dos Poderes da República depois de ter convocado cadeia nacional de rádio e televisão, no último dia 23, para, entre outros floreios, vangloriar-se de austeridade nos gastos públicos, poucas horas após ter reincidido na requisição irregular de um jato da FAB, desta vez para viajar de Brasília ao Recife a fim de se submeter a urgentíssimo implante capilar.
Tanto com a intervenção cirúrgica a que se submeteu quanto com o teor do pronunciamento que fez poucas horas depois à Nação, o senador alagoano revela-se extremamente fiel a um princípio que orienta a carreira dos políticos bem-sucedidos “da hora”: salvar sempre as aparências.

Mal o verdadeiro objetivo da viagem “oficial” do presidente do Senado ao Recife veio a público, o próprio apressou-se em anunciar que consultaria a FAB para saber se podia ou não ter requisitado o avião e que, se fosse o caso, faria o devido reembolso aos cofres públicos.
Por inverossímil e absurdo que pareça, é isso mesmo: o chefe de um dos Poderes da República, reincidente específico em casos dessa natureza, que certamente dispõe de especialistas em qualquer assunto legal nos quadros de sua ampla assessoria, achou que precisava perguntar à Aeronáutica se podia ou não podia ter usado uma aeronave oficial para melhorar sua aparência, inclusive com um retoque nas pálpebras ligeiramente caídas. Seria uma piada de mau gosto, se não fosse um escárnio à Nação que paga impostos e respeita as leis.
Renan Calheiros tem um retrospecto de conflito com o artigo 37 da Constituição, segundo o qual a administração pública “obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Em julho último, já tinha ido de jatinho da FAB a Trancoso, na Bahia, para a festa de casamento da filha de um colega do PMDB.
Quando a imprensa denunciou o abuso, mais do que depressa Calheiros reembolsou a FAB em R$ 32 mil, antes mesmo de qualquer manifestação das autoridades aeronáuticas. Mas parece não ter aprendido muito com a experiência.
Muito pior do que essas lambanças aéreas, no entanto, foi o senador alagoano ter sido forçado, em 2007, a renunciar à mesma presidência do Senado que hoje ocupa, por causa das várias denúncias de corrupção de que era alvo e que resultaram na apresentação, por seus pares, de seis representações ao Conselho de Ética da Casa pedindo a cassação de seu mandato.
Renunciando à presidência da Casa, mas não ao mandato de senador, Calheiros acabou sendo absolvido por seus pares de todas as acusações que lhe eram feitas, inclusive a de que uma empreiteira pagava polpuda pensão para o sustento de filho havido fora do matrimônio.
Mas, como já dissemos, o despudor é generalizado nos quadros da administração pública e o exemplo vem de cima. Quando a presidente Dilma Rousseff, movida pela ambição de permanecer no cargo e pela enorme pressão de Lula e do PT, abandona a rotina de uma governança que não tem enfrentado poucos problemas para atropelar o calendário e se concentrar numa intensa agenda estritamente eleitoral, não só dá um péssimo exemplo, como sinaliza que não há limites – nem os da lei eleitoral – para os detentores do poder.
O argumento para justificar a multiplicação das viagens presidenciais por todo o país, com objetivos inegavelmente eleitorais, foi dado recentemente pela ministra-chefe da Casa Civil da Presidência, Gleisi Hoffmann: depois de quase três anos de operosa gestão, chegou a hora de o governo “entregar” suas realizações à população. O despudor, como se vê, não é monopólio de Renan Calheiros.
29/12/2013

LIVRO TUMA


DA SÉRIE "COISAS QUE NÃO CONSIGO ENTENDER"
Percival Puggina

Estou lendo o livro de Romeu Tuma Junior, "Assassinato de Reputações", que apenas anteontem consegui receber da Saraiva. Do pouco que já li não entendo como Lula, até agora, se manteve calado como se o livro não existisse.


Não imagino que alguém no Brasil, qualquer que seja seu nível de formação e informação, ainda tenha ilusões sobre o caráter de Lula. Mas o livro conta que a nação vem sendo iludida e que o país acabou presidido por um perfeito canalha. Canalha desde sempre, desde moço, para quem o passar dos anos não fez mais do que alargar os círculos nos quais aplica, com destreza, o conjunto de seus defeitos morais.

Um livro desses, cem anos atrás, acabaria em duelo. Hoje, não tem como não acabar em indignada entrevista (à imprensa) ou em demolidora audiência (na Justiça). O silêncio de Lula quando flagrado em suas estripulias é costumeiro. Que o digam Rose e Maria Letícia. Mas o silêncio de Lula, também perante o livro do Tuminha, precisa ser gritado à nação. Talvez com força suficiente para despertá-la.

DO LILICARABINA