quinta-feira, 25 de outubro de 2012

HUMMMMM DEMÉTRIO!

Sou um admirador entusiasmado de Demétrio Magnoli. Já publiquei aqui inúmeros textos de sua lavra.
Hoje pela manhã. em virtude desta porcaria de horário de verão que arrasa com o diabo do meu relógio biológico, acordei meio atrasado. Dei uma passadinha pela aí e depois fui para a empresa.
Lá chegando, tinha a intenção de comentar o texto que li e que me deixou de quixo quebrado e sem condições de ser restaurado.
O texto de Demétrio, segue abaixo, na íntegra. Depois eu volto.
O PT não é quadrilha, por Demétrio Magnoli
Demétrio Magnoli, O Globo

Fernando Haddad está cercado por José Dirceu e Paulo Maluf. Sobre Dirceu, aparece a palavra "condenado"; sobre Maluf, "procurado". Contaminada pelo desespero, a propaganda eleitoral de José Serra não viola a verdade factual, mas envereda por uma perigosa narrativa política.
O candidato tucano está dizendo que eleger o petista equivale a colocar uma quadrilha no comando da prefeitura paulistana. A substituição da divergência política pela acusação criminal evidencia o estado falimentar da oposição no país e, mais importante, inocula veneno no sistema circulatório de nossa democracia.
Demóstenes Torres foi expulso do DEM antes de qualquer condenação, quando patenteou-se que ele operava como despachante de luxo da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. José Dirceu foi aclamado como herói e mártir pela direção do PT depois da decisão da corte suprema de uma democracia de condená-lo por corrupção ativa e formação de quadrilha.
O mensalão é um tema legítimo de campanha eleitoral e nada há de errado na exposição dos vínculos entre Haddad e Dirceu. Contudo, a linguagem da política não deveria se confundir com a linguagem da polícia.
Dirceu permanece na alta direção petista pois é um dos artífices de uma concepção da política que rejeita a separação entre o Estado e o partido.
No mensalão, a imbricação Estado/partido assumiu o formato de um conjunto de crimes tipificados. Entretanto, tal imbricação manifesta-se sob as formas mais diversas desde que Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto.
O código genético do mensalão está impresso no movimento de partidarização da administração pública, das empresas estatais, dos fundos de pensão, dos sindicatos, das políticas sociais e da política externa conduzido ao longo de uma década de lulismo triunfante.
Na linguagem da política, Dirceu figuraria como símbolo da visão de mundo do lulo-petismo. Mas a campanha de Serra não é capaz de escapar ao círculo de ferro da linguagem policial.
A Interpol define Paulo Maluf como um foragido da Justiça. Lula e Haddad não se limitaram a firmar um pacto eleitoral com o partido de Maluf, mas peregrinaram até a mansão do fugitivo para desempenhar o papel abjeto de cortejá-lo como liderança política.
Faz sentido divulgar, no horário de campanha, as imagens da macabra confraternização. Contudo, uma vez mais, seria indispensável traduzir o evento na linguagem da política, que não é a da Interpol.
Maluf é um caso extremo, mas não um ponto fora da curva. Lula e o PT insuflaram uma segunda vida aos cadáveres políticos de Fernando Collor, Jader Barbalho, José Sarney, Renan Calheiros e tantos outros.
As alianças recendem a oportunismo, um vício menor, mas a extensão da prática exige uma explicação de fundo. O paradoxo aparente do encontro entre "esquerda" e "direita" é fruto de um interesse compartilhado: a continuidade da tradição patrimonial de apropriação da "coisa pública" pela elite política.
As "estranhas alianças" lulistas funcionam como ferramentas para a repartição do imponente castelo de cargos públicos na administração direta e nas empresas estatais. Até hoje, o Brasil não concluiu o processo de criação de uma burocracia pública profissional. Na linguagem da política, a confraternização de Lula e Haddad com Maluf ajudaria a esclarecer os motivos desse fracasso. Mas a propaganda eleitoral de Serra preferiu operar em outro registro.
A campanha do tucano oscila entre os registros administrativo, moral e policial, sem nunca sincronizar o registro político. De certo modo, ela é um reflexo fiel da falência geral da oposição, que jamais conseguiu elaborar uma crítica sistemática ao lulo-petismo.
Entretanto, nas circunstâncias produzidas pelo julgamento do mensalão, a inclinação oposicionista a apelar para a linguagem policial tem efeitos nefastos de largas implicações. Na democracia, não se acusa um dos principais partidos políticos do país de ser uma quadrilha.
O PT não é igual à sua direção eventual, nem é uma emanação da vontade de Dirceu ou mesmo de Lula. O PT não se confunde com o que dizem seus líderes ou parlamentares em determinada conjuntura, nem mesmo com as resoluções aprovadas nesse ou naquele encontro partidário.
Embora tudo isso tenha relevância, o PT é algo maior: uma história e uma representação. A trajetória petista de mais de três décadas inscreve-se no percurso da sociedade brasileira de superação da ditadura militar e de construção de um sistema político democrático.
O PT é a representação partidária de uma parcela significativa dos cidadãos brasileiros. A crítica ao partido e às suas concepções políticas não é apenas legítima, mas indispensável. Coisa muito diferente é tentar marcá-lo a fogo como uma coleção de marginais.
O jogo do pluralismo depende do respeito à sua regra de ouro: a presunção de legitimidade de todos os atores envolvidos. Nas democracias, eleições se concluem pelo clássico telefonema no qual o derrotado oferece congratulações ao vencedor.
Em 1999, após o terceiro insucesso eleitoral de Lula, o PT violou a regra do jogo, ao desfraldar a bandeira do "Fora FHC". Serra ficou longe disso dois anos atrás, mas seu discurso de derrota continha a estranha insinuação de que a vitória de Dilma Rousseff representaria uma ameaça à democracia.
Agora, na eleição paulistana, a propaganda do tucano sugere que um triunfo de Haddad equivaleria à transferência da prefeitura da cidade para uma quadrilha. Na hipótese de derrota, como será o seu telefonema de domingo à noite?
Marqueteiros designam ataques ao adversário eleitoral pela expressão "propaganda negativa". O rótulo dos vendedores de sabonete abrange tudo, desde a crítica política fundamentada até as mais sórdidas agressões pessoais.
O problema da campanha de Serra não está no uso da "propaganda negativa", mas na violação da regra do jogo. Não é assim que se faz oposição.
Demétrio Magnoli é sociólogo
Concordo com Demétrio: O PT NÃO É UMA QUADRILHA, é um partido político, mas que age e atua, desde antes de sua chegada ao poder como uma quadrilha organizada, sob a capa de partido político, para enfiar a mão na grana dos brasileiros e, de sobra, como quem não tem nada a fazer, sacanear a nossa democracia, enquanto engana milhares de brasileiros idiotas que acreditam em suas mentiras.
O PT foi contra, como partido, a tudo o que pudesse representar melhoria para a população brasileira.
LuLLa e TODO O PT, esbravejavam contra as "esmolas" de FHC. No governo, reuniu todas as esmolas para criar um grande "esmolão".
O PT foi contra a CONSTITUINTE. Contra o PLANO REAL. CONTRA MUDANÇAS NAS REGRAS DE APOSENTADORIAS. CONTRA OS VALORES VAGABUNDOS DOS SALÁRIOS MÍNIMOS FIXADOS POR OUTROS PARTIDOS.
E AGIU ASSIM COMO PARTIDO UNIDO que expulsava quem discordasse das tais DETRMINAÇÕES PARTIDÁRIAS. Heloísa Helena, Babá, Plínio e outros são a prova viva disso.
Mas o que faz o mesmo PT, defensor da democracia quando chega ao governo?
As MESMÍSSIMAS COISAS QUE ANTES DIZIA E SE MOSTRAVA CONTRA DE MANEIRA IRREDUTÍVEL e com aquelas classificações sempre generosas feitas pelo seu símbolo maior em relação ao que faziam algo.
O Mensalão do LuLLa, o maior esquema de ladroagem de grana da história política brasileira, não é o primeiro exemplo dado pelo PT em casos deste tipo.
Celso Daniel e Toninho do PT, mais as estrepolias de Palocci e de Dona Marta na Prefeitura de São Paulo, são exemplos claríssimos de atuação PARTIDÁRIA e não individual. As gravações já amplamente divulgadas, onde SOMBRA (PETISTA) cobra solução para GILBERTO CARVALHO para não ser investigado ou condenado, são provas cabais da atuação do PT como uma reunião de bandidos, o que caracteriza uma QUADRILHA.
Aliás, Demétrio, li meses atrás, um contundente texto seu, que publico abaixo. Volto depois:
'A teoria política da corrupção', um artigo de Demétrio Magnoli
PUBLICADO NO ESTADÃO
DEMÉTRIO MAGNOLI
Nos idos de 2005 o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos formulou o discurso adotado pelo PT em face do escândalo do mensalão. O noticiário, ensinou, constituiria uma tentativa de "golpe das elites" contra o "governo popular" de Lula. No ano passado o autor da tese assumiu a presidência da Casa de Rui Barbosa, cargo de confiança subordinado ao Ministério da Cultura. É nessa condição que, em entrevista ao jornal Valor (21/9), ele reativa sua linha de montagem de discursos "científicos" adaptados às conveniências do lulismo. Desta vez, para crismar o julgamento do mensalão como "julgamento de exceção" conduzido por uma Corte "pré-democrática".
A entrevista diz algo sobre o jornalismo do Valor. As perguntas não são indagações, no sentido preciso do termo, mas introduções propícias à exposição da tese do entrevistado – como se (oh, não, impossível!) jornalista e intelectual engajado preparassem o texto a quatro mãos. Mas a peça diz uma coisa mais importante sobre o tema do compromisso entre os intelectuais e o poder: o discurso científico sucumbe no pântano da fraude quando é rebaixado ao estatuto de ferramenta política de ocasião.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) narraram uma história de apropriação criminosa de recursos públicos e de fabricação de empréstimos fraudulentos pela direção do PT, que se utilizou para tanto das prerrogativas de quem detém o poder de Estado. Wanderley Guilherme, contudo, transita em universo paralelo, circundando o tema da origem do dinheiro e repetindo a versão desmoralizada da defesa: "O que os ministros expuseram até agora é a intimidade do caixa 2 de campanhas eleitorais (...). Isso eles se recusam a discutir, como se o que eles estão julgando não fosse algo comum (...), como se fosse algum projeto maligno".
Wanderley Guilherme não parece incomodado com a condenação dos operadores financeiros do esquema, mas interpreta os veredictos dos ministros contra os operadores políticos (ou seja, os dirigentes do PT) como frutos de um "desprezo aristocrático" pela "política profissional". O dinheiro desviado serviu para construir uma coalizão governista destituída de um mínimo de consenso político, explicou a maioria do STF. O cientista político, porém, atribui o diagnóstico a uma natureza "pré-democrática" de juízes incapazes de compreender tanto os defeitos da legislação eleitoral brasileira quanto o funcionamento dos "sistemas de representação proporcional", que "são governados por coalizões das mais variadas".
O núcleo do argumento serviria para a defesa de todo e qualquer "mensalão". Os acusados tucanos do "mensalão mineiro" e os acusados do DEM do "mensalão de Brasília" estão tão amparados quanto os petistas por uma concepção da "política profissional" que invoca a democracia para justificar a fraude do sistema de representação popular e qualifica como aristocráticos os esforços para separar a esfera pública da esfera privada. A teoria política da corrupção formulada pelo intelectual deve ser lida como um manifesto em defesa de privilégios de impunidade judicial do conjunto da elite política brasileira.
Mas, obviamente, o argumento perde a força persuasiva se for lido como o que, de fato, é. Para ocultar seu sentido, conferindo à obra uma coloração "progressista", Wanderley Guilherme acrescenta-lhe uma camada de tinta fresca. A insurreição "aristocrática" do STF contra a "política democrática" derivaria da rejeição a uma novidade histórica: a irrupção da "política popular de mobilização", representada pelo PT. A Corte Suprema estaria "reagindo à democracia em ação" por meio de um "julgamento de exceção", um evento singular que "jamais vai acontecer de novo".
É nesse ponto do raciocínio que a teoria política da corrupção se transforma na corrupção da teoria política. Uma regra inviolável do discurso científico, explicou Karl Popper, é a exigência de consistência interna. Um discurso só tem estatuto científico se estiver aberto a argumentos racionais contrários. Quando apela à profecia de que os tribunais não julgarão outros casos com base na jurisprudência estabelecida nos veredictos do mensalão, Wanderley Guilherme embrenha-se pela vereda da fraude científica. A sua hipótese sobre o futuro ? que, logicamente, não pode ser confirmada ou falseada ? impede a aplicação do teste de Popper.
Há duas leituras contrastantes, ambas coerentes, sobre o "mensalão do PT". A primeira acusa o partido de agir "como os outros", entregando-se às práticas convencionais da tradição patrimonial brasileira e levando-as a consequências extremas. O diagnóstico, uma "crítica pela esquerda", interpreta o extenso arco de alianças organizado pelo lulismo como fonte de corrupção e atestado da falência da natureza transformadora do PT. A segunda acusa o partido de operar, sob o impulso de um projeto de poder autoritário, com a finalidade de quebrar os contrapesos parlamentares ao Executivo e se perpetuar no governo. A "crítica pela direita" distingue o "mensalão do PT" de outros casos de corrupção política, enfatizando o caráter centralizado e as metas de longo prazo do conjunto da operação.
A leitura corrompida de Wanderley Guilherme forma uma curiosa alternativa às duas interpretações. Seu núcleo é uma celebração da corrupção inerente à política patrimonial tradicional, que seria a "política profissional" nos "sistemas de representação proporcional". Seu verniz aparente, por outro lado, é um elogio exclusivo da corrupção petista, que expressaria a "irrupção da política de mobilização popular" e a "democracia em ação". Na fronteira em que o pensamento acadêmico se conecta com a empulhação militante, o paradoxo pode até ser batizado como dialética. Contudo mais apropriado é reconhecê-lo como um reflexo especular da fotografia na qual Paulo Maluf e Lula da Silva reelaboram os significados dos termos "direita" e "esquerda".
O que mudou em seu pensamento amigo?
Demétrio, o NAZISMO, criado por HITLER  É EXECRADO NO MUNDO INTEIRO.
Por que o PETISMO, criado por LuLLa e Dirceu, não podem sofrer o mesmo tipo de execração?
Erra a campanha de Serra ao não abordar de forma correta, a roubalheira descarada de um partido que se revelou de uma forma que sempre fez parte de seu DNA (não é referência às empresas de Valério).
Serra é uma anta teimosa e seu marqueteiro preferido outra paraplégica e anencéfala no que diz respeito ao marketing.
Se Serra, abordasse sob o ponto de vista DE VALORES, teria no papo, SEM DIFICULDADES, esta eleição.
Lamentávelmente, se portam como asnos.
DEMÉTRIO; O PT É UMA QUADRILHA SIM e olhe, nem citei otros exemplos para não ser muito longo.
Que decepção. 

DO GENTE DECENTE

Editorial da Folha faz, na prática, a defesa da impunidade para os criminosos do colarinho branco, incluindo os mensaleiros

A pressão da quadrilha do mensalão contra o Poder Judiciário começa a fazer frutos. Dia sim, dia também, condenados pela Justiça estão nos jornais difamando o STF, acusando-o de ter promovido um julgamento de exceção, apontando uma suposta mudança de jurisprudência nesse julgamento. Tudo absolutamente falso! A Folha faz hoje um editorial de suposto alcance geral, mas que, como diriam os ministros do Supremo, atendem ao “caso em espécie”: os interesses dos condenados do mensalão, que não querem, claro!, ir para a cadeia. Segundo o jornal, “penas de prisão deveriam, em tese, caber a criminosos violentos; para os demais, como no mensalão, conviriam severas penas alternativas”. Trata-se de uma aposta na impunidade que traz, também, uma marca de classe. Vamos lá. O editorial segue em vermelho. Comento em azul.
Para quem precisa
O título faz eco a uma música dos “Titãs”: “cadeia para quem precisa”. Não vou entrar no mérito das circunstâncias em que aquela canção veio a público. Noto apenas que é comum e humano que as pessoas que estejam enfrentando problemas com a lei acreditem que merecedores de punição sejam sempre os outros. Adiante.
Os crimes são cometidos mediante violência ou fraude. No primeiro caso, só resta à sociedade prender os infratores — são perigosos demais para continuar à solta. Será adequado tratar todos os demais do mesmo modo?
As primeiras linhas, que se pretendem neutras, como quem rememorasse o óbvio, já trazem, no entanto, uma escolha que requereria explicação: classifica de “perigosos demais” os criminosos que recorrem à violência, o que nos leva a pensar que os demais — os do colarinho branco, por exemplo — “perigosos” não são. Sendo assim, tem-se de saída que os crimes contra a ordem financeira, contra a gestão do estado, contra o patrimônio público e afins jamais devem levar seus autores para a cadeia. Os corruptos, no geral, são pessoas dóceis. Alguns podem até se dedicar à benemerência.
Esta Folha tem argumentado que não. Há mais de dez anos, portanto muito antes do mensalão, sustenta-se aqui que a pena de prisão deveria ser destinada, em tese, aos que recorrem a violência física ou grave ameaça na consecução do delito de que são culpados.
O fato de a Folha defender isso “há mais de dez anos” só nos diz que um equívoco pode durar mais de dez anos. Corruptos e corruptores, em regra, não recorrem a ameaças físicas. As “graves ameaças” que representam costumam dizer respeito à organização do estado. Segundo o modelo defendido pelo jornal, um Bernard Madoff estaria por aí (ou por lá…), solto, cumprindo alguma pena alternativa, podendo gozar, no dia a dia — e quem haveria de impedi-lo? — dos benefícios que hauriu de suas ações ilegais. Madoff ameaçava alguém, além do sistema financeiro americano?
As condições na maioria das cadeias brasileiras são abjetas. Mas a sociedade continua a abarrotá-las de indivíduos, condenados por juízes que fecham os olhos, como a efígie da Justiça, para a norma constitucional que proíbe “penas cruéis” e “tratamento degradante”.
Trata-se de um dos parágrafos mais infelizes, creio, jamais impressos nesse jornal. As condições das cadeias são, realmente, abjetas, com raras exceções. Trata-se de um argumento descabido porque nada tem a ver com o mérito. Não, Folha! Os juízes “não fecham os olhos”. É que eles não podem deixar de cumprir a lei. O editorial, afinal, defende a mudança do ordenamento jurídico vigente a respeito ou incita os magistrados a ignorá-lo? No que diz respeito à retórica, o editorial espanca tolamente a “efígie da Justiça”. Ela tem os olhos vendados, senhor editorialista, justamente para ser “justa”, para ser equilibrada, para não distinguir os que usam colarinho branco dos que usam macacão — para apelar a contrastes ora em voga no Brasil.
O editorial da Folha, infelizmente, defende uma Justiça sem venda, de olhos abertos, capaz, então, de discriminar quem será e quem não será punido independentemente do merecimento.
A Folha não deve ignorar, e certamente não ignora, que certos crimes são mais afeitos a determinados setores da sociedade. Há, como negar?, um traço de classe em algumas transgressões, não é? Os crimes violentos, que têm, sim!, de ser severamente punidos, costumam ser praticados — basta fazer uma pesquisa básica — por aqueles que não foram especialmente beneficiados pela sorte. Há exceções, mas é preciso olhar a regra. Já os crimes contra a ordem financeira e a gestão do estado, como a corrupção e a malversação do dinheiro público, são quase monopólio daqueles que viveram sem temor nem perigo.
A origem social tem forte influência NÃO NA DECISÃO DE DELINQUIR, MAS NO TIPO DE DELINQUÊNCIA. Um Fernandinho Beira-Mar, por sua origem, dificilmente, ocuparia o lugar de um Marcos Valério. Um Marcos Valério dificilmente se dedicaria ao ramo de Fernandinho Beira-Mar. Segundo a Folha, o primeiro representa um risco maior  para a sociedade do que o outro. Bem, eu não acho!
Eu estou entre aqueles que defendem que os dois devam ir para a cadeia — para boas cadeias, claro! E reitero que a corrupção generalizada responde por mais mortos do que os chefes dos morros. Matam crianças de fome, matam pobres por falta de assistência médica; soterram desvalidos, como se viu recentemente na região serrana do Rio.
São mais de 514 mil presos no país, num sistema que comporta 306 mil. Ao mesmo tempo, 153 mil mandados de prisão aguardam ser cumpridos, conforme o eufemismo judicial. Celerados estão livres, enquanto uma parcela de criminosos que não oferece o mesmo risco está detida.
Há falhas lógicas clamorosas nessa numeralha. Se a Folha considera que, entre os 514 mil presos, há os que não deveriam estar na cadeia, deve, da mesma sorte, considerar que, entre os 153 mil mandados não-cumpridos, também há ordens de prisão descabidas. Fiz-me entender ou requer desenho? Logo, havendo presos demais, seguindo o jornal, também há ordens de prisão demais, segundo o mesmo jornal, de sorte que o número a ser cumprido, seguindo a lógica do articulista, seria menos relevante do que parece.
Juízo meramente comparativo não é juízo de mérito. Haver celerados soltos — e certamente os há — não muda a razão por que outros menos perigosos estão presos. Ou por outra: a periculosidade de quem está solto não muda a natureza do crime de quem está preso. O fato de o assassino de 10 pessoas estar solto torna menos justa a prisão de quem matou um homem? Estar esse mesmo assassino na rua torna especialmente absurda a eventual prisão de quem assaltou os cofres públicos?
Dizer que a prisão deveria reeducar é outra falácia. Claro que é preciso aumentar o número de vagas nos presídios, torná-los compatíveis com um país civilizado e compelir os detentos a trabalhar. Mesmo na Suécia, porém, os cárceres fazem jus ao clichê de que toda prisão é uma universidade do crime.
O sentido do parágrafo é um só: as prisões são inúteis. Inúteis para quem? É bem possível que as cadeias realmente não recuperem ninguém. Mas espere aí, senhor editorialista: isso não vale também para os crimes de sangue, para os criminosos violentos? Não se prende um criminoso apenas para recuperá-lo. Há, sim, e tem de haver, o aspecto punitivo.
De resto, o texto acena para outra possibilidade perigosa. Se merece cadeia apenas aquele que ameaça a sociedade com ações violentas, que tratamento dar aos crimes passionais? O amante que mata o objeto de seu desejo (ou de seu ódio) porque traído ou algo assim deve ficar solto? Não raro, o que diz matar por amor não é um homicida compulsivo ou profissional. Dificilmente voltaria a delinquir. O marido que espanca reiteradamente a mulher não representa exatamente risco para a sociedade. No editorial da Folha, não cabe nem a Lei Maria da Penha.
Constatá-lo não implica complacência. Delinquentes violentos devem ser submetidos a longuíssima privação de liberdade, e a progressão dessas penas deveria ser até mais difícil do que é.
Na prática, o texto defende a exacerbação da punição para os que não têm colarinho branco e complacência, sim, para os que têm.
Quanto aos outros, não faltam medidas duras à disposição do juiz: impedimento duradouro de exercer cargo público ou determinada profissão, restituição dos valores subtraídos e prestação de serviços à comunidade, que podem se tornar encargos severos quando prolongados -e são verificáveis pelos recursos da tecnologia eletrônica.
Assaltantes dos cofres públicos, quando flagrados, no mais das vezes, já lavaram seus bens, já os colocaram em nome de terceiros, já enviaram dinheiro para contas secretas no exterior etc. Ainda que fossem condenados a dar sopão para pobres durante 10 anos, eles o fariam com a maior satisfação. Transfiramos Madoff para o Brasil e apliquemos os princípios da Folha… Nós lhe daríamos a chance de terminar os seus dias no conforto — ainda que tivesse todos os seus bens visíveis sequestrados — e ainda como um homem bom! Ele teria a chance de descobrir a graça de ser um homem generoso!
A indignação pública perante o escândalo do mensalão se expressa, contudo, no legítimo anseio de ver os culpados atrás das grades.
Não entendi. O anseio da população é legitimo, mas ignorante, é isso? Mandar mensaleiros para a cadeia é agora sentimento grosseiro dos bárbaros!
Sempre houve corrupção política, mas o governo Lula a praticou em escala sistêmica, sob o comando da camarilha então incrustada no ápice do Executivo e do partido que o controla. As punições hão de ser drásticas, e seu efeito, exemplar, mas sem a predisposição vingadora que parece governar certas decisões (e equívocos) do ministro Joaquim Barbosa.
A afirmação, feita assim, é irresponsável e só ecoa a acusação feita pelos mensaleitos, ora condenados. Por que o jornal não diz qual é a “predisposição vingadora” de Joaquim Barbosa? Por que o jornal não diz, então, quem foi condenado injustamente? Por que não detalha o que considera punição injusta? Eu já critiquei o ministro — ele e outros — algumas vezes. Mas nunca de modo genérico, sem deixar claro qual é o ponto que me incomoda. Parece que, nesse trecho, a Folha só faz uma profissão de fé no “isentismo”, para que os petistas, hoje críticos de Barbosa (que antes tanto louvavam) se sintam contemplados.
Tendo arrostado um partido que continua no poder e cujo chefe desfruta de imensa popularidade, seria decerto pedir demais ao Supremo Tribunal Federal que fosse ainda além, condenando nosso sistema prisional ao evitar que esses réus sejam despachados, sem motivo inarredável que não a letra da lei, para o inferno das cadeias.
Com a devida vênia, é o parágrafo mais intelectualmente malando do texto. O STF não arrostou ninguém, o PT tampouco. O STF aplicou a lei. Se isso implicou enfrentar os petistas e sua máquina de difamação — que agora faz eco até no editorial da Folha, na crítica genérica e sem objeto a Joaquim Barbosa —, eis uma consequência do cumprimento de sua função.
Os motivos que levarão alguns réus do mensalão à cadeia são “inarredáveis”, para ficar na expressão do editorialista, e estão conforme a lei, o Código Penal. Aliás, a comissão que elaborou uma proposta de reforma do texto torna ainda mais duras as penas contra os chamados crimes do colarinho branco. Ademais, não tema a Folha: boa parte dos réus tem curso universitário e desfrutará de condições especiais na prisão — o que não deixa de ser mais um odioso traço de discriminação de classe, não é mesmo?
Quanto ao inferno das cadeias, lutemos, sim, contra ele, sempre sabedores de que estamos lidando com duas ordens de problema: no mais das vezes, está lá quem deveria estar lá, mas não todos os que deveria estar. E os estado deve lhes garantir condições salubres de vida. Mas de vida de recluso. Cadeia é, sim, punição!
Tal desfecho estaria sujeito a interpretações perniciosas. Ignorou-se a lei, tudo termina em pizza, diriam muitos. Evitou-se que os mensaleiros se façam de mártires encarcerados, diriam outros. Nem por isso a prisão desses criminosos terá sido necessária.
Por que não? Impressionante! Não há um só argumento ao longo do texto que explique por que “não terá sido necessária”. Há uma tese sem justificação: só deve ir para a cadeia quem comete crime violento. Ora, isso valeria, desde logo, como uma garantia para os corruptos e corruptores. Ficariam livres para assaltar os cofres públicos, para lavar o dinheiro, para colocar em nome de terceiros o fruto de seu roubo, para enviar dinheiro ao exterior etc… E ainda teriam a chance adicional de fazer caridade para compensar seus pecados…
Não há interpretação perniciosa possível para o editorial da Folha. Há a letra do texto. Trata-se da apologia da impunidade para os crimes do colarinho branco.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

PT vai rasgar estatuto para proteger mensaleiros

Regras preveem expulsão de condenados por "práticas administrativas ilícitas" ou "crime infamante". Mas ninguém quer punir Dirceu e seus comparsas

Gabriel Castro
José Dirceu
José Dirceu, chefe da quadrilha do mensalão (Eliária Andrade/Agência O Globo)
O PT vai ignorar o próprio estatuto para proteger os quatro integrantes do partido condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão. José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha, considerados culpados pela Corte, enquadram-se no dispositivo do regimento petista que prevê pena de expulsão para quem sofre condenações judiciais. Mas seguirão militando na legenda.
Leia na coluna Radar, de Lauro Jardim:
Dirceu e sua turma voltam artilharia contra imprensa

Os integrantes da executiva do partido não pretendem sequer debater o assunto: punir os condenados seria reconhecer que o esquema criminoso de compra de apoio político existiu, algo que os negacionistas do PT não admitem.
Mas o artigo 231 do estatuto da legenda é claro ao tratar dos casos em que a expulsão ocorrerá: quando houver "inobservância grave da ética" ou "improbidade no exercício de mandato parlamentar ou executivo, bem como no de órgão partidário ou função administrativa".
Isso já bastaria para excluir do partido os mensaleiros, condenados por crimes como corrupção passiva e formação de quadrilha. Mas um outro dispositivo do estatuto, logo abaixo, elimina qualquer dúvida: José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e João Paulo Cunha precisam ser expulsos do PT. O texto estabelece que a remoção do partido se dará também quando ocorrer "condenação por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitada em julgado".
Diante disso, não deveria haver escapatória para o quarteto: assim que a sentença do STF transitasse em julgado, os mensaleiros teriam de ser extirpados do partido. Mas, claro, não é o que vai ocorrer. "Não houve uma iniciativa com vistas à exclusão desses companheiros do partido e o mais provável é que não haja, ainda que no estatuto esteja previsto", diz o senador Eduardo Suplicy (SP).
O parlamentar explica a relutância em punir os envolvidos no mensalão: "Eles têm apresentado perante o partido e à opinião pública manifestações de que seus atos não foram bem compreendidos pelos ministros do Supremo e alegam a inocência". Por essa lógica, apenas criminosos confessos poderiam ser expulsos do PT.
Leia também:
Supremo condena a quadrilha do mensalão por 6 a 4
Confira o placar da votação no STF, réu a réu, crime por crime

Ética - Coordenador do conselho de ética do partido, Francisco Rocha exime-se de responsabilidade. Diz que apenas segue as orientações da Executiva Nacional da legenda e não pode analisar por conta própria a conduta de filiados da sigla. "Quem define as questões de encaminhamento sobre o estatuto é a Executiva. Eu não tenho opinião pessoal", afirma ele.
O deputado Cândido Vaccarezza (SP), integrante da Executiva Nacional do partido, repete o que diz a maior parte dos petistas quando indagados sobre o tema: "Nós temos uma visão, dentro do PT, de que a gente só vai falar desse assunto depois das eleições". A verdade é que a expulsão do quarteto não é sequer cogitada dentro da legenda.
Na prática, uma decisão do tipo só poderia ser tomada com o endosso de Rui Falcão, presidente do partido. Mas eis o que Falcão acha das decisões do STF no caso do mensalão: a conspiração de uma "elite suja":  "Quando eles são derrotados nas urnas, eles lançam mão dos instrumentos de poder de que ainda dispõem, desde a mídia conservadora, passando pelo Judiciário, para tentar nos derrotar". A declaração foi dada em um ato político para anunciar a substituição do candidato João Paulo Cunha à prefeitura de Osasco, no mês passado.
O PT chegou a expulsar Delúbio Soares, tesoureiro da sigla na época do esquema criminoso, em 2005. Mas ele recebeu uma anistia da legenda no ano passado. Ao manter em seus quadros homens comprovadamente corruptos, peças-chave do mais grave escândalo de corrupção já montado no Brasil, o partido referenda a tese de que o esquema foi um projeto partidário -- e não uma aventura montada por um grupo limitado de petistas inconsequentes.
Outros partidos -  PR e PP também não expulsaram membros que foram condenados no julgamento do mensalão, apesar dos estatutos das siglas preverem a saída de filiados que cometerem crimes enquanto exerciam mandatos.
Reportagem do jornal O Globo desta quinta-feira mostra que o deputado federal Valdemar Costa Neto foi recentemente reconduzido à função de secretário-geral do PR, apesar da condenação pelo STF. No partido, a expulsão está sujeita a uma votação pela Comissão Executiva do partido. Valdemar passou sem problemas pela votação na semana passada. Já o PP mantém o deputado Pedro Henry e o ex-presidente do partido Pedro Correa - outros dois condenados pelo STF - na Executiva Nacional, apesar do estatuto também prever a expulsão em casos de improbidade.
DA REV VEJA

“Oposição” ensaia pedir investigação sobre mágica evolução patrimonial da família Lula no pós-Mensalão

Por Jorge Serrão
Animada com a surpreendente condenação do núcleo político do Mensalão, a até agora ineficiente e inexpressiva “oposição” ao PT no Congresso já ensaia promover uma devassa sobre a magnífica evolução do patrimônio de Luiz Inácio Lula da Silva e seus familiares.
De olho no redesenho de forças para a campanha de 2014, adversários e inimigos de Lula ameaçam fazer agora aquilo que não fizeram antes, por conveniência ou erro de estratégia política, quando o escândalo foi denunciado no meio do primeiro mandato presidencial.
Ontem, dentro do plenário do STF, se falava de tal assunto, com informes vindo da Câmara e do Senado.
As pré-condições para alvejar Lula foram escancaradas com o resultado final do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal.
Todo mundo sabe que José Dirceu de Oliveira e Silva se transformou no grande bode expiatório.
Embora todos saibam que ele não era o único ou o maior chefe da quadrilha, ele pagará o pato junto com os companheiros José Genoíno e Delúbio Soares.
Os três podem até pegar penas que os levem a uma pequena temporada na prisão ou a uma forçada prestação de serviços à comunidade.
Dirceu, Genoíno e Delúbio pagarão para o chefão deles ser poupado?
Eis a questão...
O Alerta Total já antecipou na edição de 10 de outubro. Sob a presidência de Joaquim Barbosa no STF, a partir de 18 de novembro, o mito Lula deverá enfrentar o rigor da Justiça – com o agravante de que agora não tem mais foro privilegiado para se blindar. Barbosa deverá retirar o estranho segredo de Justiça sobre o Processo Investigatório 2.474.
Os 77 volumes em sigilo apuram as supostas irregularidades no convênio entre o Banco BMG e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com a participação da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev), para a “operacionalização de crédito consignado a beneficiários e pensionistas”.
O caso contra Lula dormita “blindado”, desde 2007, no Supremo

A petralhada pretende retaliar pesado. Exigirá que o STF tenha o mesmo rigor com o julgamento do chamado Mensalão Mineiro.
Mas este contra-ataque pode se transformar em um Arakiri.
Afinal, o escândalo não compromete apenas e diretamente o tucano Eduardo Azeredo e, indiretamente, o provável presidenciável Aécio Neves.
Quem também dança, mais ainda, neste processo é Marcos Valério Fernandes de Souza.
Já condenado a 40 anos, um mês e seis dias de prisão pelos crimes do atual Mensalão, será que Valério aceitará, passivamente, passar um mínimo de 6 anos e 8 meses preso em regime fechado, em silêncio obsequioso?

Valério é uma bomba que pode estourar no colo do PT, bem antes de ser também pego pelo Mensalão Mineiro.
Se Valério sair do controle, sem dúvida, vai sobrar para o chefão Lula.
Até agora, o que ele tem feito é ameaçar abrir o bico. Já mandou amigos lançarem a versão na revista Veja de que Lula seria o chefe maior do Mensalão.
Toda semana, vão e vêm os boatos de que pode conceder alguma entrevista bombástica ou liberar o vídeo (produzido por um cineasta que contratou) para revelar o que ainda não foi dito claramente sobre o famoso escândalo de corrupção.
Blefe ou não, Valério é um terror permanente para a petralhada.
Só precisa rezar para não fazer companhia a Celso Daniel e outros cadáveres politicamente insepultos do nada Admirável Novo Mundo a Petralhagem...
Voltando ao Boi numa fria, o resultado do segundo turno eleitoral pode radicalizar o processo de tentativa de implosão política e judiciál do mito Lula.
Mesmo vencendo em São Paulo com o incomPTente Fernando Haddad – o que é possível em função do desgaste pessoal de José Serra -, Lula perde força para a guerra de 2014.
Seu futuro dependerá, primeiro, do estado de saúde.
Segundo, que a conjuntura econômica internacional desfavorável não atrapalhe o desempenho do governo Dilma.
E, terceiro, que os novos processos do Mensalão, milagrosamente, não atinjam diretamente o chefe maior do PT.
Aliado tradicional, como PSB, ensaia voo solo com Eduardo Campos ou em parceria com os tucanos – dependendo da habilidade de Aécio Neves, que também sonha com o trono do Palácio do Planalto.
A fidelidade do PMDB é pragmática e sempre pende para o lado que tenha mais certeza de vencer a eleição.
Outro risco de traição para o PT é o sinal dado pelo PRB – ligado à Igreja Universal do Bispo Edir Macedo -, que pode lançar Celso Russomano como candidato a vice na reeleição de Geraldo Alckmin para o governo do Estado de São Paulo.
O cenário começa a ficar esquisito e com sérios riscos de que as futuras disputas de poder saiam do controle e abram caminho para a sempre ameaçadora ruptura política – que pode descambar para uma ruptura institucional.
Vendo que perderá o poder, o PT investirá na radicalização ideológica e investirá de forma covarde contra aqueles que considera inimigos maiores: os adversários políticos e a liberdade midiática.
A confusão política lembra bem a famosa República de Weimar da Alemanha pré-nazista, quando os extremismos abriram espaço para a ascensão de Adolf Hitler.
Os santos guerreiros de Lula lutarão para destruir tudo que lhes pareça dragões da maldade.
O resultado final desta batalha fanática e suicida tende a ser nada bom para a Democracia no Brasil.
A pergunta que se faz sempre que tal cenário se desenha tem respostas complexas e repletas de dúvidas.
Será que os militares estão preparados para atuar como o poder moderador no conflito radical que parece inevitável?

Ou quem poderia assumir tal papel é o Supremo Tribunal Federal agora revigorado como poder republicano perante a opinião pública e publicada?
O tempo (que pode ser curto) será o senhor de tão complicadas e complexas respostas político-institucionais.
25 de outubro de 2012
DO R.DEMOCRATICA
 

As “mentiras sórdidas de Lula” em Salvador

O candidato do DEM à Prefeitura de Salvador, ACM Neto, lidera as pesquisas de intenção de voto contra o petista Nelson Pelegrino. A presidente Dilma Rousseff já foi à cidade e fez uma espécie de chantagem com os eleitores: se o eleito for do seu partido, sugeriu, haverá mais facilidades para trabalhar com o governo federal. É uma ameaça imoral e, até onde alcanço, ilegal também. Ontem, foi a vez de Lula mandar ver na verborreia na capital da Bahia. Leiam o que informa O Globo. Volto em seguida.
*
Na última grande investida para eleger o petista Nelson Pelegrino em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de carreata e comício na tarde desta quarta-feira, na região do Subúrbio Ferroviário da capital baiana. Num discurso rápido que não durou mais que cinco minutos, Lula acusou o candidato oponente ACM Neto (DEM) de “plantar uma mentira sórdida” sobre o programa Bolsa Família.
“Ele (ACM Neto) plantou uma mentira sórdida de que foi o avô dele (senador Antônio Carlos Magalhães) que criou o Bolsa Família. A Bolsa Família que eles criaram foi outra, que não repartiram com o povo, que ficou só para uma família. O Bolsa Família que atende aos interesses da maioria do povo certamente vocês me ajudaram a criar neste país”, criticou o ex-presidente.
Em debates e no horário eleitoral gratuito, ACM Neto tem dito ser a favor do Bolsa Família e que a implantação do programa foi viabilizada somente depois da criação do Fundo de Erradicação da Pobreza, iniciativa do então senador Antônio Carlos Magalhães, que foi aprovado no Congresso Nacional em 2001. Assim como fez no comício do primeiro turno, na Praça Castro Alves, Lula lembrou o episódio em que ACM Neto afirmou em discurso na Câmara dos Deputados que seria capaz de dar uma surra no presidente da República , caso descobrisse que estava sendo grampeado.
“O povo pobre deste país não merece um político mentiroso. Eu não vou falar mal de ninguém, mas tem um companheiro aí, que está concorrendo contra o Nelson (Pelegrino), que disse que ia me bater, que ia dar uma surra em mim”, disse Lula, completando: “Primeiro, jamais iria brigar com ele, porque se eu batesse nele seria uma vergonha e se eu apanhasse seria uma vergonha e meia. Então, eu preferi ficar quieto “, completou.
Mesmo fazendo parte da base governista nos planos estadual e federal, o prefeito João Henrique Carneiro (PP) também foi alvo de críticas do ex-presidente. “Nós não temos responsabilidade se o atual prefeito é um fracassado, se não fez as coisas que prometeu. Mas quando a gente tem um prefeito que não fez o que prometeu, a gente não vota no pior, a gente vota no melhor. E melhor é Nelson Pelegrino”, afirmou.
(…)
Voltei
Vamos ver:

1) O partido do prefeito de Salvador, PP, é aliado de Dilma e de Jaques Wagner. Como é impopular, o PT o joga às cobras e não tem nada com isso.
2) Lula, a exemplo de Dilma, faz uma ironia agressiva com a estatura de ACM Neto. Eu, que chamo o petista de “Apedeuta” por causa de sua ignorância orgulhosa, que é uma escolha, não uma determinação da natureza, sou chamado de “agressivo”.
3) ACM Neto não disse que foi seu avô que criou o Bolsa Família. A própria reportagem deixa claro.
4) Finalmente, Lula conta uma mentira quando diz que foi ele quem criou o Bolsa Família. Bem, como é sabido e comprovável, não foi. Então sejamos rigorosos, não?
Aqui está o texto da Medida Provisória de 20 de outubro de 2003, que cria o nome-fantasia “Bolsa-Família”. Leiam:
(…) programa de que trata o caput tem por finalidade a unificação dos procedimentos de gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação - “Bolsa Escola”, instituído pela Lei n.° 10.219, de 11 de abril de 2001, do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n.° 10.689, de 13 de junho de 2003, do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Saúde – “Bolsa Alimentação”, instituído pela medida provisória n.° 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto n.° 4.102, de 24 de janeiro de 2002, e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto n.° 3.877, de 24 de julho de 2001.
Como fica claro acima, o Bolsa Família era e é a reunião dos vários programas de bolsa criados, TODOS ELES, no governo FHC.
Lula, já demonstrei aqui, não gostava do que chamou depois de “Bolsa Família”. Era ele quem chamava o programa de “Bolsa Esmola”. Provo também. Segue o filme.
Lula já era presidente em 9 de abril de 2003. Num evento no agreste nordestino, em companhia de Ciro Gomes, afirmou que o Bolsa Família deixava os pobres vagabundos, sem vontade de plantar macaxeira. Leiam. Encerro depois.
‘Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.”
Encerro
Está tudo aí. É impressionante que, ao longo de sua história, as oposições nunca tenham levado essas coisas à TV. 
Finalmente, lembro que os petistas reclamam da agressividade dos adversários… A gente vê a lhaneza e a delicadeza de Lula…
Por Reinaldo Azevedo

Com PT paulistano dá um "tiro no pé"

DO MARIO FORTES

OPOSIÇÃO QUER INVESTIGAR LULA

Com a conclusão do julgamento do mensalão, os partidos da oposição se preparam para requerer ao Ministério Público a retomada da investigação do esquema de “compra” de deputados com dinheiro público, desta vez abrangendo as denúncias de envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo. O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), lembra que eles adiaram a medida para não “tumultuar” os trabalhos do Supremo. “O tribunal fez a sua parte, deu um passo importante no combate à impunidade no País”, afirma. “Mas todos sabem que o mensalão não é só o que foi julgado, é muito mais e precisamos alargar o processo para alcançar a totalidade dos responsáveis pelo esquema”, afirmou.
O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), destaca que, além das declarações atribuídas pela revista Veja ao principal operador do mensalão, Marcos Valério, agora é a defesa dele que menciona os “verdadeiros chefes políticos e interessados diretos no esquema”, na ação para dar tratamento de réu primário ao cliente. Valério foi condenado até agora a 11 anos e 8 meses de prisão por três dos cinco crimes dos quais foi condenado. De acordo com reportagem da revista Veja, Marcos Valério teria confidenciado a pessoas próximas que o então presidente Lula teria se envolvido pessoalmente na coleta de dinheiro para o esquema do mensalão. “Não é um tema qualquer, estamos tratando de algo fundamentado para a República que é a denúncia contra o ex-presidente”, alegou Freire.
O líder tucano acrescenta que há não apenas “indícios”, mas também testemunhos da participação do ex-presidente Lula. “É um fato que não pode ser ignorado, tem de ser esclarecido”. avaliação do deputado Roberto Freire, Lula deve estar “amargurado” diante da punição de seus auxiliares. “Não sei se este sentimento existe nele, mas acredito que Lula está um pouco amargurado”, disse. “Tudo mostra que o seu governo foi corrupto e como não se pode punir um governo com a cadeia, está punindo suas lideranças”.
Signatário da nota na qual, em agosto, os partidos defendiam a investigação das denúncias contra Lula, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), acredita que a representação da oposição ao Ministério Público só deve ser concretizada após a definição das penas de todos os envolvidos. O senador disse que tomará a “posição certa na hora certa”.
DO JORGE RORIZ

MENSALEIROS: PRESOS POLÍTICOS?

De presos políticos a políticos presos por corrupção e formação de quadrilha num julgamento democrático num Estado de Direito.
A duras penas começaram a cantar no lombo de quem fraudou e desviou dinheiro público em prol de uma cínica e ousada manobra de um projeto político de perpetuação no poder, comprando votos no parlamento.
Agora todos são "vítimas".
Alguns se consideram até perseguidos políticos. Só que o perseguidor agora é o rigor da lei que pune quadrilheiros e corruptos, sob o relato e atitude exemplar de Joaquim Barbosa e outros ministros do STF que condenaram a quadrilha que colocou em risco a paz social.
O operador do vergonhoso e cínico esquema, Marcos Valério, já foi condenado ao regime fechado, com pena de quase 20 anos e ainda falta mais.
Deveria, como fez Roberto Jefferson, colocar logo a boca no trombone e contar a história completa. Os outros mensaleiros já sabem que vêm mais penas pesadas no lombo, onde o recolhimento ao cárcere parece inevitável. Só que são presos comuns, neste caso todos são iguais perante a lei.
É como disse o ministro Celso de Mello, a quadrilha do mensalão, a do colarinho branco, não difere das quadrilhas de traficantes do Rio e de uma perigosíssima facção criminosa de São Paulo. "Profanadores da República", disse o insigne ministro.
O veredicto final está prestes a ser dado.
Manifestações em contrário, como em diferentes épocas do regime de exceção, agora não têm respaldo popular.
O Supremo Tribunal Federal deu o novo tom na moralidade pública. Que os políticos que ainda pretendam roubar o dinheiro público ponham suas barbas de molho e pensem duas vezes.
A festa da corrupção e da impunidade acabou.
A cadeia e o uniforme de prisioneiro os aguardam.
O passado de ninguém, por mais virtuoso que tenha sido, não o exime dos crimes do presente.
Cumpram-se a lei e as decisões do Supremo Tribunal Federal.
Milton Corrêa da Costa
São Paulo

DO R.DEMOCRATICA

Já que Marcola aprendeu com esquerdistas como fazer o partido do crime, agora eu proponho que alguns esquerdistas estudem filosofia com o Marcola. Na cadeia!


Por Reinaldo Azevedo
Sugeri ontem que os jornais e veículos de comunicação não se limitem a entrevistar só quadrilheiros e corruptos condenados pelo STF, como José Genoino e José Dirceu.
Por que o preconceito?

Por que Fernandinho Beira-Mar e Marcola não têm vez?
Por que só àqueles que tentaram assaltar o estado de direito é reservada a licença para, uma vez mais, insultar as instituições brasileiras?
Não vale afirmar que aqueles dois são assassinos etc. e tal porque a corrupção mata ainda mais gente.
Os dois chefões do crime organizado certamente têm o que dizer sobre o Poder Judiciário, a ética, a moral e os bons costumes, não é mesmo?
Os jornais não estariam interessados?
Houve um muxoxo aqui e ali.
A minha ironia teria sido agressiva…
É mesmo?

Certas áreas no Brasil ficam muito dodóis quando a gente chama as coisas pelo nome que elas têm — como fez, reitero, o ministro Celso de Mello, que apontou, com acerto, que quadrilha tão organizada como a dos mensaleiros só encontra paralelo, talvez, no Comando Vermelho, no Rio, ou no PCC, em São Paulo — ele não citou o nome desses grupos criminosos.
Ora… Ontem, no Globo, estava lá Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e atual chefão do Instituto Lula, a acusar o Supremo de “tribunal de exceção”.
Segundo ele, se forem para a cadeia — e parece que vão, a menos que se mandem para Cuba ou para a Venezuela —, Dirceu e Genoino serão “prisioneiros políticos”.
Imaginem vocês: serão “prisioneiros políticos” num regime democrático e de direito!!!
E quem é Vannuchi?
Trata-se do ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, um dos grupos terroristas mais letais que houve no país.
Vannuchi poderia ter aprendido algo de novo, mas não esqueceu nenhuma das coisas velhas.
Marighella é aquele monstro que redigiu um Minimanual da Guerrilha, em que fazia a defesa aberta do terrorismo.
No catecismo seguido pelo chefão do Instituto Lula, encontravam-se maravilhas como esta: “Hoje, ser “violento” ou um ‘terrorista’ é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada (…)”.
A ALN tinha um “Tribunal Revolucionário” que executava pessoas que estivessem “do outro lado”, incluindo partidários seus suspeitos de traição. Alguns desses assassinos executores são hoje anistiados e recebem grana oficial.
Pois bem.
Vannuchi, este grande humanista — aquele que tentou implementar um Plano de Direitos Humanos que censurava a imprensa, extinguia a propriedade privada no campo, perseguia símbolos cristãos e legalizava o aborto —, considera que o STF é um tribunal de exceção e condena sem provas.
Que coisa!
No blog, já contei a história de Márcio Leite de Toledo, de 19 anos, membro da ALN, que foi assassinado pelos próprios companheiros.
Por quê?
Ah, havia a suspeita, que depois se comprovou infundada, de que ele pudesse entregar alguém à polícia. Foi executado pelo “tribunal” com oito tiros.
De tribunal de exceção, Vannuchi entende.
Com esse histórico brilhante de militância, com esse amor ao devido processo legal, Vannuchi vem a público para acusar o STF de ser um “tribunal de exceção”, sustentando que, se presos, Dirceu e Genoino são “prisioneiros políticos”???
É asqueroso!

E amplos setores da imprensa acabam dando trela a isso que seria o “outro lado”?
Esperem aí: “outro lado” exatamente de quê?
Curiosos esses patriotas, não é mesmo?
Eles podem ser flagrados pela história de arma na mão, matando inocentes e tentando implementar uma ditadura comunista no Brasil.
E daí?
São heróis!
Devemos reverenciá-los e lhes ser gratos, dando curso à farsa segundo a qual lhes devemos o regime democrático.
Mas ainda é pouco.
Eles também nos custam dinheiro.
As reparações do Bolsa Ditadura já passaram dos R$ 6 bilhões.
Passa o tempo, e alguns mesmos protagonistas daquelas peripécias ou seus descendentes ideológicos são flagrados pela mesma história com a mão no cofre — e, desta feita, não é o do Adhemar! —, roubando dinheiro público em benefício de um projeto de poder (e, certamente, para o enriquecimento pessoal também em alguns casos), enxovalhando as instituições, transformando a República num bordel.

E o que eles dizem sobre si mesmos?
Ora, são heróis mais uma vez.
A ditadura que queriam derrubar servia para mascarar a ditadura que pretendiam implementar se vitoriosos fossem

 Mas e agora?
A que regime essa gente, então, se opõe?
À democracia!!!
Antes, todos os métodos seriam aceitáveis porque se tratava de depor um governo discricionário — é evidente que falseavam seus reais propósitos.
Desta feita, no entanto, buscaram fraudar as regras do jogo que havia lhes garantido a chegada ao poder e atacam os fundamentos da legalidade que lhes assegurou três eleições seguidas.
Um lógico convencional se perguntaria: “Mas por que diabos essa gente tenta solapar o modelo que lhes facultou o poder?”.
Ocorre que esse modelo também assegura o exercício do contraditório, a liberdade de expressão, a independência da Justiça, a imprensa livre. E o PT, desde sempre, chegou ao poder pela via democrática com o intuito de mudar a natureza da democracia, a exemplo dos regimes autoritários ou ditatoriais que o partido apoia na América Latina e no mundo.
Ironia final
Finalmente, Marcola pode ser um entrevistado mais interessante do que Genoino ou Dirceu porque parece um tantinho mais letrado, né?
Em julho de 2006, publiquei trechos de seu depoimento à CPI do Tráfico de Armas. Num dado momento de uma longuíssima conversa, tentando entender quem era aquela personagem, o então deputado Raul Jungmann (felizmente eleito vereador em Recife) tentou entender melhor o depoente. Transcrevo:
Jungmann – Aí fora se fala muito que você é um leitor voraz de livros. Aí eu queria pedir que você me dissesse quais são os seus 5 principais autores, ou 3. Como você queira. De quem mais você gostou?
Marcola – Nietzsche…

Jungmann – Nietzsche!

Marcola – Nietzsche, Voltaire…

Jungmann – Hã, hã. Quem mais?

Marcola – Victor Hugo, Les Miserables. Sei lá… Eu adoro ler. Santo Agostinho, em determinados momentos. Confissões… É uma gama muito grande. Depende do momento e da situação, a gente tem um determinado prazer a mais de ler determinado autor.

Neucimar Fraga – A Bíblia também?

Marcola – A Bíblia… (…) Não, mas eu li, claro. Estudei a Bíblia, muito, porque eu queria crer. Eu quero crer. Eu quero que exista uma força, mas eu sei que não existe, porque, se existisse, não poderia ter tanta injustiça. Não só por isso. Como eu digo, a Bíblia, umas 5 vezes eu li ela inteira, de Êxodos a Apocalipse. Êxodos, não. De…
Neucimar Fraga – Gênesis.

Marcola – Gênesis
JUNGMANN – Uma terceira questão, Marcos: você tem ídolos? Você admira alguém?

Marcola – Não.
Encerro
Não, não! Toda essa bibliografia douta de Marcola não deve servir para tirá-lo da cadeia. De jeito nenhum! Mas me ocorre aqui uma graça.
Vocês sabem que foram comunistas presos que ensinaram a criminosos comuns a lógica de formação de um “partido” do crime, certo?

O regime militar fez a besteira de botar esquerdistas para assediar bandidos…
Como se diz em Dois Córregos, juntou-se a fome com a vontade comer.
Deu nisso!
Coisas como Comando Vermelho e PCC são a versão leninista do assalto, do latrocínio e do tráfico de droga.
Por isso são organizações tão perigosas!
É o banditismo comum com cabeça de banditismo político.
E, por óbvio, o banditismo político também já se beneficia da tecnologia do banditismo comum.
Já que os esquerdistas ensinaram aos criminosos comuns como montar um partido, penso agora que Marcola poderia dar aula de filosofia para José Dirceu e José Genoino…
Na cadeia, claro!
Já que chefão do PCC sabe com funciona o centralismo democrático, os dois Zés podem aprender um pouco de Nietzsche, Santo Agostinho, até Victor Hugo…
As aulas de Marilena Chaui, convenham, não deram em boa coisa.
25/10/2012 
DO R.DEMOCRATICA