quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Andrea Matarazzo tentou remover a favela do Moinho; os petistas e parte da imprensa resolveram sufocar os pobres com seu amor. E com a fumaça dos incêndios!


Por Reinaldo Azevedo
Espalhem esta história. Nada é mais exemplar do bem que as esquerdas do miolo mole fazem aos pobres
Andrea Matarazzo, meu candidato a vereador (PSDB), quando secretário de Subprefeituras, tentou remover a Favela do Moinho, que sofreu o segundo incêndio em menos de um ano nesta semana.
Um rapaz brigou com o namorado e decidiu botar fogo no objeto do seu desejo e do seu rancor. Segundo reportagem da Folha, o sinistro só aconteceu porque o programa da Prefeitura de combate a incêndios teria falhado (já trato disso). Antes, algumas outras considerações.
Por que Matarazzo queria remover a favela de lá?

Em razão do risco a que estão submetidos os moradores — inclusive de incêndio. Mas esse nem é o maior. Uma linha de trem passa no meio da favela, a meio metro das casas, onde brincam crianças. Há ainda problemas de contaminação do solo.
Foi um Deus nos acuda!
Todos os supostos “amigos do povo” se mobilizaram em favor do “direito” que as pessoas teriam de morar no local.
Esquerdistas da PUC-São Paulo montaram um núcleo de estudantes de direito e sociologia para se organizar contra a remoção. Seguiram todos pra lá, para ver de perto a pobreza redentora e fazer o estágio Massinha I do curso do bom burguês que reconhece que a luta de classes move a história.
Abaixo, há dois vídeos espantosos.
O primeiro retrata aquela mobilização contra a remoção. Notem quanta poesia há no olhar desses patriotas. Seguem, depois, para seus lares confortáveis, pouco se importando que crianças tenham como quintal a linhas de trem. A redenção do povo supõe a existência de alguns mártires, certo?
O segundo já foi feito depois do incêndio desta semana.

O primeiro
       O segundo
Muito bem! Ocorrida uma nova tragédia, os valentes não se dão por achado. No vídeo abaixo, a gente vê uma suposta “especialista” a atribuir o incêndio à “especulação imobiliária” — já se sabe o nome do incendiário.
Na raiz do seu gesto, uma questão passional. A moça não quer nem saber. Aproveita, claro!, para acusar também a “mídia”. A ideologia a impede a de ver a realidade. Eis o resultado do trabalho de doutrinação das nossas escolas. Assistam. Volto depois.


Voltei
Isso é uma tentativa de jornalismo?
- NÃO HÁ UM SÓ INDÍCIO DE INCÊNDIO CRIMINOSO! É MENTIRA!
- A PREFEITURA ESTÁ PAGANDO O ALUGUEL SOCIAL ÀS VÍTIMAS!

“Nada de remoção!
Isso é higienismo social”, gritavam e gritam os discípulos morais do padre Júlio Lancelotti, um homem que não pode ver um carente que logo cai de joelhos.
Por ocasião do primeiro incêndio, sabem quem foi à favela dar a sua contribuição solidária aos moradores?
Ele!
O senador Suplicy.
Vejam.


 A favela não foi e não será removida. Os poetas da miséria alheia não deixam.
Os petistas, por óbvio, compraram a causa. Assim, os que impediram a remoção daquela favela é que são, por óbvio, responsáveis morais pelas tragédias havidas e por haver. A “responsabilidade moral” não está prevista no Código Penal. Ela é, antes de mais nada, uma questão ética. E política!
Os incêndios
Já escrevi aqui umas 500 vezes e repito. Acho que os jornalistas e o jornalismo podem ter opinião. Mas ela há de ser instruída pelos fatos e por um compromisso com a verdade. O incêndio na favela do Moinho, vejam que coisa!, acabou caindo nas costas da Prefeitura. Pois é… A Prefeitura tem desenvolvido um trabalho de prevenção a incêndio nessas áreas, e isso não quer dizer que consiga evitá-los sempre. Mais: prevenção não é combate.
O programa tem funcionado? Isso, sim, não é matéria de opinião, mas de fato. Vamos os números de incêndios desde 2001:
Gestão Marta

2001 – 224
2002 – 169
2003 – 200
2004 – 185
Gestão Serra
2005 – 151
2006 – 156
Gestão Kassab
2007 – 120
2008 – 130
2009 – 129
2010 – 31
2011 – 79
2012 – 69
Voltei
São dados objetivos, factuais. Como se verifica, desde a gestão da petista Marta Suplicy, que pertence ao partido desses notórios humanistas, o número de ocorrências caiu espantosamente. Parece haver ai um indício de que os programas de prevenção estão dando resultado, além, claro!, do trabalho de urbanização de favelas e regularização das instalações elétricas.
Mas e daí?
Esses são apenas os fatos.
E eles são favoráveis a uma gestão que a média da imprensa paulistana decidiu detestar.
Ah, sim: ela também comprou a causa dos “amigos do povo”.
Não se enganem: onde houver um pobre, um miserável, há sempre um progressista por perto disposto a sufocá-lo com o seu amor — ou com a fumaça de incêndios.
                       19.09.2012


O chefe do mensalão só poderia ter sido aquele que nunca admitiu ser chefiado

Autoritário desde a infância, espaçoso desde a adolescência, mandão desde sempre, Lula só faz o que lhe dá na telha, só ouve quem lhe convém e só consulta os que estão prontos para dizer amém. Sozinho, o presidente de sindicato escolhia os parceiros de diretoria, negociava com os patrões, decretava o começo ou o fim da greve.
Sozinho, o dono do PT decidiu que o vermelho seria a cor e a estrela seria o símbolo da seita, escolheu os fundadores do clube, distribuiu as carteirinhas de sócio, confiscou-as quando bem entendeu, promoveu-se a presidente de honra e, depois, nomeou-se candidato perpétuo ao Palácio do Planalto.
O presidente da República montou o ministério à sua imagem e semelhança, empregou e demitiu quem quis, intrometeu-se em assuntos que mal conhecia ou ignorava completamente, elegeu novos amigos de infância, afastou-se de velhos amigos da mocidade, proclamou-se consultor-geral das nações em crise e virou conselheiro do mundo.O ex-presidente é o mais feliz dos portadores da síndrome de Deus. Dá ordens à sucessora, indica ministros, dá palpites na economia, elogia o Brasil Maravilha de cartório, interfere na escalação do Corinthians e negocia a construção do Itaquerão. Fora o resto.
Desde o começo do ano, entre um ataque a FHC e um pontapé em José Serra, o Lula palanqueiro escolhe candidatos a prefeito, vereador ou síndico. Fechou negócio com Paulo Maluf, aposentou Marta Suplicy por antiguidade, botou na cabeça que Fernando Haddad deve governar São Paulo, arrumou confusão com o PSB, decidiu que Humberto Costa será o derrotado no Recife e Patrus Ananias merece naufragar em Belo Horizonte. Pelo andar da carruagem, o PT amargará o maior fracasso eleitoral desde a fundação. E nem assim os companheiros ousam discordar do intuitivo genial.
Quem manda é ele, o oráculo infalível, o guia incomparável, o Cara. Por isso se mete em tudo e deve ser ouvido por todos. É sempre dele a última palavra. Sem o aval do mestre, nada deve ser feito. No caso do mensalão, por exemplo, ele decidiu o que o Executivo e o Legislativo deveriam fazer para livrar da cadeia os culpados. E avisou que cuidaria de enquadrar os ministros do Supremo.
Não deu certo, comprovam a fila dos condenados e as revelações de Marcos Valério divulgadas por VEJA. O Lula retratado pelo diretor-financeiro do bando não surpreendeu ninguém. Ele continua fingindo que, pela primeira vez na vida, não soube de nada, não se meteu em nada. Nem desconfiou do que ocorria na sala ao lado. Quem o conhece sabe que, como sempre, o chefe foi Lula.
POR AUGUSTO NUNES-REV VEJA

Sob o comando de Lula, petistas tentam intimidar o STF e dizem que transmissão do julgamento pela TV põe em risco a democracia; o partido exibe a sua cara: odeia a imprensa livre, odeia a Justiça livre, odeia os homens livres, odeia a liberdade!

Ou: O bolivarianismo da boca do caixa

Por Reinaldo Azevedo
Ontem, parlamentares petistas, na Câmara e no Senado, obedecendo ao grito de guerra lançado pela Executiva do PT, sob a inspiração de Luiz Inácio Stálin da Silva, assumiram a tribuna para defender o partido.
Acusaram a existência de uma suposta conspiração contra o partido. Dela fariam parte, como sempre, as tais elites e a imprensa.
O partido que mais arrecada recursos de campanha junto a indústrias, empreiteiras e bancos não disse exatamente a que elite se referia — quem sabe estivesse a falar sobre a elite dos homens de espírito livre, que não aceitam se submeter às vontades de um partido, de um candidato a tiranete, de alguém que acredita ser Deus.
O deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação da legenda, não teve dúvida: afirmou que a transmissão ao vivo do julgamento, pela TV Justiça, põe em risco a democracia.
Viva!
Eis, finalmente, sem máscara, a verdadeira cara do PT. Ao longo de 32 anos, a legenda se apresentou com várias faces.
Já foi o partido “do socialismo”, da “terra, trabalho e liberdade”, da “ética na política”, da “sociedade organizada”, das “minorias”, da “democracia”.
Um dos truques mais antigos do demônio — a rigor, é seu único recurso — é se apresentar por aquilo que não é.
Do socialismo, o PT só herdou o autoritarismo.
Da luta por igualdade e justiça, só conservou os burocratas da militância.
Da pregação em favor da ética, restou a construção de uma moral coletiva que só serve ao partido, a transformar seus bandidos em heróis e em bandidos aqueles que a ele se opõem, sejam ou não culpados.
Da sociedade organizada, fez uma máquina de aparelhar o estado, submetendo o bem coletivo aos interesses de um grupo.
Da luta das minorias, organizou as suas micropolícias do pensamento, de inspiração fascistoide.
Era fatal que chegasse, então, ao repúdio claro, escancarado, arreganhado, sem subterfúgios, à democracia.
O secretário de Comunicação do PT disse ontem, com todas as letras, que uma Justiça que se exerce à luz do dia e ao alcance de uma parcela ao menos do povo é uma… ameaça a ordem democrática.
Vamos ver.

No dia 2 de outubro, não se esqueçam, eu espero leitores de São Paulo na Livraria Cultura da Avenida Paulista para assinar “O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo”.
No dia 4, espero os do Rio na Livraria Argumento, do Leblon. Já há outras datas agendadas. Informo amanhã. Eu me orgulho de ter escrito o Volume I. Eu me orgulho de ter escrito o Volume II.
E escreverei quantos livros se mostrarem necessários para denunciar o autoritarismo, a vigarice política, as tentações totalitárias, o ódio à democracia, a apologia dos “bons ladrões”.
Eles não se cansam de mentir sobre si mesmos e sobre nós?
Eu não me canso de fazer o contrário.
Talvez um dia escreva “Como nos livramos deles”, mas não sou um finalista, não me proponho tarefas dessa natureza.
Denuncio as tentações totalitárias do PT bem antes de essa gente chegar ao poder. Conheço de perto seu repúdio à democracia. O ódio contra a Justiça e a defesa da censura decorre do fato de que essa turma não acredita na existência de culpados e inocentes. O mundo de Lula e de seus comandados obedece a outra clivagem: eles só enxergam aliados e adversários.
Tudo o que serve aos propósitos do partido e a seu fortalecimento é bom; tudo o que se mostra um empecilho à expansão de seus domínios é mau.
Afinal, não é esse mesmo Lula que, em menos de dois anos, tanto satanizou o clã Sarney em palanque como o classificou de paladino de democracia?
Em solenidade recente, Marta Suplicy, ministra da Cultura (!), chamou o presidente do Senado de “estadista”.

O título dos meus livros, noto, nem sempre é bem compreendido. “O País dos Petralhas” não é o Brasil, onde também há milhões de pessoas decentes.
O país dos petralhas é aquele em que o compadrio toma o lugar das leis.
O país dos petralhas é aquele em que a impunidade dos companheiros é chamada de justiça.
O país dos petralhas é aquele em que o bem coletivo é tratado como propriedade privada de um partido.
O país dos petralhas é aquele em que um partido vigia a sociedade, em vez de a sociedade, por meio de suas leis democráticas, vigiar os partidos.
O país dos petralhas é aquele que quer censurar a imprensa livre.
O país dos petralhas é aquele que financia pistoleiros disfarçados de jornalistas.
O país dos petralhas é aquele que quer transformar o Supremo Tribunal Federal numa repartição de um partido.
Denuncio o país dos petralhas porque acredito no país dos homens livres, que não devem obediência a aiatolás e a aiatolulas; que podem pensar sem peias, que podem opinar sem medo, que se deixam intimidar pela policia do pensamento.
Espantoso atrevimento

É espantoso o atrevimento dessa gente!
Nas conversas que manteve com seus interlocutores, Marcos Valério deixou mais do que claro: ele havia recebido dos petistas a garantia de que não seria molestado pela Justiça.
Os ministros do Supremo que têm vergonha na cara — e, hoje, eles são uma maioria esmagadora — não aceitam ser tutelados por Lula porque, de fato, no estado de direito, essa tutela pertence à Constituição e às leis.
Aqueles aos quais é dado ter a última palavra no que concerne às leis são primariamente indicados para o cargo pelo presidente da República porque este é um dos ofícios do chefe do Executivo, constitucionalmente definido.
Ao Senado cabe indicar ou reprovar o nome. O ministro que chega à Corte não está investido nem da vontade do presidente nem da vontade dos senador
Sua investidura decorre da origem popular do mandato daqueles dois outros Poderes.
Ministros do Supremo, senhor Luiz Inácio Lula da Silva, servem ao povo, dentro dos parâmetros da Constituição e dos demais códigos legais.
Ministros do Supremo, em suma, não são corruptos passivos que praticam atos de ofício em benefício de um corruptor ativo — ainda que em nome da ideologia ou de um partido.
Lula jamais vai entender isso.
Não porque lhe falte instrução formal.
Ele é mais autoritário do que propriamente ignorante.
E é também um sem-limites.
A Brasília e a corredores do STF já chegaram seus ódios e seus vitupérios, sua desmesura no uso de palavrões — comum, diga-se, mesmo em conversas amenas —, suas iras santas.
Porque ele próprio nunca se reconheceu como um devedor das instituições, estava firmemente convencido de que os ministros que nomeou deviam vassalagem a ele, não ao estado democrático e de direito.
É o que leva o deputado André Vargas a fazer aquela declaração boçal.
A sociedade com a qual Lula sonha não é muito diferente da de Chávez
O petismo só escolheu outro método: o da boca do caixa
O PT está em seu terceiro mandato presidencial.
A oposição no Brasil é a menor — acreditem! — da América Latina (e de todo o mundo democrático).
Até Chávez, Rafael Correa, Cristina Kirchner e Evo Morales têm mais adversários nos respectivos Parlamentos do que o PT.
Mesmo assim, os petistas alimentam um permanente sentimento de derrota.
Para que experimentassem mesmo a sensação de vitória, seria preciso ter juízes e imprensa debaixo do chicote.
E não terão.
O Brasil que se preza, acreditem, já derrotou o país dos petralhas.
19/09/2012 
DO R.DEMOCRATICA