quarta-feira, 13 de junho de 2012

Depois do desabafo, a TRILIONÁRIA XUXA recebe ajuda financeira do governo..É de matar, não?

A produtora de Xuxa ganhou autorização do Ministério da Cultura para captar R$ 8,3 milhões.
O projeto, nomeado "Vida - Um Espetáculo Sustentável", consiste em quatro peças que vão ser também registradas como média-metragem, em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Leitor destaca que desabafo de Xuxa foi 'teatral'
Na justificativa, a empresa diz que o pacote de espetáculos visa "uma maior contribuição para a formação da consciência ecológica de massa".
A informação é da coluna de Mônica Bergamo, publicada na edição desta quarta-feira da Folha (a
íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
DO B. GRAÇANOPAISDASMARAVILHAS

Um fato.

"Não pude inscrever-me para o concurso público municipal de serviços gerais, pois não tinha o 2º grau. Pergunto se é engraçado ou desgraçado o País em que se exige segundo grau para um 'varredor de rua' e não se exige o primeiro grau para ser Presidente da República."
*Frase de um leitor, rolando na internet.
DO B.DO MARIO FORTES

Fux acha aceitável o STF se deixar influenciar pela marcha da maconha, mas não pelos que querem os mensaleiros condenados. É um juízo torto.


 Então “fiat lux, Fux”
Ou: Mensaleiros já pautam setores da imprensa
                               Por Reinaldo Azevedo

Caras e caros, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, disse ontem algumas coisas preocupantes sobre o mensalão e outros julgamentos.
Não fizessem as palavras sentido, eu não escreveria este texto. Como fazem, então não me resta alternativa.
Antes que trate de sua fala, terei de fazer algumas considerações. Se julgarem pertinente, já sabem: ao debate nas redes sociais!
Data-Reinaldo informa: o placar hoje no Supremo é cinco a cinco, com viés pró-mensaleiros.
São os fatos.
*
Se um partido se fizer hegemônico, ao menos no figurino gramsciano, então todas as outras forças políticas se tornam irrelevantes, e o “Moderno Príncipe” impõe a sua vontade sem resistência porque ele se torna a única referência válida da política.
Até para se opor ao partido será preciso… integrar o partido! É a ditadura exercida por outros meios. A imposição das vontades e dos valores da força dirigente é experimentada como o jeito de ser, a maneira óbvia de entender e de enxergar o mundo, sem resistência possível.
A hegemonia petista está ainda em construção, mas os dirigentes do partido conseguem, por exemplo, pautar a imprensa com impressionante eficiência e rapidez.
Vamos ver?
Tão logo o Supremo Tribunal Federal (STF) marcou a data do início do julgamento do mensalão — sempre a depender, claro!, da vontade de Ricardo Lewandowski —, figurões do PT lançaram uma acusação, que funcionava também como uma palavra de ordem: “O tribunal está se deixando levar pela opinião pública”. Notadamente, acusavam, pela famigerada “mídia”, esse ente que os petitas consideram demoníaco porque ainda não inteiramente rendido a seus desígnios.
O objetivo era este mesmo: forçar o jornalismo a provar a sua isenção mais ou menos como quem tem de provar que é inocente.
Como fazê-lo?
Dando curso às acusações infundadas que faziam e fazem. Infelizmente, têm sido bem-sucedidos.
Vamos ver.
A entrevista de Roberto Jefferson completou sete anos no dia 6 deste mês. Hoje, portanto, é o sexto dia do oitavo.
Em agosto, quando tiver início, se Lewandowski deixar, o julgamento, estará se fechando o quinto ano desde a aceitação unânime da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal.
Dadas essas datas, é um escárnio afirmar que o tribunal estaria agindo premido por pressões ou pelo clamor desse ou daquele setores da sociedade.
O tribunal estaria, aí sim, assumindo um papel político e eleitoral se deixasse de cumprir a sua obrigação por conta do calendário das eleições. Se não cabe à nossa corte suprema causar, por determinação, embaraços a um partido político, tampouco lhe compete, de modo igualmente determinado, protegê-lo, especialmente de si mesmo.
A acusação feita por petistas jamais poderia ter pautado a imprensa não porque se deva, nesse caso, ignorar o “outro lado”, mas porque, nesse caso, o outro lado não fornece uma visão alternativa de mundo, da história ou dos fatos, mas uma denúncia vazia, que não se sustenta na realidade.
Até o advogado de Fernandinho Beira-Mar pode ser ouvido numa reportagem. Mas me parece inaceitável que o seu cliente resolva expor suas ideias sobre segurança pública…
Não obstante, mensaleiros, suas teses e seus advogados ganharam o noticiário para pôr o tribunal sob suspeição, a exemplo do que fez Márcio Thomaz Bastos, ainda que de modo oblíquo (a menos, claro!, que a corte absolva a turma) ou, pasmem!, Delúbio Soares.
Na Folha de ontem, lá está um repórter do jornal cobrindo uma “palestra” do ex-tesoureiro, ministrada a militantes do próprio partido, no interior de Goiás. Justamente para acusar a pressão da mídia etc.
Ninguém superou até agora Janio de Freitas. Na sua coluna na Folha de ontem, vocalizou o que nem os petistas ousaram até agora. Cobrou que Gilmar Mendes se declare impedido de votar em razão dos “insultos violentíssimos” que o ministro “tem dirigido aos petistas deveriam”.
Quais insultos?
Do que ele está falando?
Mendes reagiu, sim, quando sofreu uma tentativa de chantagem e quando seu nome passou a figurar na subimprensa a serviço do petismo.
Curiosamente, as “acusações” eram as mesmas vocalizadas por Lula no encontro que tiveram.
que Janio queria?
ministro reagiu e fez muito bem. Afinal de contas, o objetivo daquela canalha era exatamente… afastá-lo do julgamento!
Em seu texto, o articulista registra o suposto açodamento do Supremo — DENÚNCIA FEITA HÁ SETE ANOS E RECEBIDA PELO TRIBUNAL HÁ CINCO!!! — e, para meu espanto, não sugere que Dias Toffoli se declare impedido.
Aqui faço uma ressalva importante: eu fui um duro crítico da indicação do ministro Toffoli para o Supremo. Até agora, acho que ele tem dado votos exemplares em defesa do estado de direito.
Mas foi advogado do PT e assessor de José Dirceu. Sua namorada já advogou para um dos réus. Se esse segundo motivo não parece forte o bastante para afastá-lo do julgamento, o primeiro, em qualquer corte do mundo, seria considerado definitivo.
Não dá para decidir o destino de um ex-chefe sem que, a depender do voto, reste ou suspeita de vingança ou de subserviência. Se Janio de Freitas usa informações que recebeu em off — os supostos insultos — para cobrar em on que Mendes se afaste, deveria explicar por que a situação em on de Toffoli não há de tirá-lo do julgamento. Janio produziu o seu pior.
Ontem, o próprio presidente do Supremo, Ayres Britto, foi instado por repórteres a responder, mais uma vez, à acusação feita pela banda mensaleira: teria o tribunal agido sob pressão?
Portou-se bem. Denúncia apresentada, denúncia aceita, todos os ritos processuais cumpridos, restaria ao tribunal fazer o quê? Julgar. Ponto!
Agora Fux
Escrevi, até aqui, do ambiente político em que se dá esse debate cretino, que afronta os fatos. Tratarei agora, ao abordar a preocupante fala de ontem do ministro Luiz Fux, do ambiente de ideias e dos valores em que ele se dá. Os miasmas do Zeitgeist, do espírito do tempo, que chegaram ao tribunal não são bons.
Fux participou ontem de um seminário sobre liberdade de expressão, promovido pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais) e pelas Organizações Globo. Esperava-o a pauta dos mensaleiros, infelizmente adotada pelos veículos de comunicação e pelos jornalistas.
Teria o STF agido sob pressão ao marcar a data do julgamento. Segundo o Valor, afirmou o ministro: “O juiz é um técnico e não pode se deixar levar pelo clamor social”.
Eu já me preparava aqui para aplaudi-lo por ter dito a coisa certa em dias em que tantos dizem a errada. Mas, aí, infelizmente para aquele ser otimista que vive em mim, continuei a ler a reportagem. Informa o jornal (segue em vermelho):
O ministro foi questionado a respeito da influência da opinião pública no julgamento do mensalão. Ele respondeu fazendo uma diferenciação sobre os casos que o STF decide. Segundo ele, há questões em que a Corte tem que ouvir as vozes sociais, como, por exemplo, a união homoafetiva e a realização da marcha da maconha.
Já nos casos em que o Supremo analisa ação individual de cada réu, a atividade do juiz deve ser, segundo Fux, a de avaliação das provas e de aplicação do direito.
A opinião pública, nessa parte, não pode interferir, disse o ministro.
“As vozes sociais têm que ser ouvidas, mas não sobre como devem ser julgados os casos concretos que têm as suas peculiaridades. Senão, o juiz está se despojando de sua função de julgador e transferindo a sua missão à opinião pública.
Isso é inaceitável”, continuou Fux.

Retomo
Então vamos ver se entendi direito: em matérias que dizem respeito a costumes, a valores mais gerais da sociedade, o dito “clamor público” é legítimo e deve ser recebido e ouvido pelo juiz. Já em matéria criminal, relativa à “ação individual de cada réu”, aí a turba, a massa, a plebe fica do lado de fora.
Curioso, não?
É justamente em algumas matérias criminais que o “povo”, por intermédio do tribunal do júri, é chamado a julgar.
Sei.
A esta altura, os petralhas, que me amam, estão à espreita — como aqueles crocodilos do Discovery Channel para pegar pelas pernas os gnus que atravessam o rio Mara, no Quênia — para tentar me pegar no salto triplo carpado hermenêutico-dialético, à espera de que eu sustente que o STF deve ser surdo ao clamor de maconheiros, de abortistas ou do sindicalismo gay, mas atento ao alarido das ruas ao julgar os mensaleiros.
Petralhas sempre esperam o pior de seus adversários porque se tomam como medida de todas as coisas. Mas não! Eu defendo que um juiz, seja para decidir o destino de um chefe de quadrilha, seja para decidir se a marcha em favor da maconha pode ou não ter curso, apegue-se exclusivamente à lei.
A rua entra no Poder Judiciário de outro modo, pela via institucional. É um presidente eleito que indica um ministro do Supremo.
A Constituição lhe delega esse papel — e, ao votar, o eleitor escolhe as pessoas que terão aquelas prerrogativas próprias da função.
Esse indicado tem de ser aprovado por um colégio de senadores também eleitos pelo povo. Assim, na impossibilidade de todos os brasileiros escolherem o ministro do Supremo, a população escolhe por meio de seus representantes constitucionais e institucionais.
Feita a escolha, o papel de um ministro é ouvir a voz clara das leis, não a voz rouca das ruas. EM QUALQUER CASO!
Foi, de fato, ouvindo A SUPOSTA VONTADE DA RUAS, PORQUE VONTADE DAS RUAS NÃO ERA, que o Supremo:
a) liberou a marcha da maconha contra o Artigo 287 do Código Penal, que define como crime a apologia de ato criminoso;
b) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo contra o que está explicitado, de maneira inequívoca, no Artigo 226 da Constituição, que a define como aquela celebrada entre “homem e mulher” (posso ser, e sou, favorável à união civil, mas não contra a Constituição);
c) reconheceu o aborto de anencéfalos contra a Constituição, ignorando o que está disposto no Artigo 128 do Código Penal;
d) considerou legais as cotas raciais contra o Artigo 5º da Constituição.
Seja para ignorar o que vai disposto na Constituição, seja para “reescrever” dois artigos do Código Penal — e sem ter competência nem para uma coisa nem para a outra porque a sociedade não lhe delegou esse papel —, o tribunal decidiu, então, ouvir certo clamor público.
E Fux parece achar isso muito legítimo.
Mas pergunto: eram aquelas vozes, ministro, as da maioria dos brasileiros ou as de uma minoria que parece representar a maioria apenas porque mais saliente e mais mobilizada?
Quem disse que as aspirações de militantes representam, necessariamente, a vontade da sociedade?
Quando um ministro do Supremo — ELEITO, AINDA QUE INDIRETAMENTE, POR TODOS OS BRASILEIROS — cede à pressão de uma minoria organizada, está, na verdade, se tornando refém dessa minoria e traindo o fundamento que o levou à corte. Se houver algum furo lógico da minha argumentação, ouço com atenção.
Agora o mensalão
Causa-me espécie que Fux considere que juízes devem ouvir o alarido nesses casos, mas não no julgamento do mensalão.
Ora, por que não?
Porque é matéria criminal?
Porque diz respeito a destinos de indivíduos?
Não lhe parece, ministro, que a justificativa soa um tanto diversionista e que a argumentação é cediça, lassa, frouxa?
Não estaria, subjacente a essa causa, o mais público de todos os interesses, que diz respeito não apenas à moralidade dos agentes de estado, mas também à sua conformação?
O que se viu ali foi uma tentativa do Executivo, sob o comando de um partido político, de comprar o Congresso Nacional, de formar um Parlamento paralelo, que atuava a soldo e na sombra.
Que os crimes aconteceram,  isso, certamente, ninguém dúvida. Esse até poderá ser um escândalo, mais um, sem punidos.
Mas nem por isso a dinheirama ilegal movimentada, os saques na boca do caixa e as malas pretas para partidos políticos vão sumir da história. Em mais uma manifestação do direito criativo — somos tão pródigos nisso! —, talvez os brasileiros tenham de se contentar com a existência de um crime sem criminosos!
Concluo
Apeguem-se os ministros às leis em qualquer caso. O que é legítimo, isto sim, é que parcelas da sociedade se mobilizem para expressar a sua vontade. E os membros do Supremo atuem segundo os códigos legais.
Até porque, ministro Fux, uma coisa é certa: praticamente a totalidade dos brasileiros — até aqueles que estão encarcerados — é contra a impunidade.
Os que pedem a punição de mensaleiros e assemelhados estão longe de constituir uma minoria barulhenta. Exceção feita aos autores de uma nova escolástica, que procura explicar que alguns crimes são praticados para o bem do Brasil, os brasileiros têm é sede justiça. Nos marcos da lei.
PS — Não cometam o erro de achar que a realização do julgamento se confunde com a condenação dos mensaleiros.
Segundo o Data-Reinaldo, o placar hoje é cinco a cinco, com um viés de absolvição — e não estou dizendo que seria Ayres Britto a desempatar.
Eis os fatos.
                       13/06/2012

Volta a farsa do ‘golpe do mensalão’


 EditorialO Globo
A proximidade do julgamento do mensalão agita os espíritos militantes e passionais, mesmo aqueles mais sofisticados, revestidos de uma camada de educação e fineza.
Já houve a atrapalhada intervenção do ex-presidente Lula no encontro indevido com o ministro do Supremo Gilmar Mendes, um dos juízes do processo, intermediado pelo também ex-presidente da Corte Nelson Jobim. Artilharia no próprio pé, pois a iniciativa deve ter levado o STF a acelerar o calendário do julgamento.
Passou, também, o gesto infanto-juvenil do mensaleiro José Dirceu de conclamar estudantes a ir às ruas, no estilo “Cinelândia 1968”, para defendê-lo perante os 11 magistrados do Supremo. Teatral e inócuo, por óbvio.
No fim de semana, foi a vez de o ex-ministro da Justiça no primeiro governo Lula, Marcio Thomaz Bastos, no programa “Ponto a Ponto”, da TV Bandeirantes, entrar em ação, de forma mais sutil, ao seu estilo.
Ministro quando explodiu o escândalo, em 2005, e hoje advogado de um dos réus, José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural, instituição acusada de participar da operação de lavagem daquele dinheiro, Thomaz Bastos explora um tema caro a certos petistas: a suposta interferência da imprensa profissional no caso.
Teme o advogado o que chama de “publicidade opressiva” dos meios de comunicação independentes contra os réus. De forma elegante, até oblíqua, o advogado repõe em circulação a tese surrada e risível de que uma “imprensa golpista” inventara o mensalão e, em seguida, tratara de prejulgar os denunciados pelo Ministério Público. A tese até recebeu a unção de uma certa intelligentzia petista.
Agora, na visão de Thomaz Bastos, influenciáveis ministros do STF, sufocados por uma “publicidade opressiva”, se preparam para executar a condenação orquestrada.
Ora, quem denunciou o mensalão foi um dos participantes dele, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), da base do governo.
O esquema de desvio de dinheiro público e privado para comprar apoio parlamentar ao governo não surgiu de qualquer laboratório de maquiavelismos oculto em alguma redação. Foi escancarado numa entrevista de Jefferson à “Folha de S.Paulo”.
Lula não iria fazer um pedido público de desculpas à população por algo inexistente (embora tenha aderido depois à tese conspiratória). Tanto que os maiores desdobramentos políticos do caso foram a cassação dos mandatos de Roberto Jefferson e do principal denunciado, José Dirceu, deputado pelo PT paulista.
Impossível mascarar a verdade de que a imprensa profissional é movida por fatos. Já a opinião sobre eles é exposta de maneira translúcida no espaço dos editoriais.
E é fato, por exemplo, que, em 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, ofereceu denúncia contra os mensaleiros ao Supremo.
Outro fato: no ano seguinte, os ministros consideraram consistentes os argumentos do MP para abrir o processo, no qual Dirceu é tachado de chefe de uma “organização criminosa”.
E serão fatos condenações e absolvições a serem decididas no julgamento que se inicia em agosto. Nada mais nem menos do que isto.

DO R.DEMOCRATICA

Um ato de desespero

A partir de 1.º de agosto, o ex-presidente do PT, ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu será julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por formação de quadrilha e corrupção ativa
EDITORIAL
O Estado de S.Paulo
Pelo primeiro delito, poderá ser condenado a até três anos de prisão. Pelo segundo, a até 12.
O então procurador-geral da República que o denunciou ao Supremo em 2005, Antonio Fernando de Souza, apontou Dirceu como "chefe da quadrilha" ou da "sofisticada organização criminosa" que produziu o mensalão, a compra sistemática de apoio de deputados federais ao governo Lula.
A denúncia ao STF foi aceita por unanimidade. No ano passado, o atual procurador, Roberto Gurgel, ratificou o pedido de condenação de Dirceu e de 35 outros réus (dos 40 citados da primeira vez, 1 faleceu e outro fez acordo para ser excluído do processo; para 2 outros, um dos quais, Luiz Gushiken, colega de Dirceu no Ministério, Gurgel pediu a absolvição.
Dirceu alega inocência e se diz alvo histórico do "monopólio da mídia".
A imprensa desejaria vê-lo destruído não pelos seus atos no governo Lula, mas pelo que decerto ele considera ser o conjunto da sua obra como o maior líder revolucionário socialista do Brasil contemporâneo, uma espécie atípica de Che Guevara que não fez guerrilha, escapou de ser eliminado e chegou ao poder graças à democracia burguesa.
O julgamento que o aguarda, disse dias atrás aos cerca de mil estudantes presentes ao 16.º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista, ligada ao PC do B, no Rio, será a "batalha final".
Desde os tempos da militância estudantil, ele sempre se teve em alta conta. "Batalha final" é não só uma expressão encharcada de heroísmo, que pode ser usada da extrema direita à extrema esquerda, mas é consanguínea da "luta final" dos "famélicos da terra", nas estrofes da Internacional, o célebre hino revolucionário francês de 1871.
Do alto de sua autoestima e na vestimenta de vítima que enverga, até que faria sentido ele propagar que o julgamento no STF representará o momento culminante do confronto de proporções épicas que nunca se furtou a travar em defesa de seus ideais. Mas a arena que ele tem em mente é outra - e outros também os combatentes.
"Essa batalha deve ser travada nas ruas também", conclamou, "se não a gente só vai ouvir uma voz pedindo a condenação, mesmo sem provas (a dos veículos de comunicação).
"
Em outras palavras, se a Justiça está sob pressão da mídia para condená-lo, que fique também sob pressão do que seria a vanguarda dos movimentos sociais para absolvê-lo.
Se der certo, a voz do povo falou mais alto. Se não der, o veredicto da Corte está desde logo coberto de ilegitimidade, como se emanasse de um tribunal de exceção.
Em 2000, dois anos antes da primeira eleição de Lula, Dirceu conclamou o professorado paulista a "mais e mais mobilização, mais e mais greve, mais e mais movimento de rua", porque eles - os tucanos como o governador Mário Covas - "têm de apanhar nas ruas e nas urnas".
Pouco depois, no dia 1.º de junho, o governador, já debilitado pelo câncer que o mataria no ano seguinte, foi covardemente agredido por manifestantes diante da Secretaria da Educação, no centro de São Paulo.
Depois, Dirceu quis fazer crer que não incentivara o ataque: foi tudo "força de expressão".
Não há, portanto, motivo para surpresa quando ele torna a invocar "as ruas".
Na sua mentalidade ditatorial - em privado, desafetos petistas já o qualificaram de "stalinista irrecuperável" -, ele se esquece até do dito marxista de que a história se repete como farsa.
Como já se lembrou, o então presidente Collor conclamou a população a protestar contra a tentativa de destituí-lo.
A população, especialmente os jovens, aproveitou para pedir o seu impeachment.
Como também já se lembrou, hoje em dia os jovens nem sequer saem de casa em defesa de bandeiras mais nobres, a começar pelo repúdio à impunidade dos corruptos, que dirá para assediar o STF no caso do principal réu de um caso de corrupção comparável apenas, talvez, aos dos escândalos da República de Alagoas.Mas é óbvio que a tentativa rudimentar de intimidação repercutirá no tribunal.
Se Dirceu não se deu conta disso é porque, como Lula já disse, ele está mesmo "desesperado".

13 de junho de 2012 
DO R.DEMOCRATICA

Sob suspeita


Governador petista Agnelo Queiroz tem muito a explicar na CPI do Cachoeira


Convocado por 16 votos a 12 no último dia 31 de maio, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, depõe na CPI do Cachoeira nesta quarta-feira (13) a partir das 10h15.
O petista deve ser questionado pelos parlamentares sobre vários assuntos. Ele é citado, por exemplo, em gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, de conversas do grupo do contraventor com funcionários do alto escalão do Governo do Distrito Federal (GDF).
Além disso, a Construtora Delta, suspeita de ser um instrumento de Cachoeira para o pagamento de propinas a agentes públicos, tinha contratos com o GDF que foram rompidos apenas recentemente, em especial na área da coleta de lixo.
Aspectos nebulosos envolvendo o crescimento do patrimônio do governador também devem ser um aspecto a ser abordado pelos integrantes da CPI, assim como a polêmica gestão de Agnelo à frente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), os tucanos ficarão o tempo necessário na CPI para que o petista esclareça todas as dúvidas.
“O Agnelo tem que ter a mesma clareza de mostrar, como fez o governador de Goiás, que não há relação objetiva com o crime organizado ou que não cedeu a pressões do Cachoeira ou da empreiteira Delta no seu governo”, disse.
Ele acredita que, a partir das declarações, a comissão poderá focar em pontos objetivos, como o tamanho da ação da organização criminosa e qual foi o prejuízo ao erário.
“Desejo ao governador do PT que ele tenha a mesma qualidade, eficiência e segurança que teve o governador Marconi Perillo”, completou.


DO R.DEMMOCRATICA

Oposição pode ter testemunha-bomba contra Agnelo na CPI do Cachoeira

Um coronel PM recém-demitido das funções de piloto do helicóptero oficial do governo do DF, poderá ser apresentado como uma "testemunha-bomba" contra o governador Agnelo Queiroz (PT), durante seu depoimento na CPI mista do Cachoeira, nesta quarta-feira. Ele teria procurado próceres de oposição para relatar detalhes de uma suposta visita de Agnelo, em meados de 2011, a uma empresa localizada em Anápolis (GO), ligada ao bicheiro Carlos Cachoeira
Agnelo é cobrado por contratos com filhos do vice
Em seu depoimento desta quarta-feira na CPI mista do Cachoeira, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), deverá ser confrontado com o fato de seu governo haver feito pagamentos de R$ 653 mil, por serviços de publicidade, à empresa Aerochanel, que tem como sócios Bruno e Roberto Filippelli, filhos do vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). Opositores sustentam que o caso seria de improbidade.
Empresa veterana
Tadeu Filippelli informou que a Aerochanel atua há muitos anos no DF e que no atual governo registrou uma queda acentuada de faturamento.
Faturamento menor
Em 2009, durante o governo José Roberto Arruda, a Aerochanel teve contratos de R$ 4 milhões, seis vezes mais que no atual governo.
Surfando na marola
O tucano Aécio Neves (MG) esperou Marconi Perillo se sair bem para dar as caras na CPI. Só apareceu cinco horas após o início da sessão.
Insustentável
Uma coisa é certa: convidados da Rio+20 jamais esquecerão o cheiro de podre da baía da Guanabara no caminho do aeroporto do Galeão.
Pesquisa: Brasil é mais violento
que o Paraguai
O Paraguai, que não é conhecido exatamente como o império da lei, ganhou do Brasil no Índice de Paz Global de 2011, do Instituto para a Economia e a Paz, em Washington, Estados Unidos. Os critérios do índice incluem segurança, índice de homicídios, população carcerária e percepção de segurança etc. O Brasil ficou em 83º em 159 países, e perde para Argentina, Uruguai e Peru. O Chile é o mais pacífico da AL.
Pegou leve
O senador Pedro Taques (PDT-MT) ironizou o relator Odair Cunha (PT-SP): “mais parecia do PSDB” no depoimento de Marconi Perillo”.
Chumbo trocado
A orientação de Lula para “ir em cima” do tucano Marconi Perillo não vingou, mas o PSDB promete não refrescar com Agnelo Queiroz (PT).
Ele é o alvo
O depoimento de Perillo durou mais de 8 horas e meia, três e meia a mais que o interrogatório de Demóstenes Torres no conselho de ética.
CPI do Perillo
Chamando Perillo de “investigado” e não de testemunha, o relator Odair Cunha deixou claro que na CPI do Cachoeira o bicheiro é só um detalhe. A prioridade do PT é pegar o governador de Goiás.  Tropa tucana A tropa de choque do PSDB, em defesa de Marconi Perillo, tomou conta da lista de inscritos, na CPI do Cachoeira, e surpreendeu com uma agressividade que lembrou os tempos em que o PT era oposição.
Inversão
Ex-secretário nacional de Justiça do governo Lula, Romeu Tuma Jr está impressionado. “Lula tem tanto ódio do governador Perillo que fez dele o único político do mundo a ter que explicar por que vendeu um bem e não por que o comprou!”, disse ele ontem em São Paulo.
Soltando a voz
Perillo lembrou ontem que senadores de vários partidos soltaram a voz em festas na residência de Demóstenes Torres: “Teve senador que até cantou música do Bob Dylan”, o favorito de Eduardo Suplicy (PT-SP).
Assim é fácil
Para não perder a isenção do IPTU, a UNE terá que construir sua nova sede no Rio até agosto de 2016, com os R$ 30 milhões doados pelo governo Lula, no valorizadíssimo terreno da praia do Flamengo.
Russomano forte
Pesquisa do instituto New Sense, contratada pelo PRTB e registrada no TRE (nº SP-00059/12), mostra Celso Russomano (PRB) à frente de José Serra (PSDB) na espontânea (23 x 19,3) e na estimulada (25,1 x 22,5), para prefeito paulistano. Fernando Haddad (PT) teria 3,1 e 9,5.
Porteira fechada
Sete multinacionais, entre elas a Adidas, cancelaram contratos com o JBS-Friboi, maior frigorífico do mundo, após a suposta devastação da floresta amazônica denunciada pelo Greenpeace, que o JBS processa.
É fogo
Depois dos hangares de lona velha para desembarque de passageiros, a Infraero agora aluga “contêineres habitáveis acoplados provisórios” para a brigada anti-incêndio do aeroporto internacional de Brasília.
Pensando bem...
...um festival de filmes iranianos seria mais emocionante que o depoimento de Marconi Perillo na CPMI
13/06/2012

Acidente de Gurgel ameaça julgamento do mensalão previsto para 1º de agosto


SE GURGEL FICAR IMPEDIDO POR MOTIVO DE SAÚDE, RAQUEL DODGE PODERÁ SUBSTITUÍ-LO NA ACUSAÇÃO AOS MENSALEIROS.
Um acidente doméstico que vitimou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pode ameaçar o início do julgamento do mensalão, marcado pelo Supremo Tribunal Federal para começar em 1º de agosto.
O procurador-geral terá a incumbência de atuar como acusador dos réus do processo do mensalão, durante cinco horas.
Ele levou um tombo no banheiro, fraturando o braço, e o diagnóstico médico recomendaria intervenção cirúrgica.
O diabetes do procurador-geral obrigaria os médicos a procedimentos pré-operatórios que talvez determinem o adiamento do julgamento.
Isso é o que se discute no STF e na PGR.

Avalia-se agora se Gurgel pode ser substituído por Raquel Dodge, considerada mais rígida do que ele, no papel constitucional da acusação.
Mestre em Direito por Harvard (EUA), ela é a subprocuradora-geral da República, com atuação em matéria criminal e coordenadora da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.
Atuou na equipe que obteve a condenação dos membros da quadrilha liderada por Hildebrando Pascoal, no Acre, e na Operação Caixa de Pandora, que levou à prisão e à destituição o ex-governador do DF José Robeto Arruda, no mensalão do DEM.

DO R.DEMOCRATICA

Delta é banida de contratos de obras públicas


CPI do Cachoeira
A Controladoria-Geral da União declarou a construtora inidônea em razão de irregularidades constatadas pela Polícia Federal em obras do Dnit. Contratos em execução serão reavaliados caso a caso
Laryssa Borges
Construtora Delta obras no Maracanã
(Daniel Ramalho)

O ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, declarou nesta terça-feira a construtora Delta como empresa inidônea. Na prática, significa que a empreiteira foi banida de futuros contratos com a administração pública federal.
Alvo de processo administrativo desde o dia 24 de abril, a Delta está no centro das investigações da CPI do Cachoeira, no Congresso Nacional. A empresa, que teve pelo menos o diretor das filiais do Centro-Oeste, Cláudio Abreu, envolvido diretamente com o esquema de contravenção do bicheiro Carlinhos Cachoeira, trocou sua presidência diante do escândalo. Deixou o posto o empresário Fernando Cavendish, amigo pessoal do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e assumiu a gestão da construtora o ex-presidente da usina de álcool e açúcar Renuka, Humberto Farias.
O banimento da Delta de obras públicas leva em conta irregularidades apontadas pela Operação Mão Dupla, da Polícia Federal, que investigou fraudes na execução de contratos para realização de obras rodoviárias do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Ceará.
A empresa Delta, conforme depoimento do delegado Matheus Mella Rodrigues à CPI do Cachoeira, teria transferido 39 milhões de reais para três empresas – JR, Brava e Alberto&Pantoja – utilizadas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira para lavagem de dinheiro e evasão de divisas a paraísos fiscais no Caribe.
Agora considerada inidônea, a Delta terá os atuais contratos com o governo avaliados caso a caso para ver se podem ter seguimento. As futuras contratações estão terminantemente proibidas.

A próspera família de Agnelo

Imóveis, fazenda, restaurantes e locadora engordaram o patrimônio da família do governador do DF em mais de R$ 10 milhões. A PF investiga como a mãe, os irmãos e um sobrinho do petista acumularam essa riqueza em apenas três anos

Claudio Dantas Sequeira

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PROSPERIDADE FAMILIAR
Na mira da PF por suspeitas de enriquecimento ilícito, irmão de Agnelo,
o ex-vigilante Ailton de Queiroz (à dir.), adquiriu uma locadora de carros,
a franquia de uma confeitaria e ainda ajudou a irmã, Anailde Queiroz,
a fechar a compra de uma fazenda em Água Fria de Goiás
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O inquérito que apura o envolvimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, num esquema de desvio de verbas do Ministério do Esporte deverá atingir também sua família. A Polícia Federal e o Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do DF investigam o aumento vertiginoso do patrimônio da mãe, dos irmãos e até de um sobrinho de Agnelo. Delegados e procuradores querem entender como a família do governador, que sempre fez questão de enfatizar sua origem humilde, passou a ostentar em apenas três anos mais de R$ 10 milhões em bens. De acordo com as investigações, os sinais de enriquecimento surgem no início de 2008 e vão até setembro deste ano. Agnelo deixou o Esporte em 2006 e logo depois se tornou diretor da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária), de onde saiu em 2010 para concorrer ao governo da capital do País. Levantamento preliminar da PF indica que os familiares do político petista não têm fontes de renda para justificar negócios celebrados nos últimos três anos, que incluem a compra de quatro franquias de restaurantes famosos de fast-food e da mais importante confeitaria de Brasília, todas localizadas nos principais shoppings da capital. Carros de luxo, apartamentos e até uma fazenda de gado em Goiás também constituem o que os investigadores batizaram de “império dos Queiroz”.
O MP do DF e a PF suspeitam que a família de Agnelo esteja sendo utilizada para esquentar o dinheiro desviado dos cofres públicos. Além de ter conversado informalmente com agentes que apuram o caso, ISTOÉ obteve com exclusividade parte dos documentos que fundamentam a investigação. O primeiro na lista dos familiares de Agnelo investigados pela Polícia Federal é o ex-vigilante Ailton Carvalho de Queiroz, 51 anos, irmão mais novo do governador. Ailton tornou-se conhecido da mídia em 2008, quando trabalhava na área de inteligência do Supremo Tribunal Federal. Foi ele o responsável pela elaboração de um relatório que indicava a suposta existência de grampos contra ministros do STF. Logo depois do escândalo, o vigilante se licenciou do trabalho. Em seguida, investiu R$ 200 mil numa locadora de veículos chamada Allocare. A empresa, que funciona numa pequena sala comercial na cidade-satélite do Guará, é administrada pelo filho Yuri. Com 23 anos de idade, Yuri tem renda presumida pelo Serasa de R$ 1,1 mil, mas possui em seu nome quatro veículos de luxo, entre eles uma picape Mitsubishi L200 Triton 2011, avaliada em mais de R$ 100 mil.
Em maio passado, Ailton lançou-se num novo negócio. Ele e a irmã Anailde Queiroz Dutra, 49 anos, investiram quase R$ 800 mil numa franquia da Torteria di Lorenza, no Brasília Shopping, o principal shopping do Plano Piloto. Irmã mais nova do governador, Anailde é outra que entrou na mira da PF. Além da Torteria, ela e o marido, Rui Dutra, figuram como proprietários de duas franquias da rede de fast-food Bon Grillê, uma no mesmo Brasília Shopping e outra no Pátio Brasil, também localizado na região central da cidade. Anailde, formada em economia em Salvador, tentou alguns concursos públicos em Brasília, mas não teve sucesso. De uma hora para outra, no entanto, virou milionária. Cada franquia da Bon Grillê custa em média R$ 350 mil. O valor total do investimento num desses shoppings, considerando luva, taxas, equipamento e insumos, pode chegar a R$ 1 milhão, segundo avaliações do mercado. As duas franquias foram adquiridas em 2008. A do Brasília Shopping foi comprada por Anailde em sociedade com outra irmã de Agnelo, Anaide Carvalho de Queiroz, 58 anos. Em 2010, Anaide vendeu sua parte para Rui Dutra. A renda mensal de Anailde, de acordo com o Serasa, gira em torno de R$ 1,7 mil, enquanto a de Anaide Queiroz chega a R$ 1,8 mil. Já os rendimentos da mãe dos irmãos Queiroz, Alaíde, na mesma base de dados, é de aproximadamente R$ 1,2 mil.
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MEDIADOR
Glauco Alves negociou as franquias com a família
Queiroz e atuou na Anvisa, que foi dirigida por Agnelo
Além das franquias, a família de Agnelo expande seus domínios fundiários. Em setembro, Anailde Queiroz Dutra tornou-se proprietária de 560 hectares de terra no município de Água Fria de Goiás, a 170 km de Brasília. A Fazenda Cachoeira, com área equivalente a 560 campos de futebol, foi comprada do oftalmologista Celso Inácio dos Santos em dinheiro, à vista. Para não fazer alarde e desembolsar menos com imposto, o imóvel foi registrado no cartório local por R$ 800 mil. A PF, no entanto, apurou junto a autoridades locais que a compra foi feita por R$ 1,8 milhão. E não foi feita por Anailde, como consta na escritura, mas pelo irmão Ailton Carvalho de Queiroz.
As compras da rede de restaurantes e da confeitaria carregam outro ingrediente que intriga a Polícia Federal. Antes de passarem para as mãos dos familiares de Agnelo, essas franquias foram compradas pela dupla Glauco Alves e Santos e Juliana Suaiden Alves e Santos. O casal é o mesmo que vendeu em 2007 para o governador do DF a mansão em que ele mora hoje com a primeira-dama Ilza Maria. Os investigadores descobriram que logo depois de fecharem o negócio da casa, Glauco passou a atuar na Anvisa por meio das consultorias Plannejare e Saúde Importação de Produtos Médicos. Agnelo tornou-se diretor da agência no mesmo ano de 2007 e, recentemente, foi acusado de receber propina para beneficiar uma empresa do setor. A PF suspeita que Glauco e Juliana emprestaram seus nomes para a compra das franquias, com o compromisso de repassarem essas propriedades ao clã dos Queiroz. Como pagamento pelo serviço, o casal teria recebido outra franquia da Torteria di Lorenza, na Asa Sul, e uma pequena cafeteria, a Café com Bolacha, no bairro Sudoeste.
Na sexta-feira 9, através de sua assessoria, o governador Agnelo afirmou desconhecer a investigação. Já Glauco Alves, o homem que negociou as franquias, foi abordado pela reportagem quando chegava à Torteria da 302 Sul a bordo de uma Mitsu­bishi Outlander. Perguntado sobre os negócios com Agnelo, ele pediu tempo para pensar. “Estou com a cabeça cheia. Mas te ligo depois”, disse. Ailton, o irmão mais novo de Agnelo, reagiu com agressividade ao contato da reportagem. Disse que nunca fez negócios com o irmão ou com o governo e lançou ameaças. “Não admito que ninguém se meta em minha vida, tá certo?!”, afirmou. Ailton deu a entender que sabe onde o repórter mora e até a marca da motocicleta que usa no dia a dia. “A única coisa é que de vez em quando ela (a moto) pega fogo e explode”, disse. Questionado se estava ameaçando o repórter, o irmão de Agnelo perdeu a paciência. “Você sabe onde eu trabalhava? Acha que está lidando com algum boboca? Depois a gente resolve. Vou ter o que rebater depois na Justiça e por outros meios. Você se cuida!”
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img2.jpgREV ISTOÉ